Todos os santos

Nome: Santa Isabel de Portugal Dia 04 de Julho (Memória Facultativa)
Local: Estremoz, Portugal
Data: 04 de Julho † 1336

Teve por pai, Pedro III, rei de Aragão, e por mãe, Constância, filha de Mainfroi, filho do imperador Frederico II. Nasceu no ano 1271 e foi chamada no batismo de Isabel, de Santa Isabel, da Hungria, sua tia, que tinha sido canonizada por Gregório IX, em 1235. Seu nascimento reconciliou seu avô e seu pai, cujas divergências perturbavam o reino. O rei Tiago, seu avô, encarregou-se de educar a netinha e a deixou, ao morrer, já penetrada das mais sublimes máximas da piedade, embora não tivesse ainda feito seis anos.

Pedro III, tendo subido ao trono de Aragão, colocou junto de sua filha somente pessoas virtuosas, cujos exemplos lhe pudessem servir continuamente de lição. A jovem princesa era de uma mansidão admirável de caráter, e só tinha prazer nas coisas que levavam a Deus. Era fazer-lhe grande prazer levá-la à Igreja, ou a algum exercício de religião. Desde a idade de oito anos, praticava mortificação: inutilmente, diziam-lhe que era muito jovem, para a induzirem a moderar o fervor. Como consequência desse fervor, tinha uma santa inveja de todos os que via fazer o bem. A mortificação dos sentidos, unia a da vontade, e um amor extraordinário à oração, a fim de obter a graça de reprimir suas paixões e mesmo prevenir-lhe as revoltas: nisso, conseguiu vencer-se perfeitamente e conquistar uma humildade profunda. Como a virtude lhe parecia mais preciosa que todas as vantagens, tinha horror a tudo o que fosse capaz de a dissipar, e mostrava-se inimiga declarada de todos os vãos divertimentos do mundo. Somente o canto dos salmos e dos hinos da Igreja não lhe era insípido; todos os dias recitava o breviário e o fazia com tanto cuidado como o eclesiástico mais fervoroso. Os pobres chamavam-na de mãe, pela sua caridade compassiva com a qual provia às suas necessidades.

Quando atingiu doze anos, casou-se com Dionísio, rei de Portugal. Esse príncipe tinha menos considerado nela a virtude, que o brilho do nascimento e as belas qualidades de corpo e de espírito; deixou-lhe, entretanto, a liberdade de se entregar aos seus exercícios e não pôde recusar sua admiração à piedade da esposa. Semelhante a Ester, a rainha de Portugal, não foi perturbada pelo aparato das grandezas humanas; fez sábia distribuição do tempo, para aliar os deveres do cristianismo aos de seu estado. Jamais faltava às suas práticas de devoção, a menos que não houvesse razões muito poderosas para a afastar de um plano, que ela mesma se tinha traçado. Todos os dias levantava-se bem cedo. Depois de uma longa meditação, rezava matinas, laudes e prima: depois, ouvia a missa, onde comungava frequentemente. Dizia também, todos os dias, o ofício da Virgem e o dos mortos. Retirava-se frequentemente ao seu oratório para fazer piedosas leituras; tinha também horas determinadas para seus afazeres domésticos, assim como para o cumprimento dos deveres para com o próximo. Seu trabalho consistia em fazer ornamentos para as igrejas ou coisas para uso dos pobres, no que era ajudada por suas damas de honra. Restavam-lhe somente alguns minutos para as conversas inúteis e outros divertimentos. Todo seu exterior revelava simplicidade. Era afável e cheia de bondade para com todos: possuía eminentemente o espírito de compunção e, muitas vezes, acontecia-lhe na oração derramar lágrimas abundantes. Mais de uma vez quiseram persuadi-la a moderar a austeridade; mas sempre respondia que a mortificação em nenhuma parte é mais necessária do que sobre o trono, onde tudo parece excitar e nutrir as paixões. Os jejuns prescritos pela Igreja não eram suficientes para seu fervor; jejuava todo o Advento e depois de São João Batista até a Assunção. Pouco tempo após, recomeçava nova quaresma, que durava até a festa de São Miguel.

A caridade pelos pobres era uma das virtudes que mais se admiravam em Santa Isabel. Por seus cuidados, os estrangeiros eram provistos de alojamento e de tudo o que lhes era necessário. Fazia uma cuidadosa indagação dos pobres vergonhosos e dava-lhes secretamente com que se alimentar e o necessário para viver segundo a própria condição. As moças pobres, e muitas vezes expostas ao perigo de ofender a Deus, encontravam em sua liberalidade um dote para casar-se, segundo sua condição. Visitava os enfermos, servia-os com as próprias mãos, curava-lhes as feridas mais asquerosas. Fez construir diversos estabelecimentos em várias partes do reino; fundou entre outros, em Coimbra, um hospital perto de seu palácio e em Torres-Novas, uma casa para mulheres arrependidas com um hospital para os enjeitados. Indiferente a tudo o que a ela se referia pessoalmente, ocupava-se somente com os meios de prodigalizar alívio aos infelizes e parecia viver unicamente para eles. Tantos cuidados não lhe impediam cumprir também os outros deveres. Amava e respeitava o marido, era-lhe submissa e suportava-lhe os defeitos com paciência.

Dionísio tinha excelentes qualidades: amava a justiça; era corajoso, humano e compassivo; mas guiava-se pelas máximas corrompidas do mundo e manchou a santidade do leito nupcial com amores ilegítimos. Isabel, menos atingida pela injúria que recebia, do que pela ofensa de Deus e pelo escândalo que disso resultava, rezava assiduamente, e fazia rezar pela sua conversão. Procurava ganhar o coração do marido pelos caminhos da doçura: interessava-se pela sorte dos filhos que tinha tido das outras mulheres e encarregava-se ela mesma, de os fazer educar. Tal procedimento fê-lo abrir os olhos. Ele renunciou às desordens e conservou sempre, depois, a fidelidade que devia à virtuosa esposa. Suas virtudes brilharam com novo resplendor depois da conversão. Tornou-se glória dela e ídolo dos súditos, que lhe deram o cognome de Liberal e de Pai da pátria. Instituiu a ordem de Cristo em 1318, fundou com magnificência verdadeiramente real a universidade de Coimbra e ornou o reino com edifícios públicos.

Pouco tempo depois o rei Dionísio que reinava havia quarenta anos, caiu doente. Isabel deu-lhe nessa ocasião as maiores demonstrações de dedicação e de afeto. Servia-o ela mesma, e quase nunca saía de seu quarto, a não ser para ir à Igreja. Mas seu principal cuidado era obter-lhe uma boa morte. Distribuiu, portanto, abundantes esmolas e mandou que se fizessem orações de todos os lados, na intenção de obter-se aquela graça. O rei, durante todo o curso da doença deu provas de uma sincera penitência. Morreu em Santarém, a 6 de janeiro de 1325. Depois que ele expirou, a rainha foi rezar em seu oratório particular; em seguida ela se consagrou ao serviço de Deus, tomando o hábito da ordem terceira de São Francisco. Assistiu aos funerais do marido e seguiu-lhe o corpo até à Igreja dos cistercienses de Odiveras, onde o príncipe tinha escolhido o sepulcro. Lá ficou por muito tempo, depois do que fez uma peregrinação a Compostela, de onde voltou a Odiveras, para celebrar o aniversário do rei.

Terminada a cerimônia, retirou-se a um mosteiro de clarissas que tinha começado a construir antes da morte do rei. Desejava consagrar-se à penitência pela profissão religiosa; mas disso foi dissuadida por motivos de caridade, pelo próximo e sobretudo pelos pobres. Assim, contentou-se em usar o hábito da ordem terceira de São Francisco e viver em uma casa ao lado do mosteiro, onde reuniu noventa religiosas; visitava-as frequentemente e as servia às vezes, com Beatriz, sua neta.

A febre de que ficou possuída, chegando, revelou logo que ela estava no fim da vida. Confessou-se várias vezes, recebeu o santo viático de joelhos, ao pé do altar, depois, o sacramento da Extrema-Unção. Mostrou durante toda sua doença uma grande devoção à Santa Virgem, que invocava mui frequentemente: parecia cheia de alegria e de consolação interior. Morreu nos braços do filho e da neta, a 4 de julho de 1336, na idade de sessenta e cinco anos. Enterraram-na entre as Clarissas de Coimbra e operaram-se vários milagres em sua sepultura. Em 1612 tiraram a terra que lhe cobria o corpo, que estava inteiro, e que está presentemente numa caixa magnífica. Urbano VIII canonizou a serva de Deus em 1625.

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XI. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.

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