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Primeiro Domingo do Advento Meditações para o Advento - Meditações
A temeridade do pecador e o dia do Juízo
Videbunt Filium hominis venientem in nube cum potestate magna et maiestate – Verão o Filho do homem que virá sobre uma nuvem com grande poder e majestade (Lc 21, 27)
Sumario. Uma consideração séria nos ensina que não há atualmente no mundo pessoa mais desprezada de que Jesus Cristo; pois é injuriado tão continuamente e com tão desenfreada liberdade, como não o seria o mais vil dos homens. Eis porque o Senhor destinou um dia, no qual virá, com grande poder e majestade, a reivindicar a sua honra. Recorramos agora ao trono da divina misericórdia, para que naquele dia não sejamos condenados pela justiça de Deus.
I. Considerando bem, não há no mundo atualmente quem seja mais desprezado que Jesus Cristo. Trata-se com mais consideração um aldeão do que o próprio Deus. Receiam que o aldeão ao ver-se por demais ofendido, se encolerize e tire vingança; Deus, porém, é ofendido incessantemente e de caso pensado, como se não pudesse vingar-se quando quisesse. Por isso o Senhor marcou um dia (chamado com razão, na Sagrada Escritura, o dia do Senhor, Dies Domini), quando vai dar-se a conhecer tal como é: Cognoscetur Dominus iudicia faciens(1). Diz São Bernardo, explicando este texto:
O Senhor será conhecido quando vier a fazer justiça, ao passo que agora, porque quer usar de misericórdia, é desconhecido. Então esse dia não mais se chama de misericórdia e de perdão, senão dia de ira, dia de tribulação e de angústia, dia de calamidade e de miséria (2).
Conforme nos ensina o Evangelho de hoje, esse dia será precedido de sinais pavorosos. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; na terra os povos estarão angustiados sob o rugido surdo e confuso do mar e das ondas; os homens morrerão com medo dos males que hão de vir sobre o mundo. Por fim, as virtudes dos céus (isto é, na interpretação dos Padres, os noves coros dos Anjos) se comoverão, e então se verá aparecer sobre as nuvens o Filho do homem, com grande poder e majestade (3)”, a reivindicar a glória que os pecadores nesta terra lhe quiseram tirar.
Diz Santo Tomás:
Se, no horto de Getsêmani, com as palavras de Jesus Cristo: Ego sum, cairam por terra os soldados que o tinham vindo prender, que será, quando Jesus, sentado para julgar, dizer aos condenados: Aqui estou, sou eu aquele a quem tanto haveis desprezado…; que será quando pronunciar contra eles a sentença eterna: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno! – Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum!(4)
II. O dia do juízo, assim como será para os réprobos um dia de pena e de terror, será, ao contrário, para os escolhidos um dia de regozijo e triunfo; porque, então, à vista de todos os homens, as suas beatas almas serão proclamadas rainhas do paraíso e feitas esposas do Cordeiro imaculado. Oh! Que ventura experimentarão os bem-aventurados, quando Jesus, voltando-se para a direita, lhes disser: Vinde, meus benditos filhos, vinde possuir o reino dos céus que vos foi preparado: possidete paratsum vobis regnum!(5)
Irmão meu, o que será de ti naquele dia? São Jerônimo, quando passava os dias na Gruta de Belém, em contínuas orações e mortificações, tremia só em pensar no Juízo Universal. O venerável Pe. Juvenal Ancina, lembrando-se do Juízo ao ouvir cantar a sequência da Missa de defuntos, Dies irae, dies illa, deixou o mundo e fez-se religioso. E tu, o que fazes para mereceres no dia do Juízo as bênçãos divinas, em companhia dos escolhidos?
Com o intuito de nos preparar para o Santo Natal, a Igreja propõe hoje o Juízo à nossa meditação. Sabendo que Nosso Senhor, na sua primeira vinda, apareceu num trono de graça e que na segunda aparecerá num trono de justiça rigorosíssima, quer que procuremos agora recorrer a Jesus a fim de experimentarmos os efeitos de sua infinita misericórdia. Aproximemo-nos com confiança do trono de graça: Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae (6).
Ah! Jesus meu e meu Redentor, Vós que um dia haveis de ser o meu juiz: perdoai-me antes que chegue este dia. Agora, sois meu Pai, e como tal recebeis na vossa graça um filho que, arrependido, se prosta a vossos pés. Meu Pai, eu Vos amo de todo o meu coração e no futuro não me quero mais afastar de Vós, não quero mais ter a temeridade de voltar a ofender-Vos. Mas já que conheceis a minha fraqueza, ajudai-me com a vossa graça. Excitai, Senhor, o vosso poder e vinde em meu auxílio, a fim de que, mediante a vossa proteção, livrado dos perigos iminentes por causa de meus pecados, mereça ser salvo por Vós (7). Fazei-o pelo amor de Maria Santíssima.
Referências:
(1) Sl 9, 17
(2) Sf 1, 15
(3) Lc 21, 25
(4) Mt 25, 41
(5) Mt 25, 34
(6) Hb 4, 16
(7) Or. Dom. curr.
Videbunt Filium hominis venientem in nube cum potestate magna et maiestate – Verão o Filho do homem que virá sobre uma nuvem com grande poder e majestade (Lc 21, 27)
Sumario. Uma consideração séria nos ensina que não há atualmente no mundo pessoa mais desprezada de que Jesus Cristo; pois é injuriado tão continuamente e com tão desenfreada liberdade, como não o seria o mais vil dos homens. Eis porque o Senhor destinou um dia, no qual virá, com grande poder e majestade, a reivindicar a sua honra. Recorramos agora ao trono da divina misericórdia, para que naquele dia não sejamos condenados pela justiça de Deus.
I. Considerando bem, não há no mundo atualmente quem seja mais desprezado que Jesus Cristo. Trata-se com mais consideração um aldeão do que o próprio Deus. Receiam que o aldeão ao ver-se por demais ofendido, se encolerize e tire vingança; Deus, porém, é ofendido incessantemente e de caso pensado, como se não pudesse vingar-se quando quisesse. Por isso o Senhor marcou um dia (chamado com razão, na Sagrada Escritura, o dia do Senhor, Dies Domini), quando vai dar-se a conhecer tal como é: Cognoscetur Dominus iudicia faciens(1). Diz São Bernardo, explicando este texto:
O Senhor será conhecido quando vier a fazer justiça, ao passo que agora, porque quer usar de misericórdia, é desconhecido. Então esse dia não mais se chama de misericórdia e de perdão, senão dia de ira, dia de tribulação e de angústia, dia de calamidade e de miséria (2).
Conforme nos ensina o Evangelho de hoje, esse dia será precedido de sinais pavorosos. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; na terra os povos estarão angustiados sob o rugido surdo e confuso do mar e das ondas; os homens morrerão com medo dos males que hão de vir sobre o mundo. Por fim, as virtudes dos céus (isto é, na interpretação dos Padres, os noves coros dos Anjos) se comoverão, e então se verá aparecer sobre as nuvens o Filho do homem, com grande poder e majestade (3)”, a reivindicar a glória que os pecadores nesta terra lhe quiseram tirar.
Diz Santo Tomás:
Se, no horto de Getsêmani, com as palavras de Jesus Cristo: Ego sum, cairam por terra os soldados que o tinham vindo prender, que será, quando Jesus, sentado para julgar, dizer aos condenados: Aqui estou, sou eu aquele a quem tanto haveis desprezado…; que será quando pronunciar contra eles a sentença eterna: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno! – Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum!(4)
II. O dia do juízo, assim como será para os réprobos um dia de pena e de terror, será, ao contrário, para os escolhidos um dia de regozijo e triunfo; porque, então, à vista de todos os homens, as suas beatas almas serão proclamadas rainhas do paraíso e feitas esposas do Cordeiro imaculado. Oh! Que ventura experimentarão os bem-aventurados, quando Jesus, voltando-se para a direita, lhes disser: Vinde, meus benditos filhos, vinde possuir o reino dos céus que vos foi preparado: possidete paratsum vobis regnum!(5)
Irmão meu, o que será de ti naquele dia? São Jerônimo, quando passava os dias na Gruta de Belém, em contínuas orações e mortificações, tremia só em pensar no Juízo Universal. O venerável Pe. Juvenal Ancina, lembrando-se do Juízo ao ouvir cantar a sequência da Missa de defuntos, Dies irae, dies illa, deixou o mundo e fez-se religioso. E tu, o que fazes para mereceres no dia do Juízo as bênçãos divinas, em companhia dos escolhidos?
Com o intuito de nos preparar para o Santo Natal, a Igreja propõe hoje o Juízo à nossa meditação. Sabendo que Nosso Senhor, na sua primeira vinda, apareceu num trono de graça e que na segunda aparecerá num trono de justiça rigorosíssima, quer que procuremos agora recorrer a Jesus a fim de experimentarmos os efeitos de sua infinita misericórdia. Aproximemo-nos com confiança do trono de graça: Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae (6).
Ah! Jesus meu e meu Redentor, Vós que um dia haveis de ser o meu juiz: perdoai-me antes que chegue este dia. Agora, sois meu Pai, e como tal recebeis na vossa graça um filho que, arrependido, se prosta a vossos pés. Meu Pai, eu Vos amo de todo o meu coração e no futuro não me quero mais afastar de Vós, não quero mais ter a temeridade de voltar a ofender-Vos. Mas já que conheceis a minha fraqueza, ajudai-me com a vossa graça. Excitai, Senhor, o vosso poder e vinde em meu auxílio, a fim de que, mediante a vossa proteção, livrado dos perigos iminentes por causa de meus pecados, mereça ser salvo por Vós (7). Fazei-o pelo amor de Maria Santíssima.
Referências:
(1) Sl 9, 17
(2) Sf 1, 15
(3) Lc 21, 25
(4) Mt 25, 41
(5) Mt 25, 34
(6) Hb 4, 16
(7) Or. Dom. curr.