Catecismo

DIFERENÇA ENTRE OS JUÍZOS PARTICULAR E FINAL

por Marcos A. Fiorito • Você e mais 75 pessoas leram este artigo Comentar

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Reza o Credo católico que Cristo “está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e mortos”. É muito comum que haja confusão entre os fiéis católicos no que diz respeito à diferença entre juízo particular e juízo final. De fato, tratam-se de dois juízos distintos. O primeiro juízo dá-se no momento seguinte à morte e irá decidir o nosso destino eterno; o segundo juízo virá após os acontecimentos apocalípticos do final dos tempos, depois da ressurreição dos mortos e com a vinda gloriosa de Cristo.

A ciência teológica que estuda as últimas coisas que hão de nos acontecer chama-se “escatologia” (escato+logo+ia), palavra de origem grega que diz respeito ao último destino do homem e do mundo. Outra formulação muito usada nos antigos manuais de doutrina católica – e de origem latina – é “Novíssimos”: Morte, Juízo, Céu ou Inferno.

A Igreja ensina que a meditação dos Novíssimos é eficazmente salutar para a vida espiritual do cristão, pois nos faz refletir em seu destino eterno, evitando assim as vias do pecado: “Em tudo o que fizeres, lembra-te de teu fim, e jamais pecarás” (Eclo 7, 40).

Ainda sobre os dois juízos em questão, falta-nos explicar a diferença entre ambos. À primeira vista parecem idênticos, pois objetivam uma revisão da jornada vivida por determinada criatura humana, o julgamento e a sentença que definirá o seu destino eterno.

Porém, o juízo particular é tão somente entre a alma do indivíduo e Deus; já, no juízo final, todos terão ressuscitado, e tudo será revelado diante de todos, para maior glorificação do Criador. Nessa ocasião, entenderemos por que pessoas justas sofreram tanto e, ao contrário, por que pessoas más e desonestas viveram aparentemente muito bem, como se escapassem da justiça e punição divinas.

Como diz o Catecismo da Igreja Católica, “O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte do que a morte” (§1040).

E o livro da vida, escrito sobrenaturalmente, revelará o caminho percorrido por todos e cada um dos nascidos:

 “Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé, diante do trono. Abriram-se livros, e ainda outro livro, que é o livro da vida. E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro, segundo as suas obras” (Ap 20, 12).

No Evangelho de São Mateus, temos a revelação do momento especialmente significativo para a humanidade, em que Cristo irá proferir a sentença final:

“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo […]. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos” (Mt 25, 31-41).

Por último, consideremos a expressão “vivos e mortos” do Credo. A primeira fala dos que morreram em estado de graça e foram definitivamente salvos; a segunda refere-se aos que morreram em estado de pecado mortal e foram condenados (Ap 20, 14).

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Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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