Catecismo

A importância da Confissão na preparação para a Páscoa

por Thiago Zanetti em 26/03/2025 • Você e mais 249 pessoas leram este artigo Comentar

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Tempo de leitura: 6 minutos

Confessar-se é um ato de humildade e amor que abre a alma à graça de Deus. A Confissão nos prepara espiritualmente para viver, com profundidade e verdade, a Páscoa de Cristo — Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

O que é a Confissão segundo a Igreja?

O sacramento da Penitência é o meio ordinário pelo qual o católico recebe o perdão de seus pecados cometidos após o Batismo. Trata-se de um encontro real com Cristo misericordioso.

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O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina:

“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja” (CIC, 1422).

No parágrafo 980 o Catecismo, citando o Cancílio de Trento diz:

“O sacramento da Penitência é necessário para a salvação daqueles que caíram depois do Batismo, assim como o Batismo é necessário para o que ainda não foram regenerados” (CIC, 980).

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Portanto, a Confissão é uma necessidade espiritual real, e não apenas uma opção. Sem ela, não se pode receber dignamente a Eucaristia nem participar plenamente da vida pascal de Cristo.

A Quaresma: tempo propício de reconciliação

Durante a Quaresma, a Igreja nos convida a um exame profundo de consciência, com base na Palavra de Deus, na oração e no jejum. Este tempo litúrgico prepara o coração para o Tríduo Pascal — centro de todo o ano litúrgico.

O Papa Francisco, em sua mensagem quaresmal de 2020 – o mesmo que escreveu aos jovens na Exortação apostólica Christus vivit – afirmou:

“Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo “ (n. 1).

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Voltar-se para Deus de todo o coração passa necessariamente pela Confissão. É nela que reconhecemos nossa miséria e acolhemos o abraço da misericórdia divina.

Confissão e Eucaristia: uma preparação digna para a Páscoa

A Confissão também é uma disposição essencial para receber a Eucaristia dignamente, especialmente durante a celebração da Páscoa.

O Concílio de Trento, na Sessão XIII, estabeleceu que aqueles que estão conscientes de pecado mortal devem fazer confissão sacramental antes de se aproximar da Eucaristia. A regra específica do Concílio de Trento, conforme o cânon 11, é que se alguém disser que a fé sozinha é suficiente para receber a Eucaristia, esse deve ser anatematizado, e que a confissão sacramental é necessária para aqueles que estão conscientes de pecado mortal.

O próprio São Paulo advertia os fiéis de Corinto:

“Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11,29).

Receber a Eucaristia sem estar em estado de graça é um sacrilégio. Por isso, a Confissão é a porta de entrada para a verdadeira celebração pascal, quando Cristo nos dá Sua vida por meio da Eucaristia.

O poder da misericórdia de Deus

A Confissão não é apenas um tribunal onde se reconhecem culpas, mas um encontro com o Deus que perdoa. O Catecismo nos lembra:

“A confissão dos pecados (acusação), mesmo do ponto de vista simplesmente humano, nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela acusação, o homem encara de frente os pecados dos quais se tornou culpado: assume a responsabilidade deles e, assim, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja” (CIC, 1455).

Deus jamais se cansa de perdoar. Foi o próprio Cristo quem confiou à Igreja esse poder:

Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo 20,22-23).

Cada confissão é uma ressurreição interior, um recomeço, uma nova Páscoa no coração do cristão.

Testemunhos dos santos: por que confessar-se?

Os santos da Igreja, mestres da vida espiritual, sempre exaltaram o valor do sacramento da Confissão.

Santo Agostinho escreveu:

“O princípio de nossa purificação é a humilde confissão de nossos pecados”.

Disse Jesus a Santa Faustina Kowalska, apóstola da Divina Misericórdia:

“Diz às almas onde devem procurar consolos, isto é, no tribunal da misericórdia onde continuo a realizar os meus maiores prodígios que se renovam sem cessar. Para obtê-los, não é necessário empreender longas peregrinações nem realizar exteriormente grandes cerimônias, mas basta se aproximar com fé dos pés do meu representante e confessar-lhe a própria miséria” (Diário de Santa Faustina).

Para os santos, a Confissão é um abraço direto com o Senhor, uma fonte de paz e luz.

Elementos essenciais da Confissão

A Confissão bem feita exige alguns elementos fundamentais, que a Igreja sempre ensinou:

  1. Exame de consciência sincero e profundo.
  2. Contrição: arrependimento verdadeiro dos pecados.
  3. Propósito de emenda: desejo real de mudar de vida.
  4. Confissão dos pecados ao sacerdote, com humildade.
  5. Cumprimento da penitência imposta.

Como ensina o Catecismo:

“Entre os atos do penitente, a contrição ocupa o primeiro lugar. Consiste ‘numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (CIC, 1451).

exame de consciência

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A Confissão é fonte de paz e liberdade

O sacramento da Reconciliação nos devolve a paz interior. Não há libertação mais profunda do que ser perdoado por Deus.

Muitos católicos vivem atormentados por pecados passados, sem saber que o perdão está disponível, bastando apenas um coração arrependido.

O chamado da Igreja: confessem-se!

Durante a Quaresma, muitos bispos e paróquias oferecem mutirões de confissão. Isso não é apenas uma tradição, mas um apelo pastoral para que os fiéis estejam preparados espiritualmente para a Páscoa.

O Código de Direito Canônico também estabelece:

“Todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano” (CDC, cân. 989).

Confessar-se antes da Páscoa é um gesto de obediência à Igreja e um ato de amor a Cristo.

Como preparar-se para uma boa confissão

  1. Reserve um tempo de silêncio e faça um exame de consciência à luz dos 10 Mandamentos e do Evangelho.
  2. Ore pedindo a luz do Espírito Santo para reconhecer com clareza os pecados.
  3. Tenha um ato de contrição sincero: “Senhor, tende piedade de mim, pecador!”
  4. Dirija-se a um sacerdote, sem medo, com humildade e confiança.
  5. Após a confissão, cumpre a penitência e procure reparar o mal cometido com obras de caridade.

Viver a Páscoa com um coração novo

A Confissão é o sacramento da misericórdia e da ressurreição interior. Ao nos prepararmos para a Páscoa, somos chamados a viver a experiência de Lázaro: sair do túmulo do pecado e caminhar para a luz de Cristo ressuscitado.

Confessar-se é permitir que Jesus entre nas feridas da alma e as cure com Seu amor. A maior vitória da Páscoa acontece quando um pecador arrependido se reconcilia com o Pai.

“Haverá no céu alegria por um só pecador que ser converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15,7).

Prepare-se bem para a Páscoa. Confesse-se. Viva a Ressurreição com um coração novo.

Thiago Zanetti

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
Siga-o no Instagram: @thiagoz.escritor

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