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Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum Meditações para o Tempo Comum (II) - Meditações
O feitor infiel e o dia das contas
Redde rationem villicationis tuae; iam enim non poteris villicare – “Dá conta da tua administração; já não poderás ser meu feitor” (Lc 16, 2)
Sumário. De todos os bens que temos recebido de Deus, não somos donos, senão simplesmente administradores; e na hora da morte teremos de dar contas exatas a Jesus Cristo, o juiz inexorável. É o que nos ensina a parábola proposta no Evangelho deste dia. Examinemos, pois, que uso temos feito até hoje dos talentos recebidos e dos bens da graça, e se acharmos que estivemos em falta, tomemos a resolução de nos emendar quanto antes. Quem sabe, meu irmão, dentro de que breve tempo se nos dirá também: Redde rationem – “Dá conta“?
I. Dos bens que temos recebido de Deus, nós não somos donos, de maneira que possamos dispor deles a nosso bel prazer, mas somente administradores. Devemos, pois, empregá-los segundo a vontade de Deus e dar à hora da morte conta deles a Jesus Cristo, o juiz inexorável — É isto o que, no dizer dos santos Padres, significa a parábola que no Evangelho deste dia o Senhor propõe à nossa consideração.
“Havia um homem rico”, diz Jesus, “que tinha um administrador, do qual lhe denunciaram que dissipava seus bens. Chamando-o, disse-lhe: Que ouço dizer de ti? Dá conta de tua gestão, porque d’aqui em diante não poderás mais ser administrador.”
Pára aqui um pouco e considera o rigor do juízo divino. Os santos, posto que tivessem feito o melhor uso possível dos talentos que lhes foram confiados e os houvessem feito frutificar, uns dois por um, outro cinco, outro dez (1); posto que tivessem empregado todo o tempo da sua vida em preparar o livro das contas, todavia, quando estavam para passar desta vida para a eternidade, julgaram nada terem feito e tremiam.
Assim tremia Santa Maria Madalena de Pazzi, que respondeu ao confessor que a animava:
“Ah padre, é coisa terrível o ter que comparecer perante o tribunal de Jesus Cristo!”
Tremia Santo Agatão depois de ter passado tantos anos no deserto a fazer penitência e dizia aos que lhe cercavam o leito:
“Que será de mim quando for julgado?”
Tremia o Venerável Luiz da Ponte, e tremia tanto que fazia também tremer o quarto onde estava.
– E tu, meu irmão, que dizes? Que fazes? Se neste momento o Senhor te deixasse morrer e te citasse a seu tribunal, que havias de responder a este terrível: Redde rationem – “Da conta“?
II. Continua a parábola dizendo que o feitor infiel, vendo o grande risco que corria de cair em miséria extrema, logo pensou em reparar o mal feito. E posto que o expediente de que lançou mão fosse todo em seu proveito, com prejuízo do dono, este, contudo, o elogiou, por ter agido com prudência. – Da mesma presteza devemos nós também usar, se não quisermos merecer a repreensão que “os filhos deste século são mais precavidos que os filhos da luz.”
Por isso exorta-nos o Espírito Santo: Quodcumque facere potest manus tua, instanter operare (2) – “Obra com presteza tudo quanto pode fazer tua mão”. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje; porque o dia de hoje passa e amanhã virá talvez a morte que te impossibilitará de fazer algum bem e de remediar o mal. Numa palavra, mister é que prepares as contas, antes que venha o dia das contas. – Entretanto, conclui o Evangelho, se puderes dar esmolas, com as riquezas iníquas fazei dos pobres os teus amigos; para que quando necessitares, te obtenham de Deus a graça de uma boa morte, e assim te recebam nos tabernáculos eternos.
Meu amabilíssimo Jesus, graças Vos dou pelas luzes e pelo tempo que agora me concedeis, para reparar as desordens da minha vida passada. Desgraçado de mim! Dos bens da alma e do corpo, que me destes a fim de que me servisse deles para Vos amar, e alcançasse a minha eterna salvação, eu abusei para Vos ultrajar e me precipitar no inferno. Senhor, detesto a minha ingratidão mais do que todos os outros males; peço-Vos perdão e prometo que não tornarei mais a ofender-Vos. Não, meu Jesus, não quero mais ofender-Vos, quero amar-Vos sempre com todas as minhas forças. – “Vós, porém, ó Senhor, concedei-me, pela vossa misericórdia, que meu espírito cogite sempre o que é reto e faça o que é justo: para que, já que não posso subsistir sem Vós, viva sempre conforme a vossa vontade.” (3) – Doce Coração de Maria, sede minha salvação.
Referências:
(1) Lc 19, 16
(2) Ecl 9, 10
(3) Or. Dom. curr.
Redde rationem villicationis tuae; iam enim non poteris villicare – “Dá conta da tua administração; já não poderás ser meu feitor” (Lc 16, 2)
Sumário. De todos os bens que temos recebido de Deus, não somos donos, senão simplesmente administradores; e na hora da morte teremos de dar contas exatas a Jesus Cristo, o juiz inexorável. É o que nos ensina a parábola proposta no Evangelho deste dia. Examinemos, pois, que uso temos feito até hoje dos talentos recebidos e dos bens da graça, e se acharmos que estivemos em falta, tomemos a resolução de nos emendar quanto antes. Quem sabe, meu irmão, dentro de que breve tempo se nos dirá também: Redde rationem – “Dá conta“?
I. Dos bens que temos recebido de Deus, nós não somos donos, de maneira que possamos dispor deles a nosso bel prazer, mas somente administradores. Devemos, pois, empregá-los segundo a vontade de Deus e dar à hora da morte conta deles a Jesus Cristo, o juiz inexorável — É isto o que, no dizer dos santos Padres, significa a parábola que no Evangelho deste dia o Senhor propõe à nossa consideração.
“Havia um homem rico”, diz Jesus, “que tinha um administrador, do qual lhe denunciaram que dissipava seus bens. Chamando-o, disse-lhe: Que ouço dizer de ti? Dá conta de tua gestão, porque d’aqui em diante não poderás mais ser administrador.”
Pára aqui um pouco e considera o rigor do juízo divino. Os santos, posto que tivessem feito o melhor uso possível dos talentos que lhes foram confiados e os houvessem feito frutificar, uns dois por um, outro cinco, outro dez (1); posto que tivessem empregado todo o tempo da sua vida em preparar o livro das contas, todavia, quando estavam para passar desta vida para a eternidade, julgaram nada terem feito e tremiam.
Assim tremia Santa Maria Madalena de Pazzi, que respondeu ao confessor que a animava:
“Ah padre, é coisa terrível o ter que comparecer perante o tribunal de Jesus Cristo!”
Tremia Santo Agatão depois de ter passado tantos anos no deserto a fazer penitência e dizia aos que lhe cercavam o leito:
“Que será de mim quando for julgado?”
Tremia o Venerável Luiz da Ponte, e tremia tanto que fazia também tremer o quarto onde estava.
– E tu, meu irmão, que dizes? Que fazes? Se neste momento o Senhor te deixasse morrer e te citasse a seu tribunal, que havias de responder a este terrível: Redde rationem – “Da conta“?
II. Continua a parábola dizendo que o feitor infiel, vendo o grande risco que corria de cair em miséria extrema, logo pensou em reparar o mal feito. E posto que o expediente de que lançou mão fosse todo em seu proveito, com prejuízo do dono, este, contudo, o elogiou, por ter agido com prudência. – Da mesma presteza devemos nós também usar, se não quisermos merecer a repreensão que “os filhos deste século são mais precavidos que os filhos da luz.”
Por isso exorta-nos o Espírito Santo: Quodcumque facere potest manus tua, instanter operare (2) – “Obra com presteza tudo quanto pode fazer tua mão”. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje; porque o dia de hoje passa e amanhã virá talvez a morte que te impossibilitará de fazer algum bem e de remediar o mal. Numa palavra, mister é que prepares as contas, antes que venha o dia das contas. – Entretanto, conclui o Evangelho, se puderes dar esmolas, com as riquezas iníquas fazei dos pobres os teus amigos; para que quando necessitares, te obtenham de Deus a graça de uma boa morte, e assim te recebam nos tabernáculos eternos.
Meu amabilíssimo Jesus, graças Vos dou pelas luzes e pelo tempo que agora me concedeis, para reparar as desordens da minha vida passada. Desgraçado de mim! Dos bens da alma e do corpo, que me destes a fim de que me servisse deles para Vos amar, e alcançasse a minha eterna salvação, eu abusei para Vos ultrajar e me precipitar no inferno. Senhor, detesto a minha ingratidão mais do que todos os outros males; peço-Vos perdão e prometo que não tornarei mais a ofender-Vos. Não, meu Jesus, não quero mais ofender-Vos, quero amar-Vos sempre com todas as minhas forças. – “Vós, porém, ó Senhor, concedei-me, pela vossa misericórdia, que meu espírito cogite sempre o que é reto e faça o que é justo: para que, já que não posso subsistir sem Vós, viva sempre conforme a vossa vontade.” (3) – Doce Coração de Maria, sede minha salvação.
Referências:
(1) Lc 19, 16
(2) Ecl 9, 10
(3) Or. Dom. curr.