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O Diálogo
Santa Catarina de SenaCapítulo XIV - Deus Fala Sobre os Pecadores
Os que vão pelo rio do pecado
Após falar com o coração aberto sobre a misericórdia divina, aquela serva esperava humildemente que se realizasse a promessa feita antes. Deus Pai retomou então a palavra e disse:
- Filha muito querida, discorreste diante de mim sobre a misericórdia, porque eu te fiz compreender a profundidade daquela afirmação: "Estes (os pecadores) são as pessoas por quem peço que rezeis". Mas procura entender que minha misericórdia é infinitamente maior do que pensas. Tua capacidade é imperfeita, limitada, ao passo que perfeito e infinito é o meu perdão. Impossível fazer comparações, senão aquela da finitude com o Infinito. Quis que experimentasses o que é tal misericórdia, bem como qual seja a dignidade do homem, revelada a ti antes. Quero que entendas melhor a maldade e crueldade dos pecadores, que vão pelo rio do pecado. Começam por conceber o mal no próprio íntimo, enfermando-se; depois o praticam exteriormente e perdem a graça.
Afogados no rio do falso amor mundano, eles morrem para a graça. Assemelham-se ao cadáver, privado de sensações, que já não se move a não ser carregado por outros. Nos pecadores, assim "mortos", a memória já não retém a recordação da minha misericórdia, a inteligência não compreende minha verdade, preocupada que está com a própria sensualidade e pessoa, a vontade permanece insensível à minha vontade e apega-se às realidades mortas. Com a morte destas três faculdades, toda a atividade interna e externa do pecador se esvazia quanto à graça. O pecador já não consegue defender-se dos inimigos, já não reage sem meu auxílio. Sempre é verdade, porém, que este "morto" possui o livre arbítrio durante esta vida mortal no corpo e, ao implorar socorro, sempre o terá de mim. Mas, sozinho, nada fará. O pecador é insuportável a si mesmo; pretendendo ser o dono do mundo, deixa-se dominar pelo nada, o pecado. Sim, o pecado é um nada...., e tais pessoas são seus escravos!
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