Todos os terços e novenas

  Apresentação

Mês de maio, mês de Maria, afetuosíssima Mãe dos fiéis católicos. Assim como o mês de outubro, maio é um mês dedicado a Santíssima Virgem; tendo como centro as orações dedicadas a Ela, em especial o Santo Rosário, que nos faz meditar os Mistérios de
nossa Redenção.

As meditações são do livro "Um mês com Maria", do padre Stefano Maria Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido em 1933 e filho de filhos espirituais de Padre Pio, do qual o menino recebeu a primeira comunhão.

Uma meditação para cada dia, baseadas em escritos e histórias de santos, com pequenos votos ao final de cada uma.

Os dias ficam mais leves de serem vividos quando entregamos tudo a Ela, pois Ela entrega tudo a Cristo, como São Luís Maria Grignon de Montfort escreveu em seu Tratado de Devoção: Maria, conhecendo Seu Filho, sabe como melhor entregar nossos pedidos e agradecimentos a Cristo.

  1º DIA - O MÊS DE MARIA

"Eis que finalmente voltou o mês da linda Mãezinha!" Assim escreveu uma vez o padre Pio de Pietrelcina no começo do mês de Maio. É assim mesmo! Há séculos que o mês de maio é o mês de Maria por excelência, o mês da linda Mãezinha. É o mês mais lindo do ano pelo amor primaveril que o reveste; por isso é consagrado Àquela que a Igreja canta e louva como a "Toda Bela". É o mês que desabrocha perfumadas rosas no calor da ridente natureza; por isso é consagrado Àquela que a Igreja exalta como "Rosa Mística".
"Mês de maio - assim dizia o Papa Paulo VI - nós nos recordamos da alegria infantil com a qual, indo à escola, levávamos flores para o altar de Nossa Senhora; velas, cantos, orações e promessas, davam alegre expressão à nossa devoção a Maria Santíssima, que então nos aparecia como Rainha da Primavera, primavera da natureza e primavera das almas".

O MÊS DAS GRAÇAS

Maio também é chamado o mês das graças e das glórias de Maria, porque nesse mês se recebem abundantes graças celebrando as glórias da Mãe e Rainha universal. Sobretudo pelos frutos espirituais que produz, o mês de maio canta as mais altas glórias de Maria, medianeira de todas as graças. São graças de todos os tipos que Ela doa amorosamente a quem celebra esse mês. Graças de progresso espiritual, de renovação de vida, de conversão; graças temporais para a saúde, para o trabalho, para os estudos, para o crescimento, para a família. Quantas graças nesse mês abençoado!
São Maximiliano Maria Kolbe, para ajudar o irmão em perigosas angústias espirituais e materiais, não achou remédio mais eficaz do que recomendar-lhe fazer o mês de maio; e lhe mandou livrinhos úteis para seguir o mês mariano dia após dia.

UM MÊS DE MAIO POR ENGANO

Um jovem hebreu, Hermano Cohen, encontrando-se em Paris para estudar música, tinha-se dado ao jogo e à dissipação. Necessitando de dinheiro para satisfazer as suas brutas paixões, achou um emprego de tocador de órgão na Igreja de Santa Valéria, por todo o mês de maio. Nas primeiras vezes, ele tocava com total indiferença, como simples trabalhador. Mas, sem querer, estando ali, tinha de escutar os sermões que se faziam sobre Nossa Senhora. Dia a dia escutando, o seu espírito começou a perturbar-se e o seu coração a comover-se. No fim do mês de maio, pensou seriamente em se preparar para o batismo e se tornar Católico. E não muito tempo depois se fez batizar naquela mesma Igreja. Junto recebeu o dom da vocação religiosa; transformou-se em um religioso carmelitano e morreu em conceito de santidade. Quantas graças não recebeu ele por aquele mês de maio feito por acaso!

PELA IGREJA INTEIRA

Fazer o mês de maio é, então, acumular graças, é resolver problemas ou situações dolorosas, é obter o patrocínio da Mãe divina. Por isso a Igreja, os Pontífices, os santos, recomendam tanto de celebrar, com devoção, os meses marianos. O Papa Paulo VI, em 1965, publicou uma Encíclica sobre o mês de maio para reafirmar expressamente que a Igreja o considera o mês mais fecundo de oração e de graças celestes para todas as necessidades para a Humanidade e para a Igreja: "Porque o mês de maio traz essa poderosa chamada a uma intensa e confiante oração e porque nele os nossos pedidos acham mais fácil acesso ao coração misericordioso da Virgem; foi feito uso pelos nossos predecessores escolher esse mês consagrado a Maria para convidar o povo cristão para orações públicas, cada vez que a Igreja o necessitasse ou que qualquer perigo ameaçasse o mundo!"

FAÇAMO-LO BEM

Não percamos essa grande ocasião de Graça! E procuremos fazer com que ninguém perca. Convidemos os nossos amigos e nos esforcemos a fazer nossos caros participar às funções do mês mariano. Maria não despedirá ninguém de mãos vazias. Lembremo-nos que Ela mesmo, aparecendo com as mãos que projetavam raios luminosos, disse a Santa Catarina Labouré: "Estes raios são o símbolo das graças que Eu estendo sobre as pessoas que mo pedem". E Santa Catarina, com o exemplo de São Felipe Néri, São Camilo, Santo Afonso Maria de Ligório e de tantos outros santos, queria que sobretudo o mês de maio se intensificasse a oração mariana, o humilde recurso Àquela que se assenta no "trono das graças, para obter misericórdia e achar graças na necessidade" (cf. Hb 4, 16). Aos pés de Maria achamos a fonte de todas as graças e da santidade.

VOTOS:
- Se empenhar para levar alguém à Igreja durante o mês mariano;
- Recitar o Rosário para que muitos dediquem o mês de maio a Maria;
- Rezar a São José, para que nos ensine nesse mês de maio a amar Nossa Senhora.
Os dias ficam mais leves de serem vividos quando entregamos tudo a Ela, pois Ela entrega tudo a Cristo, como São Luís Maria Grignon de Montfort escreveu em seu Tratado de Devoção: Maria, conhecendo Seu Filho, sabe como melhor entregar nossos pedidos e agradecimentos a Cristo.

  2º DIA - A SALVAÇÃO DA ALMA

Maria apareceu em Fátima para nos lembrar, sobretudo, da necessidade da salvação da alma. Por isso ela recomendou com insistência aos 3 pastorinhos de rezar e fazer penitência pela conversão dos pecadores: "Muitas almas vão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por elas!". Antes de mais nada, Maria se preocupa em salvar as nossas almas. Na verdade, Ela se preocupa também com nossas necessidades temporais; mas a Graça que Ela quer nos conceder antes de todas as outras é certamente a salvação da alma. Essa é certamente a Graça das Graças, a Graça que vale a eternidade do Paraíso. O Apóstolo São Pedro escrevia aos cristãos: "Conseguindo a meta da Vossa Fé, isto é, a salvação das vossas almas". (I Pd 1, 9) Mas nós, que conta fazemos da salvação da nossa alma? Nos preocupamos mesmo? Como é triste, infelizmente, dever responder que muitas vezes fazemos como aqueles filhos doentes que, ao invés de pensar em fazer a devida cura e recobrar a saúde, são indiferentes à cura e só pensam em divertir-se!

"QUE SERVE AO HOMEM..."

É possível que não entendamos como seja de primária importância trabalhar principalmente para a salvação da alma? Lucro, estudo, trabalho, divertimento, comércio, família, carreira são coisas secundárias com respeito à salvação da alma. "De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se depois perde a sua alma?" (Mt 16, 16) E ainda em parábola: "As terras de um homem rico tinham tido uma boa colheita. E ele, consigo mesmo, assim pensava: como farei se não tenho mais lugar para guardar a minha colheita? Eis, disse, farei assim: demolirei os meus celeiros, construirei outros maiores, onde guardarei toda a minha colheita e os meus bens; depois direi à minha alma: ó Alma, tens uma grande reserva de bens por muitos anos; descansa, come, bebe e diverte-te! Mas Deus lhe disse: Louco! Esta mesma noite te será tirada a vida; e aquilo que preparaste pra quem será? Assim será também para quem acumula tesouros para si, mas não cuida de ter o que para Deus." (cf. Lc 12, 16-21) Poderia falar Jesus mais claro no Seu Evangelho? Por que esquecemos disso ou não lembramos como deveríamos? Bom para nós que Nossa Senhora nos vem lembrar disso com amor materno e nô-lo recorda também neste lindo mês.

"ELE ESTÁ SALVO!"

Fazer o mês de maio/outubro pode valer a salvação eterna de nossa alma. Eis um exemplo muito instrutivo: Em Ars, um dia, chegou uma senhora abatida pela dor que a levava ao desespero. Poucos dias antes tinha perdido o marido tragicamente. Suicidara-se, jogando-se de cima de uma ponte, num rio. A mulher era atormentada pelo pensamento da danação do marido. Entretanto, na igreja de Ars, a pobre mulher logo se ajoelhou para rezar e chorar. Era a 1ª vez que ia a Ars. O santo Cura d'Ars, passando-lhe ao lado, sussurrou-lhe aos ouvidos: "Ele está salvo!". "O que?" - exclamou a mulher. "Ele está salvo!" - repetiu o santo - "Está no purgatório e precisa rezar muito por ele. Entre o parapeito da ponte e o rio teve tempo de se arrepender. Foi Nossa Senhora quem lhe obteve a graça. Lembre-se do mês de maio que fazia no quarto. Às vezes seu marido, embora não religioso, se unia à sua oração e às vezes até punha uma flor junto à imagem de Maria. Isto lhe obteve o arrependimento e o extremo perdão!".

A COISA MAIS NECESSÁRIA

Quem toma conta da salvação da alma se assemelha a Maria de Betânia que está aos pés de Jesus, atenta às Suas palavras de vida eterna. Marta, ao invés, se perde atrás de muitas coisas. É a imagem daqueles que se preocupam com as coisas terrenas e secundárias e não tem tempo para cuidar da alma. Mas a salvação da alma é sempre "a única coisa necessária!" (Lc 10, 42). Quanta bobagem em nossa vida se entre os perigos do mundo, não ligamos para esta única coisa necessária. Em uma carta escrita por São Gabriel de Nossa Senhora das Dores a um seu companheiro de Liceu está escrito: "Tens razão de dizer que o mundo é cheio de perigos e tropeços, e que é muito difícil salvar-se a nossa única alma; nem por isso deves perder a coragem. Amas a salvação? Foge aos maus companheiros; o teatro onde muito amiúde se entra em Graça de Deus e se sai depois de tê-la perdido ou posta em grande perigo. Amas a salvação? Foge às conversações muito livres, aos livros maus que podem fazer a todos um mal sem fim. Demos ouvidos aos Santos! Usemos os meios de guarda para salvar a nossa alma. "O que poderá dar o homem em troca de sua alma?" (Mt 16, 26)

A ESCADA BRANCA

Um dia padre Pio passava lentamente entre uma multidão de homens. Um jovem lhe gritou de longe: "Padre, me diga uma palavra decisiva. O que devo fazer?" Padre Pio olhou-o com profundidade e disse-lhe: "Salve a tua alma!" Eis o essencial, todo o resto passa! A salvação da alma dura eternamente. E Nossa Senhora quis nos assegurar a salvação com a nossa colaboração do uso dos meios da salvação: a oração, os sacramentos, a penitência, as boas obras e em especial, a devoção mariana. Também São Francisco de Assis na famosa visão de Frei Leão, em cima da escada branca e da escada vermelha, assegura-nos que a devoção a Nossa Senhora é garantia de salvação. De fato, todos os que subiam pela escada em cima da qual estava a Bem-Aventurada Virgem chegavam ao Paraíso; aqueles da escada vermelha, quanto esforço em vão!

VOTOS:
- Empenhar-te em examinar a cada dia a tua alma (exame de consciência);
- Perguntar-te sempre: "Faz bem a minha alma essa ação, esse pensamento?";
- Fale com os outros a respeito da salvação da alma.

  3º DIA - O TEMPO PARA SALVAR-ME!

Na Terra Deus me dá o tempo para me salvar e me santificar. "Ele nos quer todos salvos". (I Tim 2, 4), quer a nossa "Santificação" (I Ts 4, 3) e nos dá a possibilidade através do arco de tempo estabelecido para a nossa vida terrena. O arco do tempo pode ser mais ou menos longo. São Domingos Sávio se santificou vivendo somente 15 anos. Santo Afonso Maria de Ligório, vivendo 91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus, "patrão da vida e da morte" (Sb 16, 13). Nós devemos só utilizar o nosso tempo segundo a finalidade para a qual Deus nos criou, ou seja: "para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo no Paraíso", segundo o catecismo de S. Pio X. Isto significa: "Operar o bem enquanto tivermos tempo". Como recomendava S. Paulo (Gl 6, 10). Tudo me deve servir pra conseguir o gozo eterno do Paraíso que consiste na visão beatífica de Deus. Se assim não for, se trabalha inutilmente, perdendo incalculáveis méritos e energias.
A um velho eremita, um dia, perguntaram a idade. "Tenho 50 anos", respondeu. "Não é possível! - respondeu o visitante - Tens, certamente, mais de 70.". "É verdade - respondeu - A minha idade seria 75, mas os primeiros 25 eu não conto, pois passei longe de Deus".

A QUE ME SERVE?

São Bernardo dizia: "Todo o tempo que não usamos para Deus é perdido". Por isso, São Luiz Gonzaga, como tantos outros santos, se propôs de perguntar-se antes de cada ação: "A que me serve para a eternidade?" E refletindo profundamente, compreendeu bem como valesse a pena renunciar a posse de um principado e a um futuro de glórias terrenas para se consagrar inteiramente a Jesus e a aquisição da Glória Eterna, consumindo-se de amor por Deus e pelo próximo. Santo Afonso Maria de Ligório obrigou-se com um voto especial: o de não perder um átimo de tempo! E o observava com um heroísmo que comovia. Quando escrevia por horas e horas aquelas páginas de doutrina e de piedade que iluminavam tantas almas, se às vezes lhe doía a cabeça, apertava com uma mão uma pedra sobre a testa e com a outra continuava a escrever. Se quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas ações, não é verdade que deveríamos pôr as mãos na cabeça? Quanto tempo perdido! Talvez estejamos prontos para dizer de não ter tempo nem para qualquer minuto de manhã e a noite, ou para dizer um Terço (15 minutos), ou para fazer uma boa obra... E depois não nos damos conta de perder a cada dia horas de tempo livre vendo televisão ou indo ao cinema, aos bares ou à rua, ou indo ao campo de futebol entre cigarros, canções e conversas fiadas. Este é o uso do tempo livre de muitos cristãos!

COLHO O QUE SEMEIO

O que dizer da finalidade sobrenatural que deveriam ter as nossas ações? Agimos somente com finalidade de lucro. Se faz tudo por interesse. Se trabalha só pelo dinheiro. E que prontidão súbita quando devemos nos queixar por inconvenientes incômodos ou perdas! É tudo calculado. Tudo me deve dar o máximo de rendimento e gozo com o mínimo esforço. Talvez no nosso comportamento não exista nem um sopro de Amor a Deus, um aceno de intenção sobrenatural, um odor de elevação à finalidade mais alta pela qual um cristão deveria agir. "Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo pela Glória de Deus". (I Cor 10, 31). Como faremos juntos de Deus? Se é verdade que um dia prestaremos conta até de cada palavra ociosa (Mt 12, 36) tanto mais prestaremos conta de cada minuto perdido.
Em um minuto de tempo se podem fazer diversos atos de Amor a Deus. Assim faziam Santa Bertila Boscardin que passava pelos quartos do Hospital recitando amorosamente o Rosário. Nós, ao invés, passamos de ação em ação, de lugar em lugar só atentos ao nosso interesse. Mas não nos iludamos: "aquilo que o homem semear, aquilo colherá!" (Gl 6, 8). Se enchermos o nosso tempo de ações feitas para Deus, colheremos um dia a visão serena de Deus. Se ao contrário, colheremos os sofrimentos do Purgatório, ou, não queira Deus, do Inferno Eterno!

UM BELO EXEMPLO

Olhemos um modelo de Santo nosso contemporâneo: o Beato José Moscatti, grande médico napolitano. Não viveu muito, mas encheu seu tempo de coisas nobres e santas. Todos os dias ele começava sua jornada às 5 horas da manhã, com duas horas de oração recolhida e intensa. Fazia sua meditação, participava da Santa Missa, recebia a Santa Comunhão e fazia um longo agradecimento. Sem estas 2 horas e sobretudo sem a Santa Comunhão, ele dizia não ter coragem de entrar na sala médica para visitar os doentes. Logo depois das 2 horas de oração, entrava nos becos de qualquer bairro da velha Nápolis, descia a qualquer gueto ou subia em qualquer porão a visitar gratuitamente doentes em condições penosas e miseráveis. Continuava a sua manhã com a escolha e com as visitas médicas no Hospital. Antes de uma diagnose, nos momentos de dificuldade, punha a mão no bolso, apertava o Rosário por um momento, rezava a Nossa Senhora. Durante as visitas não era menos preocupado de recomendar aos enfermos a cura da alma, dando conselhos e avisos concretos, como aqueles de confessar-se e comungar. Ao meio dia, ao soar o sino do Ângelus, embora estando em sala médica, recitava sem falta a Oração, convidando os presentes a rezarem com ele. De tarde continuava as visitas médicas em casa até o pôr-do sol. Fechava seu dia com a visita ao Santíssimo Sacramento, com a recitação do Santo Rosário e as orações noturnas. Morreu durante as suas visitas médicas, amando os corpos e as almas dos enfermos. Eis um verdadeiro cristão que "operava o bem enquanto tinha tempo". (Gl 6, 10).

VOTOS:
- Começar e terminar o dia com as orações de manhã e a noite;
- Mortificar os olhos e a língua para não perder tempo em curiosidades e conversas;
- Rezar ao invés de falar futilidades e/ou inutilmente.

  4° DIA - A MORTE

A morte é a porta da vida eterna. Através dela se entra no além. É uma passagem obrigatória. “É destino do homem morrer” (Hb 9, 27). Um destino que leva a marca da culpa original: “A morte é o salário do pecado” (1 Cor 15, 21). Por isso é terrível morrer. E a morte nos demonstra cruamente quanto é verdadeira a palavra de Deus: “Lembra-te, homem, que és pó, e ao pó voltaras” (Gn 3, 19).
Com a redenção operada por Jesus, porém, a morte na graça de Deus é o sinal da salvação eterna; para os Santos, a morte é a entrada no Paraíso. São Paulo parece gritar de alegria quando escreve: “Para mim a morte é um lucro” (Fl 1, 21). Por isto São Tomas Morus, condenado à morte pelos heréticos, no dia do suplício quis vestir sua roupa mais linda e preciosa. E São Carlos Borromeu se fez pintar um quadro sobre a morte, que figurava um moribundo cheio de serenidade; perto dele estava um anjo lindo com uma chave de ouro na mão, pronto para abrir a porta do Paraíso. Que graça é morrer Santo! “Preciosa para Deus é a morte dos seus Santos” (Sl 115, 15).

QUANDO? COMO? ONDE?

A morte é a coisa mais certa, mas ignoramos quando virá, como virá, onde virá. Se pode morrer no seio materno, ou com cem anos de idade; se pode morrer na própria cama ou no meio da rua. Ao deitar-nos, não sabemos se veremos o sol; ao nos levantar, não sabemos se chegaremos a noite. Estamos certos só disso: “Não sabemos nem o dia nem a hora” (Mt 25, 13); a morte “chegará como um ladrão noturno” (1 Ts 5, 2), ou seja, escondida e de
surpresa. Por isso Jesus nos avisa com energia: “Estejais prontos! Porque na hora que não creis o filho do homem chegará” (Lc 12, 40).
Quão grande deve ser a nossa loucura, senão queremos pensar na morte, porque, seguindo o que se diz, nos entristece a vida! E não refletimos que em tal modo nos parecemos como avestruzes, que põem a cabeça dentro da areia para não ver o perigo que as destrói.
Que tragédia será uma má morte; só entenderemos na eternidade. O demônio bem sabe quanto é saudável o pensamento da morte. Por isso, o faz parecer uma coisa horrível, tendo-nos despreocupados e felizes entre vícios e pecados.
Ao Papa Pio XI, um dia se apresentou uma senhora pedindo uma lembrança pessoal. O Papa estava na rua; observou a senhora vestida de luxo mundano; se inclinou ao chão, recolheu um pouco de pó e fez na testa da senhora uma cruz, dizendo: “lembra-te que és pó e ao pó voltarás”. Não lhe poderia dar uma lembrança mais pessoal!

ESTAR SEMPRE PRONTOS

Somos capazes de preencher os nossos dias de trabalho, de divertimentos, de sexo, de política, de esportes, de fumo, de televisão e de internet. Vivemos amarrados e desorientados pelas tensões do lucro, do prazer, do sucesso. E nem nós preocupamos que no entanto estamos indo “lá onde todos são encaminhados” para a eternidade. E as realidades terrenas, os afazeres temporais, a saúde do corpo, as coisas materiais nos escravizam, nos adormecem em uma letargia espiritual que pode ser fatal. Jesus nos recomendou muitas vezes no evangelho de nos fazermos achar acordados espiritualmente e operosos para o reino dos céus: “bem aventurados aqueles servos que o patrão, em sua chegada, encontra acordados!” (Lc 12, 37).
Estar “acordados”, estar “prontos”, significa sobretudo viver sempre na graça de Deus, evitando o pecado mortal ou pedindo imediatamente perdão e confessando-se o mais cedo possível, se houver a desgraça de cair. São João Bosco dizia aos seus jovens que acordassem até mesmo às duas da madrugada para se confessarem, se tivessem caído em pecado mortal. Deve ser esta a primeira e absoluta preocupação de todo o cristão: em qualquer momento a morte com a sua imperdoável “foice” (Ap 14, 14), me deve achar na graça de Deus.
A graça de Deus é como o óleo das lâmpadas na parábola evangélica das dez virgens. As cinco virgens prudentes que tinham o óleo nas lâmpadas, entraram com o esposo às bodas; as cinco virgens distraídas, foram excluídas das bodas porque tinham as lâmpadas sem óleo. “Não vos conheço” foi a terrível palavra que o Senhor lhe disse (Mt 25, 1-13). Pensemos, ao contrário, na morte de São Bento. Quando sentiu o momento da passagem à outra vida, o santo patriarca quis ser amparado em pé por dois monges, estava assim, com os braços levantados, no ato de “de ir ao encontro do esposo” (Mt 25, 6).

NA HORA DA NOSSA MORTE

De Nossa Senhora obteremos a graça de uma boa morte. Esta graça é tão importante que a Igreja nos ensina a pedi-la a cada Ave Maria: “rogai por nós, agora e na hora da nossa morte”. Feliz a morte de quem amou Maria, de quem invocou Maria! Santa Maria Madalena Sofia Barat dizia que “a morte de um verdadeiro devoto de Maria é um pulo de um menino entre os braços da mãe”. E São Boaventura escreveu que morrer “com a pura invocação da Virgem, é sinal de salvação”.
Quando São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio poucos dias depois que este havia morrido, quis fazer-lhe esta pergunta:
- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para ti, na hora da morte?
- Dom Bosco, adivinhe?
- Talvez o pensamento de ter bem guardado o lírio da pureza?
- Não.
- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?
- Nem isso.
- Então terá sido a consciência tranquila... livre de todo o pecado?
- Este pensamento me fez bem; mas a coisa mais consoladora pra mim na hora da morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora! Diga-o aos seus jovens e recomende com insistência a devoção a Nossa Senhora.

VOTOS:
- Oferecer o dia pelos moribundos;
- Viver como se fosse o seu ultimo dia de vida;
- Ler e meditar a parábola das 10 virgens (Mt 25, 1-13).

  5º DIA - O JUÍZO DE DEUS

A meditação sobre o Juízo de Deus é tão saudável ao homem que Santo Agostinho dizia: "Se os cristãos não ouvissem outra pregação além daquela sobre o juízo de Deus, só esta bastaria para fazer observar o Evangelho e viver santamente na Graça!". E na verdade não mudariam talvez tantos nossos comportamentos se muitas vezes tivéssemos a coragem de nos perguntar: Como gostaria de achar-me agora sob o Juízo de Deus? Tal recomendação nos vem feita também por São Tiago: "Falai e procedei como quem deve ser julgado!" (Tg 2, 12). O Juízo de Deus será um verdadeiro juízo e glorificará sem fim a Justiça de Deus que "submeterá a juízo cada obra, por quanto escondida, boa ou má que seja". (Tg 12, 14). Ao juízo de Deus nós aparecemos o que fomos, sem máscaras nem fingimentos, com todas as nossas culpas mais secretas e vergonhosas. Nada poderá fugir aos olhos de Deus, nem uma fragilidade, nem uma palavra ociosa. (Mt 12, 36).

QUE CONFUSÃO...

Se não morrermos santos, será grande a confusão que provaremos. S. Jerônimo escreveu que lhe tremia o corpo inteiro somente em pensar no Juízo de Deus e os seus castigos. "No fim do ano escolástico - escreveu o servo de Deus, Dolindo Ruotolo - cada aluno se apresenta aos examinadores para ser interrogado. O mesmo acontece com a alma: aquela pecadora e obstinada no mal é condenada ao fogo do inferno; a alma medíocre vai ao Purgatório para reparar e descontar as suas penas; a alma toda pura é acolhida na glória e na felicidade do Paraíso". Lembremos sempre das palavras de Jesus: "Vigiai e orai em cada tempo a fim de que sejais dignos de fugir a futuros castigos e possais aparecer sem temor junto ao Filho do Homem" (Lc 21, 36). Ao juízo de Deus veremos o verdadeiro "balanço" (Lc 16, 2) inapelável e justíssimo. E Santo Agostinho nos diz que o demônio será o pior acusador da nossa alma (cf. Ap 12, 10). "Senhor, dirá o demônio - esta alma não observou os mandamentos da Tua lei, mas da minha. Dá-a a mim porque me pertence".
Ousaremos apenas sussurrar: "Senhor, ao seguir o demônio parecia mais fácil; a Tua lei é muito dura...". "Não é verdade! não é verdade! - dirá o acusador - Eu te fazia trabalhar até no Domingo, enquanto a Lei de Deus te precedia descanso. E tu trabalhavas para mim. Eu te fazia beber vinho até quando não tinhas mais sede e te fazia mal com a bebedeira. Coloquei-te sob as bestas. Te ordenava dançar e tu cansado de seis dias de trabalho te esgotavas em dançar para me fazer rir. E te sugeria um encontro equívoco e tu deixava os teus, embora fizesse frio, chovesse ou nevasse. Eu te dizia gastar nos vícios e o resultado de todos os teus suores da semana e tu que tinha medo de dar um tostão de esmola, consumias nos bares com os amigos todo o sustento da tua casa. Não era leve o meu fardo! Mas tu o preferistes àquele de Deus."

A QUEM RECORREREMOS?

O juízo de Deus somos nós mesmos a prepará-lo com a nossa vida. Qual será a nossa vida, tal será o juízo de Deus. "Cada um será réu segundo a própria obra", diz-nos Jesus (Mt 16, 17). Mas se a vossa obra não tiver sido conforme o Evangelho, ou seja, tudo por amor a Jesus e aos irmãos (Mt 25, 31-46) a quem poderemos recorrer naquele átimo que será fulminante como um “piscar de olhos”? (I Cor 15, 52).
É antes, é agora que devemos providenciar em obter um juízo de salvação! (II Cor 6, 2) é o tempo da misericórdia! Desde quando estamos em vida podemos obter a abundância de misericórdia recorrendo a Nossa Senhora. "Mãe de Misericórdia", como a invocamos na Salve-Rainha. E será uma Graça especial se nos extremos tormentos de vida podermos a Ela recorrer, indo com confiança ao trono da Graça para obter misericórdia! (Hb 4, 16). São Maximiliano Maria Kolbe dizia que até se tivéssemos já um pé no inferno, se invocamos Imaculada, Ela nos obterá a salvação eterna. São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, no leito de morte, na sua agonia, sofreu assaltos do demônio. Se via agitado. O confessor o abençoou, e pensou que quisesse mudar de posição. "Não - murmurou o Santo - procuro a imagem de Nossa Senhora! A Imagem estava sobre o leito, mas entre as pregas da colcha. Logo que a viu, ele ficou sereno, olhou-a com amor e disse: Mãezinha, mais depressa!” Também São Camilo Léllis no leito de morte foi assaltado pela lembrança de culpas cometidas na sua desordenada juventude. O Santo mandou trazer um quadro da Cruz com Nossa Senhora das Dores aos pés e com ardente paixão rogou à Virgem das Dores de clamar por ele. Morreu contemplando serenamente a Mãe das misericórdias. Que nos seja permitido apresentar-nos ao juízo de Deus, contemplando a Mãe Celeste.

VOTOS:
- Perguntar-nos sempre: "Como gostaria de achar-me diante do juízo de Deus?";
- Rogar a Nossa Senhora que nos prepare ao Juízo de Deus;
- Meditar Mateus 25, 31-46 e fazer atos de caridade.

  6° DIA - O INFERNO

Quando perguntaram a São Jerônimo porque se retirou para uma gruta de Belém e viver como um eremita penitente, ele respondeu: "Me condenei a esta prisão porque temo o inferno!" Um gigante de doutrina e santidade como ele temia o inferno. Nós, sem doutrina e santidade, nem nos preocupamos, nem queremos pensar no Inferno! E assim demonstramos o que somos: pobres inconscientes! São Paulo, raptado ao 3º Céu, carregado de méritos, temia de poder danar-se (cf I Cor 9,27). Nós, com uma superficialidade que amedronta, cremos evitar o inferno sem méritos nem temores. Aliás, chegamos até a recomendar de não se falar nunca do Inferno, porque "impressiona", não nos importando o fato que Jesus, no Evangelho, falou do Inferno não só uma vez, mas dezoito vezes! Como sempre, covardes que somos, gostamos muito de discursos alegres e doces, de Cristianismo fácil, efeitos de falsos aleluias e hosanas.

Fora daqui, malditos!
Esta é a terrificante condenação dos que morrem em pecado mortal. "Estes irão ao eterno suplício" (Mt 25,46). "Irão", ou seja, só vai ao inferno quem quiser ir! Deus nos cria a todos para o Paraíso e nos dá os meios para lá chegar, mas nos deixa livres para aceitar ou não. O homem que recusa, então, sabe perder o Paraíso e escolher o Inferno. Ele quer isso livremente. Nem se pode não dar razão a Deus, porque respeita a liberdade do homem. Mas qual loucura renunciar a Deus, perder o Paraíso, cair naquele abismo de horrores que é a moradia dos demônios. A visão de Deus, a união a Jesus e a Nossa Senhora, a companhia dos Anjos e dos Santos... A perda destes bens infinitos constitui a pena de dano dos danados, ou seja, a pena mais horrível e pavorosa que possamos conceber. Pelo resto, se é verdade que com o pecado mortal crucificamos Jesus em seu próprio coração (Hb 6, 6) de qual suplício "não será digno aquele que terá pisado o Filho de Deus"? (Hb 10,20).

No fogo eterno
No Inferno existe também a pena do sentido, ou seja, o fogo eterno (Mt 18,7) "que põe aos danados como vítimas dos tormentos... de um fogo ardente" (Lc 16, 23/24). A Geena é a figura mais expressiva que Jesus usou para figurar o inferno. A Geena é um profundo vale sobre um dos lados de Jerusalém. Nessa se jogavam toda as sujeiras da cidade e eram queimadas em um fogo perene. O Inferno é um depósito de lixo do Céu e da Terra: nesse se recolhem todos os anjos rebeldes e todos os homens imundos, perversos e corrompidos, mortos em pecado mortal. Todos queimarão com "fogo inextinguível" (Mc 9,44), odiosos a Deus pela eternidade. Na verdade, é "coisa tremenda cair nas mãos de Deus". (Hb 10,31). Mas não se poderá talvez dizer que seja proporcional a pena eterna para as culpas do homem? Não, porque como a recompensa está ao mérito, assim a pena está à culpa (Santo Tomás de Aquino). Às boas ações corresponde o Paraíso eterno; às más ações (pecados mortais) correspondem o Inferno eterno. O rico homem que durante a vida tinha pensado somente nos "suntuosos banquetes", nos quais pensava só em se divertir, e o pobre Lázaro, que tinha suportado em paz as próprias desventuras, deixando que até os cachorros lhe "lambessem as feridas", nos fazem compreender muito bem a diversa sorte eterna que tocará aos homens maus e bons (Lc 16,19-31).

Muitos se perdem
Em Fátima, a Imaculada mostrou o Inferno aos 3 pastores. E Lúcia descreveu aquela visão como melhor podia com estas palavras: "Vimos como em um mar de fogo, emergidos os demônios e as almas, quase como carvões transparentes e pretos, queimados em forma humana, flutuando no incêndio alçado de fumos e cadentes de cada lado, como faísca de grandes incêndios. Sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que aterrorizavam e faziam desmaiar de medo...". "Viram - disse Nossa Senhora - o Inferno onde vão as almas dos pobres pecadores? Para os salvar, o Senhor quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Coração Imaculado". Reflitamos seriamente sobre estas palavras de Nossa Senhora e liguemo-nos fortemente ao seu Coração Imaculado e tenhamos bem radicados em nós o empenho de viver sempre na graça de Deus, prontos em tudo sofrer para não cometer pecado mortal: "Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma. Temais, pois, aquele que pode fazer perder a alma e o corpo na Geena." (Mt 10, 28). Se os homens pensassem seriamente nestas palavras de Jesus, quem seria condenado?

Como morre um danado?
São Clemente Hofbauer, apóstolo de Viena, foi visitar um moribundo não crente e foi recebido com insultos: "Vai para o diabo, frade! Vais embora!". "Antes quero ver como morre um danado!" disse o frade. Com estas palavras o moribundo pôs-se a pensar e ficou mudo. São Clemente invoca Maria com ardor. Logo depois o moribundo chora e exclama: "Padre, perdoai-me. Aproximai-vos!" Confessa-se em lágrimas e morre invocando Maria, refúgio dos pecadores. "A misericórdia de Maria salva um grande número de infelizes que,
segundo as leis da divina Justiça, iriam ser danados". Cofiemos n'Ela, então, com toda a confiança.

Votos
- Repetir amiúde: "Minha mãe, confiança minha";
- Oferecer o dia pelos pecadores moribundos;
- Ler e meditar a parábola do rico Epulão e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31).

  7° DIA - O PURGATÓRIO

Se se morresse na Graça de Deus, mas se têm dívidas de expiação pelos pecados cometidos e defeitos ainda dos quais se livrar para entrar puros no Paraíso, se vai para o Purgatório a fim de livrar-se destas dívidas e defeitos. Por isso existe o Purgatório. É um reino temporal além tumba. Todos os que morrem na amizade com Deus, mas não são puros e dignos do Paraíso, vão àquele lugar de dolorosa purificação por todo o tempo necessário para purificar-se. Por isso se fazem as funções e se reza pelos defuntos que se acham no Purgatório a fim de que seja apressada a passagem deles daquele lugar de pena ao Reino do Eterno Paraíso.

É verdade
A Sagrada Escritura nos fala, desde as primeiras páginas, do uso dos hebreus de rezar pelos mortos. Este uso exprime necessariamente a existência das almas defuntas em um lugar que não seja o Inferno nem o Paraíso, porque nem os danados, nem os Bem-aventurados precisam das nossas orações. Mais expressamente ainda a Bíblia nos fala dos sacrifícios pelos defuntos que os hebreus celebravam no Templo. À Morte de Aarão, foram oferecidos sacrifícios por 30 dias seguidos (DT 34,8 / Nm 20,30). Judas Macabeus, depois das sanguinárias batalhas, recolhia somas de dinheiro para mandar a Jerusalém para oferecer sacrifícios pelas almas dos soldados caídos na guerra. "É coisa salutar rezar pelos mortos a fim de que lhes sejam perdoados os pecados" (Mac 12,46). Também o profeta Malaquias nos fala do Senhor que purifica com o fogo a amados filhos de Levi (Ml 3,3). No Novo Testamento, Jesus refere-se mais vezes ao Purgatório. A mais clara referência é sobre a necessidade de fechar cada conta com o nosso inimigo antes de cair nas mãos do Juiz que nos porá em uma prisão de onde não sairemos antes de ter saldado a dívida "até o último centavo". (Mt 5, 25-26). Esta prisão não pode, é claro, ser o Inferno, de onde não se sai nunca, mas o Purgatório, como o interpretam os Santos Padres. São Paulo continua o ensinamento de Jesus dizendo que quem faz obras imperfeitas se salvará, mas passando pelo fogo. Depois de São Paulo, podemos citar os grandes Padres e Doutores da Igreja: Santo Agostinho, São João Crisóstomo, Santo Efrém, São Cipriano, Santo Tomás de Aquino... O magistério da Igreja apresentou a verdade do Purgatório como dogma de fé!

Se sofre terrivelmente
No Purgatório se sofre as penas da purificação segundo a necessidade de cada um. Tem quem tem mais dívidas e defeitos que outros. A intensidade e duração são sob medida. Mas a qualidade do sofrimento é terrível. Pena de sentido e pena de dano constituem um sofrimento tal que na Terra não se pode pensar igual. Santo Tomás ensina: "A menor pena do Purgatório supera as maiores penas da Terra, pois o mesmo fogo que atormenta os danados do Inferno, atormenta os justos do Purgatório". Lá entenderemos qual coisa tremenda é a ofensa a Deus e qual reparação exige a Sua Justiça. Por isso os santos estavam tão atentos em descontar na Terra com a mínima falta, até nas palavras ociosas (Mt 12,36). Santa Mônica, no leito de morte, disse àqueles que circundavam seu leito: "Rogai por mim. Não tomais conta do meu corpo, somente da minha alma!"

Não lágrimas, mas Santas Missas
Os defuntos não precisam das nossas lágrimas, mas das nossas Santas Missas. Nem precisam de coroas de flores e procissões para o funeral. Quanta bobagem em certos cristãos! Preocupam-se e gastam sem economia para a solenidade externa do funeral e não se curam ou não querem gastar dinheiro para mandar celebrar uma Santa Missa! Se pudéssemos ver os sofrimentos das almas purgantes, com qual cuidado as ajudaríamos, fazendo antes de mais nada, celebrar as Santas Missas, fazendo a Comunhão, recitando Rosários, praticando penitências.
Uma noite, São Nicolau de Tolentino viu a alma de um frade defunto, frade Pelegrino de Ósimo que lhe pediu para celebrar logo uma Santa Missa por ele e pelas almas purgantes. Mas o Santo respondeu que não podia porque tinha que celebrar a Santa Missa do turno. Então o defunto conduziu-o ao Purgatório. À vista das penas terríveis que sofrem aquelas almas, São Nicolau se assustou e foi logo ao Superior e o rogou de fazer-lhe celebrar Santas Missas pelo frade Pelegrino e pelas almas. Obtida a licença, a celebração das Santas Missas foi a função mais poderosa e salutar para aquelas queridas almas. Também ao Pe. Pio pediu um frade uma lembrança ao Pai defunto, durante a Missa. Pe. Pio quis aplicar a Santa Missa pela alma do pai daquele irmão e lhe disse: "Esta manhã teu pai entrou no Paraíso"! O irmão ficou admirado e feliz, mas não pôde deixar de exclamar: "Mas meu pai morreu há 30 anos!" "É, meu filho, na frente de Deus tudo se paga!" Respondeu em tom grave Pe. Pio.

Maria livra do Purgatório
São Bernardino chamou Nossa Senhora 'Plenipotenciária' do Purgatório, pois em suas mãos há poderes e graças para livrar quem quiser do Purgatório. Ser devoto de Maria e a Ela recorrer para obter o alívio e a libertação das almas purgantes: é isto o que devemos fazer com todo o coração se quisermos oferecer eficazes orações e Santas Missas. Maria mesma revelou ao Beato Alano: "Eu sou a Mãe das almas do Purgatório e a cada hora, pelas minhas orações, são aliviadas as penas dos meus devotos." O Santo Rosário é de especial eficácia. Santo Afonso Maria de Ligório ensina que "se queremos ajudar as almas do purgatório recitamos por elas o Rosário que lhes arrecada grande alívio." Um santo consolou muitas almas purgantes com o Santo Rosário. São Pompílio Pirrotti teve o dom de recitar o Rosário com as almas do Purgatório, que respondiam em voz alta as Ave-Marias, mostrando-se serenas e felizes durante a oração. Que também nas nossas mãos o Rosário seja uma coroa de caridade pelas queridas almas do Purgatório.

Votos
- Oferecer o dia inteiro pelas almas do Purgatório;
- Santa Missa e comunhão pelas almas sofredoras;
- Um Rosário pelas almas purgantes mais pecadoras.

  8° DIA - O PARAÍSO

“Aquilo que o olho nunca viu, nem ouvido escutou, nem nunca coração do homem pôde saborear, isto Deus preparou aos que O amam”. (I Cor 2,9). O Paraíso é um realidade inimaginável; é a plenitude de todos os bens desejáveis; é o êxtase eterno na visão beatífica de Deus. Santa Catarina de Siena conta de ter sido uma vez raptada à glória dos Céus. Quando, acabado o êxtase, tentou falar; não conseguiu fazer mais nada além de chorar. A quem se maravilhava, a Santa dizia: "Não vos admireis por isso; admirai-vos que ainda estou sobre a Terra depois de ter gozado de tamanhas delícias." Igualmente, São Roberto Belarmino, pensando na felicidade suprema do Paraíso, quando um dia admirava um quadro que retratava os jesuítas, exclamou: "Quero ir ter logo com ele! Embora desta vida! Desejo voar lá com estes."
Vinde, benditos! "Acreditem - dizia São Felipe Néri - o Paraíso não foi feito para os preguiçosos!" Para o Paraíso vão os heróis do amor a Deus e aos irmãos. "O Reino dos Céus exige violência e só os violentos o conquistam" (Mt 11,12). Só o cristão que é um herói de bondade, de fé, de humildade, de pureza, de obediência, de paciência, de mortificação, pode esperar de sentir-se dizer ao fim do exílio terreno: "Vem, servo bom e fiel: entra na alegria do Teu Senhor." (Mt 25,21). Nos "Atos dos Mártires" está descrito o martírio de São Timóteo. O Santo Mártir, cheio de chagas e torturado na cal viva, ouviu os Anjos que o confortavam: "levanta a cabeça e pensa no Céu que te espera!" Infelizmente para nós é tão fácil nos deixar atrair e dominar pelos bens terrenos... Deixamo-nos seduzir pelas criaturas e pelos prazeres carnais. Por isso devemos lembrar com maior insistência a chamada de São Paulo: "Procurai as coisas lá de cima! Provai as coisas do alto! Não aquelas da terra." (Cl 3,1). Se fizermos como nos diz São Paulo, experimentaremos também a verdade desta frase de Santo Inácio: "Oh, quanto me parece pequena e insignificante a Terra quando contemplo o Céu!" E nos preocuparemos de convencer também outros irmãos a elevar o olhar das criaturas para elevá-lo ao Criador. Seria uma loucura imperdoável perder os bens Celestes e eternos pelos pobres prazeres terrenos e momentâneos. Este mundo para nós é só uma Terra de exílio, de onde devemos conseguir chegar à nossa verdadeira pátria. Basta refletir um pouco sobre esta verdade para compreender melhor uma outra triste realidade desta Terra: o aborto. Com este enorme crime não somente é tirada a vida a uma criança, mas lhe é negada a entrada do Paraíso. Aquela criança irá ao limbo eterno, como nos ensina a Igreja, porque privada do Batismo, sem o qual não se pode entrar no Paraíso: "Quem for batizado, será salvo" (Mc 16,16). "Quem não renasce da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino dos Céus" (Jo 3,5).

Ao céu... ao céu com ela
A canção popular "Irei vê-la um dia" nos leva a desejar o Paraíso para ver Maria e ficar para sempre com Ela! Santa Bernadete confidenciou que Maria é tão linda que fazia desejar a morte para revê-la. São Maximiliano recebeu os votos de uma rápida morte para logo ir ter com a Imaculada no Céu. E o Santo respondeu agradecendo sentidamente. São Leonardo de Porto Maurício, Apóstolo ardente, chegava a pregar pedindo aos fiéis orações para poder logo morrer e ir ter com a Imaculada. Ele dizia: "Eu desejo morrer para viver com Maria. Recitem 1 Ave-Maria para que eu obtenha a graça de morrer agora e ir ver Maria!" Quando se ama verdadeiramente Maria, o pensamento e a aspiração do Paraíso não dão trégua, porque é lá que Nossa Senhora nos espera propriamente como uma Mãe que espera a chegada dos filhos para tê-los ao redor, na alegria eterna.

Paraíso e Penitência
Não se chega ao Paraíso senão pela 'porta estreita' (Mt 7,14), ou seja, através da penitência. Quando se pedia a São Maximilano de moderar um pouco seu heróico e cansativo apostolado pela Imaculada, ele respondia: "Não é necessário descansar. Descansarei no Céu!" Igualmente quando se exortava São José Calasanz a renunciar a alguma das suas penitências, ele respondia: "Oh, Paraíso! Que força e coragem comunicas a quem em ti quer entrar!" Quando pediam para aliviar-se um pouco, respondia: "Se pode ir ao Paraíso até sem os passeios. O nosso descanso será o Paraíso". Descobriram que usava no corpo um cilício e pergutaram se lhe doía: "é lógico que dói um pouco, mas para ir ao Paraíso, precisa fazer Penitência".

Precisamos de Nossa Senhora
Uma coisa, porém, nos deve consolar: se é verdade que no Paraíso não se vai sem penitência, é verdade também que para ir através de um caminho mais seguro e mais fácil, tende ir com Maria. Veja um episódio: Um Bispo foi ao Pe. Pio e lhe levou um amigo que não era um santinho. Apresentou-lhe, dizendo: "Padre, este amigo gostaria de assegurar-se com um bilhete de ingresso ao Céu. A coisa não é fácil. O que aconselharia, Padre?" Abaixou e abanou a cabeça, e respondeu docemente: "É... precisamos de Nossa Senhora!" Também a São Bernardo aconteceu uma vez que foi se confessar um grande pecador, já presa do desespero porque estava devastado por terríveis pecados. O santo lhe falou da divina misericórdia e lhe abriu o Evangelho que refere a Anunciação, no versículo 30: "Não temas, Maria, porque achaste Graça diante de Deus". (Lc 1) e comentou que Maria achou graça para nós, pecadores. Aquele pobre pecador se reanimou, e logo após a Confissão foi junto ao altar de Maria e lá achou a perfeita paz. Se amarmos muito Maria, Ela nos doará de dia em dia as graças necessárias para viver de modo digno do cristão, preparando-nos ao Paraíso na separação progressiva desta Terra, até fazer-nos exclamar com São José Cotolengo: "Feia terra, Belo Paraíso!" É necessário, porém, que amemos Maria, empenhando-nos em fazer bem os nossos deveres de cada dia. Santa Bernadete teve pela Imaculada a certeza do Paraíso, e mesmo assim comportava-se com a máxima perfeição, porque não queria ir ao Céu sem ter sido bem comportada. Lembraram-na, uma vez, da garantia de Nossa Senhora, mas ela respondeu: "Sim, mas sob a condição de que eu faça o necessário pra merecer!" Esforcemo-nos de viver com os olhos sempre fixos no Paraíso, com as mãos em ação para fazer sempre todos os nossos deveres, com o coração cheio de amor e confiança na nossa doce Mãe que nos quer a todos no Paraíso.

Votos
- Fazer alguns sacrifícios pelo Paraíso;
- Recitar os mistérios gloriosos do Rosário;
- Fazer esmola a um pobre.

(OBS.: Quando o Padre Stefano se refere ao Limbo, não está falando nem do Inferno e nem do Paraíso. Limbo vem do latim "limbus” que quer dizer orla, borda ou margem. Na teologia católica é usado para significar a um local ou estado onde os patriarcas do Antigo testamento de encontravam antes de Cristo, e depois de Cristo o local onde crianças sem batismo se encontram após a morte. O limbo infantil ou limbus puerorum, ao contrário do limbo dos patriarcas, não é uma doutrina, é uma mera hipótese teológica. A teoria tradicional do limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem neste lugar, ou seja, na “borda do céu”, mas privadas da visão beatífica de Deus, já que sem o batismo não podem entrar no céu, e também não podem ir para o inferno já que não tem pecados pessoais. Quem primeiro teorizou isto foi Santo Agostinho de Hipona, e na idade média os teólogos tentando explicar como se daria a salvação das crianças que morrem sem batismo, adotaram a teoria Agostiniana. Portanto, esta permanece, uma hipótese teológica possível, mas nunca entrou nas definições dogmáticas do Magistério, mesmo que o próprio Magistério a mencionasse no seu ensinamento até o Concílio Vaticano II.)

  9° DIA - A VIDA NA GRAÇA

Nossa Senhora foi chamada pelo Anjo Gabriel “plena de graça” (Lc 1,28). E nós sabemos que “plena de graça” quer dizer plena de Deus.
Também dizemos de nós mesmos: estou em graça de Deus ou estou sem a graça de Deus. Ou seja: tenho Deus na alma ou tenho Satanás: “Quem não está comigo, está contra mim” (Mt 12,30).
O que é a graça, então?
É a vida divina da alma. Quando uma alma está em graça de Deus “participa da natureza divina” (2 Pd 1,4). Não se torna Deus, mas é unida, é cheia, é imensa em Deus: como uma esponja imersa na água e fica cheia de água.
Já estes poucos pensamentos podem chegar a nos fazer entender a preciosidade sem fim que possui a alma do cristão em graças de Deus.
Tinha certamente razão o Papa São Leão Magno de exclamar: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade; e, participando da natureza divina, livre-te de destruir, com atos indignos, a tua grandeza”

A alma... e o cão
Um dia o Santo Cura d’Ars passava, como sempre, entre duas filas de gente, para ir à Igreja. Improvisadamente, parou perto de um caçador que tinha a espingarda pendurada no pescoço, e ao lado o seu lindo cão de caça.
O santo se inclinou a acariciar o cão, dizendo: “Que magnífico cão!”.
Depois fixou por alguns instantes o caçador dizendo: “Senhor, seria desejável que a sua alma fosse bela como o seu cão!”.

Mas como se perde a graça de Deus?
Se perde com o pecado mortal. A alma na graça de Deus é semelhante a uma lâmpada elétrica acesa. Com o pecado mortal a alma se torna semelhante a uma lâmpada queimada. Não dá mais luz, não serve para mais nada.
Mas a graça de Deus se pode recuperar, enquanto se é vivo, com o arrependimento e com a Confissão sacramental. E é nosso interesse não demorar a recuperá-la; porque cada momento vivido em pecado mortal é um momento de ser “filhos das trevas” (1 Ts 5,5) ao invés de ser “filhos da luz” (Ef 5,8)
Compreendem tudo isso os cristãos? Ou talvez muitos nem se preocupam quase nada de encontrar-se em desgraça de Deus, e continuam a viver entre um pecado mortal e outro?

Humanidade sem graça
Infelizmente, nos basta somente dar um olhar sobre a humanidade, para saber se a maior parte vive na graça de Deus, devemos realisticamente admitir que o “rei das trevas” (Lc 22,53), o príncipe deste mundo (Jo 12,31) acaba com a vida de graça dos homens.
Hoje o pecado mortal não é somente um fato singular, mas é um fenômeno de massa, de costume dos povos.
Hoje é costume, em escala mundial, ler imprensa pornográfica, ver filmes bestiais, frequentar praias e lugares escandalosos, seguir as modas indecentes, usar a pílula e os métodos anticoncepcionais, ter ralações extraconjugais, e pré-matrimoniais, divorciar, abortar, renegar a fé, professar o ateísmo, falar blasfêmias..., sem falar das subversões, violências e furtos sempre mais colossais.
Pobre mundo! Talvez nunca com tanta evidência se tenha achado “tão sob o maligno” (1 Jo 5,19). E “Jesus Cristo sacrificou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos arrancar deste mundo perverso...” (Gl 1,2).

A Mãe da Graça
Nós cristãos devemos ficar santamente orgulhosos de ser filhos de Deus e de Maria, irmãos de Jesus Cristo, templos do Espírito Santo, herdeiros do Paraíso. É verdade que Jesus veio para que os homens “tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).
E todas estas divinas riquezas nos são dadas com o Santo Batismo (que por isso, é bom administrar o mais cedo possível ao recém nascido).
Santo Inácio Mártir, se chamava a si mesmo, com orgulho Teóforo, ou seja, portador de Deus. E todos os Santos “glorificaram e levaram Deus no próprio corpo” (1 Cor 6,20) cultivando a vida da graça com imenso cuidado.
Mas quem é a Mãe da Divina Graça?
O sabemos: é Nossa Senhora. É Ela que nos gera à vida divina. São Leão afirma que cada fonte batismal é o seio virginal de Maria! Dela vem até nós a graça da regeneração, que é indispensável a quem pecou mortamente e que transformou tantos pecadores em Santos.
Lembremos, por exemplo, São João de Deus, jovem solteiro, que passava de um trabalho a outro, sem nunca tomar juízo. Nossa Senhora o livrou milagrosamente de um grave perigo, aparecendo-lhe e chamando-o a conversão: “um dia tu me amavas – lhe disse – torna a me amar e a me ter devoção. Converte-te a Deus”. O jovem fez isso seriamente e se santificou. Vamos nós também fazer isso seriamente? Para fazê-lo seriamente, rompamos energicamente com os nossos pecados. Como é possível que nos deixemos seduzir por um mundo em que tudo é concupiscência? (1 Jo 2, 15-17).
A experiência de todos os convertidos confirma plenamente esta triste realidade do mundo sem a graça, todo engano e pecado. Sobretudo, os grandes convertidos nos asseguram que a vida não tem sentido, se não é vivida para Deus e para a eternidade.
Lembremos a experiência de uma grande artista, Maria Fenoglio (cujo nome artístico era Eva Lavalliere), que decidiu se suicidar justamente quando tinha chegado ao ápice da glória e da fama mundana.
Foi salva a tempo, por misericórdia de Deus, e foi iluminada pela graça. Então, compreendeu, finalmente, quais são os verdadeiros valores da vida. Renegou a sua vida mundana, abandonou o teatro, e iniciou uma vida de sacrifício sempre mais rica de graças e de virtudes. Escrevia no seu diário: “O meu ideal?” ... Jesus. A minha ocupação preferida? ... A oração. O meu esporte preferido?... estar ajoelhada. O meu perfume mais caro?... o incenso. A minha joia mais preciosa? ... O Rosário.

Votos
- Fazer um ato de grande arrependimento por todas as vezes que perdemos a graça de Deus;
- Repetir amiúde a invocação: “Mãe da Divina graça, rogai por nós”;
- Empenhar-se em evitar toda ocasião perigosa que possa fazer-lhe perder a Graça de Deus.

  10° DIA - O PECADO

O que é o pecado? É uma ofensa a Deus.
Se desobedece aos santos desejos de Deus, e se obedece às vontades da Carne, do demônio, do mundo. O pecado nos faz calcar os Mandamentos de Deus e nos faz amar as vontades dos nossos instintos e das nossas paixões.
O pecado traz desordem, desequilíbrio, ruína, no homem e nas coisas, embora o pecador se iluda em achar que o pecado é um bem.
Basta pensar no primeiro pecado, aquele de Adão e Eva. Atrás da sedução de se tornar “como Deus” o pecado trouxe a ruína a toda a humanidade e a toda a criação (Gn 3).
Por que o dilúvio na terra? Por causa do pecado (Gn 6 e 7).
Por que Sodoma e Gomorra foram incineradas? Pelo pecado (Gn 1, 1-29).
Por que Tiro, Sidon, Corozain, Carfanaum e Jerusalém foram destruídas? Pelo pecado.
Por que as guerras e as devastações entre os povos?
Por que tantas famílias “são” um inferno?
Por que tem tantos homens que vão para o inferno? Pelo pecado.
Tinham razão alguns Santos em tremer só de ouvir pronunciar a palavra pecado.

O pecado mortal
O pecado é mortal, se a ofensa a Deus é grave; é venial, se a ofensa a Deus é leve.
A maior desgraça que pode acontecer aos homens é aquela de cometer um pecado mortal. São Pio de Pietrelcina usava exclamar “desgraçado”, a quem se acusava de uma culpa mortal. Nenhuma desgraça é comparável ao pecado mortal. Antes, seria preferível qualquer outra desgraça.
Escreveu São Cipriano: “observa os danos que causa a saraiva às sementeiras, a pestilência aos armentos e aos homens, o vento aos navios... Eles não são mais que uma lânguida figura dos danos que o pecado traz à nossa alma: ele destrói todos os frutos das boas obras, corrompe todas as nossas faculdades e guia o homem à morte certa”.
Por isso, fazia muito bem o pequeno e corajoso São Domingos Sávio, a sustentar a sua linda máxima: “A morte, mas não o pecado”.
A morte, de fato, é só uma coisa física que reduz o corpo do homem em cadáver. O pecado, ao contrário, é um fato espiritual que reduz a alma do homem a um cadáver, enquanto este não recuperar a graça do Sacramento da Confissão. Um cristão com a alma de cadáver: eis a monstruosidade do pecado mortal.

É assustador...
Para melhor compreender a monstruosidade do pecado mortal, é necessário olhar o calvário. O pecado do mundo fez de Jesus “o homem das dores” (Is 53,3), custou a morte de Jesus (1 Pd 1,19; Ap 5,9), “transpassou a alma” de Nossa Senhora (Lc 2,35). E quem comete novamente pecado mortal “crucifica de novo o filho de Deus no próprio coração” (Hb 6,6).
Por isso, o pecado mortal faz perder a alma, a vida sobrenatural, ou seja, a graça divina, lhe faz perder os méritos e as virtudes infusas, deixando-lhe só a fé e a esperança; enfim, lhe rouba a semelhança com Jesus lhe imprime a imagem do demônio. É horrível! Tinha razão Santa Tereza de Ávila em dizer lhe que a visão de uma alma em pecado mortal a assustou ao ponto de suplicar a Deus e de interrompê-la.
Mas quantos são os cristãos em pecado mortal, que se dão conta de possuir uma alma cadáver e de se parecer com o demônio? E como podem crer de amar a Deus, de amar Maria, se com o pecado se demonstram “odiadores de Deus” (Rm 1,30) e “transpassam a alma” de Nossa Senhora? (Lc 2,35).

O pecado venial
Não se pode deixar-se enganar. O pecado venial ofende a Deus e arruína o homem, embora não provoque os efeitos desastrosos do pecado mortal.
São Tomás de Aquino nos avisa: “preferível, acima de tudo, antes morrer que cometer um só pecado venial ”.
Os santos advertem a brutalidade do pecado venial segundo a medida do amor ardente de Deus. Por isso, dizia São João Crisóstomo, estamos prontos a temer mais uma ofensa leve a Deus, que o próprio inferno.
De fato, Santa Catarina de Sena dizia de si: “queria estar antes no inferno sem pecado, que achar-me no céu manchada de coisa levíssima que magoe o Senhor”... Como faremos nós se nos manchamos todos os dias de culpas veniais com tanta superficialidade? Sabemos tomar cuidado para evitar qualquer mal estar físico (até um resfriado) e, no entanto não nos curamos das doenças espirituais (impaciências, mentiras, negligências) que ofende a Deus e deformam a alma.
Um dia, Santa Francisca de Chantal quis colocar com as suas mãos o cadáver de um leproso no caixão. Alguém tentou impedi-la, com medo do contágio da lepra. Mas a santa disse com decisão: “não temo outra lepra que o pecado!” Aprendamos.

A pequena Jacinta
A menor dos três pastorzinhos de Fátima, Jacinta, foi a mais ardente vítima pelos pecadores. Ficou sendo para ela uma paixão: salvar os pecadores do inferno, oferecendo sacrifício de toda espécie. E andava atenta a sacrificar-se com empenho sempre novo.
Encontrava pelas ruas os pobres e lhes dava a sua merenda, ficando de jejum até a noite; tinha uma sede ardente no mês de Agosto, e renunciava em beber a todos os custos; o irmão Francisco recolhia bolotas mais doces de uma árvore e lhe pedia as mais amargas para oferecer um sacrifício; tinha dor de cabeça e o barulho das rãs a incomodava, mais ela impedia ao irmão de afugentá-las, para oferecer mais um sacrifício. Devemos aprender desta menina a escutar os pedidos de Nossa Senhora sobre a necessidade de salvar os pecadores do inferno, colaborando na conversão deles, com a oração e a penitência.

Votos:
- Beijar o chão pela conversão dos pecadores
- Repetir com frequência a máxima de São Domingos: “antes morrer que pecar”
- Todas as noites dizer um ato de dor pelo perdão dos pecados.

  11° DIA - O GRANDE INIMIGO

O Demônio é o grande inimigo do homem. "É o inimigo número um", dizia Papa Paulo VI. Satanás parece nos inícios do gênero humano, apresenta-se desde o início um homicida, mentiroso e pai da mentira "Consegue fazer cair os nossos antepassados Adão e Eva e se torna o príncipe deste mundo (2 Cor 4,4), acusador dos nossos irmãos (Ap 12,10). Com o pecado original, todo o mundo jaz sob o maligno (I Jo 5,19) e os demônios são dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6,12). Como aparecem tenebrosos os primeiros acontecimentos à Humanidade Nova por causa deste infernal assassino que possui o império das trevas (Lc 22,53). Pe. Pio escreveu em uma carta ao seu Diretor espiritual contando que ele viu a figura monstruosa de Satanás em seus sonhos. Era um ser horrível e gigante, alto como uma negra montanha. S. Pedro nô-lo apresenta como a imagem de um leão que ruge sempre pronto a devorar-nos (I Pd 5, 8-9). Como o tortura a inveja, porque nós podemos nos salvar. Ele nos quer todos no Inferno.

A aurora que surge
Uma cena estupenda nos aparece no início da humanidade dominada por Satanás e oprimida pelo pecado. Uma mulher sublime, com o seu Filho, “amassa a cabeça da serpente” (Gn 3,15). A Imaculada, vencedora de Satanás, brilhante nas trevas do pecado, com o seu Divino Filho, é a desafeta de Santanás. Em Gênesis, Deus apresenta a Imaculada semelhante a aurora que se eleva maravilhosa sobre a noite da humanidade pecadora. Em Cântico dos cânticos, o autor inspirado exclama: "Quem é aquela que avança como aurora, bela como a lua, eleita como o sol, tremenda como exército formado?" (6,9). É a Imaculada, Guerreira invencível, Senhora das vitórias, Terror dos demônios. Santa Bernadette nos narra em Lourdes que viu ao lado da gruta uma turma de demônios que berravam gritos infernais. Assustada, a santa olhou a Imaculada; bastou um olhar severo de Maria para eles e fugiram. Assim o demônio, em frente à Imaculada, demonstra o que significa seu nome (Belzebu): deus das moscas.

Tentadores em luvas amarelas
A tática do diabo é alegrar os sentidos e a imaginação do homem para perder o seu espírito. Se apresenta como um conselheiro e um servidor em luvas amarelas, com ofertas de bens e prazeres sedutores a ganhar. Fez isso com Eva (Gn 3, 1-7) com Jesus (Mt 4, 1-11) e com os santos de todos os tempos: S. Bento, S. Francisco de Assis, S. Teresa D'Ávila, S. Cura d'Ars, S. João Dom Bosco, S. Pe Pio... Hábil e na defensiva, o demônio sabe servir-se de tudo para nos arruinar: a imodéstia de Davi (2 Sm 11, 2-26), a gula de Esaú ( Gn 25, 29-34) o apego às riquezas de Ananias e Safira (At 5, 1-10). Ele tenta até propor coisas aparentemente úteis para as almas. Sabe-se que Cura d'Ars pregava de maneira simples, fecunda de graças para as almas. Cheio de premuras, o diabo foi a ele exortando-o a pregar de modo difícil, assegurando-lhe a fama de grande pregador. O santo adviu o engano, recusou-se e continuou com seus sermões simples e eficazes. Pagou com muitos despeitos furiosos que o demônio lhe fez dia e noite.

Quatro estúpidos
Satanás tem uma obra-prima: convencer os homens que ele não existe. Conquistando isso, trata os homens como bonecos. Pe. Pio escutou um sermão onde o orador nada fazia mais que perguntar-se sobre a existência do diabo. No final o orador concluiu que ele existe. Passado o sermão, Pe. Pio advertiou-o dizendo-lhe que ao se falar do demônio, deve ser preciso em afirmar sua existência e sua ação nefasta no mundo. Ao final, acrescenta-se a existência dos "Quatro estúpidos" que ousam negar a existência do diabo. Hoje são mais que quatro, e há até na Igreja, infelizmente. Tanto é verdade que Paulo VI teve que intervir expressamente em um discurso (15/11/1972) para confirmar a verdade da fé sobre a existência de Santanás como pessoa e constatou amargamente como a "fumaça do diabo" está fumegando na Igreja. A uma de suas filhas espirituais, Pe Pio disse:"Se se pudesse ver a olhos nus quantos demônios invadiram a Terra, não mais veríamos o Sol".Contra estes apóstatas, qual não deve ser nossa defesa?

Vigiai e rezai
Jesus nos preveniu contra as insídias do diabo. Ele nos ensinou no Pai-Nosso :"Não nos deixeis cair em tentação" (Mc 14,38). A guarda e a oração são as duas maiores forças do homem contra o demônio. Façamos nossa a recomendação de Pe. Pio: "Filho, o inimigo não dorme! Esteja alerta com a guarda e a oração. Com a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos arma para nos defender". A guarda nos faz avistar as ocasiões perigosas (uma leitura, um espetáculo, uma pessoa, um lugar, uma vontade...). A oração nos dá força de evitar os perigos, de fugir às ocasiões como recomendava S. Felipe Néri. S. Agostinho ensina que o demônio é só um cão amarrado, e só pode morder quem dele se aproxima. Ao largo, então! Se o demônio se faz insolente, escutemos a palavra de S. João Bosco que dizia aos seus jovens: "Quebrai os cornos do demônio com a Confissão e a Comunhão".

Amassa-lhe a cabeça
S. Maximiliano escreveu que "a serpente levanta a cabeça em todo o mundo, mas a Imaculada lhe pisa em vitórias grandiosas". Para abater o demônio de modo mais humilhante, precisamos recorrer à Imaculada. O demônio tem pavor d'Ela que sozinha é terrível como um exército formado (Ct 6,9). Quando S. Verônica Giuliani era atacada fisicamente pelo demônio, ao conseguir invocar Nsa. Sra., o demônio fugia precipitadamente, gritando: "Não invoque minha inimiga!" A oração Mariana mais forte contra o demônio é o Rosário. Uma vez lhe perguntaram durante um exorcismo, qual oração ele mais temia. Respondeu: "O Rosário é o meu flagelo". Se os cristãos levassem consigo e usassem amiúde este flagelo dos demônios, quantas ruínas, desventuras e pecados a menos sobre a Terra...

Votos
- Levar consigo o Rosário e recitá-lo na tentação;
- Oferecer hoje uma mortificação contra a gula;
- Ler e meditar a página do Evangelho sobre as tentações de Jesus no deserto. (Mt 4,1-11)

  12° DIA - O ÓDIO

S. Inácio de Loyola recebeu um bilhete com tal mensagem: "Eu vos odeio tanto que gostaria de vos queimar!" Prontamente respondeu: "Eu também gostaria de vos queimar, só que do Amor Divino". Eis o ódio e o amor. Se opõe diretamente. O ódio é contrário ao amor. Odiar é querer mal. Quem odeia uma pessoa quer-lhe mal. Pode-se odiar a Deus e ao próximo. Existem dois tipos de ódio: Inimizade e Repelimento: Inimizade é quando se odeia um inimigo ou quem nos faz mal ou pode fazer mal. Repelimento é quando se odeia o mal (a desonestidade, crueldade) que se vê em uma pessoa. Este ódio é um ato bom.

O ódio assassino
O ódio da inimizade, na sua raiz, é homicida. Realmente é verdade. Muitos cristãos têm horror só em ouvir o 5º mandamento: não matar! O confessor que lhes perguntasse se mataram alguém, ouviria responder-se um não brusco e repetido. Mas quase todos os cristãos pensam que se possa matar um homem apenas enfiando um punhal nas costas ou atirando-lhe uma bala no coração. Não pensam que o 1º é aquele que se comete no coração com ódio, pois ele tende à destruição do outro, podendo chegar à violência externa. Jesus disse expressamente em Mateus 15,19: "É do coração que vem os homicídios". O ódio por uma pessoa é um homicídio, assim como um desejo imundo de um cônjuge já consiste em um adultério consumado no coração (cf. Mt 5,28). O que dizer dos homicídios legalizados com lei do aborto? As crianças menores e indefesas são atingidas de traição no seio materno, sem Batismo, privados do Paraíso, destinados ao Limbo eterno. Que corrente de desgraças opera a mão homicida. Nem o menor ódio contra a vida e contra Deus (cf. Mc 12,27) há no coração de quem recorre aos anticoncepcionais que cometem os homicídios antecipados. Quem pode medir todo ódio assassino espalhado e operante no mundo com os abortos e anticoncepcionais? Se Raquel chorava sobre o seu povo pelos filhos que não mais o eram (cf. Gn 31,15) qual não será a dor de Maria de frente ao ódio homicida que reina em toda a Terra?

Amar somente
Se o amor é a perfeição do homem, o ódio é a perversão! Portanto os cristãos não podem odiar nenhum homem, porque "quem diz amar a Deus e odiar seu irmão é mentiroso!" (I Jo 4,20) E quando "estás apresentando a Deus a tua oferta ao Altar e lá te lembrares que um irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá tua oferta e vai reconciliar-te com teu irmão pra depois apresentá-la ao Senhor" (Mt 5,23-24). Os cristãos não podem nem odiar seus inimigos. Devem amá-los, sofrendo: "Amais os vossos inimigos e fazei o bem àqueles que vos maldizem; rezai pelos vossos caluniadores e àquele que te bater a face, oferece a outra!". (Lc 6,27-29). Inútil dizer que este amor aos inimigos é a coisa maior, como dizia S. Agostinho, um heroísmo sem par. Certamente ele não corresponde às nossas tendências naturais. Os antigos diziam: olho por olho, dente por dente (cf. Ex 21,24). Era a lei do talião, férrea e inexorável. Mas Jesus interveio e limpou tudo. "Vós sabeis o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo. Mas Eu vou digo: Amas teu próximo e teu inimigo!" (Mt 5, 43-48).

O perdão Cristão
Infelizmente nós somos fáceis em recitar com os lábios o Pai-Nosso: "perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores" (Mt ,12). Mas com o coração não perdoamos muitas vezes. Não falamos mais, não queremos mais relações com aquela pessoa... Coisas frequentes entre nós, cristãos. S. José Cafasso queria convencer um encarcerado a depor todo ódio contra os inimigos. Convenceu-o a rezar o Pai-Nosso pelo ofensor. Quando chegou no momento de pedir e dar perdão (que a oração fala), o Santo interrompia e lhe perguntava se as tinha dito verdadeiramente. Se a resposta era afirmativa, alegrava-se com o encarcerado pela generosidade de perdoar. Sendo negativa, o Santo afirmava que precisava muita coragem para pedir a Deus de ser duro com ele como ele agia com os outros. Assim nos serve! Inútil apelar, pois seremos perdoados à medida que perdoarmos (cf. Lc 6,37-38). Depende somente de nós para obtermos de Deus perdão total.

Pretextos e desculpas
Parece incrível o fato de acharmos desculpas para não perdoar, embora sabendo que Deus está sempre pronto a nos estender seu perdão e que Maria nos ama constantemente, apesar de nossa maldade inesgotável. Um bom pregador, S. Jerônimo, recolheu as desculpas vãs que mais facilmente se acham em não perdoar. Ei-las:
- Eu não consigo vencer a repugnância que provo ao perdoar tal pessoa.
- Mentira! Deus não nos pede impossíveis!
- Mas me fez tanto mal... Não podemos perdoar só aos que nos fazem bem? Arruinou-me, tentou destruir a minha fortuna...
- Que seja. Mas credes que alimentando no coração tanto ódio, ganhareis alguma coisa? Para vos consolar dos males recebidos, juntais outro gravíssimo, já que Jesus claramente disse que quem não perdoa não será perdoado.
- Mas o que dirá a gente?
- Dirá que sois cristão!
- Mas e a minha honra?
- A honra maior para um cristão é de comportar-se como filho de Deus, infinitamente misericordioso.
- Mas aquela pessoa não merece meu perdão.
- Pode ser. Mas o vosso perdão o mereceu Jesus Cristo!
- Sim, mas ele aproveitará do meu perdão pra ficar pior.
- Que seja! Vós ficarás melhor!

Bem por mal
Não só precisamos perdoar, mas precisamos pagar o mal com o bem. "Não te deixes vencer pelo mal, mas vences o mal com o bem" (Rm 12,21) Assim faz Deus, que continua a doar a vida a quem O ofende. Assim faz Maria que continua a amar quem A faz chorar. Os santos nos deixaram exemplos admiráveis de vitória do amor sobre o ódio. Quando o assassino de Maria Goretti se apresentou à mãe da Santa para lhe pedir perdão, ouviu-a responder: "Como não lhe perdoaria se minha Marieta já o fez?" A heroica Virgem e mártir, antes de morrer, perdoou de coração seu assassino, e aparecendo-lhe depois da morte, disse-lhe que o queria consigo no Paraíso. Esta é a "vingança" dos santos. S. Joana Francisca de Chantal perdeu o esposo durante uma caçada. Sofreu terrivelmente, mas perdoou de tal modo que quis ser madrinha do filho do assassino. Que lição para nós que somos capazes de não olharmos mais no rosto de quem nos ofendeu com uma bobagem apenas. S. Maximiliano Maria Kolbe, o louco da Imaculada, no campo do ódio de Auschwitz, exortava os irmãos de martírio a vencer o ódio com o amor, porque, dizia, "Só o amor é criativo". Ele recebia este amor da Imaculada, a "Mãe do belo Amor" (cf. Eclo 24,24).

Votos
- Lê e medita a parábola sobre o servo ruim (Mt 18,21-35)
- Oferece o dia por todos aqueles que provocam abortos ou usam anticoncepcionais.
- Recita um Rosário por teu inimigo.

(OBS.: Quando o Padre Stefano se refere ao Limbo, não está falando nem do Inferno e nem do Paraíso. Limbo vem do latim "limbus” que quer dizer orla, borda ou margem. Na teologia católica é usado para significar a um local ou estado onde os patriarcas do Antigo testamento de encontravam antes de Cristo, e depois de Cristo o local onde crianças sem batismo se encontram após a morte. O limbo infantil ou limbus puerorum, ao contrário do limbo dos patriarcas, não é uma doutrina, é uma mera hipótese teológica. A teoria tradicional do limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem neste lugar, ou seja, na “borda do céu”, mas privadas da visão beatífica de Deus, já que sem o batismo não podem entrar no céu, e também não podem ir para o inferno já que não tem pecados pessoais. Quem primeiro teorizou isto foi Santo Agostinho de Hipona, e na idade média os teólogos tentando explicar como se daria a salvação das crianças que morrem sem batismo, adotaram a teoria Agostiniana. Portanto, esta permanece, uma hipótese teológica possível, mas nunca entrou nas definições dogmáticas do Magistério, mesmo que o próprio Magistério a mencionasse no seu ensinamento até o Concílio Vaticano II.)

  13° DIA - O ESCÂNDALO

Contra o escândalo Jesus disse palavras terríveis que podia pronunciar: "Quem tiver escandalizado um destes pequenos que creem em Mim, seria melhor para ele que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse submerso no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! É necessário que os escândalos venham, mas pobres daqueles por culpa do qual o escândalo acontece!" (Mt 18,6-7) Por que esta linguagem de Jesus é tão terrível? A resposta é simples: porque o escândalo é pior que o homicídio. De fato, com o escândalo não se atinge o corpo, mas a alma do homem, matando-a. É um verdadeiro homicídio espiritual; é o "assassino das almas" segundo S. João Crisóstomo, "aquele a quem mais se deve temer!" O elemento mais característico do escândalo é a ruína dos inocentes, dos simples e dos que desconhecem o mal. O escândalo é a escola da corrupção, do pecado, provocação do mal. É o pecado de um só que arrasta muitos outros. É semelhante a uma pedra que rola de cima do monte arrastando consigo tudo o que encontra. É como levedura de corrupção que fermenta a massa. Em cada campo: espiritual, moral, educativo; e em cada ambiente: família, escola, fábricas, escritórios; em cada nível: individual, social, político, cultural, econômico.

Ai do mundo
O mundo é fonte dos escândalos! "Tudo que está no mundo é concupiscência da carne e dos olhos, soberba da vida:", (I Jo 2,16). De fato, basta ir um pouco pelo mundo e se encontram escândalos em qualquer lugar e de qualquer tipo. Nas ruas há os cartazes de publicidades indecentes; nos cinemas há os espetáculos degradantes e imundos; nos jornais há títulos com ilustrações vergonhosas, vômitos, conversas fiadas, falsidade e ironias negras e nefastas; a televisão com sua pornografia, canções triviais, vulgaridade e brigas frequentes; nas escolas e livrarias há os ensinamentos falsos, teorias aberrantes, erros e porcarias escandalosas; nos estabelecimentos comerciais, nos meios de transporte, nos lugares de recreação, palavrões e blasfêmias. Mulheres peladas pela rua, Igreja; publicidade pela moda escandalosa, vestidas provocantemente. Fora os escândalos clamorosos na administração da finança pública, da Justiça e luta contra criminalidade. Pe. Pio dizia que os filmes escandalosos pagarão tudo diante do Juízo de Deus: desde o diretor aos atores, àqueles que colam cartazes. Sobre quem manda à frente da moda indecente, da pornografia, dos erros contra a fé e a moral, dizia o mesmo. Assim será para quem quer que coopere em qualquer escândalo. Jesus fez entender que a justiça de Deus será "flamejante de ira" (Sl 69,25) contra os escândalos.

Ai de quem escandaliza
Um pecador escandaloso vivia tranquilo operando um grande mal entre os fiéis, sem que ninguém ousasse chamar-lhe atenção. Sabendo disso, S. Afonso de Ligório mandou chamá-lo, preparando-lhe um truque. Ao entrar no quarto de S. Afonso, o pecador achou no chão um grande crucifixo que lhe impedia a passagem. O homem, perplexo, ouviu do Santo: "Passai sobre o corpo de Cristo! Não é a 1ª vez que o pisais! Já fizestes isso várias vezes com teus escândalos". Vivamente tocado, o homem chorou e em silêncio recolhido, mudou de vida. Quem escandaliza pisa os membros de Cristo. Ele é um perigo público! Precisamos salvá-lo ou dele fugir. S. Paulo advertia o Bispo Timóteo: "Chama publicamente a atenção daqueles que cometem culpas em público". (I Tm 5,20) Não precisamos temer, é só uma obra boa que se cumpre. E se se usa a energia unida à discrição, nada será perdido junto a Deus, do esforço do bem tentado. S. Roberto Belarmino, durante uma visita a um príncipe romano, viu na sala de espera alguns quadros com figuras de pessoas nuas. Durante o colóquio com o príncipe, nada disse. Ao saudá-lo, disse amabilmente: "Gostaria ainda de recomendar a Vossa Alteza alguns pobrezinhos que não tem vestidos para cobrir a nudez". O Príncipe mostrou-se disposto a ajudar; o Santo mostrou os quadros na parede, dizendo: "Eis os pobrezinhos desnudos, sofrendo de frio". Compreendendo a mensagem, mandou tirar os quadros.

Defesa contra os escândalos
Devemos defender-nos dos escândalos: "Saibas que caminhas em meio aos perigos" (Eclo 9,20) adverte o Espírito Santo. Precisamos usar de toda cautela para não tropeçar! Dito em Fátima por Nossa Senhora, a Oração e a Mortificação são os meios eficazes, pois a oração nos obtém as graças necessárias para evitar os perigos, além de nos elevar e unir a Deus, nossa força, e à Ela, nosso refúgio. A mortificação faz dominar os sentidos, frear os apetites da nossa concupiscência que o mundo procura continuamente atiçar com os seus escândalos. Devemos ser generosos com a mortificação. Jesus não é terno neste respeito: "Se teu olho direito te dá ocasião de escândalo, arranca-o e joga-o fora, pois é melhor pra ti que um dos teus membros morra do que teu corpo seja jogado na Geena. E se a tua mão direita te é ocasião de escândalo, corta-a e joga-a fora, porque é melhor pra ti que um dos teus membros morra a entrares na Geena com todo o teu corpo" (Mt 5,29-30). Ajamos como os santos. S. Francisco de Assis caminhava pela rua com os olhos baixos, evitando os perigos e pregando sobre ele, além de dar bons exemplos. S. José Cafasso recomendava aos seus filhos espirituais caminhar pela estrada com grande modéstia, porque "a estrada do mundo é traçada sob um longo precipício". O que dizer, então, das estradas de hoje? Contra a tentação de olhar os escândalos dos outdoors, dos romances, da televisão, lembramos de outro exemplo: S. Domingos Sávio, passando por uma praça onde tinha um parque de diversões, caminhava modesto e recolhido Um companheiro lhe disse: "Por que não olhas para os brinquedos do circo e do parque?" Respondeu o Santo: "Porque quero conservar meus olhos puros para melhor contemplar Nsa Sra no Paraíso!" Que resposta!

Votos
- Oferece o dia pelos escândalos.
- Examina bem se tem alguma coisa a eliminar entre as tuas coisas.
- Caminha com modéstia para evitar perigos.

  14° DIA - A BLASFÊMIA

"A minha alma glorifica ao Senhor!" (Lc 1,46). Quando a alma de Maria se abriu, nos doou um hino de glória e de amor que revela como Ela era cheia de Deus e seu perfeitíssimo "louvor e glória" (Ef 1,12). Ao oposto está uma outra alma: aquela do blasfemo. Também aqui a blasfêmia vem de dentro e revela a ausência de Deus na alma e a ofensa ao dever de cultivar a glória de Deus. A blasfêmia é um terrível pecado mortal, gravíssima injúria a Deus, a Maria, aos santos e a tudo o que é sagrado. S. Jerônimo chega a dizer que todo pecado é leve se comparado a blasfêmia. Certo que com a blasfêmia se revolta contra Deus, dá-se o escândalo, provoca-se a ira de Deus e a desgraça da perda da graça Divina (cf. Cl 3,). Pe. Pio definia a blasfêmia como a língua do diabo, e se afligia tanto em ouvi-la que assim escrevia ao seu diretor espiritual: "Quanto sofro ao ver que Jesus não é amado pelos homens, mas o que é pior, insultado e sobretudo, blasfemado horrendamente. Gostaria de morrer ou ao menos ficar surdo para não ouvir tantos insultos que os homens fazem a Deus!" Que delírio mental agarra os homens levando-os a blasfemar? A blasfêmia é uma heresia inspirada por Satanás e é uma coisa de loucos! Não se pode explicar diferentemente.

Melhor o martírio
Quantos mártires aceitaram o cruel martírio para não blasfemar? Que glória para a Fé Cristã! Quando S. Policarpo, nobre ancião, Bispo de Esmirna, foi levado ao suplício, ouviu o procônsul Romano dizer: "Maldiz teu Cristo e te livrarei!" Olhando para o Céu, respondeu: "São 80 anos que sirvo ao meu Senhor e em todo este tempo Ele não me faz mais que bem, e deveria eu agora blasfemar? Ele é o meu Deus, o meu Salvador, meu supremo Benfeitor." Aceitou com coragem a morte que foi esplêndida e em frente de todos. Quase o mesmo aconteceu com a ardente Virgem S. Apolônia. Já lhe tinham arrancado os dentes, depois queriam que pronunciasse blasfêmias e heresias, se não a jogariam em uma fogueira já pronta. A estas condições, a Santa se jogou, mas não pronunciou blasfêmias.

A obrigação de corrigir
S. Agostinho diz que os blasfemadores de Cristo não são menos culpados daqueles que na outra vez o crucificaram na Terra. Daqui a obrigação de repreender e corrigir quem tenha este maldito vício. Devemos suportar com paciência as injúrias que nos fazem, mas quando na nossa frente uma boca sacrílega vomita blasfêmias contra Deus, longe de sermos pacientes, devemos resistir ao pecador e condenar a blasfêmia, sem esconder nossa indignação. Pe. Pio foi perguntado se precisava repreender quem blasfemava: "É santíssimo e justíssimo", respondeu. Não se pode dispensar de um dever que todos devemos cultivar, porque a blasfêmia é um delito também social. S. João Crisóstomo escreve: "Pela blasfêmia vêm sobre a terra pestilências, carestias, terremotos, guerras". Pe Pio: "A blasfêmia atrai os castigos de Deus, as doenças, as desgraças, desventuras. Nos rouba o pão, limpa a cinza da lareira, faz perder graças importantes que estavam para chegar." Por isso ele era exigente e enérgico. Mandava embora os blasfemadores sem os absolver, investindo-os muitas vezes com palavras terríveis: "A blasfêmia é o diabo na tua língua! Atrai para ti o inferno!" A blasfêmia é um mistério de iniquidade.

Blasfemastes tua mãe?
S. Maximiliano passou por uma rua de Roma e ouviu um homem lançar uma terrível blasfêmia contra Nossa Senhora. Aproximou-se dele e lhe disse entre lágrimas: "Por que blasfemas Nossa Senhora? Blasfemarias contra tua mãe?" Àquelas lágrimas e palavras, o blasfemador arrependeu-se, pediu perdão e não mais o fez. Se amamos verdadeiramente Maria, façamos com que seja respeitada. É nossa Mãe. E quando não se pode ou não se consegue obter uma correção do blasfemador, precisamos ao menos fazer um pouco de reparação pelas blasfêmias. Alexandre Manzoni conta um pequeno episódio que lhe aconteceu em Milão. Uma noite de inverno, pelas ruas em neve, ouviu uma horrível blasfêmia da boca de um homem que limpava as ruas de neve. Muito triste, quis logo entrar em uma Igreja para reparar, rezando. E aqui viu outra cena inesperada e belíssima: Junto ao Sacrário, uma menina mandava beijos a Jesus com sua mãozinha. Olhando com ternura, Manzoni escondeu o rosto com as mãos para chorar. Na escola de S. Afonso aprendemos o dever da reparação, lembrando das Suas Visitas a Jesus Eucarístico e a Nossa Senhora, com aquelas lindas e significativas palavras: "Eu saúdo hoje o vosso Amantíssimo Coração para vos recompensar de todas as injúrias que recebestes." Com os santos aprendemos a reparar logo toda blasfêmia que ouvimos ao menos com qualquer jaculatória dita com amor. Peçamos a Nossa Senhora que encha a nossa alma da Graça de Deus.

Votos
- Recitar o Magnificat com amor.
- Oferecer o dia pelos blasfemadores.
- Reparar as blasfêmias corrigindo quem blasfema ou recitando muitas jaculatórias.

  15° DIA - A MENTIRA

Quem não sabe que a mentira é um dos pecados mais comuns entre os homens? Com que facilidade se diz ou se faz entender ao outro uma coisa por outra! No comércio ou no escritório, em família ou na fábrica: quantas mentiras e subterfúgios! Quem poderá enumerá-las senão Deus? Somos superficiais em considerar a mentira um pequeno pecado. E então não nos preocupamos em mentir muito quando nos for cômodo. Se dirá que são mentiras de desculpa ou sem dano, ou úteis para evitar um mal. Mas Pe. Pio dizia que "as mentiras de desculpas são as jaculatórias do diabo". A um penitente que lhe perguntou se mentiras de desculpas não se dizem, respondeu secamente: "NÃO". "Mas, Padre - continuou - não trazem dano". - Pe. Pio: "Não trazem danos aos outros, mas à tua alma sim, pois Deus é a verdade".

É filha do diabo
"O diabo é mentiroso e pai da mentira". (Jo 8,44). Eis quem é o verdadeiro pai das nossas mentiras. É ele que nos oferece todas as mentiras que nós distribuímos aqui e ali com tanta simplicidade. Pobre de nós! Se nos déssemos conta desta realidade, compreenderíamos a sensibilidade dos santos ao opôr-se com todas as forças a toda mentira a fim de não terem nada com o pai dela. O angélico Guido de Fontgalland, predileto de Maria, provava um sincero horror por cada mínima mentira. Sua mãe, uma vez, ordenou a empregada dizer: "A quem me chamar, diga que saí". Ouvindo isso, Guido abraçou a mãe, dizendo: "Mãe, por que dizes duas mentiras: a tua e aquela da empregada? Eu ficaria mais contente em ter dor de dentes a dizer uma coisa não verdadeira". Melhor sofrer pela verdade que gozar pela mentira. Melhor o sofrimento com Deus ao prazer com o diabo.

Sim, sim! Não, não!
Deus é luz de verdade. O diabo é treva de mentira. A alma sincera é luminosa. A alma mentirosa está nas trevas. Nós, cristãos, devemos ser filhos da luz (cf. Jo 12,36). Jesus nos disse que o nosso falar deve ser claro e leal: Sim, sim! Não, não! (Mt 5,37). Falar com engano, mascarando a verdade é arte da ruim serpente antiga (Ap 12,19) que enganou Adão e Eva no Éden (Gn 3,17). Nisto consiste a mentira: dizer o contrário do que se pensa com intenção de enganar. "Não levantar falso testemunho" (Lc 18,20) é o mandamento de Deus que nos coloca em luta contra o pai da mentira. Devemos ser enérgicos e falar sempre a verdade a qualquer custo. S. João Câncio, padre polonês, foi assaltado. Roubaram-lhe tudo o que tinha nos bolsos e lhe perguntaram: "Tens mais algum coisa?" "Não", respondeu. Os ladrões foram embora. Mas S. João lembrou-se de ter costurado algumas moedas no hábito. Correu até os assaltantes e lhes ofereceu as moedas. Eles ficaram tão surpresos que não só a recusaram como devolveram tudo o que roubaram.

Língua de impostura
É verdade que muitas vezes a verdade nos custará incômodos ou dores graves. É verdade. Mas o que é isso frente às ofensas a Deus? De frente ao juízo e castigo de Deus? "A tua língua é como lâmina afiada. Artífice de enganos. Tu preferes o mal ao bem, a mentira ao falar sincero. Amas toda palavra de ruína, ó língua de impostura. Por isso Deus te demolirá para sempre." (Sl 51,4-7). S. André Avelino era advogado. Ao defender uma causa, disse uma pequena mentira. Triste por esta fraqueza, aconteceu-lhe de ler este verso: "A boca que diz mentiras mata a alma!" (Sb 1,11) Não mais hesitou, mas preso por uma impetuosa Graça, retirou-se do mundo, fez-se religioso e foi Santo. Foi o prêmio de sua delicadeza de consciência. Façamos nossa esta máxima de S. Vicente de Paula: “A nossa língua deve exprimir as coisas como as temos dentro, senão é preciso calar-se.” Dizer a verdade ou calar-se.

A Virgem que escuta
Se todos lêssemos e meditássemos o cap. 3 do livro de Tiago sobre a língua, amaríamos o silêncio e estaríamos mais atentos ao usar a língua, que amiúde "é um fogo, é o mundo da iniquidade; um mal rebelde, cheio de veneno mortal" (3,6-8) Mentiras, falsidades, erros, calúnias, ofensas e blasfêmias; tudo passa pela língua. E quanto amiúde o nosso falar é infectado de tais males sem que o nem queiramos. Olhemos, ao invés, a Nossa Senhora. Quanto silêncio em sua vida! Silenciosa e iluminosa, ela aparece no Evangelho e está perto de Jesus, enquanto conservava todas as palavras, meditando-as em seu coração (cf. Lc 2, 19). Justamente o Papa Paulo VI a chamou "Virgem que escuta" (Marialis Cultus, n.17) apresentando-a qual modelo perfeito da Igreja na incessante relação com Deus, não turbado por palavras vãs (Ef 5,6) nem profanado por palavras falsas (Pr 30,8).

Votos
- Ler e meditar o capítulo 3 de São Tiago (1-12)
- Beijar mais vezes o crucifixo, pedindo a Deus perdão pelos pecados da língua.
- Rezar a Maria para fazer-nos sempre dizer a verdade ou calar-se, nunca dizer mentiras.

  16° DIA - A GANÂNCIA

S. Maximiliano Maria Kolbe queria fazer amada a Imaculada por todos os homens, pois isso era felicidade aos infelizes que procuram felicidade nas "alegrias" do mundo. A fonte infinita da verdadeira felicidade é Deus. Ele se doou a nós em Cristo. Jesus se doou a nós na Imaculada e através dela. Pela Imaculada começa o caminho de felicidade que leva à fonte infinita: ao amor Trinitário. “Amai a Imaculada e Ela vos fará felizes” era o anúncio de S. Maximiliano. Procurar a felicidade nas alegrias deste mundo é ilusório, porque as alegrias terrenas não trazem nem provocam amor, mas ganância que é o envenenamento do amor, como ensina S. Tomás de Aquino. Por isto o abade S. Antão distribuiu todos os seus bens aos pobres e foi procurar a felicidade no deserto. Já antes, S. Paulo tinha esculpido em uma frase terrível a realidade da ganância dos bens terrenos no homem: "A ganância é a raiz de todos os males" (I Tm 6,10) S. Bernardo afirma: "Não conheço uma doença espiritual mais dura de suportar quanto a febre dos bens terrenos." O que pode curar esta febre é somente uma outra febre: a do amor Divino. Uma postulante pediu, certa vez, para entrar entre as filhas de S. Joana Francisca de Chantal, trazendo consigo coisas inúteis. A Santa aconselhou-se com S. Francisco de Sales que lhe orientou deixá-la entrar com aquilo que quiser. "Quando o amor de Deus entrar na sua alma, saberá mandar embora o resto." À medida da nossa separação das coisas terrenas é a mesma do amor de Deus, porque como diz Santo Agostinho: "Mais uma alma se separa dos bens da Terra, mais adere a Deus".

Não amai o mundo
Em uma carta escrita a um companheiro de escola, S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores, depois de tê-lo posto em guarda contra os perigos fatais e sedutores das más companhias, dos espetáculos e divertimentos mundanos, concluiu assim: "Dize-me, Felipe: eu poderia receber mais divertimentos do que os que provei no século? Bem, o que sobra? Confesso: nada além da amargura!" Eis o que reserva ao homem a experiência dos bens e dos prazeres terrenos: nada mais que amargura. Por isto o apóstolo S. João nos adverte com força: "Não amai o mundo nem as coisas dele. Se uma pessoa ama o mundo, o amor do Pai não está com ela, porque tudo o que está no mundo, a concupiscência da carne, os olhos e a soberba da vida, não veem do Pai, mas do mundo. E o mundo passa com sua concupiscência, mas quem faz a vontade de Deus fica eterno"! (I Jo 1,15-17). Quem se entrega ao mundo e às suas concupiscências, quem vive de frivolidades, o que poderá esperar de Deus? S. Tomás Moro, 1º Ministro da Inglaterra, entrou no quarto da filha e achou-a preparando-se para uma festa. Para modelar o busto, duas damas a apertavam com cordas. Ao ver aquele martírio suportado pela vaidade mundana, o pai olhou para o céu e num suspiro, disse à filha: "Filha, o Senhor teria razão se te mandasse para o inferno, já que te esforças tanto para lá ires te danar".

Inimigo de Deus
Quantas vezes para satisfazer a própria ganância recorre-se a injustiças e abusos, não se chega a brigas e lutas? Por um pedaço de terra, por uma herança, um lucro, travam-se lutas amargas e violentas. S. Tiago grita: "De onde vieram as guerras e brigas que estão em vosso meio? Não chegam das paixões que combatem vossos membros? Desejais e não conseguis possuir, e matais; invejais e não conseguis obter; fazeis guerra! Não tendes porque não pedis; pedis e não obtendes porque pedis mal, para gastar com vossos prazeres. Gente infiel! Não sabeis que amar o mundo é odiar a Deus? Quem então quer ser amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus". (Tg 4,1-4) Duras palavras! Por isso os santos, como S. Paulo, consideram cada bem terreno como perda, lixo, pois ganhar é encontrar-se em Jesus (cf. Fl 3,8-9). Lembremos de S. Francisco de Assis, apenas convertido, deu-se conta e chamou loucura ir atrás das coisas vãs deste mundo. Em sua total pobreza, viu-se totalmente transfigurado em Jesus Crucificado. Uma vez, um filho espiritual de S. Felipe Néri comunicou-lhe, moribundo, que lhe deixava a herança, por testamento. S. Felipe não só não exultou esta oferta, mas mostrou-se aflito pela doação e lhe disse que teria muito rezado pela sua cura, oferecendo até a própria vida. Impôs-lhe as mãos e partiu. O enfermo se curou e o testamento foi queimado. Uma só ganância tinham os santos: Desejavam ardentemente morrer e estarem em Cristo (S. Paulo), Deus era-lhes Deus e Senhor, o tudo! (S. Francisco de Assis) e a ideia fica na Imaculada (S. Maximiliano Maria Kolbe).

Votos
- Fazer esmola aos pobres de qualquer bem não necessário.
- Meditar: I Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4.
- Pedir a Nossa Senhora, com o Rosário, a separação do coração do mundo.

  17° DIA - O RESPEITO HUMANO

O respeito humano é uma praga na vida cristã. É, também, uma praga para muitos cristãos. Onde se vê Deus ofendido, Jesus ultrajado, Maria e os santos maltratados, precisaríamos ver os cristãos corajosos e coerentes que fariam muros de defesa e de honra à própria fé. Ao invés, quanta covardia de espírito! Até se esforçam em esconder-se entre os inimigos da Fé com medo de serem descobertos e apontados. É verdade que hoje, neste mundo corrupto, nesta sociedade escandalosa e debochada, dominada pelo ateísmo mais animalesco que se possa conceber, ocorre uma grande coragem para sermos coerentes. Mas não é talvez este um motivo a mais para que os cristãos, longe de se esconderem, apresentarem-se como testemunhas enérgicos da fé "que vence o mundo" (Jo 5,4)? Aqueles que se envergonham, que têm medo de aparecer como verdadeiros cristãos, têm mais roupas de verdadeiros traidores do que de discípulos de Cristo. Contra eles existe a palavra terrível de Jesus: "Quem se envergonhar de mim e das minhas palavras junto a esta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando chegar na Glória do seu Pai com os Anjos e Santos." (Mc 8,38)

Pescadores e Pescadoras
Na luta contra o Protestantismo que arruinava a fé de tantos cristãos com as suas heresias doutrinais e morais, S. Carlos Borromeu quis instruir grandes escolas de Catecismo e de instrução religiosa para o povo. Precisou de cristãos e leigos corajosos. Achou-os homens e mulheres. Dividiu-os em grupos de 'pescadores' e 'pescadoras' e organizou os giros apostólicos pelas casas, pelas ruas, pelos campos. Era um espetáculo de verdadeira fé, ver estes cristãos corajosos à obra para testemunhar Jesus e anunciar o seu Evangelho puro, sem erros. Cada cristão deveria fazer seu, com orgulho, o grito de S. Paulo: "Não me envergonho do Evangelho" (Rm 1,16). Em qualquer lugar: em casa ou fora, nos escritórios e nas escolas. S. Gregório Magno dizia que os verdadeiros cristãos sabem morrer, mas não transigir. E deveria chegar à lembrança dos Mártires, sempre vivos na Igreja Celeste e Terrestre. A glória deles confirma luminosamente a Palavra de Jesus: "Quem quiser salvar a própria vida, a perderá; mas quem perder sua vida por minha causa e do Evangelho, a salvará". (Mc 8,35).

Se envergonham
O que dizer de muitos cristãos, que por respeito humano, faltam até aos deveres fundamentais? Envergonham-se de fazer o sinal-da-cruz e de recitar qualquer oração de manhã e a noite, ou antes das refeições. Envergonham-se de entrar numa Igreja para rezar, tecer um Rosário, saudar uma imagem sagrada nas bancas de jornais. Envergonham-se de ir à Missa, de confessar-se, de receber a Eucaristia. Envergonham-se de reprovar quem blasfema ou profana coisas sagradas. Por fim, alguns chegam até a envergonhar-se de não blasfemar!!! Envergonham-se de defender a fé dos ataques e insultos dos inimigos e se envergonham de serem ainda considerados cristãos. Envergonham-se de não ler impressos para porcos, de não ver cinemas imundos, de não seguir as modas indecentes. Envergonham-se de chamar atenção de quem dá escândalo, que ofende a Moral Evangélica. Chegam a envergonhar-se de opor-se ao aborto, ao divórcio, à pílula contra a vida humana. Envergonham-se... parece que não sabem fazer mais nada além disso.

Quem não se envergonha
Ainda jovem, S. Bernardino de Siena foi convidado uma vez por um tio para ir à casa dele. Foi, mas encontrou lá outras pessoas que na conversa, com facilidade, não falavam corretamente. Pronto e resoluto, o Santo disse ao tio: "Ou estes senhores mudam o modo de falar, ou eu vou embora". O tio advertiu os hóspedes e a linguagem não mais foi incorreta. Mas onde quer que se achasse S. Bernardino, incutia respeito a todos. Até os seus companheiros o sabiam bem, e se às vezes deixavam falarem qualquer discurso, não correto, só ao vê-lo chegar, diziam entre eles: "paremos, está chegando Bernardino". O Beato José Moscati foi um cristão cheio de luz e exercitava uma fascinação indescritível com o testemunho de sua fé viva. Quem queria podia vê-lo cada manhã recolhido na igreja, por duas horas de oração. Na cátedra, antes de começar a lição, exortava aos estudantes de sempre elevar a mente ao "Senhor, Deus das ciências" (I Sm 2,3). Não apenas soava o Ângelus, interrompia cada discurso e até a visita médica, convidando os presentes a recitar com ele. Que força e transparência de fé vivia n'Ele, não os mesquinhos respeitos humanos da nossa fé de covardes complexados.

Não envergonhar-se d'Ela
"Faze-me digno de te louvar, ó Virgem Santa!" Contra todo respeito humano, contra todo medo ou covardia, devo e quero louvar Maria, que é minha Mãe. Não só não me envergonharei dela, mas quero defendê-la e glorificá-la, quero amá-la e fazê-la amar, onde quer que seja, com paixão filial sempre ardente. Posso olhar todos os santos, paladinos de amor vibrante pela Mãe celeste. Em particular, S. Maximiliano, apóstolo e vítima da Imaculada que dela nunca se envergonhou, mas consumou-se totalmente por Ela, até o ponto de ser considerado louco, aliás, ao ponto de chamar-se a si próprio: "o louco da Imaculada".

Votos
- Saudar as imagens de Maria nos quiosques das ruas;
- Falar de Maria em casa e no trabalho;
- Fazer o sinal-da-cruz antes das refeições, convidando a todos.

  18° DIA - ERROS E DESVIOS

A Igreja teve que combater sempre contra erros e desvios, pois não existiu período da sua história em que não tenha sido perturbada pelos assaltos de quem a queria arrastar na desordem doutrinal e moral. Satanás, o grande inimigo, é o hábil manobrador de uma rede de armadilhas que tende a difundir a verdade, trazendo confusão e trevas. Jesus disse expressamente ao seu vigário, S. Pedro: "Simão, Simão. Satanás pediu que lhe fosse entregue para vos peneirar como o milho" (Lc 22,31). E Satanás fez o seu pérfido ingresso de um ano na Igreja e no mundo, provocando erros e desvios, contradizendo para trazer bagunça e confusão. De fato, até hoje nos encontramos em um clima de ar quente pelos novos erros e desvios que estão dilacerando a humanidade e fazem gemer a Igreja. Nossa Senhora o predisse em Fátima quando exortou com insistência a acolher sua mensagem de Oração e Penitência, senão o comunismo teria "difundido os seus erros no mundo". A humanidade é dilacerada pelo comunismo e pela maçonaria, que fazem avançar terrivelmente o materialismo ateu e o laicismo dessacralizador de todo o valor religioso. A Igreja geme sob o enfurecer de temporais devastadores, seja na doutrina, moral, formativo. Os "tufões das cristologias", como disse Paulo VI, abateu-se junto àqueles das antropologias, dos pluralismos, dos ecumenismos, das propostas para uma nova moral, das diversas teologias variamente denominadas: de morte de Deus, da esperança, da libertação, neopositivista, anti-religiosa, escatológica, política... Que Babel tenebrosa!

Na hora das trevas
Consequências? Incertezas para as verdades atacadas ou negadas: A Santíssima Trindade, A Divindade de Jesus, a Encarnação do Verbo, a Concepção Virginal de Jesus e a Virgindade de Maria, a Ressurreição de Cristo, o sacrifício da Santa Missa, a presença real de Jesus na Eucaristia, a existência do Diabo e do Inferno, do Purgatório e do Limbo, a necessidade do Batismo, a imortalidade da alma, a infalibilidade Papal... Incertezas na moral: pecado mortal inexistente para os que não se resguardam de atos impuros, desejos carnais, leituras imundas relações pré-matrimoniais e extra-conjugais, pílulas anticoncepcionais, divórcios, homossexualidade, eutanásia e aborto. Blasfêmias: Confissão a eliminar, Comunhão em pecado mortal, nenhuma obrigação às Santas Missas festivas, liturgia a gosto pessoal, fim do Rosário. Incerteza na vida da Igreja: destruída a Ação Católica, fechados muitíssimos seminários, perdas enormes de vocações sacerdotais e religiosas, Padres, Freiras e Frades que renegam a Consagração a Deus, Ordens religiosas em declínio, rebelião aberta ao Papa, formação de grupos extremistas, quase total falta de conversões, profanação de Igrejas e Altares... Tinha razão Pe. Pio, que ao fim da sua vida, exortava a rezar esta jaculatória: "Ó, Jesus, salva os eleitos na hora das trevas".

Sempre com a Igreja
"Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Não vos deixai desviar por doutrinas diversas e estranhas." (Hb 13,8) No meio das "tempestades" dos erros que circulam como veneno no sangue, fiquemos bem unidos à Igreja, "coluna e fundamento da Verdade" (I Tm 3,15); fiquemos bem unidos ao Vigário de Cristo, único "infalível na fé" (Lc 22,32); fiquemos bem amarrados aos Doutores e Santos da Igreja, que nos ensinam o "caminho certo pelo qual poderemos chegar à perfeita união com Cristo, isto é, a santidade" (Lumen Gentium, n.50) Esta, só esta é a Igreja, nossa Mãe. Só esta é a defesa certa dos erros e perigos. E a Igreja falou até hoje contra todos os erros da hora presente. O Papa ou as Congregações da Santa Sé rebateram os erros e defendeu as sacrossantas verdades da nossa fé evangélica. Nada mudou nem mudará, porque a verdade do Senhor dura para sempre. (cf. Sl 116,2) A heresia é sempre uma novidade, porque é a corrupção da verdade. S. Cipriano compara a heresia a um ramo cortado da planta: é condenado a morrer. Ou ainda é semelhante a um rio separado da fonte: secará em pouco tempo na terra árida. Nós queremos estar com a Igreja!

O maior despropósito
Pe. Pio encontrou alguns operários que trabalhavam no convento, e lhe informaram que eles eram comunistas, mas católicos. Respondeu, zangado: "Comunistas católicos! Pode-se dizer uma besteira dessas?" Infelizmente este enorme despropósito é a bandeira de muitos comunistas e muitos católicos. Creem de por juntas as duas coisas sem se darem conta que se excluem reciprocamente. O verdadeiro e sincero comunista é ateu, deve ser e não pode não sê-lo, pois o contrário seria desonestidade e traição ao comunismo. O Verdadeiro católico deve ser crente e não pode deixar de sê-lo, renegando o ateísmo e toda a doutrina que não seja a de Cristo. Evidentemente estes irmãos, que nem se dão conta de serem verdadeiros traidores, têm o espírito cego (cf. Mc 6,52). Quanto é triste isto, se se pensa às riquezas infinitas de verdades e de amor que o Evangelho nos oferece para todos os nossos problemas. Que necessidade poderá ter um Católico de recorrer a quem crê cegamente só em uma miserável coisa: a matéria?

Vencedora das heresias
De frente ao espetáculo desolador dos erros e desvios que estão dilacerando a humanidade, nós, católicos, não devemos perder a coragem, pois temos a Vencedora de Satanás e de todos os erros: a Imaculada, Aquela que pisa a cabeça da serpente infernal (cf. Gên 2). Uma velha antífona da Igreja cantava assim: "Tu só, Bendita Virgem, abateste todas as heresias do mundo inteiro". Tudo está em que nós amamos Maria, rogamos a ela e a imitamos com generosidade. Ela nos protegerá e nos livrará dos perigos. Digamos com a filial confiança de S. Felipe Néri: "Maria Santa, põe-me a mão na cabeça, senão fico herético e comunista." Entreguemo-nos ao Seu Coração Imaculado, porque ele triunfará! Defendamos Maria dos ataques inimigos que hoje lhe nega não só o devido culto, mas o devido reconhecimento das maravilhas que Deus nela operou (cf. Lc 1,49) com a Perpétua Virgindade da Alma e do Corpo, com o parto Virginal de Jesus que "não só não diminuiu, mas consagrou a integridade virginal da Sua Santíssima Mãe" (da Liturgia). Hoje é fácil sentir sombras sobre a Imaculada Conceição e Assunção. Esvazia-se de toda a consistência a verdade da Mediação Universal de Maria. Reduz-se de muito a sua realeza e presença de Graça. Atacam-se as formas de devoção mariana, até as mais veneradas, como o Santo Rosário e os meses a Ela dedicados. Precisamos reagir! É nosso dever defender com paixão de filhos a honra a beleza de nossa Celeste Mãe. Lembremos de S. Afonso Maria de Ligório, que quando empunhava a caneta para defender a Virgem dos ataques inimigos, chorava lágrimas quentes. Que grande coração de filho ele tinha. E nós?

Votos
- Oferecer o dia pelas necessidades da Igreja;
- Recitar um Rosário por aqueles que traem a própria fé;
- Uma mortificação de presente ao Imaculado Coração.

(OBS.: Quando o Padre Stefano se refere ao Limbo, não está falando nem do Inferno e nem do Paraíso. Limbo vem do latim "limbus” que quer dizer orla, borda ou margem. Na teologia católica é usado para significar a um local ou estado onde os patriarcas do Antigo testamento de encontravam antes de Cristo, e depois de Cristo o local onde crianças sem batismo se encontram após a morte. O limbo infantil ou limbus puerorum, ao contrário do limbo dos patriarcas, não é uma doutrina, é uma mera hipótese teológica. A teoria tradicional do limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem neste lugar, ou seja, na “borda do céu”, mas privadas da visão beatífica de Deus, já que sem o batismo não podem entrar no céu, e também não podem ir para o inferno já que não tem pecados pessoais. Quem primeiro teorizou isto foi Santo Agostinho de Hipona, e na idade média os teólogos tentando explicar como se daria a salvação das crianças que morrem sem batismo, adotaram a teoria Agostiniana. Portanto, esta permanece, uma hipótese teológica possível, mas nunca entrou nas definições dogmáticas do Magistério, mesmo que o próprio Magistério a mencionasse no seu ensinamento até o Concílio Vaticano II.)

  19° DIA - O VIGÁRIO DE CRISTO

O primeiro filho de Maria, depois de Jesus, é o Papa. Ninguém pode tirar ao Vigário de Cristo este primeiro lugar no Coração de Maria. Se nós quisermos amar muito o Papa, devemos pedir esta Graça a Maria, porque quem o pode amar como Ela? O Papa é nossa rocha, uma rocha evangélica, divina, criada pela palavra Viva de Jesus, Verbo Encarnado: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja", (cf. Mt 16,18). Justamente S. Francisco de Sales dizia que Jesus, a Igreja e o Papa são um só. É impossível dividi-los. Eles são a pedra angular (cf. Lc 20,17) da humanidade, do mundo, do universo a salvar. Por isso existe tanta superficialidade nas palavras de quem diz que aceita Jesus Cristo e a Igreja, mas não o Papa. Quando Napoleão prendeu o Papa Pio VII para decidir algumas questões sobre a Igreja, reuniu ele mesmo em Paris, muitos Bispos - o da França e da Itália - e queria que deliberassem sobre os pontos em questão. Mas os Bispos ficaram em absoluto silêncio. Napoleão insistiu e fez fortes pressões. Nada. Então começou a perder a paciência e a ameaçar. A esta altura, o mais ancião dos Bispos levantou-se e disse calmamente: "Senhor, esperamos pelo Papa. A Igreja sem o Papa não é Igreja".

Não se pode enganar
O Papa é o único mestre sobre a Terra que nunca se pode enganar no ensinamento da fé e da moral. "A fé romana é inacessível ao erro". (S. Jerônimo) E é por isso que S. Cipriano podia afirmar: "A Igreja de Roma é raiz e mãe de todas as Igrejas". Somente quem está unido ao Papa está certo de estar na verdade infalível daquilo que se deve crer e fazer para se salvar. É o próprio Jesus que quer a infalibilidade de S. Pedro: "Rezei para que não te falte a fé" (Lc 22,32). É Jesus mesmo que o quer como nosso guia infalível: "Confirma os teus irmãos" (idem). Por isto o Papa é o único mestre universal e que nunca perderá a fé. Aliás, é o único que pode confirmar a fé dos cristãos, garantindo-a infalivelmente de todo erro doutrinal e moral. Neste sentido, sobre a Terra, o Papa é o Supremo Teólogo, Biblista, Moralista. Somente a sua palavra de mestre universal é garantida divinamente por Jesus, "Caminho, Verdade e Vida" (Jo 14,6). Por isto S. Tomás de Aquino, chamado "mestre do mundo", estava pronto em renunciar a qualquer pensamento dos Grandes Santos Padres em frente ao pensamento do Papa.

O fracasso do Inferno
Contra o Papado fracassaram não só todos os homens que quiserem lutar, mas todo o Inferno. É sempre Jesus a garanti-lo: "As portas do Inferno nunca prevalecerão" (Mt 16,18). E não só os inimigos não prevalecerão, mas se destruirão sobre esta pedra angular, rocha contra a qual bate pedra e ruína. "De fato, contra ela irão lutar aqueles que não quiserem acreditar no Evangelho" (I Pd 2,7-8). Contra ela foi bater Lutero, o impenitente heresiarca, que ofendia e maldizia o Papa: "Oh, Papa! eu serei a tua morte! Sim, eu, Papa Lutero I! Por mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Altíssimo Pai, te mando ao Inferno!" Pobre e infeliz Lutero. Contra o Papa se atirou também o terrível Napoleão. O Papa lhe disse: "O Deus de outros tempos ainda vive. Ele sempre destruiu os perseguidores da Igreja". Na Ilha de S. Helena, Napoleão lembrava estas palavras e dizia a um amigo: "Ah, Porque não posso gritar daqui àqueles que têm qualquer poder sobre a Terra: respeitai o representante de Jesus Cristo. Não tocai no Papa, senão sereis destruídos pela mão vingadora de Deus. Melhor, protegei a Cátedra de S. Pedro."

Os falsos mestres
Escrevendo a Timóteo, S. Paulo ensinava esta importante verdade: "quando não mais se suportar a doutrina sã, procuramos uma multidão de mestres que consentem de secundar as próprias paixões e que falem de fantasias ao invés de verdades" (II Tm 4,3-4). Basta ler certos livros de teólogos considerados grandes e célebres para dar razão e S. Paulo de olhos fechados. E estes teólogos são "uma multidão" e preparam um mercado enorme de livros e revistas que são como comida podre, avariado ou suspeita. Pobres os incautos que os compram! Estes teólogos são os falsos mestres de quem falam os terríveis S. Pedro e S. Paulo (II Pd 2, 2-11, I Tm , 3-7; 4, 1-11,; 6, 3-; II Tm 3,1-7; 4,1-5). Estes falsos mestres são chamados pelo Papa Paulo VI "teólogos de quarto" ou "auto-teólogos" e deles diz ainda: "é necessário desconfiar, porque fazem naufrágio da fé" (cf I Tm 1,19).

Rezar pelo Papa
A pequena Jacinta, antes da morte, teve uma visão na qual se via o Papa em meio a gravíssimos sofrimentos. A pequena vidente recomendou com todas as suas forças, da parte de Maria, de rezar pelo Papa, de sofrer com ele e por ele, do dever de pastorear o rebanho universal (cf. Jo 21, 15-17). Sabe-se que sempre existiram almas generosas que ofereceram e dedicaram a vida pelo Papa. S. Vicente Strambi, confessor do Papa Leão XII, ofereceu-se como vítima para fazer viver longamente o Papa. E assim foi: O Papa viveu por outros cincos anos, e o Santo morreu cinco dias após sua oferta. Guido Negri, corajoso soldado, morreu acertado na fronte depois de ter oferecido sua vida pelo Papa. Nós todos podemos demonstrar ao Papa o nosso filial apego, como o demonstra S. Maximiliano Maria Kolbe, que considerava cada vez uma entusiasmante Graça pode ver o Papa, avizinhar-se, beijar-lhe a mão, como o demonstrava Pe. Pio, que queria ter sempre a foto do Papa ao lado daquela de Maria. E pouco antes de morrer, escreveu uma carta ao Papa para renovar-lhe a sua total dedicação.

Votos
- Oferecer o dia pelo Papa.
- Dizer um Rosário pelo Papa.
- Fazer uma mortificação pelo Papa.

  20° DIA - SANTIFICAR AS FESTAS DE PRECEITO E DOMINGO

Parece incrível que se deva fazer força para obter dos cristãos de não trabalhar nos domingos e em festas de guarda para dedicar-se ao Senhor e à própria alma. Não só, mas o cúmulo é que só se consegue obter o descanso festivo e a participação à Santa Missa só de uma pequena minoria de cristãos. Já chegamos a este ponto! Com quais consequências? Aquelas já previstas pelo Papa Leão XIII: "Não respeitar os domingos, este é o princípio de todos os males: é a festa apagada, a eternidade esquecida, é Deus excluído da vida do homem." É o quadro mundial da sociedade de hoje: ateísmo, laicismo, materialismo, animalismo. Com o Concílio Vaticano II, o domingo ficou posto ainda mais em lugar de honra, como o dia do Senhor e o dia da alegria do homem. Todos os domingos "os fiéis devem reunir-se em assembleia para ouvir a Palavra de Deus e participar à Eucaristia. O domingo é a festa primordial que deve ser proposta à piedade dos fiéis, de modo que resulte também em um dia de alegria e de descanso" (SC, n.106). Todos os domingos, os cristãos hão de ganhar para a alma, com a nutrição espiritual que recebem da S. Missa para o corpo, com o descanso que restaura das fadigas da semana. Só temos a ganhar! O domingo recarrega de energias a alma e o corpo. É um dom de Deus. É dia de graça. "Este é o dia que o Senhor fez para nós" (Sl 117,24). Por isso, S. Tomás Moro, o Chanceler da Inglaterra, mesmo quando com a perseguição foi preso, festejava o Domingo, mandando trazer e vestindo os hábitos da festa para agradar o Senhor.

Todos à Santa Missa
As duas coisas mais importantes das festas são a participação à Santa Missa e o repouso do trabalho. A participação na Santa Missa não consiste em estar presente na Igreja durante a celebração, porque os bancos e as paredes também estão, mas em participar ativa e sentidamente: ativa no seguir ponto por ponto o desenrolar dela; sentida no unir-se vivamente a Jesus que se sacrifica no Altar entre as mãos do sacerdote. A participação é plena se se recebe também a Comunhão, depois de ter devidamente purificado a alma com o Sacramento da Confissão. É este o Domingo do cristão: Confissão, Santa Missa e Comunhão. São três tesouros de infinito valor que enriquecem maravilhosamente a vida da Graça. Em tal modo, o domingo é o "Dia do Senhor" e a "Festa da Alma". Muitos cristãos se contentam só com a Santa Missa. Por quê? Porque estão provados dos dois Sacramentos da Confissão e Comunhão. E se pode chamar dia do Senhor um domingo sem a Comunhão? Os antigos cristãos chamavam o domingo também com duas palavras: Dies Panis: Dia do Pão, porque todos participavam à Santa Missa e recebiam Jesus Eucarístico, Pão do Céu (cf. Jo 6,41). Não devia ser assim também hoje para todos os cristãos?

É pecado mortal
O dever da Santa Missa festiva é grave. Quem não participa à Santa Missa festiva comete pecado mortal. Só o caso de grave necessidade ou de impossibilidade (doença) faz evitar o pecado. Nem vale escutar a Santa Missa pelos meios de comunicação. Este é um ato de devoção útil a quem está privado de ir a Igreja. A Santa Missa é o ato comunitário e social por excelência. Por isto é necessária a presença viva no seio da comunidade.
Lembremo-nos sempre: pela sua importância, a Santa Missa deve ocupar o 1º lugar no domingo. Tudo lhe deve ser subordinado e condicionado. Quando o Pio Alberto I, Rei da Bélgica, encontrou-se nas Índias, organizaram-lhe uma esplêndida excursão para o dia de domingo. O programa foi apresentado ao Rei, que examinou e logo disse: "Esquecestes um ponto: A Santa Missa. Este antes de mais nada." Que lição para tantos de nossos excursionistas, tão prontos em sacrificar a Santa Missa e em transformar o domingo de "Dia do Senhor" em "dia do demônio". Ainda mais edificante é o exemplo que dão alguns simples fiéis, que enfrentam sacrifícios duros para não perderem a Santa Missa. Uma senhora deve percorrer a pé diversas horas do caminho; um operário que pode correr à Santa Missa só às primeiras horas do dia; uma mãe de muitos filhos que nunca perdeu uma Missa...

O repouso festivo
Para louvar o Senhor, para a Ele dedicar-se, cuidando da própria alma, é necessária a abstenção do trabalho. Ensina S. Gregório Magno: "No domingo se deve interromper o trabalho e dar-se à oração, para que as negligências dos dias precedentes sejam descontadas com a oração deste grande dia". Se se pudessem escutar de novo os sermões que S. Cura d'Ars fez por 8 anos contra o trabalho festivo, ficaríamos tocados e comovidos. Dizia o Santo: "Se perguntamos a quem trabalha no domingo: O que estais fazendo? Deveria responder: Estou vendendo a alma ao demônio e colocando Jesus na Cruz de novo, condenando-me ao Inferno". Próprio naqueles tempos Maria aparecia nos montes de La Salette e advertia: "O Senhor vos deu seis dias para trabalhar, reservando-se o 7º, e não o quereis dar. Eis o que faz ficar pesado o braço Divino". É possível que temamos de perder, se servimos o Senhor, observando o seu Mandamento? "Gente de pouca fé! Procurais antes o Reino de Deus e a sua justiça, e o mais vos virá por acréscimo!" (Mt 6,33). O pai de S. Terezinha tinha uma ourivesaria. Aberta toda a semana e fechada os dias festivos. Uma pessoa aconselhou-o a abri-la nos dias que fechava, já que os camponeses iam nestes dias fazer compras. Até seu confessor o autorizou. Mas ele não quis. Preferia perder aquele lucro a afastar uma só bênção de Deus sobre a sua família. E o Senhor o fez enriquecer com os lucros da loja.

É fundamental
Observar o 3º mandamento é fundamental para a vida do cristão. Frequentar a Igreja, aproximar-se dos Sacramentos, participar à Santa Missa, ouvir a Palavra de Deus, são alimentos vitais da vida cristã. Privar-se significa condenar-se à ruína, ao sofrimento eterno. Um venerado Bispo Francês, ao preparar o seu túmulo, fez esculpir uma pedra com estas palavras: "Lembrai-vos de santificar as festas, porque só isso me basta. Se os fiéis me obedecerem, chegarão certamente à salvação." Tinha razão. Quem santifica as festas se tem em relação com Deus e fica de domingo sob seu salutar influxo e chamada. Por isso Pe. Pio, na Confissão, era muito severo ao fazer respeitar este mandamento, e muitos penitentes tiveram por causa deste pecado recusada a absolvição, mandados embora bruscamente com um: "Vai embora, desgraçado!" Maria, Mãe de Jesus e nossa, quer ver ao menos todos os domingos reunidos em volta do Altar, em volta de Jesus, seus filhos. Ela nos quer todos os domingos para nos poder ter no Domingo Eterno, que é o Paraíso.

Votos
- Oferecer o dia em reparação dos pecados contra o terceiro mandamento.
- Convencer em santificar a festa a algum dos parentes ou amigos que não santifica.
- Meditar atentamente sobre a Palavra de Deus no domingo.

  21° DIA - A CONFISSÃO

O Sacramento da Confissão está todo na parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-24). O pecado, o arrependimento, o perdão: o homem peca, o pecador se arrepende, Deus perdoa. São 3 realidades enlaçadas pela misericórdia de Deus. A confissão é o remédio do pecado, é o conforto do pecador, é o abraço de Deus ao filho que volta. Não tem sacramento mais humano, porque segue o homem e o ampara nas fraquezas e misérias de cada dia, apresentando-lhe o paterno vulto de Deus, que é feliz em perdoar os filhos, porque os quer salvar: "Não quero a morte do pecador, mas que ele se converta de sua conduta e viva" (Ez 33,11).

A quem perdoares...
O perdão dos pecados nos vem de Deus, mas só através dos seus ministros sobre a Terra: os Sacerdotes. A eles Jesus deixou o seu mandato: "A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; e a quem não perdoardes os pecados, não os serão". (Jo 20,33). Quantas vezes? Sempre que eles sejam dispostos. Nenhum limite a misericórdia de Deus (cf. Mt 18,22). "A misericórdia divina é tão grande que nenhuma palavra a pode exprimir e nenhum pensamento a pode conceber" (S. João Crisóstomo). S. Isidoro afirmou que "não existe delito tão grande que não possa ser perdoado na confissão". Seja glorificado, Deus, em sua infinita misericórdia! O que dizer da alegria de Maria quando nos aproximamos deste sacramento? Ela mesma, toda esplêndida de candor e Graça, a Imaculada, não pode senão amar imensamente este Sacramento que anula o pecado e faz brilhar as almas dos seus filhos. Certamente toda confissão é uma Graça da Maternidade de Maria, que quer ver as almas dos seus filhos semelhantes a Ela para a alegria de Jesus.

Minha Nossa Senhora, basta!
A Beata Ângela de Foligno, quando jovem, tinha se confessado mal, não contou alguns pecados por vergonha. Arrastou-se assim por algum tempo, vivendo entre cruéis remorsos, perturbações e infelicidades. Um dia, sacudiu-se: jogou-se aos pés de uma imagem de Maria e lhe suplicou aos soluços: "Minha Nossa Senhora, basta! Eu não quero mais viver assim! Hoje mesmo direi tudo ao meu confessor". E teve a graça de fazê-lo. Era hora! Teve, depois, uma vida de penitência tremenda que a ajudou potentemente a transformar-se ate o vértice das mais altas experiências místicas. Nunca duvidemos e não hesitemos em recorrer a Maria para obter a graça da Confissão. "A boa confissão é a base da perfeição". (S. Vicente de Paulo) Da confissão se parte e se reparte para as mais altas empresas do espírito e vice-versa. A diminuição e a ausência de confissão fazem caminhar para trás através da estrada larga e cômoda que leva à perdição. (cf. Mt 7,13).

Se te acusas, Deus te desculpa
Parece incrível, mas são muitos os cristãos que não apreciam e fogem do Sacramento da Confissão. Só teriam a ganhar, mas ao invés, nem se dão conta disso. Tão prontos para ir ao médico pelo menor mal-estar do corpo, descuidam-se, porém, da saúde da própria alma como se fosse um pano de chão. Talvez ignorem os grandes benefícios do sacramento, ou o consideram só no seu aspecto mais penal: a acusação das próprias misérias. É necessário considerar os grandes frutos positivos que a Confissão nos dá. Na vida de S. Antônio de Pádua se conta que um dia um grande pecador foi confessar-se com o Santo, depois de ter ouvido um sermão seu. O arrependimento do pecador era tão vivo que lhe impediu de falar pelos contínuos soluços. S. Antônio então lhe disse: "Vai, filho, escreve teus pecados e depois volta". O penitente foi, escreveu os pecados em uma página, voltou ao Santo e leu a lista das culpas. Qual não foi a surpresa, ao fim da leitura, deu-se conta que a página tinha voltado a ser branca, sem um traço de escrita. Eis o símbolo da alma que volta pura da confissão. Diz S. Agostinho: "Quando o homem descobre as suas falhas, Deus as vigia; quando as esconde, Deus as descobre; quando as reconhece, Deus as esquece." Ainda mais eficaz é S. Francisco de Assis com esta breve frase: "Se tu te desculpas, Deus te acusa; se tu te acusas, Deus te desculpa." Pelo resto, continua S. Agostinho: "é preferível suportar uma ligeira confissão a um só homem que ver-se coberto de vergonha junto a inumeráveis testemunhas, no dia do Juízo". Era isto que também Pe. Pio dizia aos seus penitentes. E é assim.

Os três quadros
Por isto S. Carlos Borromeu, antes de confessar-se, parava para meditar sobre 3 quadros que tinha mandado pôr na sua Capelinha. O 1º representava o Inferno com os seus danados maltratados horrivelmente: isto servia para inspirar salutar temor. O 2º representava o Paraíso com os Bem-aventurados extasiados de alegria: isto lhe dava uma carga de empenho para evitar o pecado e não perder o Paraíso. O 3º representava o Calvário com Jesus crucificado e Nossa Senhora das Dores: isto lhe enchia o coração de dor vivíssima pelos sofrimentos causados a Jesus e a Maria com os pecados, convidando-o ao mais firme propósito de fidelidade e de amor. Confessar-se assim significa não só purificar-se das culpas, mas enriquecer-se e crescer cada vez mais na vida da graça. E pensar que S. Carlos Borromeu confessava-se todos os dias...

Confessar-se todas as semanas
Se cada confissão é um tesouro de graça porque lava a minha alma no Sangue de Jesus, purificando-a "das obras de morte" (Hb 9,14) é claro que precisamos aproveitar com grande interesse e frequência! De quando em quando confessar-se? A norma áurea da vida cristã é a Confissão semanal. Muitos santos, é verdade, confessavam-se mais vezes por semana, e até todo os dias: S. Tomás de Aquino, S. Vicente Ferrer, S. Francisco de Sales, S. Pio X... Mas se nós não somos capazes de tanto, não devemos porém, fazer passar a semana sem nos lavar santamente no Sangue de Jesus. Como era pontual à Confissão ao menos semanal, para S. Maximiliano Maria Kolbe. Proponhamo-nos seriamente nós também esta norma, respeitando-a fielmente: cada confissão é uma Graça de Maria, Mãe de Misericórdia. E se Ela em Lourdes e em Fátima recomendou tanto a Penitência, lembremo-nos que a maior e mais salutar penitência é aquela sacramental: a Confissão frequente. Sobretudo, porém, devemos confessar-nos o mais depressa quando cometermos pecado mortal. Não nos contentemos do Ato de Dor e nunca fazer a Comunhão sem nos termos confessado, porque faríamos só um sacrilégio horrendo: "se recebe a própria condenação", grita S. Paulo (I Cor 11,29). E seria mesmo uma loucura fazer um sacrilégio tendo à disposição o Sacramento da Misericórdia. Maria nunca o permita.

Votos
- Propósito de se confessar toda semana;
- Pedir perdão de todas as confissões mal feitas;
- Meditar a parábola do Filho pródigo (Lc 15,11-32).

  22° DIA - A EUCARISTIA

A Eucaristia é Jesus presente entre nós e por nós. Na Eucaristia está realmente presente Jesus com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Com a Eucaristia temos de verdade o Emanuel, ou seja, "Deus Conosco" (Mt 1,23). Justamente S. Tomás de Aquino nos exorta a refletir que não existe nenhuma religião na Terra, que tenha o seu Deus tão perto e tão familiar como a religião cristã, com a Eucaristia. Coisa ainda maior é que o Verbo Encarnado, Jesus, não só vive entre nós, mas se quer doar, entrar em nosso coração e fazer-se um com cada um de nós. "Quem come minha Carne e bebe o meu Sangue, vive em mim como eu nele" (Jo 6,57). Jesus quer isso a cada dia. Por isso se fez Pão, por que o pão é o alimento cotidiano, é o nutrimento de cada dia, sem o qual nós enfraquecemos e morremos.

A Santa Missa
Onde e quando Jesus se faz Eucaristia? Na Santa Missa. Quando o Sacerdote consagra o pão e o vinho, temos o sacrifício supremo, incruento de Jesus, presente realmente no Altar no estado de vítima. Oh! Qual Divino prodígio é a Santa Missa, que renova o Sacrifício da Cruz e opera o milagre da transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus oferecido por nós. Tinha razão S. Afonso Maria de Ligório ao dizer que Deus não poderia fazer uma coisa maior que a Santa Missa. Pe. Pio dizia que a Santa Missa é infinita como Jesus. Por isso os santos amavam a Santa Missa com uma paixão ardente. S. Francisco de Assis queria ouvir ao menos duas Santas Missas ao dia e quando estava doente, queria que um irmão celebrasse em sua própria cela. E nós? Não é verdade que tantos cristãos fazem dificuldades até pra ir à Santa Missa aos domingos? Quão pouco se compreende deste Mistério divino que é a riqueza infinita da Igreja. Se quisermos amar Maria não podemos esquecer que nunca estamos tão perto dela como quando estamos juntos do altar onde se renova o sacrifício do Calvário (cf. Jo 19,25) Ao Pe. Pio perguntaram se Maria estava presente durante a Santa Missa. Respondeu em tom de surpresa: "Mas não A veem no tabernáculo?"

A Santa Comunhão
Com a Santa Comunhão Jesus se doa a cada um de nós para nos nutrir do Seu Corpo e do Seu Sangue. "A minha carne é verdadeiro alimento e o meu Sangue é verdadeira bebida" (Jo 6,56) Nutrimento Divino. Nutrimento de Amor e de infinito valor e força. "Bem-aventurados os convidados à ceia nupcial do Cordeiro!" (Ap 19,9). Quem não come deste pão enfraquecerá espiritualmente dia após dia. Jesus o disse com palavras claras: "Se não comerdes minha Carne e não beberdes o meu Sangue, não possuireis a vida em vós" (Jo 6,53). Por isso os santos tinham fome de Jesus e eram heróicos ao fazer qualquer sacrifício para não se privarem do Pão da Vida descido do Céu (cf. Jo ,35-59). O Beato José Moscati fazia todas as manhãs a Santa Comunhão. E quando ia viajar para o estrangeiro a congressos científicos dos médicos, viajava de noite ou descia de aeronaves, girava as cidades sempre de jejum desde a meia-noite procurando uma Igreja para Comungar. Ele dizia não se sentir capaz de iniciar visitas médicas se antes não tivesse recebido Jesus. E nós? Temos talvez a Igreja a poucos passos, mas não sentimos nenhuma atração pela Santa Comunhão. Somos capazes de ficar sem comunhão até aos domingos. Pobre de nós! Que Nossa Senhora nos ilumine e nos sacuda! Se rezarmos a ela com alegria, Ela nos dará a Graça e a força de aproximar-nos até mesmo todos os dias à Santa Comunhão, porque na Terra não existe nada mais que a faça mais contente quanto a mostrar-lhe Jesus nos nossos corações. Então Ela nos aperta contra o seu coração em um único abraço com Jesus.

Com Jesus e por Jesus
A Santa Missa e a Comunhão me enchem de Jesus para me fazer viver com Jesus e para Jesus o dia inteiro. Com que freqüência, durante o dia, o amor de Jesus me deveria reportar à Eucaristia! Por isso S. Francisco de Sales e S. Maximiliano Maria Kolbe tinham o propósito de fazer a Comunhão Espiritual a cada quarto de hora! Por isto os santos procuravam toda hora e todo momento para correrem e estarem perto de Jesus sempre que possível. As visitas Eucarísticas, as horas de adoração, o pouco tempo de oração junto ao Sacrário, eram a paixão dos santos. E como se industriavam. S Roberto Belarmino, quando jovem, indo à escola, passava na frente de duas Igrejas: indo e voltando, fazia 4 visitas à Eucaristia. A Beata Anna Maria Taigi, mãe de 7 filhos, tinha todo cuidado para fazer ao menos uma longa visita cotidiana a Jesus Eucarístico. Todo Santo é uma criatura de amor e não pode não sentir atração pelo Sacramento de Amor.

Precisamos dos Sacerdotes
S. Gema Galgani dizia que no Paraíso iria agradecer a Jesus, sobretudo pelo Dom da Eucaristia feita aos homens. É impossível que Deus pudesse dar-nos qualquer coisa mais que Si mesmo! Mas como poderíamos ter a Eucaristia sobre a Terra sem os Sacerdotes? Eles, somente eles são os dispensadores dos mistérios divinos (cf. I Cor 4,1). Só a eles Jesus disse depois da 1ª Santa Missa da história, celebrada na 5º feira santa: "Fazei isso em memória de mim" (Lc 22,19). Por esta divina Missão de renovar o Sacrifício de Jesus, o Sacerdote é o escolhido por Deus que o separa de todos os outros homens e o Consagra "Ministro do Tabernáculo" (Hb 5,4; 13,10; Rm 1,1) Feliz o Sacerdote! Os Anjos o veneram porque ele representa Jesus! S. Cipriano diz com força: "O Sacerdote no altar opera na Pessoa mesma de Jesus". Mas para ter os Sacerdotes precisamos das vocações sacerdotais E não só: precisamos de todas as graças da correspondência e da fidelidade à vocação. Quem nos doará todas essas graças? A resposta é única: Maria, medianeira universal. Mas precisamos suplicá-la. Ela é a Mãe do Maior Sacerdote; Ela é a Mãe de todos os Sacerdotes. Ela criou Jesus para o Sacrifício; Ela cria os Sacerdotes para os conduzir ao Altar do supremo sacrifício com a idade plena de Cristo (cf. Ef 4,13). Se precisamos tanto de Sacerdotes, recorramos a Maria, multipliquemos nossas orações e não cansemos de insistir em obter tamanha graça. Com a oração se obtém as vocações: "Rogai ao Senhor da seara que envie operários para a sua messe". Com a oração a Maria obteremos as vocações, pois Ela é poderosa medianeira de amor e misericórdia, como disse Jesus. S. Maximiliano Maria Kolbe, louco de amor pela Imaculada, em menos de vinte anos, com o seu amor e sua oração incessante, obteve cerca de mil vocações por seu intermédio. Oh, Maria, Mãe e Rainha dos Sacerdotes, dai-nos muitos e santos Sacerdotes!

Votos
- Participar à Santa Missa e fazer a Santa Comunhão com Maria.
- Oferecer a Santa Missa e a Comunhão a Maria, para a sua alegria.
- Fazer uma visita Eucarística a fim de reparar os ultrajes à Eucaristia.

  23° DIA - A ORAÇÃO

As duas últimas maiores aparições de Maria sobre a Terra foram em Lourdes e em Fátima. Ambas nos trouxeram uma mensagem idêntica e forte: Oração e Penitência. Maria vai logo ao essencial: antes de mais nada, a oração. Ela pede, recomenda e insiste sempre sobre este ponto, seja em Lourdes ou em Fátima. As coisas irão bem se se reza. O contrário procede. A oração é o grande juiz dos nossos destinos. Se ela é ausente, tudo irá mal. "Quem não reza certamente se condena", diz S. Afonso. E S. Ambrósio afirma que se a vida do homem é uma batalha sobre a terra (cf. Jó 7,1), a oração é o escudo invulnerável sem o qual seríamos atingidos inexoravelmente.

A Virgem em oração
O Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica sobre o Culto da Beata Virgem (n. 18), apresenta Maria como a Virgem em oração, escolhida de 3 páginas marianas do Evangelho. Na visitação, Maria louva a Deus com o hino de amor mais alto que tenha saído da alma de uma criatura humana: o Magnificat! (cf. Lc 1, 46-56) Em Caná, Maria faz a oração de pedido com cuidado materno e com fé sem hesitações, obtendo logo a graça temporal para os esposos e a Graça espiritual para os discípulos de Jesus que acreditaram Nele (cf. Jo 2,1-11) No cenáculo, Maria nutre com a oração materna a Igreja nascente (cf. At 1,14) assim como também depois de sua Assunção em alma e Corpo ao Céu, nunca deporá a sua missão de intercessão e de salvação. É Ela mesma, Virgem em oração, que nos veio pedir e recomendar a oração, seja em Lourdes ou em Fátima. Se A ouvirmos, se fizermos o que nos diz, não teremos senão bênçãos sobre bênçãos. Mas devemos examinar seriamente.

Rezar de manhã e a noite
Não é verdade que existem cristãos que fazem apenas qualquer oração de manhã e a noite? Alguns até tem medo de se esforçar e fazem só o sinal-da-cruz. Outros, nem isso, mas levantam e deitam como animais. Se pode ser cristão deste modo? Pode-se salvar a alma esquecendo a oração, enquanto se tem tempo de olhar televisão, ler jornais e livros, ir ao bar e ao campo de futebol? Maria nossa mãe, adverte-nos: "Rezai, rezai muito". "Vigiai e rezai" (cf. Mc 14,38; I Pd 4,7) Por isso nunca deve faltar ao menos a oração da manhã e da noite. Poucos minutos de oração todas as manhãs e noites deveria ser um dever tão doce para todos os cristãos. Assim era para o Beato Contado Ferrini, professor da Universidade de Milão, que escrevia "Eu não sabia conceber uma vida sem oração, acordar de manhã sem encontrar o sorriso de Deus, um reclinar a cabeça no peito de Cristo".

Oração à mesa
Ao meio-dia é tradição cristã o toque do Ângelus, devota chamada do inefável mistério da Encarnação. Àquele sinal, o Anjo nos convida a unir-nos a ele na oração à Celeste Virgem. E como respeitavam os santos este breve intervalo de oração mariano com o Anjo. S. Pio X interrompia até as audiências mais importantes. Beto Moscati suspendia por poucos átimos a lição ou a visita médica. Pe Pio a recitava com quem se achasse onde estava. O Papa Pio XII a recitava de joelhos. Por que não salvar e fazer nossa esta maravilhosa oração mariana? Outro momento de oração deve ser aquele das refeições, antes de começar a comer. O sinal-da-cruz e a Ave-Maria são a bênção de Jesus e de Maria nas nossas mesas. Aconteceu com S. João Bosco. Convidado para almoçar com uma família, antes de sentar-se à mesa, perguntou a um dos filhos: "Agora façamos o sinal-da-cruz antes de comer. Sabe por que o fazemos? Não - respondeu o menino. Bem, digo em duas palavras - prosseguiu o santo - Fazemos para nos distinguir dos animais que não o fazem porque não possuem a razão para entender que o que comemos é um dom de Deus". Daquele em dia em diante nunca mais faltou oração antes das refeições para aquela família.

Uma faísca, tantas faíscas
O pensamento de Jesus é claro: o cristão deve se esforçar por rezar continuamente, por ter constantemente oferecido a Deus todo a si mesmo e tudo o que faz: "Rezar sempre, sem desfalecer"; "Vigiai e rezai para não cair em tentação" (cf. Lc 18,1; Mc 14,38) Qual tentação? a tentação de agir por egoísmo ou fazer obras por cálculo ou interesse e não por amor a Deus e ao próximo. A oração é indispensável para que fiquemos sempre no caminho que nos leva a Deus. Quando não é possível rezar longamente, façamos uma oração rápida, semelhante às pequenas sementes que ao longo do dia são semeadas na Terra das ações a fazer. É a oração das breves jaculatórias, dos rápidos atos de amor das piedosas ofertas. O Papa Paulo VI a chamava "oração faísca". S. Francisco de Assis, S. Tomás de Aquino, S. Afonso, S. Bernadette, S. Gema Galgani... que uso ardente e constante não faziam desta oração "faísca". As almas deles talvez não estavam continuamente em faíscas? S. Maximiliano Maria Kolbe recomendava muito esta oração faísca para crescer no amor à Imaculada. Isso também vale para nós.

Votos
- Rezar sempre e bem de manhã e a noite;
- Fazer o sinal da cruz e rezar uma Ave-Maria à mesa;
- Empenha-te em recitar jaculatórias durante o dia.

  24° DIA - A PENITÊNCIA

Porque somos pecadores e continuamos a pecar, por isso é necessária a reparação para pagar as culpas. É Justiça: repara-se o mal feito. "Todo pecado, grande ou pequeno, não pode ficar impune; ou é punido pelo homem que faz Penitência ou no último Juízo pelo Senhor". (S. Agostinho). Podemos aqui lembrar alguns grandes pecadores convertidos e que ficaram santos: S. Maria Madalena, S. Agostinho, S. Margarida de Cortona, S. Inácio de Loyola, S. Camilo de Lélis... Eles nos demonstraram que com a Penitência repara-se e recupera-se tudo, até a santidade mais alta e dão razão a S. Cipriano que exclama: "Ó penitência! Tudo o que estava amarrado, o desamarraste, o que estava fechado, o abriste". A penitência livra das correntes das dívidas contraídas pelos pecados e abre as arcas das graças mais eleitas.

Penitência e Amor.
Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi um dia submetido a uma sangria. Antes de iniciar, o médico disse-lhe: "Olha para o outro lado, Domingos, assim não verás escorrer o teu Sangue". "Ah, não - respondeu - furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele não disse nada..." Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes que lhe fizeram. Eis a lei do amor: quando se ama de verdade uma pessoa, se quer com ela condividir todos os sofrimentos. Não se pode renunciar! Quem ama Jesus e conhece sua vida de humildade e sacrifício, culminada na cruel Crucificação e Morte, não pode deixar de desejar a participação em toda aquela dor desejada pelo amor. A intensidade desta participação às vezes manifestou-se até de modo prodigioso e sangrento. Pensemos em S. Francisco de Assis, S. Verônica Giuliani, S. Gema Galgani, Pe. Pio... Mas em todos os santos a Penitência mais dolorosa foi uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada além de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora oprimido por dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: "Ainda, Senhor, ainda mais." E à ilha onde sofreu as mais graves tribulações, quis pôr o nome de Ilha das Consolações. S. Teresa de Jesus também é célebre pelo seu grito: "Ou sofrer ou morrer". S. João da Cruz a Jesus que lhe perguntava o que queria, respondeu: "Sofrer e ser desprezado por Ti". S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores dizia que o seu Paraíso eram as dores de Maria. S. Maximiliano chamava "balinhas de caramelo" as cruzes e as tribulações. Pe. Pio dizia que suas tremendas dores eram "as alegriazinhas do esposo". Assim raciocina quem ama.

Fazer o próprio dever.
A primeira e mais importante Penitência do cristão é aquela de cumprir fielmente e perfeitamente os próprios deveres cotidianos. Fazer outras penitências omitindo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal. Em 1º lugar, lembremo-nos bem: 1º o cumprimento dos deveres. Se é assim a substância da nossa vida de penitência é segura. S. José Cafasso conduzia uma vida de Penitência escondida aos olhos dos demais. Dos depoimentos do processo de beatificação, sabemos que a mulher que lavava a roupa manchada de sangue, tinha-se dado conta disso. "Por que as camisas estão sempre sujas de sangue? - perguntou - O senhor tem algum ferimento?" O santo quis ficar calado, mas respondeu bruscamente: "Vós sois como uma mãe, por isso, vos direi tudo, mas não o deveis contar a ninguém. Deveis saber que nós, padres, usamos uma cintura com pontas chamado cilício. Eis porque achais as manchas." "Mas deve doer muito, meu pobre filho"! Exclamou a mulher. "Sim, dói, mas precisamos descontar nossos pecados, não?" "O que está dizendo? - retrucou - Se o senhor precisa fazer penitência, o que devemos fazer?" "Vós trabalhais duro - respondeu o santo - e trabalhar o dia todo já é uma bela penitência".

Penitência pelos pecadores
O lamento de Nossa Senhora de Fátima deveria nos comover: "Muitas almas vão para o Inferno porque não tem quem se sacrifique por elas." Jacinta, a florzinha de Maria, foi a quem maiormente tocaram aquelas palavras da Bela Senhora. Ela quis ser vítima inocente e sofrer pelos pecadores foi sua paixão dolorosa até a morte. Atingida pela gripe espanhola e por uma pneumonia purulenta, com infecção progressiva, transportada ao Hospital, longe de casa, submetida a uma operação para a remoção de suas costelas, sem anestesia. Pobre menina! Mas foi heroicamente corajosa e não perdeu nenhuma ocasião de sacrifício pelos pecadores: cama, dores ardentes... O seu Celeste conforto era a assistência materna de Nossa Senhora. Morreu consumada pela febre e pelas dores, sozinha sobre o Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a inocente vítima pelos pecadores. Que exemplo de heróica penitência.

Votos
- Meditar a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27);
- Oferecer todos os sacrifícios a Nossa Senhora das Dores;
- Recitar os mistérios dolorosos do Rosário.

  25° DIA - A PACIÊNCIA

Estamos todos de acordo: Não existe virtude prática que seja tão necessária na vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que a alma suporte tranquilamente os incômodos e os sofrimentos da vida. Quem não tem problemas e tribulações na vida? Quem pode fugir dos incômodos? Quem pode fugir ao peso cotidiano de provas e contrastes? Por isso "é necessário a paciência para cumprir a vontade de Deus e conseguir os bens da promessa". (Hb 10,36). Paciência em casa e fora dela; no trabalho e no colégio; com patrões e empregados... Quantas ocasiões todos os dias. Devemos suplicar a Maria de conceder-nos esta virtude para podermos imitá-la, sempre doce, forte e serena em meio às provas e às maiores fadigas. Em Belém, à procura de um lugar entre as angústias, no Egito aonde chegou com Jesus menino, e S. José, fugitivos entre gente desconhecida; nos três dias da busca de Jesus no Templo, com aquela amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua vida publica com as precisões dos choques inevitáveis com os fariseus, nas sequências dilaceradas do Calvário ao pés da Cruz de seu Jesus adorado. A paciência de Maria! Veremos no Paraíso como a sua paciência superou a paciência de todos os homens juntos.

Mostrou-lhe o Crucifixo
"Uma resposta doce acalma a raiva; o fogo não se apaga com o fogo, nem o furor se acalma com o furor." - S. João Crisóstomo. Um dia S. Luzia de Marillac apresentou uma bebida a um turco enfermo internado no Hospital. Este reage violentamente ao gesto de caridade, jogando o copo na cara da freira. Sem abrir a boca, a Santa retirou-se; logo volta com outra bebida e a mesma atitude do enfermo. A freira não diz nada e vai; volta outra vez e se aproxima do enfermo e lhe dirige a palavra bondosamente a ponto do doente olhá-la e dizer: "Vós sois uma criatura da Terra? Quem vos ensinou a tratar assim aquele que te ofende?" Sem responder, a Santa mostrou-lhe o Crucifixo que trazia no peito. O mesmo aconteceu com S. Maria Bertila, no Hospital de Treviso. Um dia um enfermo histérico lhe jogou o ovo que ela lhe tinha levado. A Santa não se perturbou. Foi trocar o avental voltou com uma taça de caldo: "Ficarás bem com este caldo", sorrindo, disse-lhe. O que não temos a aprender nós com estes atos, nós que prontamente perdemos a paciência por bobagens.

Os caroços das cerejas
Jesus disse que com a paciência salvaríamos nossas almas (cf. Lc 21,19) E mais, com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros, porque o homem paciente vale mais do que o homem forte e quem domina o caráter vale mais do que "um conquistador de cidades" (Pr 16,32). S. José Cafasso era o Capelão dos condenados à morte. Por isso podia entrar nas celas e ficar no meio deles. Parecia um anjo de serenidade e de paciência naquele ambiente fedorento e repugnante. Levava-lhes sempre alguma coisa de presente. Um dia foi um cesto com cerejas. Logo após, os encarcerados divertiam-se em atirar-lhes os caroços. "Deixai-os. É a única distração que eles têm". Disse o santo. Com esta doce paciência ele podia penetrar nos corações deles e prepará-los para enfrentar a morte beijando o Crucifixo e invocando Maria.

Esposas e Mães pacientes
Muitas vezes é, sobretudo, em casa que precisamos exercitar-nos na paciência. S. Paulo recomendava aos Efésios de "comportarem-se com toda a humildade, mansidão e paciência, suportando-vos com amor" (Ef 4,2). Quantas brigas e problemas se poderiam evitar com poucos grãos de paciência e de silêncio. Quando as amigas perguntaram a S. Mônica como fazia para viver em paz com um marido tão insensível e violento, respondia: "Tenho um freio em minha língua". Quem não se lembra de como S. Rita chegou a converter o marido vulgar e brutal? Sofrendo em silêncio: "com muita paciência nas tribulações, nas necessidades, nas angústias" (2 Cor 6,4). Grande também foi a paciência da ditosa Anna Maria Taigi, mãe de 7 filhos. Cada dia eram provas que a pobrezinha devia enfrentar pelas estranhezas do marido pouco gentil, pelos problemas dos filhos que precisavam de uma boa formação, pelas contrariedades e incômodos que acontecem inevitavelmente em cada família. Um dia quebraram-lhe um magnífico vaso de cerâmica que era uma preciosa e cara recordação de família. A Santa olhou os cacos e disse serenamente: "Paciência! Se o soubessem os negociantes de cerâmicas ficariam contentes. Precisam viver também, não? "Esta paciência é um dos frutos mais preciosos do Espírito Santo (cf. Gl 5,22).

Olhemos para Ela
O primeiro dote da caridade é a paciência! (cf. I Cor 13,4). A maior caridade traz consigo a maior paciência. Por isso Maria, Mãe do Amor, é exemplar perfeitíssimo e fonte da nossa paciência. Ela viveu com a alma transpassada por uma espada (cf. Lc 2,35) Olhemos este fato e aprendamos saber aceitar com paciência heroica até um punhal enfiado no coração. Ela foi a Virgem oferente não só no Templo, mas também, e, sobretudo, no Calvário (Marialis Cultus, n.20). Apeguemo-nos a Ela para atingirmos a energia do amor paciente e oferente nas tribulações da vida e da morte.

Votos
- Tratar gentilmente e sorrir para quem te maltrata
- Oferecer cada pequeno espinho do dia a Maria
- Meditar sobre as dores de Maria.

  26° DIA - A OBEDIÊNCIA

A obediência é a virtude que nos leva a submeter a nossa vontade à de Deus e dos Superiores que representam Deus. A 1ª obediência devemos a Deus, nosso Pai e Criador. "Do Senhor é a terra e tudo quanto contém" (Sl 23,1) Se somos suas criaturas e seus filhos, devemos a Ele toda a obediência criaturial e filial. "Todas as criaturas Te servem" (cf. Sl 118,91). A obediência a Jesus é ligada à Redenção. Ele nos resgatou com o seu Sangue; por isso lhe pertencemos, somos seus e devemos obedecer aos seus divinos desejos: "Não sois mais vossos, porque fostes comprados a caro preço" (cf. I Cor 6,20) A obediência aos superiores é ligada ao fato que eles são representantes de Deus. Sabemos bem que Deus não nos governa diretamente, mas através dos seus delegados que Ele faz partícipes da sua autoridade. "Não existe autoridade que não venha de Deus" (Rm 13,2). Por isso a desobediência aos superiores é sempre uma desobediência à autoridade de Deus: "Quem resiste à autoridade, resiste ao ordenamento feito por Deus. E aqueles que resistem procuram por si mesmos a danação". (Rm 13,1). Jesus usa uma expressão ainda mais forte e até mais precisa: a obediência aos superiores coloca-nos em relação direta com Ele: "Quem vos escuta, escuta a Mim e quem vos despreza, a Mim despreza". (cf. Lc 10,16) As obediências que operaram milagres e as desobediências que os impediram, confirmam as palavras de Jesus. Quando S. José Cotolengo soube que tinha um grande número de freiras doentes e que não sabia como fazer para o serviço da Pequena Casa, deu ordens precisas que as freiras se levantassem para o serviço da Casa. As Irmãs levantaram-se e acharam-se curadas. Uma só não quis levantar por temor e não se curou, e acabou fora do Instituto. Quando S. Francisco de Assis e S. Teresa d'Ávila recebiam nos êxtases qualquer comunicação, estavam prontos para renunciar tudo se o Superior decidisse de modo contrário, porque na Palavra do Superior existe a presença de Deus sem engano, enquanto na visão ou na locução existe sempre uma margem de incerteza.


Superiores... levados
É claro que os superiores devem exercitar a autoridade só como delegados de Deus e nunca devem mandar o que seja contra a lei de Deus: não podem ser delegados de Deus quando mandassem o pecado ou não o impedissem (mentir, roubar, abortar, blasfemar...). Nestes casos eles são delegados de Satanás e não podem e não devem ser obedecidos. Nos outros casos, precisamos obedecer mesmo quando isso nos pesa ou repugna. Mesmo que aquele que nos manda for odioso ou faccioso: "Servos, obedecei aos Vossos patrões, embora turbulentos." (I Pd 2,18). Na vida de S. Gertrudes lê-se que por um certo período teve uma superiora de humores muito difíceis. A Santa rogou ao Senhor para que a fizesse substituir por outra mais equilibrada. Mas Jesus respondeu-lhe: "Não, porque os seus defeitos a obrigam a humilhar-se todos os dias diante de mim, de outro lado, tua obediência nunca foi tão sobrenatural como neste tempo".

Um mistério de fé
É claro que a alma da obediência é a fé sobrenatural. S. Maximiliano dizia que a obediência é um mistério de fé. Somente quem sabe ver no Superior o representante de Deus sabe obedecer e abraçar a vontade de Deus, mesmo quando custa, sobretudo QUANDO custa, porque a verdadeira obediência é aquela que se exercita no sacrifício: Jesus mesmo! "Aprendeu dos sofrimentos a obediência" (cf. Hb 5,8) Quantas vezes nos custa obedecer em silêncio às coisas dolorosas... Durante a Paixão, Jesus ao invés de se defender, calou-se (cf. Mt 2,63). S. Domingos Sávio, rapaz eficiente e estudante aplicado, foi falsamente acusado diante do mestre de uma travessura feia. O mestre, muito surpreso, foi obrigado a chamá-lo severamente a atenção. Ele não se irou. Quando o mestre descobriu a verdade, chamou-o e perguntou porque não tinha dito a verdade. "Por dois motivos: Por que se tivesse dito quem era o culpado, ele teria sido expulso da escola, já que não era a 1ª vez que estava em delito, enquanto que para mim era a 1ª vez. 2º por que até Jesus calou-se quando acusado injustamente no Sinédrio". Quem não se lembra do último episódio ocorrido a S. Geraldo Majela? Caluniado infamemente, foi castigado severamente por S. Afonso. Suspenderam-lhe a Comunhão, transferiu-0 e trataram-no como um pecador. Ele calava-se e obedecia. Quando a verdade veio à tona, S. Afonso pôde dizer que este episódio bastava para garantir a santidade extraordinária de S. Geraldo. A obediência crucificou Jesus, que "foi obediente até a morte" (cf. Fl 2,8) Ele calava e rezava. A obediência crucificou os santos e eles também se calavam e rezavam como Jesus.

A Virgem obediente
Maria nos deu o exemplo inimitável de Jesus até no obedecer. As primeiras páginas do Evangelho de S. Lucas abrem-se com o "Fiat" de Maria ao Anjo Gabriel (cf. Lc 1,38). Ela obedeceu humildemente ao enviado, ao representante de Deus, aceitando coisas humanamente inconcebíveis - como a Concepção Virginal do Verbo, Filho de Deus e a Maternidade divina - e as coisas dolorosas até a pior tragédia de uma mãe: oferecer o próprio filho ao assassino. Maria foi obediente à ordem de Augusto para o recenseamento, à lei da Apresentação e Purificação; obedeceu ao fugir para o Egito, obedeceu ao voltar do Egito para Nazaré. Encontramos no Calvário Maria obediente onde se cumpriu propriamente: "espada que lhe transpassou a alma" (Lc 2,35, Lc 5,1-15, 21-24, Mt 2,13-15, 19-23). A obediência à vontade, sem reservas: "Faço sempre o que é do seu agrado". (Jo 8,29) Esta é a atitude do verdadeiro obediente, garantido pela obediência dolorosa, amada como aquela jubilosa até entre os sofrimentos naturais: "não a minha, mas a tua vontade se faça". (Lc 22,12).

Caçadores fora
Quando S. José Calasanz foi caluniado e perseguido pelos seus discípulos, quando velho e enfermo foi preso e levado aos tribunais e perto da morte foi expulso da Congregação e viu a Congregação devastada por ordem do próprio Vigário de Cristo. Ele curvou a cabeça e aceitou esta corrente de sofrimentos, murmurando: "Agora e sempre seja bendita a Santíssima vontade de Deus". Quando S. Afonso Maria de Ligório, aos 80 anos, foi caluniado por um dos seus filhos, foi expulso da Congregação pelo próprio Papa, (ele, o grande, apaixonado, o enamorado defensor do Papa) superou o sofrimento mortal gritando a si mesmo, com a testa no chão, aos pés do altar: "O Papa tem razão! Sim, Ele tem razão!" Esta é a obediência que crucifica como crucificou Jesus à Cruz. O Santo é aquele que se deixa crucificar. Nós, quantas desculpas e compromissos, fugas para evitar qualquer peso e aborrecimento que a obediência possa trazer. Mas se assim fizermos, é impossível amar, porque "se me amais - diz Jesus - observais as minhas ordens". (Jo 14, 15) embora dolorosas.

Votos
- Meditar a Paixão e Morte de Jesus
- Oferecer o dia pelos Superiores
- Pedir a Maria a virtude heroica da obediência.

  27° DIA - A HUMILDADE

"Patife! - gritou o demônio a Cura d'Ars, batendo-o contra a parede do quarto - Já me roubastes 80 mil almas este ano! Se existissem 4 sacerdotes como tu, estaria logo acabado o meu reino no mundo." Santo Cura d'Ars era, talvez, o sacerdote menos dotado e mais desprevenindo da França. Entrou no seminário por uma Graça especial de Nossa Senhora: sabia recitar bem o Rosário. Manteve-se sempre na sua humildade, ciente de ser um inepto. Pensou em rezar e fazer penitência com todas as suas forças. O resto o fez Deus. Foram coisas incríveis que mortificaram o Inferno inteiro, impotente de frente a este sacerdote humilde. É a verdade da Palavra de Deus: "Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado". (Lc 14,11) E ainda: "Deus resiste aos soberbos e dá sua Graça aos humildes." (I Pd 5,5) Se pensarmos na grandeza de Nossa Senhora, podemos compreender qual imensidade de humildade devia estar nela: "Exaltada sobre os corações dos Anjos".

A humildade de Maria tem o seu bilhete de apresentação nas primeiras páginas do Evangelho: "Eis aqui a serva do Senhor". Manifesta-se na Visitação a S. Isabel que lhe grita justamente: "A que devo a honra que venha a mim a Mãe do meu Senhor?" Brilha no nascimento de Jesus em uma pobre gruta, porque não tinha lugar para eles na hospedaria (cf. Lc 1,38; 43;2,7). Confunde-se ao profundo silêncio e escondimento nos 30 anos de Nazaré; arde no próprio opróbrio e na ignomínia sobre o Calvário onde Maria está presente como Mãe do Condenado. A humildade de Maria não é nem mais nem menos proporcional à sua excelente realeza. Suprema a exaltação porque foi suprema humilhação. A esta escola devemos ir para aprender a humildade.

A vontade de aparecer
Quem mais do que Nossa Senhora teria motivos para aparecer? Mas ela é misteriosamente silenciosa e escondida em todo o Evangelho. Nós, cheios de bobagens e ricos de misérias, que vontade de aparecer nos queima. Vermos sacrificados, humilhados e valorizados os nossos talentos, ou ser colocados a parte ou nos poder afirmar... Que tortura e quantos ressentimentos. Mas para sermos humildes, devemos reprimir sem piedade os secretos impulsos e as venenosas satisfações do orgulho. Assim faziam os santos. Quem não se lembra de S. Antônio de Pádua, mandado como cozinheiro num convento dos Apeninos? Foi pra lá humilde e manso como sempre. E tinha uma sapiência prodigiosa, tornando-se Dr. da Igreja. Quando S. Vicente de Paulo se sentia louvar, punha em evidência os próprios defeitos e as suas humildes origens. Dizia ser filho de um pobre camponês, ignorante e incapaz. Se acontecia alguma desordem, atribuía-se sempre a culpa. O mesmo para S. Pio X; quando era louvado pelos seus inspirados discursos, transformava tudo em brincadeira, respondendo: "Bobagens... Coisas copiadas não valem!" Qualquer milagre operado por suas mãos, impunha silêncio, dizendo: "É por ordem das Sumas Chaves, eu não tenho nada com isso. É a bênção do Papa. É a fé de quem pede a Graça". S. Gema Galgani soube industriar-se para achar o modo de se humilhar e ser humilhada. Sabido que tinha chegado um couto prelado para interrogar sobre os fenômenos extraordinários que lhe aconteciam, pegou um gato, colocou-o sobre os joelhos e brincava com ele, ignorando as perguntas do prelado. Pouco tempo depois ele foi embora convencido que ela era uma demente. É o modo dos santos: anular-se para fazer resplandecer a grandeza de Deus que opera. "Escolheu o nada para reduzir a nada as coisas que são para que nenhum homem possa gloriar-se junto a Deus" (I Cor 1,28-29).

Uma coisa não sei fazer
A humildade esmaga o demônio. A humilíssima Virgem esmaga a cabeça do diabo, aquele que queria ser semelhante ao Altíssimo (cf. Is 14,14) está com a cabeça sob os pés d'Aquela que quer ser somente 'Serva do Senhor' (cf. Lc 1,38) E quem for humilde participa do poder da Imaculada de esmagar a cabeça do demônio. S. Macário foi um dos grandes padres do deserto. Teve que lutar muito contra o demônio. Um dia o viu chegar com uma forca de fogo na mão. S. Macário ajoelhou-se e humilhou-se junto ao Senhor e a forca caiu da mão do demônio, que exclamou com ódio: "Escuta, Macário: tu tens boas qualidades, mas eu tenho mais; tu comes e dormes pouco, mas eu nunca os faço; tu fazes milagres e eu também faço prodígios; mas uma coisa tu sabes fazer e eu não: Sabes humilhar-te!" Por isto a humildade é uma força infalível contra Satanás. Por isto S. Francisco de Assis ocupa a cadeira de Lúcifer, segundo a visão de Frei Leão. De fato, a quem lhe perguntou o que pensasse de si, S. Francisco respondeu de sentir-se o ser mais repelente da Terra, um verme nojento. Disse ainda que as graças que Deus lhe doou, qualquer um teria dado mais frutos. Esta é a essência da humildade: reconhecer que exclusivamente nós temos somente o pecado. Todo o resto, tudo o que é bom, é de Deus. E cada mínima coisa boa que conseguimos fazer para a vida eterna, nos é possível só pela Graça de Deus (cf. I Cor 4,7; 12,3; II Cor 3,5). Pe Pio disse: "Se Deus nos retirar o que nos deu, nós ficaremos somente com os nossos farrapos".

A humildade é sabedoria
S. Ambrósio dizia que a humildade é o trono da sabedoria. Bem, a Maria devemos pedir esta sabedoria. E queira Ela que nós tenhamos, porque as outras virtudes - diz S. Agostinho - batem à porta do coração de Deus: a humildade abre! Inspiremo-nos nos três episódios evangélicos mais expressivos sobre a humildade. Depois da pesca milagrosa, S. Pedro é transformado pelo prodígio operado por Jesus e não pode controlar-se em prostrar-se e dizer: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador". "Tu serás pescador de homens!" (cf. Lc 5,8-10). Um pobre publicano está no fundo do Templo e não ousa nem levantar o olhar, mas geme humildemente: "Deus, tem piedade de mim, pecador". Jesus nos assegura que ele saiu do Templo purificado, diferente do Fariseu orgulhoso (cf. Lc 18 9-14). No Calvário, o bom ladrão confia-se humildemente ao Inocente: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Teu Reino". E foi impotentemente investido por uma graça que o dispõe em brevíssimo tempo para poder entrar no Reino dos Céus (cf. Lc 23,43). Somos quase tentados a dizer que até Jesus é débil em frente à humildade. Essa é de verdade uma chave que abre o Coração de Deus. A humilíssima Virgem Maria queira dar-nos esta "chave" do coração de Deus.

Votos
- Ler e meditar os 3 episódios de humildades evangélicos citados no texto;
- Fazer qualquer ato de humildade para reparar tantos pecados de orgulho;
- Pedir a Maria insistentemente esta virtude.

  28° DIA - A PUREZA

A pureza é a virtude mais límpida de Nossa Senhora. O esplendor da sua Virgindade sempre intacta faz d'Ela a criatura mais radiosa que se possa imaginar: a Virgem mais Celestial, toda "candor de luz eterna" (Sb 7,26). O dogma de fé na Virgindade Perpétua de Maria Santíssima, o dogma de fé na Concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, o Dogma de fé na Maternidade Virginal de Maria: esses 3 dogmas investem a Imaculada de um esplendor virginal que "os céus dos céus não podem conter". (I Re 8,27) E através dos séculos, na Igreja, à ditosa Virgem, se inspiraram as filas angélicas das virgens que começaram já desta terra a viver só de Jesus para seguir o Cordeiro no tempo e na eternidade (cf. Ap 14,4). E se existiram ou existem dementes que querem jogar as sombras das baixezas deles sobre uma verdade de fé tão resplendente como a Virgindade de Maria, além de S. Jerônimo (que desbaratou os heréticos Elvídio e Joviniano) e S. Ambrósio (que escreveu páginas de encanto supremo sobre a Virgindade) toda a Igreja no seu caminho milenar celebrou e glorificou em Maria, a Toda Virgem, a Sempre Virgem na alma e no corpo, a Virgem Santa consagrada divinamente pela presença do Verbo de Deus que n'Ela se encarnou, revestindo-se da mesma Virgindade da Mãe.

A ira de Deus
Se volvermos o olhar para a humanidade, a visão de sonho e de encanto sobre a Virgindade Imaculada de Maria desaparece de modo súbito e brutal. Impureza, luxúria, sensualidade, adultério, pornografia, homossexualidade, nudismo, espetáculos imundos, bailes obscenos, relações pré-matrimoniais, contracepção, divórcio, aborto... Eis o espetáculo nauseabundo que a humanidade oferece aos olhos de todos. Santo Céu! Quantos abismos de torpezas nesta pobre Terra. Pode-se continuar assim sem provocar a ira de Deus? (cf. Ef 5,6). Maria disse pela pequena e inocente Jacinta (ignorante do verdadeiro significado daquilo que dizia) que os pecados que mais mandam almas ao Inferno são os pecados impuros. Quem poderia desmentir esta afirmação observando o teatro das vergonhas que o mundo mostra todos os dias? É verdade que o pecado impuro não é o pior nem o mais grave dos pecados. Mas é o mais frequente e o mais nojento. Isto sem dúvida. Nós conhecemos o valor da pureza proclamada por Jesus: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus." (cf. Mt 5,8); conhecemos os dois mandamentos de Deus que nos resguardam da impureza: 6º e 9º; conhecemos até a recomendação mais que enérgica de S. Paulo aos cristãos: "A fornicação e a impureza de toda espécie, não sejam nem nomeadas entre vós, mas o mesmo valha para as vulgaridades e os discursos triviais: todas coisas indecentes." (Ef 5,3-4) Conhecemos o ensinamento nobre do Catecismo da Igreja: "O 6º mandamento nos ordena de ser santos no corpo, portanto, o máximo respeito à própria pessoa e ao próximo, como obras de Deus e templo onde Ele mora com a sua presença e com a sua Graça";conhecemos as firmes chamadas da Igreja com recentes documentos de primordial importância (Humanae Vitae). Conhecemos todas estas iluminosas indicações para abater as seduções do mundo e da carne, mas a humanidade e até a cristandade não faz mais que escorregar continuamente para formas de costumes sempre mais degradantes, como homem animal que não mais compreende o que é espiritual, a favor do mais cego e obtuso ateísmo: quem entra na lúxuria, diz S. Ambrósio, abandona a via da fé! (cf. I Cor 2,14).

Quais são os remédios
A fuga das ocasiões, a oração e os sacramentos. Todo pecado impuro - de ação, desejo, olhar, pensamento, leitura - é pecado mortal. Precisamos nos defender com todas as forças, até à violência, caso precise, porque aquilo a que aspira a carne é morte, mas aquilo a que tende o espírito de vida é paz, porque desejo da carne é inimizade com Deus (cf. Rm 8,-7). Lembremos S. Bento e S. Francisco que se jogaram entre os espinhos para apagar a concupiscência que atrai e alicia (cf. Tg 1,14). Lembremos S. Tomás de Aquino que se serve de um tição ardente para desvendar uma insídia perigosa. Recordemos S. Maria Goretti que se deixa esfaquear por 14 vezes para salvar sua virgindade. As ocasiões mais comuns de pecado, porém, exigem, sobretudo, a mortificação dos olhos (evitar cinemas, leituras sujas), da língua (evitar as conversas torpes e os discursos licenciosos), dos ouvidos (não escutar canções e piadas vulgares), da vaidade (opor-se às modas indecentes). De tudo isto parece evidente que a vida do homem na terra é uma batalha (cf. Jo 7,1) e que é necessária a contínua vigilância com a ajuda de Deus (oração e sacramentos) para não se deixar dominar pela concupiscência (cf. I Ts 4,5). É humilhante, mas é esta a nossa real condição: carne e espírito estão sempre em luta cerrada entre eles: "Nos meus membros existe outra lei, que move guerra à minha alma e me torna escravo da lei do pecado que está nos meus membros" (Rm 7,23) S. Domingos Sávio, que rasgava as revistinhas que recebia dos companheiros; S. Luiz Gonzaga, que em público, chama a atenção de quem fala despudoradamente e se impõe penitências terríveis; S. Carlos Borromeu que desde menino se avizinhava amiúde aos Sacramentos; S. Afonso Maria de Ligório tirava os óculos quando o papai o levava ao teatro... São exemplos que deveriam nos convencer a usar todos os modos para guardar a pureza do coração e dos sentidos.

Castidade conjugal
Os problemas morais mais sérios são aqueles que se referem os esposos. A castidade conjugal é um dever de todos os esposos cristãos, e é um dever fecundo de graças e bênçãos. Mas os assaltos do maligno são maciços: contracepção e onanismo, divórcio e abortos estão massacrando os cônjuges cristãos, sem dizer das relações pré-matrimoniais, que são somente uma imunda profanação dos corpos e das almas daqueles noivos, escravos miseráveis da carnalidade. Desejam ter só 2 filhos; usam das pílulas e outros meios para evitarem gravidezes posteriores, profanando por anos e anos as relações matrimoniais que deveriam simbolizar a união entre Cristo e a Igreja (cf. Ef 5, 25) . "A pílula anticoncepcional vem do Inferno, dizia Pe. Pio, e quem usa comete pecado mortal". E ainda: "Para todo bom casamento o número dos filhos é estabelecido por Deus e não pela vontade dos esposos", e ainda: "Quem está na estrada do divórcio, está na estrada do Inferno". Pior ainda para quem cometer o crime do aborto!!! Que abram bem os olhos os esposos cristãos! Profanar o sacramento do matrimônio nunca acontecerá sem castigos e maldições sobre as famílias. Se lembrem bem que com Deus não se brinca! (cf. Gl 6,7).

Votos
- Recitar 3 Aves-Marias em honra da virgindade de Maria;
- Eliminar e destruir qualquer coisa de não modesto que tenha consigo;
- Mortificar bem os sentidos, especialmente a vista.

  29° DIA - A CARIDADE

A Caridade é a Rainha das virtudes. A Caridade é a perfeição do homem. A Caridade é a plenitude da vida cristã. Por quê? Porque Deus é Caridade e quem está na Caridade está em Deus e Deus nele (cf. I Jo 4,16). Mas o que ela é? É o amor total de Deus e do próximo. Não amor humano carnal, mas amor Divino, feito de Graça, que vem do Espírito Santo de Amor. É o amor de Deus difundido nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5). É penoso, por isso, é ilusão pensar de amar a Deus ou ao próximo quando se está em pecado mortal na alma. Igualmente é penoso iludir-se de amar verdadeiramente sem que o impulso do amor venha originalmente do Espírito Santo no coração. Quantas aparências de Caridade fazemos, consciente e inconscientemente. Isso diz S. Paulo com palavras que deveriam voltar a si quem quer que seja sem pose de disponibilidade, de abertura aos outros, de viver para os outros, e não olhe se tudo é feito com a Graça de Deus na alma e se venha da consciente e amorosa união com o Espírito Santo no próprio coração. Se não, mais ainda do que de bem vagas disponibilidades e aberturas aos outros, S. Paulo fala muito concretamente de distribuir todos os bens aos pobres e de dar até o próprio corpo para ser queimado pelos outros, para concluir que tudo isto de nada serve se não procede do amor de Deus no coração (cf. I Cor 13,3). A substância principal da caridade, então, é a Graça de Deus na alma, é o amor de Deus no coração e nas intenções. Sem isto, se fala de caridade batendo no ar (cf. I Cor 9,26).

O amor de Jesus empurra
Quando existe o amor de Deus no coração a Caridade pelo próximo é elevada até ao heroísmo mais puro. S. Francisco de Assis, que não só não fugiu, mas aproximou-se e beijou o leproso; S. Isabel de Hungria que pôs na própria cama um leproso abandonado na rua; os missionários que enfrentam riscos e dores mortais pelos infiéis; S. Tereza que se flagelava 3 vezes por semana e Jacinta que batia as urtigas nas pernas pelos pecadores; e tantos outros santos... Quais heroísmos de caridade material e espiritual não fizeram pelos irmãos empurrados pelo amor de Jesus? Valiam de verdade para eles as palavras de S. Paulo: "O Amor de Cristo nos impele" (cf. II Cor 5,14). Não um amor comum, entende-se, mas um amor de fogo devorador (cf. Dt 9,3) que os levava à perda de si no Amado para ter um só coração e um só querer, prontos para amar sem medidas, até à morte. Assim, só assim se explica todo amor sobre humano dos santos. Quando o S. Cura d'Ars converteu a mulher de um rico hebreu, este chegou todo furioso em Ars. Apresenta-se ao Santo e diz-lhe brutalmente: "Pela paz que destruístes na minha casa eu vim arrancar um olho teu." "Qual dos dois?" Desconcertado, o hebreu respondeu: "O direito!" "Bem, ficará o esquerdo para vos olhar e amar". "E se eu arrancar os dois?" "Ficará meu coração para vos olhar e amar". Transformado, o hebreu caiu de joelhos e chorou, convertido. Eis a potência do amor de Jesus.

Não mais eu, mas Jesus
A Caridade fraterna mais alta e perfeita é aquela que nos faz amar o próximo com o mesmo coração de Jesus. "Tendes em vós os mesmos sentimentos de Cristo" (cf. Fp 2,5): É este o mandamento novo e sublime de Jesus: "Amai-vos como eu vos amei, porque disto reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amar uns aos outros" (cf. Jo 13,35). A medida da perfeição do amor é dada pela identificação de amor com Jesus. A caridade mais alta, então, a tem só o Santo, porque só o ser transfigurado em Jesus pela potência do amor e da dor, só através da morte mística do eu chega-se à identificação de amor com Jesus que faz dizer S. Paulo: "Não sou mais quem vive, é Cristo quem vive em mim" (Gl 2,20). O Santo é aquele que ama loucamente Jesus e como Jesus. Ele sabe encontrá-lO, vê-lO, abraçá-lO, onde quer que Jesus esteja: na Eucaristia, no Evangelho, no Papa, nos pobres e enfermos, miseráveis e rejeitados, com os quais Jesus se identificou (cf. Mt 25,31-45). Ama loucamente como Jesus e por isso sabe vender de si mesmo no mercado dos escravos em substituição de outros, como S. Paulino e S. Vicente de Paulo; expõe-se ao contágio de doenças como S. Luiz Gonzaga; enfrenta riscos e trabalhos incomensuráveis para ajudar os irmãos, como S. João Bosco pelos jovens e S. Francisca Xavier pelos emigrantes; sabe fechar-se em confessionários para curar e consolar almas à procura de Graça e Paz, como S. Cura d'Ars e Pe Pio. Quanta bondade e graça no coração dos santos!

A Imaculada: todo amor
Se os santos são maravilhosos, imagine Maria? Ela é Cheia de Graça, de Vida Divina, de Amor Trinitário. Criada Santíssima, Virgem puríssima sempre, Ela é semelhante a um cristal limpidíssimo que espelha luminosamente a Caridade de Deus. Ela chegou ao ponto de nos doar Jesus, seu Divino Filho e Infinito Tesouro do seu Coração, imitando perfeitamente a Deus Pai que tanto amou os homens a ponto de entregar Seu Filho à morte (cf. Jo 3,16). Ó Mãe Divina, como Te agradeceremos pela Tua Caridade sem limites? Que violência transpassou pela tua alma, fizeste Teu coração de Mãe imolar Jesus pela nossa salvação? Mãe divina e doce, tua Caridade não pode ter iguais: é aos confins do infinito. Seja sempre bendita.

Peço de morrer
Quem ama de verdade a Mãe de Deus chega à semelhança com Ela e produz frutos maravilhosos de Graça e virtude, sobretudo no exercício da Caridade. S. Maximiliano tornou-se semelhante a Maria no sacrifício, tão louco era seu amor: imolar sua vida de sacerdote, apóstolo, fundador das cidades da Imaculada, pedindo de morrer em tenebroso bunker para salvar a vida de um pai de família. Soube escolher a morte atroz naquele subterrâneo de Auschwitz, mas o amor cresce gigante entre as dores gigantes. Ele, amando loucamente Maria, feito conforme seu filho (cf. Rm 8,29) na medida máxima do amor proclamado por Jesus: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (cf. Jo 15,13).

Votos
- A cada oração, renovar a intenção de agir só pelo Senhor e não pelos homens (cf. Cl 3,23);
- Pedir a Maria a virtude da caridade;
- Fazer uma visita a qualquer capela ou Igreja dedicada a Nossa Senhora.

  30° DIA - A DEVOÇÃO À NOSSA SENHORA

Muito conhecido, mas sempre belo e significativo este episódio: Uma mãe ensina seu filho como fazer o sinal de cruz. Pega sua mãozinha e leva à testa: "Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Repete comigo." "Mas, mãe, onde está a Mamãe?" Comovente intuição. A presença da mãe não é secundária para a vida cristã. Ou seja: a devoção a Nossa Senhora não é absolutamente um ornamento a mais, mas é indispensável. Ao contrário, Jesus obscurece-se quando Maria está à sombra - escreveu o Pe. Faber - ou seja, sem a devoção mariana, decai até o amor a Jesus. Neste sentido, o grande S. Afonso Maria de Ligório queria a presença de Maria em tudo o que fazia. Quando pregava, queria a imagem dEla junto aonde estava pregando. Disse àqueles que estavam perto: "Hoje não fará grande efeito o sermão, porque Nossa Senhora não está aqui". A Igreja ensina que a devoção a Maria é moralmente necessária ao cristão para se salvar, porque é elemento qualificador de piedade genuína da Igreja (Marialis cultus, introdução) E ainda: a piedade da Igreja através da Virgem Maria é elemento intrínseco do culto cristão (Ivi,56.) Nunca poderemos ficar conformes a Jesus se não amamos Maria Santíssima como Ele. Este é o elemento fundamental da vida cristã, dizia o Papa Pio XII. Maria deve ocupar em nossa vida o lugar que a mãe ocupa na família, ou seja, o lugar do centro vital, de coração e de amor. O que é uma família sem mãe?

Ela nos une a Jesus
"Se Deus nos predestinou para sermos conformes ao seu Filho (cf. Rm 8,29), Maria - diz S. Luis Maria Grignion de Montfort - foi a fôrma que formou Jesus e que continuou a formar Jesus em todos os que a Ela se entregam". Esculpir uma estátua exige um grande trabalho; servir-se de uma fôrma é muito mais simples. Por isso os devotos de Maria podem ficar conformes Jesus no modo mais rápido, mais fácil e mais agradável, dizia S. Maximiliano Maria Kolbe. Quando está fora do lugar, a mesquinha preocupação de quem considera a Devoção a Maria com certa suspeição, ou com o metro na mão, porque teme que se possa exceder, comprometendo a plenitude da vida cristã e da mais alta santificação. É próprio todo o contrário. A Igreja o ensina boníssimo. S. Pio X, em uma encíclica mariana, recolhendo a voz dos padres e dos santos, escreve: "Ninguém no mundo, quanto Maria, conheceu fundo Jesus. Ninguém maior é mestre e melhor guia para fazer conhecer Cristo. Por consequência, ninguém é mais eficaz do que a Virgem para unir os homens a Jesus." O Concilio Vaticano II pontualizou que a devoção Mariana não só não impede minimamente o imediato contato com Cristo, mas o facilita (Lumen Gentium, n. 60). O Papa Paulo VI acrescentou que Maria não só favorece como tem a missão de unir a Jesus para reproduzir nos filhos os lineamentos espirituais do Filho primogênito (Marialis Cultus, n.57). Que tesouro, então, é uma ardente devoção a Maria!

Ela nos leva ao Paraíso
S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores disse ao seu Padre espiritual: "Padre, eu tenho certeza de ir para o Céu." "E como o sabes?" Perguntou o Padre. "Porque já estou lá! Amo Nossa Senhora, então estou no Paraíso!" É assim mesmo! O amor a Maria é sinal de predestinação, garantia do Céu, é amor de Paraíso. Este é ensinamento comum da Igreja. Basta lembrar aqui 3 grandes Doutores da Igreja. S. Agostinho diz que todos os predestinados se acham fechados no seio de Maria, por isso o amor a Maria é um sinal precioso de salvação. S. Boaventura diz que quem é assinalado pela devoção mariana será assinalado no livro da Vida. S. Afonso de Ligório assegura que quem ama Maria pode estar tão certo do Paraíso como se já lá se encontrasse. Se é sinal de predestinação, então a devoção a Maria deve ser como o tesouro escondido no campo do qual fala Jesus no Evangelho (cf. Mt 13,44). E precisamos mesmo tomar cuidado e cultivar mesmo a devoção mariana porque S. Leonardo de Porto Maurício chega a dizer que é impossível que se salve quem não é devoto de Maria. E tem razão. O porquê diz S. Boaventura: "como por intermédio d'Ela, Deus desceu até nós e ascendamos até Deus, e então ninguém pode entrar no Paraíso se não passa por Maria que é a porta". Por isso quando S. Carlos Borromeu fazia pôr a imagem de Nossa Senhora em todas as portas das Igrejas, queria mostrar aos cristãos que não se pode entrar no Templo do Paraíso sem passar pela "Porta do Céu". Como conclusão, se temos a devoção a Maria, devemos guardá-la e cultivá-la com grande amor. Se não a temos, peçamo-la com todas as forças como dom de Graça principal deste mês de maio. Lembremos a esplêndida sentença de S. João Damasceno: "Deus faz a graça da devoção a Maria àqueles que deseja salvar". Que esta graça ocupe todo nosso coração. É uma graça que vale o Paraíso. Tinha razão S. Pe Pio ao dizer que a devoção a Maria vale mais que a teologia e a filosofia, e tinha razão S. Maximiliano ao dizer que o amor a Maria faz viver e morrer felizes.

Votos
- 3 Ave-Marias de manhã e de noite para se entregar a Maria;
- Oferecer o dia para que se propague a devoção a Maria;
- Levar sempre consigo ou ter sob os olhos alguma coisa que lhe lembre Maria.

  31° DIA - O SANTO ROSÁRIO

Em Lourdes e em Fátima, Nossa Senhora apareceu para nos recomendar particularmente o Santo Rosário. Em Lourdes, Ela mesma desfiava a esplêndida coroa enquanto Santa Bernadette recitava as Ave-Marias. Em Fátima, a cada aparição, Maria recomendava a recitação do Santo Rosário. Ainda mais na última aparição, em que Ela se apresentou como Nossa Senhora do Rosário. É verdadeiramente grande a importância que Nossa Senhora deu ao Rosário. Quando em Fátima falou da salvação dos pecadores, da ruína de muitas almas ao Inferno, das guerras e do destino da nossa época, Maria indicou, recomendou como oração salvífica o Rosário. Lúcia dirá uma síntese que "desde que a Virgem Santíssima deu grande eficácia ao Santo Rosário, não existe problema material, espiritual, nacional ou internacional que não se possa resolver com o Santo Rosário e com os nossos sacrifícios."

Salva e santifica
Um episódio de graça. S. José Cafasso, numa manhã, passando pelas ruas de Torino, encontrou uma pobre velha que caminhava toda curva, recitando devagarinho o Rosário. Indagou-a porque rezava tão cedo. Ela disse que estava limpando as ruas. Confuso, pediu que lhe explicasse o que queria dizer. Ela respondeu que naquela noite, nas ruas daquela vila, havia sido noite de carnaval, havendo muitos pecados. Rezando o Rosário, ela perfumava o local manchado pelo pecado. Veja: o Rosário purifica nossa alma das culpas e as perfuma com a Graça. O Rosário salva as almas. S. Maximiliano escrevia na sua agendinha: "Quantas coroas, quantas almas salvas!" Pensamos nisso? Todos poderíamos salvar almas recitando coroas do Rosário. Que caridade de inestimável valor seria esta. O que dizer das conversões dos pecadores obtidos com o Santo Rosário? Deveriam falar S. Domingos, S. Luis Maria Grignon de Montfort, S. Cura d'Ars, S. Pe. Pio de Pieltrecina... O Santo Rosário faz bem a todos: aos pecadores, aos bons, aos santos...
Quando a S. Felipe Néri perguntava qual oração escolher, sem hesitar, respondia: "O Rosário! Recitai-o amiúde!" Também a Pe Pio lhe perguntou um filho espiritual qual oração preferir para toda a vida. Pe Pio respondeu logo: "O Rosário!" Sobretudo os santos demonstraram a eficácia da graça do Rosário. Estes foram verdadeiros apóstolos do Rosário: S. Pedro Canísio, S. Carlos Borromeu, S. Camilo Lélis, S. Antônio Maria Gianelli, S. João Bosco... Entre os maiores, talvez, sobressaia-se S. Pe Pio. No seu exemplo existe um prestigioso grau de sobre humano, pois ele chegou a recitar mais de cem rosários, todos os dias, por muitos anos. Um modelo gigante que garantiu a fecundidade do Rosário para a sua santificação e para a salvação das almas. Quantos milhões de almas não foram misteriosamente atraídas por aquele frade que por horas e horas, dia e noite, desfiava a coroa aos pés de Nossa Senhora entre as mãos sanguinolentas de chagas? Ele demonstrou verdadeiramente que "o Rosário é corrente de salvação pendurada nas mãos do Salvador e da sua Ditosa Mãe e que indica de onde descem a nós as graças e por onde deverá subir de nós cada esperança” (Papa Paulo VI).

Todos os dias a coroa
Toda a oração, toda a ciência e todo o amor de S. Bernadette parecia consistir no Rosário. Sua irmã Tonieta dizia: "Bernadette não faz nada além de rezar. Só sabe desfiar o Rosário". O Rosário é uma oração Evangélica, Cristológica, Contemplativa em Companhia de Maria (Marialis Cultus, n.44-47) . Louvor e impetração cobrem as Ave-Marias fazendo escorregar a mente para o mistério presente na meditação. Que isto seja aos pés do altar ou pela rua, não é um obstáculo para o Rosário. Quando a mente se recolhe dirigindo-se a Maria, pouco importa se estamos na Igreja ou no trem, caminhando ou voando de avião. Esta facilidade que o Rosário oferece a quem quiser recitá-lo aumenta a nossa responsabilidade. É impossível não achar um quarto de hora para oferecer uma coroa a Maria. Em qualquer lugar, a qualquer hora, com qualquer pessoa, sem livros nem cerimônias, em bom tom ou murmurando... Pensemos nos Rosários recitados nos quartos de hospital por S. Camilo de Lelis e por Santa Bertila Boscardin, pelas ruas de Roma por S. Vicente Pallotti; nos trens e nos navios por S. Francisca Xavier Cabrini, no deserto do Sahara por Frei Carlos Foucolad, nos palácios reais pela Venerável Maria Cristina de Savóia, nos campos de concentração e no bunker da morte por S. Maximiliano Maria Kolbe, sobretudo na família da Beata Ana Maria Taigi; pelos pais de S. Teresa, pela mãe de S. Maria Goretti... Não percamos tempo em coisas vãs e nocivas, quando temos um tesouro para valorizar como o Santo Rosário. Digamos e prometamos a Maria a conclusão do mês mariano: cada dia uma coroa do Rosário para Ti, ó Maria.

No Coração Imaculado
Em Fátima, o Rosário foi o dom do Coração Imaculado de Maria. E nós queremos concluir o mês mariano depondo nosso Rosário no Coração da Imaculada com empenho de recitá-lo cada dia. O Rosário e o Coração Imaculado de Maria assinalarão o triunfo final do Reino de Deus para esta época. A devoção ao Rosário e a devoção ao Coração de Maria dizem que as almas devotas do Rosário e do seu Coração Imaculado "Serão prediletas por Deus e como flores serão colocadas por mim junto ao seu Trono". Queira Ela mesma acender e conservar aceso em nós o amor ao Rosário e ao Seu Coraçao Imaculado.

Votos
- Recitar um Rosário em agradecimento;
- Oferecer uma Santa Missa e uma comunhão em agradecimento;
- Consagrar-se ao Coração Imaculado de Maria.