Catecismo
A Intercessão dos Santos é Bíblica?
por Thiago Zanetti em 17/02/2025 • Você e mais 824 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 4 minutos
A intercessão dos santos é uma doutrina amplamente defendida pela Igreja Católica e tem respaldo tanto na Sagrada Escritura quanto na Tradição. Muitos cristãos, no entanto, questionam se essa prática é bíblica. Este artigo explora o fundamento bíblico e teológico da intercessão dos santos, apoiado por documentos oficiais da Igreja.
Fundamentação Bíblica da Intercessão dos Santos
A intercessão dos santos está implícita em diversas passagens da Bíblia. Em Apocalipse, vemos os santos apresentando as orações dos fiéis a Deus:
“E veio um outro anjo que se colocou perto do altar, com um turíbulo de ouro. Ele recebeu uma grande quantidade de incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos, no altar de ouro que está diante do trono.” (Ap 8,3)
O autor da Carta aos Hebreus também destaca que estamos cercados por “uma nuvem de testemunhas” (Hb 12,1), o que demonstra a comunhão dos santos na vida cristã.
Além disso, São Paulo frequentemente pede orações aos fiéis, como em Romanos 15,30:
“Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do seu Espírito, que vos ajunteis a mim numa ofensiva de orações a Deus.”
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Se a oração de intercessão entre os cristãos na Terra é válida, a intercessão dos santos no céu também o é, pois eles estão ainda mais unidos a Deus.
O Ensino da Igreja Católica
A Igreja Católica ensina que os santos, já glorificados no céu, intercedem pelos fiéis na terra. O Catecismo da Igreja Católica se apoinando na encíclica Lumen Gentium afirma:
“A intercessão dos santos. ‘Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alçaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus” (CIC 956; LG 49).
O Catecismo ainda afirma:
“As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como ‘santos’, parcitipam da tradição viva da oração pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra” (n. 2683).
O Papa João Paulo II, na encíclica Redemptoris Mater, também ensinou:
“Maria põe-se de permeio entre o seu Filho e os homens na realidade das suas privações, das suas indigências e dos seus sofrimentos. Põe-se de «permeio», isto é, faz de mediadora, não como uma estranha, mas na sua posição de mãe, consciente de que como tal pode ― ou antes, «tem o direito de» ― fazer presente ao Filho as necessidades dos homens. A sua mediação, portanto, tem um carácter de intercessão: Maria «intercede» pelos homens” (n. 21).
A intercessão de Maria é a mais perfeita intercessão que não se interpõe entre Deus e os homens de forma independente, mas exerce uma intercessão maternal, apresentando nossas necessidades a seu Filho. Sua mediação não diminui, mas antes confirma a única mediação de Cristo. Maria, cheia de graça (cf. Lc 1,28) e em plena comunhão com Deus, intercede por nós com um amor maternal incomparável. Assim como nas Bodas de Caná ela continua a conduzir os fiéis a Jesus, reforçando o papel da Igreja como canal da graça divina.
Tradição da Igreja e os Santos Padres
Desde os primeiros séculos do cristianismo, os Padres da Igreja defenderam a intercessão dos santos.
São Domingos de Gusmão
“Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”.
Santa Teresinha do Menino Jesus também confirma isso antes de morrer, dizendo:
“Passarei meu céu fazendo bem na terra”.
A Tradição da Igreja está repleta de confirmações sobre a intercessão dos santos. Vejamos o que afirmam outros importantes santos:
São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja, declara:
“Se os apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos” (Adv. Vigil. 6).
Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja, garantia que:
“Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos”.
São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, também afirmava:
“Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, digne-se receber as nossas”.
Concílio de Trento (1545-1563), em sua 25ª Sessão, confirmou:
“Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é idolatria, repugna a palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)”.
A Igreja ensina que é importante recorrer à intercessão dos santos. Essa prática, especialmente no caso de Nossa Senhora, que ocupa o lugar mais elevado entre os intercessores, não substitui a mediação única de Cristo; pelo contrário, a fortalece.
Afinal, sem a mediação essencial e insubstituível de Cristo, nenhuma outra intercessão teria eficácia, pois todas passam necessariamente por Ele.
Por essa razão, a Igreja não hesita em pedir a intercessão dos santos, confiando que suas súplicas nos auxiliam diante de Deus.
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Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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