Ciência e Fé

No Sábado Santo, um grande silêncio reina sobre a terra porque o Rei está dormindo

por Lorraine Martins em 19/04/2025 • Você e mais 329 pessoas leram este artigo Comentar


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Tempo de leitura: 5 minutos

O mistério do silêncio que salva

No coração da Semana Santa, o Sábado Santo se destaca como o dia mais silencioso e contemplativo da Liturgia. Um grande silêncio reina sobre a Terra porque o Rei dorme. Jesus, o Verbo encarnado, descansa no sepulcro, após ter entregado Sua vida na Cruz. No entanto, não é um silêncio de derrota, mas de vitória em gestação. De fato, esse é o tempo da espera silenciosa pela ressurreição, da esperança que resiste no escuro, da confiança que permanece mesmo quando tudo parece perdido.

Cristo desce à mansão dos mortos: a vitória escondida

Enquanto a criação guarda silêncio, Cristo não repousa inativo. Pelo contrário, desce à mansão dos mortos, vai ao encontro de Adão, Eva e de todos os justos do Antigo Testamento. Ali, rompe os portões do inferno e liberta os cativos. É um momento de triunfo escondido: o Filho de Deus, carregando em Suas mãos a cruz vitoriosa, proclama libertação aos que jaziam nas sombras. Ele acorda os que dormem há séculos e conduz de volta à luz aqueles que esperavam pela redenção.

A Vigília Pascal: luz que rompe as trevas

À medida que o dia avança e a noite se aproxima, a Igreja se reúne na celebração mais solene de todo o ano litúrgico: a Vigília Pascal. É a noite em que a escuridão é vencida pela luz do Ressuscitado. Antes de tudo, a celebração começa com a bênção do fogo novo, símbolo da purificação e da luz de Cristo que ilumina todas as trevas. O Círio Pascal é aceso e, em procissão, leva-se a luz até todos os fiéis. Aos poucos, a Igreja escura se enche de luz — imagem do Cristo que volta à vida e traz esperança à humanidade.

Da Palavra à renovação do Batismo: a plenitude da liturgia

Logo após a Liturgia da Luz, inicia-se a Liturgia da Palavra. Ao longo de nove leituras — ou ao menos quatro, onde houver abreviação — percorre-se toda a história da salvação: da criação à redenção em Cristo. Cada texto é uma etapa na gestação espiritual que culmina no Evangelho da Ressurreição. A seguir, vem a Liturgia Batismal, na qual se consagra a água e os novos cristãos são batizados. Todos os fiéis renovam as promessas do batismo, reafirmando a fé naquele que venceu a morte. Por fim, a celebração atinge seu ápice com a Eucaristia: o mesmo Corpo que esteve morto, agora é o Pão da Vida.

Viver o Sábado Santo com espírito de penitência e esperança

Entretanto, é importante lembrar que o dia deve ser vivido com recolhimento. O silêncio do Sábado Santo não é apatia, mas atitude orante. É dia de mortificação, de evitar excessos e de buscar a confissão sacramental, se possível. Podemos, desde o início do dia, alimentar nosso espírito com orações como o Ofício das Trevas, a Via Sacra e o Terço. A alma que entra nesse silêncio encontra-se com o Cristo que dorme, mas que age em profundidade.

A noite escura que prepara a aurora da Ressurreição

Portanto, o silêncio escuro desse dia é um prelúdio da luz gloriosa que virá. A Vigília Pascal não apenas celebra a Ressurreição de Cristo, mas nos insere nesse mistério. Somos convidados a ressuscitar com Ele, a deixar os sepulcros do pecado, do medo e da desesperança. O Círio Pascal aceso, símbolo do Cristo Vivo, nos lembra que a última palavra pertence à vida, não à morte.

Renovar a fé, reacender a esperança

Neste Sábado Santo, renovemos com alegria o nosso batismo, essa marca eterna de que somos filhos amados de Deus. Vivamos com reverência essa noite santa, conscientes de que ela nos conduz da cruz à glória. A Vigília Pascal é mais que uma liturgia — é um anúncio: o Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia! Aleluia! Que essa certeza transforme nossas vidas e reacenda em nós o desejo de santidade.

Que o silêncio do Sábado Santo prepare o trono do nosso coração para receber, com júbilo, o Rei que vence a morte e reina para sempre.

Por Lorraine Martins
Graduada em Psicologia. Integra a Equipe do Pocket Terço.




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