6ª feira da 27ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Ao vosso poder, Senhor, tudo está sujeito, e não há quem possa resistir à vossa vontade, porque sois o criador de todas as coisas, do céu e da terra e de tudo que eles contêm; vós sois o Senhor do universo. (Cf. MR: Est 4, 17) Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 1)
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, que no vosso imenso amor de Pai nos concedeis mais do que merecemos e pedimos, infundi em nós vossa misericórdia, para perdoar o que nos pesa na consciência e para nos dar mais do que a oração ousa pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Gl 3, 7-14)
Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas
Irmãos, 7ficai cientes que os que creem é que são verdadeiros filhos de Abraão. 8E a Escritura, prevendo que Deus justificaria as nações pagãs pela fé, anunciou, muito antes, a Abraão: “Em ti serão abençoadas todas as nações”. 9Portanto, os crentes são abençoados com o crente Abraão. 10Aliás, todos os que põem sua confiança na prática da Lei estão ameaçados pela maldição, porque está escrito: “Maldito quem não cumprir perseverantemente tudo o que está escrito no livro da Lei”. 11Pela Lei ninguém se justifica perante Deus; isso é evidente porque o justo vive da fé. 12E a Lei não se funda na fé, mas no cumprimento: Aquele que cumpre a Lei, por ela viverá. 13Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro!’ 14Assim a bênção de Abraão se estendeu aos pagãos em Cristo Jesus e pela fé recebemos a promessa do Espírito.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 110)
℟. O Senhor se lembra sempre da Aliança!
— Eu agradeço a Deus de todo o coração junto com todos os seus justos reunidos! Que grandiosas são as obras do Senhor, elas merecem todo o amor e admiração! ℟.
— Que beleza e esplendor são os seus feitos! Sua justiça permanece eternamente! O Senhor bom e clemente nos deixou a lembrança de suas grandes maravilhas. ℟.
— Ele dá o alimento aos que o temem e jamais esquecerá sua Aliança. Ao seu povo manifesta seu poder, dando a ele a herança das nações. ℟.
℣. Agora o príncipe deste mundo há de ser lançado fora; quando eu for elevado da terra, atrairei para mim todo ser. (Jo 12, 31b-32) ℟.
Evangelho (Lc 11, 15-26)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus estava expulsando um demônio. 15Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.
21Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa. 24Quando o espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos, à procura de repouso; não o encontrando, ele diz: ‘Vou voltar para minha casa de onde saí’. 25Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada. 26Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se aí. No fim, esse homem fica em condição pior do que antes”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Vir erat in terra nómine Iob, simplex et rectus, ac timens Deum: quem Satan pétiit, ut tentáret: et data est ei potéstas a Dómino in facultáte et in carne eius: perdidítque omnem substántiam ipsíus, et fílios: carnem quoque eius gravi úlcere vulnerávit. (Iob. 1 et 2, 7)
Vernáculo:
Havia, na terra, um homem chamado Jó: era íntegro e reto, temia a Deus. Satanás saiu da presença do Senhor e feriu Jó com chagas malignas, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. (Cf. Bíblia CNBB: Jó 1, 1. 2, 7)
Sobre as Oferendas
Acolhei, Senhor, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes; e pelos sagrados mistérios que celebramos em vossa honra dignai-vos completar a santificação daqueles que salvastes. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Há um só pão e, embora sendo muitos, formamos um só corpo, todos os que participamos do mesmo pão e do mesmo cálice. (Cf. 1Cor 10, 17)
Vernáculo:
Desfaleço pela vossa salvação, vossa palavra é minha única esperança! Quantos dias restarão ao vosso servo? E quando julgareis meus opressores? Todos os vossos mandamentos são verdade; quando a calúnia me persegue, socorrei-me! (Cf. LH: Sl 118, 81. 84. 86)
Depois da Comunhão
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que inebriados e saciados pelo sacramento que recebemos, sejamos transformados naquele que comungamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 11/10/2024
É mais grave o pecado do cristão?
“Quando o espírito mau sai de um homem, ele vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se aí. No fim, esse homem fica em condição pior do que antes”.
No Evangelho de hoje, Jesus é acusado de expulsar espíritos maus com o poder de Belzebu, príncipe dos demônios. Ele responde à acusação e depois ensina qual deve ser a atitude do fiel perante a ação de Satanás. O Senhor começa contando uma pequena história. Quando um espírito mau sai de um homem, ele é tirado de seu abrigo e conforto; mais tarde, volta trazendo consigo outros sete espíritos piores do que ele, e a situação daquele homem fica ainda pior. O que Jesus está querendo ensinar? Nós cristãos saímos do poder do diabo, isto é, fomos libertos dele por Cristo. Nem sempre o notamos, mas em todo Batismo há um exorcismo. Antes de o padre batizar a criança, ele passa no peito dela um óleo, chamado de óleo dos catecúmenos, para que a criança seja liberta do poder de Satanás. A Igreja, no ritual batismal, antes de derramar o Espírito Santo, como que “limpa a casa”, expulsando as influências demoníacas da pobre criatura humana antes de torná-la filho de Deus.
Ora, isso implica uma responsabilidade: transformados em templo do Espírito Santo, temos agora de viver como filhos adotivos de Deus; mas quando abandonamos o bom caminho e nos deixamos escravizar novamente pelo pecado e pelas seduções do demônio, nossa situação torna-se muito pior que antes. Por quê? Porque agora somos consagrados a Deus, pertencemos a Ele pelo Batismo, mas nos estamos entregando ao diabo. Pensemos bem. Jesus, ao ser crucificado, de que dores mais sofreu? Dos bofetões dos soldados romanos? Dos flagelos dos soldados? Ou do beijo de Judas?
Ora, por que o beijo de Judas foi mais ofensivo que todas as afrontas e violências cometidas pelos gentios? Por uma razão muito simples: porque Judas recebera muito mais do que eles. Judas recebera a fé, a graça, o apostolado, e no entanto traiu Jesus. A melhor forma de entender o ensinamento de Jesus no Evangelho de hoje é olhar para Judas como um homem liberto por Cristo do poder de Satanás, mas que terminou num estado ainda pior. Nas profundezas do inferno, onde se encontra o diabo, está também Judas, um dos Apóstolos de Cristo! Antes não tivesses nascido, porque sua traição redundou numa desgraça ainda maior!
Os cristãos temos de ter compromisso. Fomos escolhidos por Deus, amados por Ele, libertos da iniquidade. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, diz São Paulo aos gálatas, e no entanto, apesar de aspergidos com o sangue derramado na cruz, procuramos escravidão em outros lugares, nos vícios, nos pecados… É muito pior a situação de quem, tendo conhecido o amor de Deus, o trai descaradamente. Sim, comete um pecado muito mais grave quem recebeu a graça mas lhe deu as costas do aquele que nunca a recebeu.
Há porém um lado positivo neste ensinamento. Ao defender-se da acusação dos fariseus, Jesus diz: Se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o reino de Deus, ou seja, Jesus toca a nossa alma. No dia do Batismo, Jesus tocou em nós; no dia da Crisma também; quando recebemos os sacramentos, principalmente a Eucaristia, é Jesus quem toca em nós, é o dedo de Deus. Chegou para nós o reino de Deus! Ele quer reinar em nossos corações. Não procuremos, pois, outros senhores nem outros reis! Qual deve ser a nossa atitude? De plena confiança em Nosso Senhor, que nos protege e nos quer bem. Não há poder infernal que possa invadir o que é de Cristo.
Se nós, confiantes, nos entregarmos nos braços de Nosso Senhor, seremos protegidos por Ele, e Deus estará reinando em nossos corações. Se recebermos os sacramentos com devoção, com confiança e amor, então Jesus tocará em nós com o dedo de Deus. Esse é o caminho. Agora, grande é a nossa responsabilidade porque a quem muito foi dado, muito será exigido, e virar as costas para os dons de Deus é uma grande ofensa. Que Deus nos conceda esse toque da graça do Espírito Santo para que nunca — jamais — traiamos Nosso Senhor, que tanto nos amou. Que o nosso destino não seja o de Judas, mas o da Virgem Maria e dos santos na glória do céu!
Deus abençoe você!
O homem, quando vive no pecado, ignorando a fé e a Igreja, é como aquele personagem da parábola do qual saiu um mau espírito. Mas se este mesmo homem, quando já foi cristão e conheceu a doçura de Nosso Senhor, retorna à vida antiga, é como aquele pobre coitado no qual entraram outros sete demônios, muito piores do que o primeiro.É assim com os indivíduos, é assim também com a cultura e a sociedade: “No fim, fica em condição pior do que antes”, porque o diabo precisa fazer muito mais esforço para manter no erro e no pecado quem já foi tocado pela graça e a luz da fé. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta sexta-feira, 11 de outubro, e tenhamos a firme confiança de que, por pior que seja o panorama atual, Nosso Senhor há de triunfar!
Santo do dia 11/10/2024
São João XXIII (Memória Facultativa)
Local: Roma, Itália
Data: 11 de Outubro† 1963
Angelo Giuseppe Roncalli nasceu a 25 de Novembro de 1881, em Sotto il Monte, Província de Bérgamo, Itália. Passou a infância na cidade natal, crescendo numa família rural de origens humildes. Em 1892 entrou no seminário de Bérgamo, onde em 1895 começou a escrever as «notas espirituais» que depois fariam parte do Giornale dell anima. Em 1900 foi enviado a Roma, onde se formou em teologia e, em 1904, recebeu a ordenação sacerdotal. No ano seguinte foi chamado pelo bispo Radini Tedeschi a voltar para Bérgamo, tornando-se o seu secretário, permanecendo ao seu lado até 1914, assimilando a sua vivacidade pastoral e o seu espírito reformador.
Depois da experiência da guerra, tornou-se diretor espiritual no seminário maior. Em 1921 transferiu-se para Roma a fim de desempenhar o cargo de presidente do conselho central da Obra da propagação da fé.
A 3 de Março de 1925, Pio XI nomeou-o visitador apostólico na Bulgária. Recebeu a ordenação episcopal a 19 de Março sucessivo, escolhendo como lema Oboedientia et pax. No dia 17 de Novembro de 1934 tornou-se delegado apostólico na Turquia e Grécia, e no dia 23 administrador apostólico do vicariato de Constantinopla. Depois, a 23 de Dezembro de 1944, foi transferido para a França, onde foi núncio apostólico durante oito anos. Na conclusão do seu mandato, a 12 de Janeiro de 1953, Pio XII criou-o cardeal e três dias depois nomeou-o patriarca de Veneza.
Em 1958, após a morte do Papa Pacelli, participou no conclave que teve início a 25 de Outubro. Já com 77 anos, depois de onze escrutínios, foi eleito Papa na tarde do dia 28, com uma escolha que foi interpretada no sinal da «transição» no final do longo e difícil pontificado do Papa Pacelli. Três meses depois, no dia 25 de Janeiro de 1959, na basílica de São Paulo fora dos Muros, surpreendeu todos anunciando a intenção de convocar «um concílio ecumênico para a Igreja universal», manifestando também a vontade de proclamar um Sínodo diocesano para Roma e de atualizar o Codex iuris canonici. Foi uma decisão inesperada e clamorosa, que suscitou uma repercussão vastíssima na opinião pública e orientou de modo preeminente todo o seu pontificado. De fato, a partir desse dia dedicou-se com determinação à realização da assembleia, que depois de três anos de preparação, teve início a 11 de Outubro de 1962 na presença de mais de dois mil bispos e numerosos observadores de Igrejas não católicas reunidos em São Pedro. O mesmo Pontífice concluiu a primeira fase dos trabalhos conciliares a 8 de Dezembro sucessivo, indicando a perspectiva do «longo caminho» que ainda se devia percorrer e que teria sido concluído pelo seu sucessor, Paulo VI.
Se o concílio absorveu grande parte das suas energias, não podemos esquecer as outras linhas fundamentais de um pontificado que se mostrou profundamente radicado na dimensão pastoral e episcopal do serviço papal. Em cinco anos multiplicaram-se as visitas e os encontros com os fiéis de Roma, consolidou-se a internacionalização do colégio cardinalício e valorizou-se cada vez mais o papel dos episcopados locais. A propensão ao diálogo encontrou terreno fértil sobretudo nos âmbitos do ecumenismo e das relações com as outras religiões. Ao mesmo tempo, teve início a política de abertura destinada a melhorar as relações entre a Santa Sé e os países do bloco comunista, e aumentou a competência do Pontífice no cenário internacional, como demonstrou, entre outras, a ação pacificadora durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1962. O Papa Roncalli dedicou também à paz a sua oitava e última encíclica Pacem in terris, publicada em Abril de 1963. Precisamente naqueles meses as suas condições de saúde agravaram-se repentinamente devido ao aumento do tumor que lhe tinha sido diagnosticado no Outono precedente. Faleceu na noite de 3 de Junho de 1963. No dia 18 de Novembro de 1965, durante a última fase do concílio, o Papa Montini anunciou o início da causa de beatificação, juntamente com a do predecessor Pio XII. Foi proclamado beato por São João Paulo II a 3 de Setembro de 2000 e santo pelo Papa Francisco no dia 27 de abril de 2014
Publicado no L Osservatore Romano edição em português, n.18 de 03 de maio de 2014. Disponível em https://www.vatican.va/. Adaptado pela Equipe Pocket Terço.
São João XXIII, rogai por nós!