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15º Domingo do Tempo Comum

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Antífona de entrada

Contemplarei, justificado, a vossa face; e ficarei saciado quando se manifestar vossa glória. (Cf. Sl 16, 15)
Dum clamárem ad Dóminum, exaudívit vocem meam, ab his qui appropínquant mihi: et humiliávit eos, qui est ante saécula, et manet in aetérnum: iacta cogitátum tuum in Dómino, et ipse te enútriet. Ps. Exáudi Deus oratiónem meam, et ne despéxeris deprecatiónem meam: inténde mihi, et exáudi me. (Ps. 54, 17. 18. 19. 20. 23 et 2)

Vel ad libitum:


Ego autem cum iustítia apparébo in conspéctu tuo: satiábor, dum manifestábitur glória tua. Ps. Exáudi Dómine iustítiam meam: inténde deprecatiónem meam. (Ps. 16, 15 et 1)
Vernáculo:
Eu, porém, clamo a Deus em meu pranto, e o Senhor me haverá de salvar! Deus me ouve e haverá de humilhá-los, porque é Rei e Senhor desde sempre. Lança sobre o Senhor teus cuidados, porque ele há de ser teu sustento. Sl. Ó meu Deus, escutai minha prece, não fujais desta minha oração! (Cf. LH: Sl 54, 17. 18. 19. 20. 23 e 2)

Ou:


Contemplarei, justificado, a vossa face; e ficarei saciado quando se manifestar vossa glória. (Cf. MR: Sl 16, 15) Sl. Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! (Cf. LH: Sl 16, 1)

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Ó Deus, que mostrais a luz da vossa verdade aos que erram, para retornarem ao bom caminho, dai aos que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno deste nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Primeira Leitura — Dt 30, 10-14


Leitura do Livro do Deuteronômio


Moisés falou ao povo, dizendo: 10Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus mandamentos e preceitos, que estão escritos nesta lei. Converte-te para o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma.

11Na verdade, este mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu alcance. 12Não está no céu, para que possas dizer: ‘Quem subirá ao céu por nós para apanhá-lo? Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir?’

13Nem está do outro lado do mar, para que possas alegar: ‘Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo? Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir?’

14Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial — Sl 68(69), 14. 17. 30-31. 33-34. 36ab. 37 (R. cf. 33)


℟. Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: o vosso coração reviverá!


— Por isso elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! Senhor, ouvi-me pois suave é vossa graça, ponde os olhos sobre mim com grande amor! ℟.

— Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! Cantando eu louvarei o vosso nome e agradecido exultarei de alegria! ℟.

— Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, e não despreza o clamor de seus cativos. ℟.

— Sim, Deus virá e salvará Jerusalém, reconstruindo as cidades de Judá. A descendência de seus servos há de herdá-las, e os que amam o santo nome do Senhor dentro delas fixarão sua morada! ℟.



Ou:


Salmo Responsorial — Sl 18B(19), 8. 9. 10. 11 (R. 9a)


℟. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração.


— A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. ℟.

— Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. ℟.

— É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente. ℟.

— Mais desejáveis do que o ouro são eles, do que o ouro refinado. Suas palavras são mais doces que o mel, que o mel que sai dos favos. ℟.


Segunda Leitura — Cl 1, 15-20


Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses


Cristo é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, 16pois, por causa dele, foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua consistência.

18Ele é a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja. Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, 19porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude 20e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida; as palavras que dizeis bem que são de eterna vida! (cf. Jo 6, 63c. 68c) ℟.

Evangelho — Lc 10, 25-37


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Lucas 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”

26Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!”

28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”.

29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora, deixando-o quase morto.

31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.

33Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’”.

E Jesus perguntou:  36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Creio

Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.

Antífona do Ofertório

Ad te Dómine levávi ánimam meam: Deus meus, in te confído, non erubéscam: neque irrídeant me inimíci mei: étenim univérsi qui te expéctant, non confundéntur. (Ps. 24, 1-3)


Vernáculo:
Avós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera. (Cf. MR: Sl 24, 1-3)
Sugestão de melodia 

Sobre as Oferendas

Olhai, Senhor, os dons da Igreja em oração e concedei que os fiéis que os recebem possam crescer em santidade. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Opássaro encontra abrigo e a andorinha um ninho para pôr os seus filhotes: os vossos altares, Senhor do universo, meu rei e meu Deus! Felizes os que habitam em vossa casa: sem cessar vos louvarão. (Cf. Sl 83, 4-5)

Ou:


Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele, diz o Senhor. (Cf. Jo 6, 56)
Passer invénit sibi domum, et turtur nidum, ubi repónat pullos suos: altária tua Dómine virtútum, Rex meus, et Deus meus: beáti qui hábitant in domo tua, in saéculum saéculi laudábunt te. (Ps. 83, 4. 5; ℣. Ps. 83, 2-3a. 3b. 9. 10. 11. 12. 13)

Ad libitum:


Qui mandúcat carnem meam, et bibit sánguinem meum, in me manet, et ego in eo, dicit Dóminus. (Io. 6, 57; ℣. Ps. 118, 1. 2. 11. 49. 50. 72. 103. 105. 162 vel Ps. 22, 1-2a. 2b-3a. 3b. 4ab. 4cd. 5ab. 5cd. 6ab)
Vernáculo:
Opássaro encontra abrigo e a andorinha um ninho para pôr os seus filhotes: os vossos altares, Senhor do universo, meu rei e meu Deus! Felizes os que habitam em vossa casa: sem cessar vos louvarão. (Cf. MR: Sl 83, 4-5)

Ou:


Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele, diz o Senhor. (Cf. MR: Jo 6, 56)

Depois da Comunhão

Alimentados pelos vossos dons, nós vos pedimos, Senhor, que cresçam em nós os frutos da nossa salvação cada vez que celebramos este mistério. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 13/07/2025


Qual o maior bem que podemos fazer a alguém?


“Um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas”.

No Evangelho deste domingo, um doutor da Lei aproxima-se de Jesus para interrogá-lo sobre as práticas que devem levar o homem ao Céu: “Mestre”, pergunta-lhe, “que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”

Trata-se de uma questão aparentemente capciosa. Sem dúvida, esse homem era alguém letrado, culto, um estudioso tenaz da Palavra de Deus e, portanto, devia conhecer todos os Mandamentos. A propósito, ele era um “doutor da Lei”. Sendo assim, não sabemos se nele havia má intenção, mas, ao que parece, o seu objetivo era mesmo testar a credibilidade de Jesus. Por isso, Nosso Senhor não lhe dá imediatamente uma resposta; em vez disso, apela para o conhecimento daquele homem, fazendo-o confessar a interpretação do texto sagrado. O Senhor, então, lhe pergunta: “O que está escrito na Lei? Como lês?”

Evidentemente, o doutor fica embaraçado com a situação. Afinal, torna-se claro que ele sabia a resposta, sabia que para entrar no Reino dos Céus é preciso, antes de tudo, “amar a Deus de todo o coração” e “amar o próximo como a si mesmo”. Para justificar-se, ele propõe, então, outra dúvida, e essa sim verdadeira: “E quem é o meu próximo?”

Dessa vez, a pergunta é muito pertinente porque um judeu tradicional, na visão daquele tempo, só podia ser solidário com outro judeu. Samaritanos, pagãos ou gentios deviam ser excluídos. Jesus, então, vendo a sinceridade do “doutor da Lei”, aproveita a ocasião para lhe ensinar uma grande lição. Ele conta-lhe a famosa parábola do bom samaritano, invertendo, assim, os papéis, de modo que o judeu aparece na história como alguém necessitado da compaixão do seu próprio inimigo. E o “doutor da Lei” tem de se ver numa posição humilde para entender quem é o seu próximo.

Vemos aqui como Jesus é um pedagogo formidável, que sabe cativar os corações. De fato, se Ele houvesse simplesmente mandado o doutor da Lei amar os próprios inimigos, esse homem certamente ficaria escandalizado e não aceitaria tal coisa. Contudo, a parábola do bom samaritano ensina que o judeu precisa ser amado, e ser amado por quem ele menos espera. O ensinamento de Jesus é aquele mesmo transmitido por São Paulo na Carta aos Romanos: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça” (12, 20).

Por trás dessa parábola, Jesus está ainda ensinando algo mais profundo que a fraternidade entre os homens. Na história do bom samaritano, vemos, na verdade, a história da salvação, do Deus que enviou o seu filho para nos salvar, quando ainda éramos seus inimigos. O que o samaritano fez com o judeu é exatamente o que Deus fez conosco: aproximou-se de nós, fez curativos, ou seja, deu-nos os sacramentos, colocou-nos sobre os ombros e levou-nos para a sua casa, a Santa Igreja.

2. A conversa de Jesus com o doutor da Lei está toda voltada para a prática do amor, mais especificamente: o amor a Deus e ao próximo. E a questão fundamental diz respeito a que tipo de amor devemos nutrir pelo nosso próximo, a saber: quais são os preceitos e obrigações? Mais ainda: existe algum tipo de amor ao próximo pecaminoso?

Em primeiro lugar, devemos saber que o amor a alguém pode ser por causas naturais. Amamos aquela pessoa porque ela é gentil, animada, nobre etc. E desde que esse amor não nos leve a pecados, como, p. ex., a luxúria e a inveja, ele, em si mesmo, não possui nada de pecaminoso, embora não seja ainda nenhuma virtude. Trata-se de um amor por causas tão-somente materiais e sensíveis.

O mandamento de Deus, contudo, exige um amor sobrenatural, que excede, portanto, as razões de conveniência. Ele quer que amemos todas as pessoas, inclusive os inimigos, com verdadeiro amor de caridade, mas “não enquanto inimigos”, explica o padre Royo Marín, “e sim enquanto homens capazes da eterna bem-aventurança” [1].

Isso significa que devemos amar os santos e os anjos do Céu, e as almas do Purgatório e todos os homens desta terra. E quando dizemos todos, estamos nos referindo até aos mais pecadores e irreverentes, pois enquanto estiverem vivos, eles ainda podem se converter. Apenas as almas já condenadas não precisam nem devem ter o nosso amor, uma vez que o coração delas é pura blasfêmia, e amá-las seria odiar a Deus.

Tal gênero de amor (caritas) exige, por sua vez, muito mais atitudes internas do que externas. Em razão disso, a Igreja fez questão de condenar algumas proposições laxistas que negavam a obrigação de amarmos ao próximo com atos internos e formais (cf. Santo Ofício, 2 de março de 1679). Afinal de contas, “o cristianismo não se reduz a uma série de atos e cerimônias externas”, recorda o padre Royo Marín, “porque todos esses ritos devem ser praticados, antes de tudo, em ‘espírito e verdade’ (Jo 4, 23)” [2].

Ademais, o amor de caridade não está amarrado às paixões humanas, não é uma questão de sentimento. O que vale é a lógica do “bem maior”. Desejar, por exemplo, que um grande bandido seja condenado não é, com efeito, pecaminoso, desde que esse desejo esteja radicado num bem maior, ou seja, que o bandido se arrependa e se salve. O segredo está na ordem das coisas, de modo que podemos desejar um “mal” temporal a uma pessoa, em vista de um bem maior, que é a salvação eterna. Porque é verdade que muitas pessoas só se convertem por meio de alguma humilhação ou tragédia.

Mais ainda: buscando o bem comum, podemos até desejar a morte de quem dissemina o caos e induz o povo à perdição do pecado, porquanto faz parte do mandamento do amor querer que a pessoa má mude, deixe de atormentar este mundo e se salve. Se esse desejo está fundado na razão de que, com aquele mal temporal, a pessoa deixará o pecado e será salva, a morte, nesse caso, é-lhe um “bem”.

3. A razão mais contundente do dever da caridade para com o próximo é o fato de que Jesus derramou o seu sangue para a salvação de todos os homens. A salvação das almas é, por isso mesmo, o maior bem, a verdadeira fortuna, a razão sobrenatural que nos obriga a imitar os atos internos e externos de Cristo.

Infelizmente, muitíssimos não se dão conta de uma coisa básica: os bens materiais não podem ser compartilhados igualmente por todos. Quem doa cem reais a um mendigo, por exemplo, já não possui mais aquela mesma quantia de dinheiro. O bem espiritual, por outro lado, enriquece tanto a pessoa que o comunica, como quem o recebe — bonum est diffusivum sui esse, ou seja, “o bem é, por si mesmo, difusivo”, diz Santo Tomás de Aquino (STh I 5, 4 c.). Por isso o bem espiritual é infinitamente superior aos bens materiais, motivo pelo que, na ordem das coisas, a graça de Deus é a primeira que devemos desejar aos nossos irmãos.

Se uma pessoa se recusa a buscar o bem espiritual para, em vez disso, satisfazer-se com os bens inferiores (dinheiro, fama, sucesso, sexo etc.), ela está na iminência de uma condenação eterna. Essa pessoa é, destarte, a sua pior inimiga. O nosso papel de cristãos é, pois, assumir as vezes do bom samaritano, acolhendo esses pobres pecadores, curando as suas feridas e, finalmente, levando-os para a casa do Bom Deus, onde há muitas moradas. Desse modo, poderemos juntos contemplar a face amorosa daquele que nos amou quando ainda éramos seus inimigos.

Oração. — Senhor Jesus, cujo amor infinito alcançou a miséria do meu coração, fazei-me enxergar as verdadeiras necessidades dos meus irmãos, e dai-me a mesma disposição do Bom Samaritano para exercer a caridade, sobretudo quando a minha vontade vacilar diante do apelo de um inimigo.

Propósito. — Pedir a Deus insistentemente na Missa deste domingo a graça do perdão a todos os nossos inimigos.

Santo do dia 13/07/2025

Santo Henrique (Memória Facultativa)
Local: Gotinga, Alemanha
Data: 13 de Julho † 1024


Henrique, II do nome, como rei, I como imperador, era neto de Henrique, irmão de Oton I e por isso, descendia de Carlos Magno e do famoso Saxão Witikindo. Era o parente mais próximo de Oton III, que tinha morrido sem filhos. Chamaram-no Henrique II por consideração a Henrique, o Passarinheiro, chamaram-no também Côxo, mas é mais conhecido pelo título de santo, que recebeu depois da morte.

A dignidade real tinha-lhe sido predita por São Wolfgango, Bispo de Ratisbona. O duque Henrique, pai deste, levara-lhe os filhos para lhe receberem a bênção e o santo Bispo chamou a Henrique de rei, a Bruno, seu irmão de Bispo; a Gisela, sua irmã mais velha de rainha; e chamou de abadessa à caçula, que tinha batizado. A predição realizou-se ao pé da letra. Bruno foi bispo de Augsburgo e Gisela, rainha da Hungria. Depois da morte de São Wolfgango, seu mestre, o jovem Henrique veio rezar em seu túmulo; o santo apareceu-lhe em sonho e disse: Olha atentamente o que está escrito no muro. Henrique leu apenas estas palavras: "Depois de seis." Depois de ter acordado, julgou que se dizia que morreria, depois de seis dias e deu muitas esmolas aos pobres. No fim de seis dias, vendo que gozava de saúde, julgou que eram seis meses; e no fim de seis meses, julgou dever morrer depois de seis anos, mas no sétimo ano foi eleito rei e conheceu então o verdadeiro sentido da predição.

Foi coroado em Mogúncia, pelo arcebispo Vilegiso, a 7 de junho do ano 1002 e deram-lhe a santa lança como sinal de seu poder. A 10 de agosto, dia de São Lourenço, Cunegundes, esposa do rei Henrique, foi coroada rainha em Paderborn, pelo mesmo arcebispo de Mogúncia: ela também foi posta no número das santas. O rei Henrique viveu com ela em perfeita continência, como se fosse sua irmā; e Deus permitiu que, para tornar público esse exemplo de tão rara virtude, Cunegundes fosse exposta a uma rude provação. Sua reputação foi atacada e Henrique mesmo desconfiou de sua fidelidade. Ela ofereceu-se para justificar-se pelo ferro em brasa, segundo as leis do país e caminhou em pás de arado, avermelhadas ao fogo, sem sentir mal algum.

As virtudes de um santo, unia Henrique as qualidades de um herói. Teve que sustentar várias guerras: a primeira em 1002, contra um de seus competidores, Hermano, duque da Suábia. Hermano atacou e saqueou a cidade e a igreja de Estrasburgo, que estava do lado de Henrique: se dava a Henrique o conselho de fazer o mesmo com a cidade e a igreja de Constança, que estava do lado de Hermano. O novo rei respondeu com doçura: "Não praza a Deus que, para castigar o arrebatamento de Hermano eu me oponha àquele que me deu a coroa real. Saqueando Constança, por Estrasburgo, eu não diminuiria minha perda, mas a duplicaria. Além disso, é mau adquirir um reino e arriscar nisso a alma. Deus me coroou não para violar as igrejas, mas para castigar os que as violam." Antes do fim do ano, o duque Hermano veio apresentar-se a ele descalço e pediu-lhe perdão de joelhos, o que obteve, cedendo à igreja de Estrasburgo uma abadia em compensação.

Santo Henrique restaurou o bispado de Merseburgo e fundou um novo em Bamberga, que submeteu imediatamente à Igreja romana. Em 1014, foi coroado imperador pelo Papa Bento VIII com essas cerimônias.

A 22 de fevereiro, festa da Cátedra de São Pedro, o rei Henrique fez sua entrada em Roma, acompanhado pela rainha Santa Cunegundes, sua esposa, rodeado de doze senadores, seis dos quais tinham a barba raspada e seis a barba comprida, com bastões na mão. Assim, chegou à igreja de São Pedro, onde o Papa Bento o esperava. Mas, antes de lá ser introduzido, o Papa perguntou-lhe se queria ser o fiel patrono e defensor da igreja romana e conservar a ele e a seus sucessores, a fidelidade em todas as coisas. O rei respondeu devotamente que o queria. E o Papa o consagrou e coroou imperador, com a rainha sua esposa e mandou suspender diante do altar de São Pedro, a coroa que Henrique usava antes. No mesmo dia, o Papa deu um grande banquete ao imperador e à imperatriz no palácio de Latrão. Assim o narra o Bispo Dittmar.

O monge Glaber, que escrevia no mesmo tempo, acrescenta uma circunstância: que o Papa tinha mandado fazer uma bola de ouro, adornada de dois círculos de pedras preciosas, com uma cruz de ouro, fincada em cima. A bola representava o mundo, a cruz a religião de que o imperador devia ser o protetor, as pedras, as virtudes de que ele se deveria adornar. O Papa deu essa bola na presença de todos ao imperador Henrique, que a recebeu com prazer e disse ao Papa: Quereis, Santo Padre, dizer-me, com isso, como devo governar. Depois, olhando para a bola, acrescentou: esse presente não pode ser mais conveniente à minha pessoa do que aqueles que calcaram aos pés as pompas do mundo para seguir livremente a cruz; e mandou ao mosteiro de Cluny, julgado então o mais regular de todos, e ao qual já tinha feito ricos presentes. Glaber, diz no mesmo lugar, por ocasião da coroação de Santo Henrique: "Parece-nos um decreto muito conveniente e excelente para manter a paz, isto é: que nenhum príncipe empreenda ousadamente usar o cetro do império romano: ninguém se possa chamar imperador, nem sê-lo, a não ser aquele que o Papa da Sé romana tiver escolhido por seu mérito, como próprio para a república, e ao qual ele tiver dado as insígnias do império."

Estas palavras e estes fatos mostram-nos, cada vez mais, o que os imperadores do Ocidente eram para os Papas. Esses imperadores eram os defensores titulares da Igreja romana, contra os infiéis, os hereges, os cismáticos e os sediciosos. Defender a Igreja romana eis o que prometiam à sua sagração. Assim sendo, era muito natural, como nota Glaber, que o chefe da igreja romana, o Papa, escolhesse o príncipe cristão, que ela devia ter para protetor.

Quando o Imperador Henrique estava em Roma, perguntou aos padres porque, depois do Evangelho, não cantavam o Símbolo, como se fazia nas outras Igrejas. Responderam que a Igreja romana, não tendo sido jamais contaminada por nenhuma heresia, não tinha necessidade de declarar a fé pelo Símbolo. Todavia, o imperador persuadiu ao Papa Bento que o fizesse cantar na missa solene.

O imperador Henrique, voltando à Alemanha, passou por Cluny, para visitar o abade Santo Odilon, pelo qual tinha tal afeto, que o visitava frequentemente e o levava às vezes à corte. Nessa visita, deu ao mosteiro a coroa, o cetro, o pomo, o hábito imperial e um crucifixo, tudo de ouro, pesando cem libras. Depois de ter conseguido associar-se a essa santa comunidade, recomendou-se às suas orações e deu-lhe muitas terras na Alsácia. São Meinwere, Bispo de Paderborn, que acompanhava o imperador, aproveitou a ocasião para pedir a Santo Odilon alguns monges, a fim de fundar um mosteiro perto da cidade. Levou também o peso do pão, a medida do vinho, o livro da regra, o dos hinos e um antifonário: e, quando veio de volta, fundou, perto de Paderborn, uma capela, em honra de São Bento que se tornou depois famoso mosteiro. Introduziu igualmente a reforma, mas sem dificuldade, no mosteiro de Corbie, em Saxe, onde a vida dos monges era excessivamente relaxada.

No meio das grandezas, riquezas, guerras, vitórias, boas obras e enfermidades, pois várias lhe experimentaram a paciência, o imperador santo Henrique aspirava a uma coisa ainda melhor: deixar todas as riquezas, todas as grandezas, para abraçar a humildade do claustro. Ele amava particularmente o bem aventurado Ricardo, abade de São Vito ou Vannes, de Verdun: havia-lhe feito, mais de uma vez, valiosos donativos em ouro, prata e adornos. Um dia, veio ver as novas construções dos lugares regulares, que o santo abade tinha restaurado; e entrando no claustro assistido de um lado pelo Bispo Haimon e do outro pelo abade Ricardo, disse estas palavras do Salmo: "Aqui é o meu descanso para sempre, aqui a habitação que escolhi!" O Bispo notou as palavras do imperador e disse ao abade, em particular: "Se retiverdes este príncipe e o fizerdes monge, como ele deseja, perdereis todo o império!" O abade refletiu seriamente e achou um expediente para contentar o imperador, sem prejudicar o Estado.

Ele o fez vir ao meio da comunidade e o interrogou sobre suas intenções. O imperador respondeu com lágrimas que tinha determinado deixar o hábito do século e servir a Deus, naquele mesmo lugar, com os monges. "Quereis, perguntou o abade - segundo a regra e segundo o exemplo de Jesus Cristo - ser obediente até à morte?" O imperador respondeu que queria de todo o coração. "E eu - retorquiu o abade - vos recebo por monge e, desde agora, me encarrego do cuidado de vossa alma. Por isso quero que façais, com o temor de Deus, tudo o que eu vos ordenar." O imperador prometeu-o e Ricardo continuou: "Quero, portanto, e vo-lo ordeno, que volteis a governar o império, que Deus vos confiou e que, por vossa firmeza em administrar a justiça, procureis segundo o vosso poder, a salvação de todo o estado. O imperador obedeceu, mesmo contra vontade e retomou o governo do império; mas ele visitava frequentemente o abade Ricardo e regulava por seu conselho, os negócios mais importantes do estado.

No mês de agosto do ano de 1023, Santo Henrique, então imperador havia dezenove anos, teve uma segunda e última entrevista com o amigo, o rei Roberto, que tinha convidado para isso, por Gerardo, Bispo de Cambrai e Ricardo, abade de Verdun. A entrevista realizou-se em Ivoy sobre o Cher, nos limites da Champanha e do Luxemburgo. No dia de São Lourenço, o imperador, avisado de que Roberto vinha vê-lo, foi à sua presença, em Mousson. Nessa entrevista solene, que durou vários dias, tornaram a amizade ainda mais íntima, estabeleceram solidamente a paz e a justiça; aí trataram do estado da Igreja, do reino e do império; procuraram sobretudo os meios de garantir a paz da Igreja e de melhor atender à cristandade, exposta a tantos perigos; concordaram em se encontrar em Pavia, com o senhor apostólico, para fazê-lo apreciar seus projetos.

O santo imperador Henrique não teve tempo de os realizar sobre a terra. Atacado por várias enfermidades, celebrou, já enfermo, a festa do Natal, em 1023 em Bamberg: depois mais doente ainda, a festa de Páscoa, em 1024, em Magdeburgo; depois rodeado de todos os grandes do império, morreu santamente na pequena cidade de Grone, na idade de cinquenta e um anos, a 13 de julho de 1024, dia em que a Igreja lhe honra a memória. Sentindo-se prestes a morrer chamou os parentes da imperatriz, sua santa esposa e lhes disse: "Eu vo-la entrego virgem, como ma destes!"

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XIII. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 11 jul. 2021.

Santo Henrique, rogai por nós!


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