Jesus Cristo
Por que Jesus usava parábolas?
por Thiago Zanetti em 19/12/2025 • Você e mais 33 pessoas leram este artigo Comentar
Tempo de leitura: 5 minutos
Jesus Cristo poderia ter ensinado de forma direta, objetiva e conceitual. Poderia ter explicado o perdão em regras, a fé em definições e o Reino de Deus em conceitos abstratos. Mas Ele escolheu outro caminho. Um caminho mais profundo, mais humano e mais transformador. Jesus usava parábolas porque sabia que a verdade não se impõe apenas pela lógica, ela precisa ser acolhida pelo coração.
As parábolas são histórias simples, retiradas do cotidiano. Um pai e dois filhos, um agricultor que semeia, um viajante assaltado na estrada, uma mulher que perde uma moeda, um pastor que procura uma ovelha. Nada nelas é complexo à primeira vista. Justamente por isso, elas atravessam séculos, culturas e gerações. Jesus falava de Deus usando imagens que qualquer pessoa podia reconhecer na própria vida.
As parábolas alcançam o coração antes da mente
Uma explicação direta informa. Uma parábola transforma. Quando Jesus contava uma história, Ele não começava exigindo entendimento racional. Ele primeiro envolvia o ouvinte. A pessoa se via dentro da narrativa. Sentia empatia, indignação, surpresa ou identificação. Só depois vinha o choque da verdade.
É por isso que as parábolas não entregam respostas prontas. Elas provocam. Elas deixam perguntas no ar. Elas incomodam. Quem escuta precisa refletir, voltar à história, confrontar a própria vida. A parábola não diz apenas o que é certo ou errado, ela revela quem nós somos diante daquela situação.
Jesus falava para todos, mas nem todos ouviam da mesma forma
Um dos motivos centrais para o uso das parábolas é que elas revelam e escondem ao mesmo tempo. Quem escuta com humildade e abertura encontra sentido. Quem escuta com orgulho ou indiferença ouve apenas uma história bonita.
A mesma parábola pode tocar pessoas diferentes de maneiras completamente distintas. O filho pródigo fala de perdão para quem errou, de misericórdia para quem julga e de amor incondicional para quem se sente distante. Cada pessoa se reconhece em um ponto da narrativa, de acordo com sua vivência espiritual.
Jesus não forçava a compreensão. Ele respeitava o tempo interior de cada um. As parábolas permitem esse processo. Elas acompanham a maturidade da fé.
As parábolas revelam o Reino de Deus de forma concreta
O Reino de Deus é uma realidade espiritual, invisível, profunda. Se Jesus falasse dele apenas em termos teológicos, poucos entenderiam. Por isso, Ele o comparava a coisas simples. Um grão de mostarda, um fermento na massa, um tesouro escondido no campo.
Com isso, Jesus mostrava que o Reino não é distante nem abstrato. Ele acontece no cotidiano, nas escolhas pequenas, nos gestos silenciosos, nas decisões do coração. As parábolas ensinam que Deus age de maneira discreta, progressiva e muitas vezes inesperada.
As parábolas confrontam sem acusar
Outra razão poderosa para o uso das parábolas é que elas confrontam sem humilhar. Quando Jesus queria corrigir atitudes, denunciar hipocrisias ou revelar pecados, Ele raramente apontava o dedo diretamente. Contava uma história. O ouvinte concordava com a justiça da narrativa. Só depois percebia que aquela história falava dele.
Foi assim com muitos líderes religiosos da época. Eles se indignavam com a injustiça narrada, até perceberem que eram os personagens centrais da parábola. Esse método desmonta defesas, quebra resistências e abre espaço para a conversão verdadeira.
As parábolas exigem uma resposta pessoal
Ninguém escuta uma parábola de forma neutra. Ou ela transforma, ou ela é rejeitada. Ou provoca mudança, ou provoca fechamento. Esse é o poder desse método de ensino. Jesus não queria apenas informar, Ele queria formar discípulos.
Ao usar parábolas, Jesus chama cada pessoa à responsabilidade. O que você fará com essa história? Em quem você se reconhece? Que atitude precisa mudar? A parábola não termina quando a história acaba. Ela continua na vida de quem ouviu.
Por que as parábolas continuam atuais
Dois mil anos se passaram, e as parábolas continuam vivas. Ainda falam sobre perdão, orgulho, misericórdia, fé, justiça e amor. Isso acontece porque elas não dependem de contexto histórico específico. Elas falam da condição humana.
Jesus usava parábolas porque sabia que o coração humano não mudou. Ainda temos medo, egoísmo, desejo de controle, sede de amor e necessidade de redenção. As parábolas atravessam o tempo porque continuam revelando verdades eternas em histórias simples.
No fim, Jesus usava parábolas porque queria mais do que seguidores informados. Ele queria corações transformados.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Beleza (UICLAP, 2025), Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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