Todas as orações

Imitação de Cristo

Tomás de Kempis

Livro III - Da consolação interior

Capítulo 51 - Que devemos praticar as obras humildes quando somos incapazes para as mais altas

1. Jesus: Filho, não podes conservar-te sempre no desejo fervoroso de todas as virtudes, nem perseverar no mais alto grau de contemplação; mas às vezes te é necessário, por causa de tua natureza viciada, descer a coisas humildes e carregar, em que te pese, o fardo desta vida corruptível. Enquanto viveres neste corpo mortal, sentirás tédio e angústias do coração. Convém, pois, que na carne gemas muitas vezes debaixo do seu peso, porque não podes ocupar-te dos exercícios espirituais e da contemplação das coisas divinas, sem interrupção.

2. Então te convém recorrer a humildes ocupações exteriores e recrear-te nas boas obras; esperar, com firme confiança, minha vinda e visita celestial; levar com paciência o teu desterro e secura de espírito, até que de novo venha a visitar-te e te livre de todas as penas. Porque eu te farei esquecer os trabalhos e gozar do sossego interior. Abrir-te-ei o jardim delicioso das Sagradas Escrituras, para que, com o coração dilatado, comeces a correr pelo caminho dos meus mandamentos. E então dirás: Não têm proporção as penas desta vida com a futura glória que se nos há de revelar (Rm 8,18).

Reflexões e oração

Às vezes os desgostos, as esterilidades e securas provêm da indisposição do corpo, como quando pelo excesso de vigílias e jejuns a pessoa se encontra oprimida de lassidão, entorpecimento, sono, fadiga e de outros incômodos como estes, os quais, ainda que dependam do corpo, não deixam de molestar o espírito, devido à estreita ligação que existe entre ambos...

O remédio neste caso é revigorar o corpo por algum tipo de legítimo alívio e recreação. Assim São Francisco ordenava a seus religiosos que fossem de tal modo moderados em seus trabalhos que não prejudicassem o fervor do espírito (Introduction à la vie dévote, parte IV, cap. XV, I, 269).

É bom aplicar-se às obras exteriores e diversificá-las na medida do possível... Faze atos exteriores de fervor, mesmo sem gosto, abraçando a imagem do crucifixo, apertando-a sobre o peito, beijando-lhe os pés e as mãos, levantando teus olhos e tuas mãos ao céu, lançando tua voz em Deus através de palavras de amor e de confiança, como estas: ... Meus olhos se firmam em vós, ó meu Deus, dizendo: Quando me consolareis? Ó Jesus, sede Jesus para mim. Viva Jesus, e minha alma viverá! Quem me separará do amor de meu Deus? E semelhantes (Introduction à la vie dévote, parte IV, cap. XII, I, 252).


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