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Sexta-feira da quarta semana depois da Epifania Meditações para o Tempo Comum (I) - Meditações
Jesus quis sofrer a fim de ganhar os nossos corações
Dilexit nos, et lavit nos a peccatis nostris in sanguine suo – “(Jesus) nos amou e nos lavou de nossos pecados em seu sangue” (Ap 1, 5)
Sumário. Os santos tinham bastante razão de chorar, considerando a ingratidão dos homens para com o amor excessivo que Jesus lhes mostrou. Coisa assombrosa! Ver um Deus sofrer tantas penas, derramar lágrimas numa lapa, viver pobre numa oficina, morrer exangue na cruz, ver, enfim, um Deus aflito e atribulado durante a sua vida toda, para ganhar o amor dos homens, e ver depois os homens ingratos responderem-Lhe com injúrias e ofensas! Meu irmão, se tu também no passado foste um desses ingratos, procura agora reparar o malfeito e amar a Jesus Cristo com mais fervor.
I. Considera como Jesus sofreu desde o primeiro instante de sua vida e sofreu tudo por nosso amor. Durante toda a sua vida não teve em mira outra coisa, depois da glória de Deus, senão a nossa salvação. Jesus, sendo Filho de Deus, não havia mister sofrer para merecer o céu. Toda a pena, pobreza, ignomínia que Jesus padeceu, foi destinada a merecer para nós a salvação eterna. Mais; embora pudesse Jesus salvar-nos sem sofrimento, quis todavia levar uma vida de dores, de pobreza, de desprezos, de privação de qualquer alívio, terminá-la com uma morte mais desolada e amargosa do que jamais algum mártir ou penitente sofreu, com o único intuito de fazer-nos compreender a grandeza do amor que nos tinha e para ganhar o nosso afeto.
Viveu trinta e três anos sempre suspirando que chegasse afinal a hora do sacrifício de sua vida, que desejava oferecer para nos alcançar a graça divina e a glória eterna, e ver-nos sempre consigo no paraíso. Baptismo habeo baptizari, et quomodo coarctor usquedum perficiatur? (1) — “Tenho de ser batizado com um batismo, e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra?” Desejava ser batizado com o seu próprio sangue, não para lavar pecados pessoais, porquanto era inocente, senão os dos homens que Ele tanto amava. Ó amor excessivo de um Deus, que todos os homens e todos os anjos nunca chegarão a compreender e a louvar bastantemente.
Lamenta-se São Boaventura por ver tão grande ingratidão dos homens em troca de tamanho amor. Causa pasmo, diz o Santo, o ver um Deus sofrer tantas penas, chorar numa lapa, viver pobre numa oficina, morrer exangue sobre uma cruz, numa palavra, um Deus aflito e atribulado durante a sua vida toda por amor dos homens, e ver depois os homens que não ardem de amor para com esse Deus tão amante; que ainda têm a triste coragem de desprezar o seu amor e a sua graça. Como se compreende que Deus se tenha sujeitado a tanto sofrimento por amor dos homens e que ainda há homens que ofendem e não amam esse Deus!
II. Ó meu amado Redentor, eu também sou um desses ingratos que pagaram o vosso imenso amor, as vossas dores e morte com desgostos e desprezos. Meu querido Jesus, como pudestes amar-me tanto e resolver-Vos a sofrer tantos desprezos e trabalhos por mim, vendo as ingratidões de que eu havia de usar, para convosco? Não quero, porém, desesperar. O mal está feito. Concedei-me agora, Senhor, essa dor que com as vossas lágrimas me tendes merecido; peço-Vos uma dor proporcionada à minha iniquidade. Ó Coração amoroso de meu Salvador, em outros tempos tão aflito e desolado por meu amor e agora todo abrasado em meu amor, ah! transformai o meu coração; dai-me um coração que saiba compensar os desgostos que Vos tenho causado e um amor proporcionado à minha ingratidão.
Já sinto em mim um grande desejo de Vos amar. Dou-Vos graças por isso, pois vejo que a vossa misericórdia já me transformou o coração. Detesto, mais que todos os outros males, as injúrias que Vos tenho feito, aborreço-as e abomino-as. Estimo mais a vossa amizade do que todas as riquezas e todos os reinos. Desejo agradar-Vos o mais possível. Amo-Vos, ó Deus infinitamente amável! † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas (1). Mas vejo que meu amor é por demais limitado. Aumentai-lhe o ardor, dai-me mais amor. O vosso amor deve ser pago com amor muito mais intenso da minha parte, porque Vos ofendi tão gravemente, e em vez de castigo, recebi de Vós tantos favores especiais. Ó Bem supremo, não permitais que ainda Vos seja ingrato depois de tantas graças que me haveis concedido. Moriar amore amoris tui (Vos direi com São Francisco), qui amore amoris mei dignatus es mori
— Ó Jesus, morra eu pelo amor de vosso amor, visto que Vos dignastes morrer pelo amor de meu amor. — Maria, esperança minha, valei-me, rogai a Jesus por mim.
Referências:
(1) Lc 12, 50 / Indulg. de 50 dias cada vez
Dilexit nos, et lavit nos a peccatis nostris in sanguine suo – “(Jesus) nos amou e nos lavou de nossos pecados em seu sangue” (Ap 1, 5)
Sumário. Os santos tinham bastante razão de chorar, considerando a ingratidão dos homens para com o amor excessivo que Jesus lhes mostrou. Coisa assombrosa! Ver um Deus sofrer tantas penas, derramar lágrimas numa lapa, viver pobre numa oficina, morrer exangue na cruz, ver, enfim, um Deus aflito e atribulado durante a sua vida toda, para ganhar o amor dos homens, e ver depois os homens ingratos responderem-Lhe com injúrias e ofensas! Meu irmão, se tu também no passado foste um desses ingratos, procura agora reparar o malfeito e amar a Jesus Cristo com mais fervor.
I. Considera como Jesus sofreu desde o primeiro instante de sua vida e sofreu tudo por nosso amor. Durante toda a sua vida não teve em mira outra coisa, depois da glória de Deus, senão a nossa salvação. Jesus, sendo Filho de Deus, não havia mister sofrer para merecer o céu. Toda a pena, pobreza, ignomínia que Jesus padeceu, foi destinada a merecer para nós a salvação eterna. Mais; embora pudesse Jesus salvar-nos sem sofrimento, quis todavia levar uma vida de dores, de pobreza, de desprezos, de privação de qualquer alívio, terminá-la com uma morte mais desolada e amargosa do que jamais algum mártir ou penitente sofreu, com o único intuito de fazer-nos compreender a grandeza do amor que nos tinha e para ganhar o nosso afeto.
Viveu trinta e três anos sempre suspirando que chegasse afinal a hora do sacrifício de sua vida, que desejava oferecer para nos alcançar a graça divina e a glória eterna, e ver-nos sempre consigo no paraíso. Baptismo habeo baptizari, et quomodo coarctor usquedum perficiatur? (1) — “Tenho de ser batizado com um batismo, e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra?” Desejava ser batizado com o seu próprio sangue, não para lavar pecados pessoais, porquanto era inocente, senão os dos homens que Ele tanto amava. Ó amor excessivo de um Deus, que todos os homens e todos os anjos nunca chegarão a compreender e a louvar bastantemente.
Lamenta-se São Boaventura por ver tão grande ingratidão dos homens em troca de tamanho amor. Causa pasmo, diz o Santo, o ver um Deus sofrer tantas penas, chorar numa lapa, viver pobre numa oficina, morrer exangue sobre uma cruz, numa palavra, um Deus aflito e atribulado durante a sua vida toda por amor dos homens, e ver depois os homens que não ardem de amor para com esse Deus tão amante; que ainda têm a triste coragem de desprezar o seu amor e a sua graça. Como se compreende que Deus se tenha sujeitado a tanto sofrimento por amor dos homens e que ainda há homens que ofendem e não amam esse Deus!
II. Ó meu amado Redentor, eu também sou um desses ingratos que pagaram o vosso imenso amor, as vossas dores e morte com desgostos e desprezos. Meu querido Jesus, como pudestes amar-me tanto e resolver-Vos a sofrer tantos desprezos e trabalhos por mim, vendo as ingratidões de que eu havia de usar, para convosco? Não quero, porém, desesperar. O mal está feito. Concedei-me agora, Senhor, essa dor que com as vossas lágrimas me tendes merecido; peço-Vos uma dor proporcionada à minha iniquidade. Ó Coração amoroso de meu Salvador, em outros tempos tão aflito e desolado por meu amor e agora todo abrasado em meu amor, ah! transformai o meu coração; dai-me um coração que saiba compensar os desgostos que Vos tenho causado e um amor proporcionado à minha ingratidão.
Já sinto em mim um grande desejo de Vos amar. Dou-Vos graças por isso, pois vejo que a vossa misericórdia já me transformou o coração. Detesto, mais que todos os outros males, as injúrias que Vos tenho feito, aborreço-as e abomino-as. Estimo mais a vossa amizade do que todas as riquezas e todos os reinos. Desejo agradar-Vos o mais possível. Amo-Vos, ó Deus infinitamente amável! † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas (1). Mas vejo que meu amor é por demais limitado. Aumentai-lhe o ardor, dai-me mais amor. O vosso amor deve ser pago com amor muito mais intenso da minha parte, porque Vos ofendi tão gravemente, e em vez de castigo, recebi de Vós tantos favores especiais. Ó Bem supremo, não permitais que ainda Vos seja ingrato depois de tantas graças que me haveis concedido. Moriar amore amoris tui (Vos direi com São Francisco), qui amore amoris mei dignatus es mori
— Ó Jesus, morra eu pelo amor de vosso amor, visto que Vos dignastes morrer pelo amor de meu amor. — Maria, esperança minha, valei-me, rogai a Jesus por mim.
Referências:
(1) Lc 12, 50 / Indulg. de 50 dias cada vez