Santo Antão, abade, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano, plantado na casa do Senhor, nos átrios de nosso Deus. (Cf. MR: Sl 91, 13-14) Sl. Como é bom agradecermos ao Senhor, e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo! (Cf. LH: Sl 91, 2)
Coleta
Ó Deus, que chamastes ao deserto Santo Antão, pai dos monges, para vos servir por uma vida heroica, dai-nos, por suas preces, a graça de renunciar a nós mesmos e amar-vos acima de tudo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (1Sm 15, 16-23)
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias, 16Samuel disse a Saul: “Basta! Deixa-me dizer-te o que o Senhor me revelou esta noite”. Saul disse: “Fala!” 17Então Samuel começou: “Por menor que sejas aos teus próprios olhos, acaso não és o chefe das tribos de Israel? O Senhor ungiu-te rei sobre Israel 18e te enviou em expedição, com a ordem de eliminar os amalecitas, esses malfeitores, combatendo-os até que fossem exterminados. 19Por que não ouviste a voz do Senhor, e te precipitaste sobre os despojos e fizeste o que desagrada ao Senhor?”
20Saul respondeu a Samuel: “Mas eu obedeci ao Senhor! Realizei a expedição a que ele me enviou. Trouxe Agag, rei de Amalec, para cá, e exterminei os amalecitas. 21Quanto aos despojos, o povo reteve, das ovelhas e dos bois, o melhor do que devia ser eliminado, para sacrificar ao Senhor teu Deus em Guilgal”. 22Mas Samuel replicou: “O Senhor quer holocaustos e sacrifícios, ou quer a obediência à sua palavra? A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros. 23A rebelião é um verdadeiro pecado de magia, um crime de idolatria, uma obstinação. Assim, porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele te rejeitou: tu não és mais rei”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 49)
℟. A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
— Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. ℟.
— Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios! ℟.
— Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos. ℟.
— Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus. ℟.
℣. A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração. (Hb 4, 12) ℟.
Evangelho (Mc 2, 18-22)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” 19Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Desidérium ánimae eius tribuísti ei, Dómine, et voluntáte labiórum eius non fraudásti eum: posuísti in cápite eius corónam de lápide pretióso. (Ps. 20, 3. 4)
Vernáculo:
O que sonhou seu coração, lhe concedestes; não recusastes os pedidos de seus lábios. Com bênção generosa o preparastes; de ouro puro coroastes sua fronte. (Cf. LH: Sl 20, 3. 4)
Sobre as Oferendas
Aceitai, ó Deus, nossas humildes oferendas trazidas ao altar na festa de Santo Antão, para que, desapegados dos bens terrenos, vos tenhamos por única riqueza. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor encarregará dos servos da casa para lhes dar a alimentação na hora certa? (Cf. Bíblia CNBB: Lc 12, 42)
Depois da Comunhão
Ó Deus, que nos fortalecestes pelo vosso sacramento, concedei-nos vencer as tentações do inimigo, como destes a Santo Antão esplêndidas vitórias contra as forças do mal. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 17/01/2022
A iniciativa do amor de Deus
As práticas de vida cristã perdem sentido se nos esquecemos de que foi Deus quem nos amou primeiro e que as nossas ações devem ser uma resposta amorosa a essa caridade gratuita.
O modo de vida que Jesus levou nesta terra, com o qual se escandalizam hoje alguns fariseus, é o mais perfeito exemplo de como deve ser a nossa vida sob o jugo suave da Nova Lei: mais do que jejuns e penitências, que não devemos desprezar, o que realmente importa — aquilo sem o qual a própria mortificação perde sentido — é a caridade. Por meio de Cristo, com efeito, Deus cumpre o que prometera por boca do profeta Ezequiel: “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36, 26). A vida cristã, desse ponto de vista, não pode resumir-se a uma obediência externa a uma tantas “regrinhas” de comportamento; não é um tipo de “legalismo” que se satisfaz com a observação de certo número de preceitos. A justiça de nossas ações, a delicadeza e o respeito do nosso trato com Deus, tudo isso deve brotar de dentro, de um coração que ama, que se deixa envolver e transformar pela graça divina.
É por isso que o Senhor se apresenta primeiro como Esposo: “Enquanto o noivo está com eles”; é só o amor sincero e alegre deste Esposo o que justifica e dá verdadeiro sentido às nossas práticas penitenciais: “Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar”. Não podemos, pois, ser como os fariseus, que pretendiam, à força de sua mortificação pessoal, apresentar-se limpos aos olhos de Deus; nós, ao contrário, sabemos que Ele já nos ama, apesar da nossa impureza. Foi Ele quem deu o primeiro passo e, revelando-nos o amor que nos tem, veio estar conosco; agora, enquanto ainda não o vemos, precisamos converter a nossa penitência e todas as práticas de nossa vida religiosa em outros tantos de meios de responder com amor ao seu amor divino e preparar o nosso coração para o grande dia, o dia em que celebraremos com Ele no céu nossas bodas eternas.
Deus abençoe você!
A Igreja celebra hoje a memória do pai dos cenobitas, S. Antão Abade, retirado aos desertos com apenas 18 anos para ter uma vida de solidão e silêncio, mas nem por isso menos fecunda e ativa, pois cada membro do Corpo místico de Cristo contribui, ao seu modo, com suas orações e sacrifícios, para o bem e a santificação de todos os demais. Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para esta segunda-feira, dia 17 de janeiro, e conheça um pouco mais da vida e do exemplo deste mestre da ascese cristã.
Santo do dia 17/01/2022

Santo Antão (Memória)
Local: Tebaida, Egito
Data: 17 de Janeiro † 356
Santo Antônio, abade, na tradição portuguesa é chamado Santo Antão. Este nome parece vir de Portugal. Santo Antão, muito venerado no Brasil, sobretudo como Patrono dos animais domésticos, é cultuado no mundo inteiro.
Santo Antão nasceu no Egito por volta do ano 250 e morreu com mais de 100 anos, em 356. Jovem ainda, perdeu os pais. Deles herdou uma considerável quantidade de bens, ficando aos seus cuidados uma irmã. Pouco depois, ouvindo o Evangelho na Liturgia: Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuís e dá aos pobres (Mt 19, 21), considerando estas palavras dirigidas a ele, deu aos vizinhos sua melhor terra, vendeu o patrimônio que tinha, mantendo apenas o necessário para si e sua irmã. Mais uma vez, ele ouviu a passagem do Evangelho: Não vos preocupeis pelo dia de amanhã (Mt 6, 34), desfez-se de tudo o que possuía, confiou sua irmã a uma Casa de Virgens, retirou-se para um lugar solitário ou ao deserto, onde começou a levar vida de penitente, dedicando-se a trabalhos manuais, à oração e à leitura. Seu exemplo teve vasta ressonância e foi propagado em toda a Igreja por Santo Atanásio. É considerado o pai dos monges e de todas as formas de vida religiosa.
Antão teve muitos discípulos, fundou vários mosteiros, embora pessoalmente vivesse a maior parte do tempo em lugares solitários. Se ele é cognominado de "Abade" é porque foi considerado o pai, o iniciador do monaquismo na Igreja e não porque estivesse à frente de uma Comunidade monástica. Sensível aos problemas de seu tempo, colaborou para o bem comum com as autoridades eclesiásticas e civis.
A mensagem de Santo Antão: Procurou viver radicalmente o Evangelho, cumprindo o mandamento da pobreza e procurando realizar o mandamento do amor de Deus e do próximo. Ele serve a Deus por uma vida heroica, renunciando a si mesmo e amando a Deus acima de tudo. Sobressai a renúncia aos bens terrenos para possuir a única riqueza.
A Oração depois da Comunhão lembra que Antão, diante das muitas tentações pelas quais foi acometido, obteve esplêndidas vitórias. Trilhou, pois, o caminho da perfeição apontado por Cristo no Evangelho.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santo Antão, rogai por nós!