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Quinta-feira da quinta semana depois da Epifania Meditações para o Tempo Comum (I) - Meditações
Amor que Deus mostrou aos homens no mistério da Encarnação
Apparuit gratia Dei Salvatoris nostri omnibus hominibus – “A graça de Deus nosso Salvador apareceu a todos os homens” (Tt 2, 11)
Sumário. Embora a graça, isto é, o amor de Deus para com os homens, tenha sempre sido o mesmo, todavia não se manifestou sempre de igual maneira. Apareceu em toda a sua grandeza na obra da Encarnação, quando o Verbo Eterno se fez criança, gemendo e tremendo de frio, começando assim a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido. Mas se este amor tão excessivo do Filho de Deus se manifestou a todos os homens, como é que nem todos o querem reconhecer e preferem as trevas do pecado à luz da graça celeste?
I. Considera que pela graça, da qual aqui se diz que apareceu, se entende o amor excessivo de Jesus Cristo para com os homens: amor imerecido da nossa parte e por isso chamado graça. Em Deus este amor foi sempre o mesmo, mas não se manifestou sempre de igual maneira. Primeiro foi prometido em diversas profecias e debuxado em muitas figuras. Mas bem apareceu e se manifestou o amor divino no nascimento do Redentor, quando o Verbo Eterno se mostrou aos homens feito criança sobre um pouco de palha, chorando e tremendo de frio, começando desde então a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido, e patenteando o afeto que nos tinha, pelo sacrifício de sua vida:
In hoc cognovimus caritatem Dei, quoniam ille animam suam pro nobis posuit (1) — “Nisto conhecemos o amor de Deus, em que Ele deu a sua vida por nós”
Apareceu, pois, o amor de nosso Deus, e apareceu a todos os homens: omnibus hominibus. Mas porque é que nem todos conheceram, e ainda hoje em dia há tantos que não o conhecem? Eis aqui a razão: Lux venit in mundum, et dilexerunt homines magis tenebras quam lucem (2). Não o conheceram nem o conhecem, porque não o querem conhecer: amam mais as trevas do pecado do que a luz da graça.
Não sejamos nós do número daqueles infelizes. Se antigamente fechamos os olhos à luz, pensando pouco no amor de Jesus Cristo, esforcemo-nos nos dias de vida que ainda nos restam, por termos continuamente diante dos olhos os sofrimentos e a morte de nosso Redentor, a fim de amarmos àqueles que tanto nos amou. Desta forma teremos, segundo as promessas divinas, direito de esperarmos o paraíso que Jesus Cristo nos adquiriu com o seu sangue. Nesta sua primeira vinda, veio Jesus como criança pobre e desprezada, envolta em pobres mantilhas e deitada sobre a palha; mas na segunda vinda virá sobre um trono de majestade.
Videbunt Filium hominis venientem in nubibus, cum virtute multa et maiestate (3) — “Eles verão ao Filho do homem que virá sobre as nuvens com grande poder e majestade”
Feliz então de quem tiver amado a Jesus, e ai de quem não o tiver amado!
II. Ó meu santo Menino, agora Vos vejo sobre a palha pobre, aflito e abandonado; mas sei que um dia haveis de vir a julgar-me, sobre um trono de luz e acompanhado dos anjos. Rogo-Vos que me perdoeis antes de virdes como juiz. Então deverei ser um juiz justo; mas agora sois para mim um Redentor e um Pai de misericórdia. Por minha ingratidão fui um daqueles que não Vos conheceram, porque não Vos quis conhecer. Por isso, em vez de pensar em amar-Vos, considerando o amor que me haveis tido, só pensei em minhas próprias satisfações com desprezo da vossa graça e do vosso amor. Deposito agora em vossas santas mãos a minha alma, que eu por culpa minha tinha perdido; salvai-a e guardai-a: In manus tuas comendo spiritum meum (4). Em Vós ponho toda a minha esperança; porquanto sei que para resgatá-la do inferno, destes o vosso sangue e a vossa vida: Redemisti-me, Domine, Deus veritatis.
Ó Senhor, não me deixastes morrer quando estava em pecado e me aguardastes com tanta paciência, a fim de que, vindo à resipiscência, me arrependa de Vos ter ofendido e comece a amar-Vos, e assim possa ser por Vós perdoado e salvado. Sim, ó meu Jesus, quero agradar-Vos; arrependo-me, acima de tudo, dos desgostos que Vos causei; arrependo-me e Vos amo. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Salvai-me pela vossa misericórdia, e consista a minha salvação em amar-Vos sempre nesta vida e na eternidade. — Minha amada Mãe Maria, recomendai-me a vosso Filho. Dizei-Lhe que sou vosso servo e que em vós eu pus a minha esperança. Ele vos atende e não vos nega nada.
Referências:
(1) 1 Jo 3, 16
(2) Jo 3, 19
(3) Mt 24, 30
Apparuit gratia Dei Salvatoris nostri omnibus hominibus – “A graça de Deus nosso Salvador apareceu a todos os homens” (Tt 2, 11)
Sumário. Embora a graça, isto é, o amor de Deus para com os homens, tenha sempre sido o mesmo, todavia não se manifestou sempre de igual maneira. Apareceu em toda a sua grandeza na obra da Encarnação, quando o Verbo Eterno se fez criança, gemendo e tremendo de frio, começando assim a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido. Mas se este amor tão excessivo do Filho de Deus se manifestou a todos os homens, como é que nem todos o querem reconhecer e preferem as trevas do pecado à luz da graça celeste?
I. Considera que pela graça, da qual aqui se diz que apareceu, se entende o amor excessivo de Jesus Cristo para com os homens: amor imerecido da nossa parte e por isso chamado graça. Em Deus este amor foi sempre o mesmo, mas não se manifestou sempre de igual maneira. Primeiro foi prometido em diversas profecias e debuxado em muitas figuras. Mas bem apareceu e se manifestou o amor divino no nascimento do Redentor, quando o Verbo Eterno se mostrou aos homens feito criança sobre um pouco de palha, chorando e tremendo de frio, começando desde então a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido, e patenteando o afeto que nos tinha, pelo sacrifício de sua vida:
In hoc cognovimus caritatem Dei, quoniam ille animam suam pro nobis posuit (1) — “Nisto conhecemos o amor de Deus, em que Ele deu a sua vida por nós”
Apareceu, pois, o amor de nosso Deus, e apareceu a todos os homens: omnibus hominibus. Mas porque é que nem todos conheceram, e ainda hoje em dia há tantos que não o conhecem? Eis aqui a razão: Lux venit in mundum, et dilexerunt homines magis tenebras quam lucem (2). Não o conheceram nem o conhecem, porque não o querem conhecer: amam mais as trevas do pecado do que a luz da graça.
Não sejamos nós do número daqueles infelizes. Se antigamente fechamos os olhos à luz, pensando pouco no amor de Jesus Cristo, esforcemo-nos nos dias de vida que ainda nos restam, por termos continuamente diante dos olhos os sofrimentos e a morte de nosso Redentor, a fim de amarmos àqueles que tanto nos amou. Desta forma teremos, segundo as promessas divinas, direito de esperarmos o paraíso que Jesus Cristo nos adquiriu com o seu sangue. Nesta sua primeira vinda, veio Jesus como criança pobre e desprezada, envolta em pobres mantilhas e deitada sobre a palha; mas na segunda vinda virá sobre um trono de majestade.
Videbunt Filium hominis venientem in nubibus, cum virtute multa et maiestate (3) — “Eles verão ao Filho do homem que virá sobre as nuvens com grande poder e majestade”
Feliz então de quem tiver amado a Jesus, e ai de quem não o tiver amado!
II. Ó meu santo Menino, agora Vos vejo sobre a palha pobre, aflito e abandonado; mas sei que um dia haveis de vir a julgar-me, sobre um trono de luz e acompanhado dos anjos. Rogo-Vos que me perdoeis antes de virdes como juiz. Então deverei ser um juiz justo; mas agora sois para mim um Redentor e um Pai de misericórdia. Por minha ingratidão fui um daqueles que não Vos conheceram, porque não Vos quis conhecer. Por isso, em vez de pensar em amar-Vos, considerando o amor que me haveis tido, só pensei em minhas próprias satisfações com desprezo da vossa graça e do vosso amor. Deposito agora em vossas santas mãos a minha alma, que eu por culpa minha tinha perdido; salvai-a e guardai-a: In manus tuas comendo spiritum meum (4). Em Vós ponho toda a minha esperança; porquanto sei que para resgatá-la do inferno, destes o vosso sangue e a vossa vida: Redemisti-me, Domine, Deus veritatis.
Ó Senhor, não me deixastes morrer quando estava em pecado e me aguardastes com tanta paciência, a fim de que, vindo à resipiscência, me arrependa de Vos ter ofendido e comece a amar-Vos, e assim possa ser por Vós perdoado e salvado. Sim, ó meu Jesus, quero agradar-Vos; arrependo-me, acima de tudo, dos desgostos que Vos causei; arrependo-me e Vos amo. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Salvai-me pela vossa misericórdia, e consista a minha salvação em amar-Vos sempre nesta vida e na eternidade. — Minha amada Mãe Maria, recomendai-me a vosso Filho. Dizei-Lhe que sou vosso servo e que em vós eu pus a minha esperança. Ele vos atende e não vos nega nada.
Referências:
(1) 1 Jo 3, 16
(2) Jo 3, 19
(3) Mt 24, 30