divino Espírito Santo, ensinai-me a ler este livro! Quero tornar-me vosso discípulo, e com a simplicidade duma criancinha, crer o que não posso ver. Basta-me que o meu mestre fale. Ele diz isto, ele fala assim, ajunta as letras deste modo, faz-se ouvir desta maneira; isto me basta para eu crer que é tal qual como Ele disse. Não vejo a razão dessas coisas; mas Ele é a verdade infalível, e tudo o que Ele diz e faz é verdadeiro. Ele quer que essas letras estejam colocadas juntas para formar uma palavra, e que um determinado número de letras forme outra. São três, são seis, isso basta e menos fariam um sentido falso; só Ele, que sabe os pensamentos, pode ajuntar as letras para os escrever. Tudo tem significado, tudo tem sentido perfeito. Esta linha termina aqui, porque assim deve ser; não falta nem uma vírgula, não há um ponto que seja inútil. Assim o creio presentemente; e quando o dia da glória me revelar tantos mistérios, então verei o que agora não compreendo senão confusamente; e o que me parece tão embrulhado, tão complicado, tão falto de sentido, tão falto de nexo, tão imaginário, tudo isso me arrebatará, me encantará por toda a eternidade, com a beleza, a ordem, a sabedoria e as incompreensíveis maravilhas que em tudo descobrirei.