Santos Inocentes, Mártires, Festa
Antífona de entrada
Vernáculo:
O perfeito louvor vos é dado pelos lábios dos mais pequeninos, de crianças que a mãe amamenta. Sl. Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo! (Cf. LH: Sl 8, 3 e 2)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Ó Deus, hoje os mártires Inocentes proclamaram o vosso louvor, não por palavras, mas pela morte; concedei que também nossa vida testemunhe a fé que nossos lábios professam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 1Jo 1, 5–2, 2
Leitura da Primeira Carta de São João
5Caríssimos, a mensagem, que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos, é esta: Deus é luz e nele não há trevas. 6Se dissermos que estamos em comunhão com ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. 7Mas, se andamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado.
8Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós. 9Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. 10Se dissermos que nunca pecamos, fazemos dele um mentiroso e sua palavra não está dentro de nós. 2, 1Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. 2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 123(124), 2-3. 4-5. 7b-8 (R. 7a)
℟. Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador.
— Se o Senhor não estivesse ao nosso lado, quando os homens investiram contra nós, com certeza nos teriam devorado no furor de sua ira contra nós. ℟.
— Então as águas nos teriam submergido, a correnteza nos teria arrastado, e então, por sobre nós teriam passado essas águas sempre mais impetuosas. ℟.
— O laço arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra. ℟.
℣. A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos, vos louva o exército dos vossos Santos Mártires! ℟.
Evangelho — Mt 2, 13-18
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”. 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18“Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Anima nostra, sicut passer, erépta est de láqueo venántium: láqueus contrítus est, et nos liberáti sumus. (Ps. 123, 7)
Vernáculo:
Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador; o laço arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. (Cf. LH: Sl 123, 7)
Sobre as Oferendas
Aceitai, Senhor, nós vos pedimos, os dons da devoção dos vossos fiéis, e purificai os que, com piedade, servem aos vossos mistérios, pelos quais são salvos também os que não vos conhecem. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Uma voz foi ouvida em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem. (Cf. Bíblia CNBB: Mt 2, 18)
Depois da Comunhão
Concedei, Senhor, a plenitude da salvação aos fiéis que se alimentaram dos vossos mistérios na festa dos que, ainda sem falar, professaram a fé e foram glorificados pela graça do nascimento do vosso Filho. Que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Homilia do dia 28/12/2024
Unidos ao Sangue do Cordeiro
Por um milagre da graça, Deus quis associar os Santos Inocentes ao mistério do Sangue redentor de seu Filho, dando-lhes o poder de ser testemunhas, em tão tenra idade, daquele por cujo sacrifício fomos salvos.
Celebramos a Festa dos Santos Inocentes na Oitava de Natal. É um grande mistério celebrar essa festa, porque são crianças que não podiam professar a fé. Mesmo assim, no derramamento de sangue dessas crianças, a Igreja desde sempre reconheceu um prodígio da liberdade divina. Deus salva como quer, e assim, através desses Santos Inocentes, desse primeiro sangue derramado por Cristo, nós vemos o prodígio de que Deus, de fato, tem os seus eleitos.
A única forma que nós temos hoje de ser salvos é o Sangue de Cristo. E, de fato, esse único caminho de salvação foi o caminho dos Santos Inocentes, que tiveram a oportunidade de ser lavados pelo Sangue de Cristo ao derramarem o seu sangue. Ou seja: a Igreja professa que o sangue derramado daquelas criancinhas, de alguma forma, as colocou dentro do mistério do Sangue do Cristo, pois Jesus, assim como eles nessa época, era uma criança, que nasceu para morrer, nasceu para dar a vida para nos salvar.
É interessante, nestes dias de Oitava de Natal, nós prestarmos muita atenção na Primeira Leitura. Ontem, nós iniciamos a leitura da Primeira Carta de São João, vimos aquele mistério da Palavra de Deus, do Verbo que se fez carne, ou seja, a Palavra da vida que veio nos visitar. E São João diz que ele a “ouviu, viu e tocou com as suas mãos”. Hoje, a Primeira Leitura continua falando que essa Palavra é luz, que nela não há trevas, e que quem anda no pecado está nas trevas. Pois bem, o único jeito de nós sairmos dessas trevas do pecado consiste exatamente em sermos lavados pelo Sangue de Cristo Senhor. Esse é o sangue que nos salva e nos redime. Então, Nosso Senhor, ao nascer, é Deus que se faz homem para poder se oferecer em sacrifício para nos salvar.
Deus é amor infinito. Existe uma coisa que Deus, na sua natureza, não pode fazer: Deus não pode se sacrificar, Deus não pode se oferecer em sacrifício; mas Deus quis fazer isso por nós. Por isso, Ele assume a nossa humanidade e nasce em Belém, exatamente para, em Belém, a partir de Belém, poder conosco padecer.
O simples choro de Jesus no nascimento em Belém teria sido suficiente para salvar a humanidade. Qualquer pequeno sofrimento humano do Verbo encarnado, de Cristo Senhor, seria suficiente para salvar a humanidade. Uma gota de sangue que Jesus derramasse seria suficiente para salvar a humanidade, e no entanto Ele não quis somente isso. Ele quis amar-nos, e amar-nos até o fim: “Tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo 13, 1), ou seja, até o extremo, até a entrega total. Portanto Jesus nasce para se entregar, para ser este Sangue derramado que nos liberta, para ser luz para nós que, com nossos pecados, andamos nas trevas.
Então, que essa luz de Natal brilhe em nossas vidas, e nós, com firme decisão, saiamos do caminho das trevas e estejamos dispostos a corresponder ao amor de Cristo, derramando nosso sangue como os Santos Inocentes souberam derramar o seu sangue, milagrosamente, já que Deus lhes concedeu uma graça que não concedeu a todos, ou seja, que em tão tenra idade já pudessem, sem sequer ter consciência, unir-se milagrosamente ao Sangue do Cordeiro que nos salvou.
Deus abençoe você!
Santo do dia 28/12/2024
Santos Inocentes (Festa)
Data: 28 de
Não é fácil abordar o sentido e o mistério da festa dos Santos Inocentes, chamada também de festa dos Santos Infantes. O que importa é encontrar o sentido ou a mensagem dos eventos narrados por Mateus. O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual haviam se realizado as antigas profecias. Os primeiros capítulos do Evangelho segundo Mateus sublinham um de seus temas principais: apresentar Cristo como o novo Moisés, que tem o direito de discutir a lei e dispensar dela os seus discípulos. Por isso, Mateus escolhe as tradições da infância de Jesus que estabelecem um paralelo entre ele e Moisés. O nascimento de ambos coincide com um morticínio de meninos hebreus (cf. Ex 1, 8-2, 10; Mt 2, 13-18), ambos vão ao Egito (Ex 3, 10; Mt 2, 13-14), ambos realizam a palavra: "do Egito chamei meu filho" (Mt 2, 15; Os 11, 1; Ex 12, 37-42). A narração de Mateus não põe a tônica no morticínio em si, porém antes, na vocação do novo Moisés, já delineada pelos acontecimentos de sua infância.
A festa dos Santos Inocentes é celebrada em todas as Igrejas nos dias posteriores ao Natal. É atestada no Ocidente pela primeira vez por São Pedro Crisólogo, na primeira metade do século V. No Ano litúrgico, que se desenvolve segundo a narração cronológica dos fatos evangélicos, o relato do "morticínio dos inocentes" (Mt 2, 13-18) encontrou sua posição lógica ao lado do mistério do Natal. A festa e o Culto dos Santos Inocentes, que "confessaram a Cristo não com a palavra, mas com a morte", lembram-nos que o martírio, antes de ser uma homenagem do homem a seu Deus, é uma graça, um dom gratuito do Senhor. Louvar a Deus pelo sangue de crianças inocentes deixa de parecer um absurdo para quem sabe contemplar na fé o Cordeiro, Jesus Cristo, vencedor de todo o mal. Os meninos de Belém deram a vida não somente por Cristo, mas em lugar de Cristo.
A mensagem da festa de hoje nos leva a compreender que a vida humana pertence a Deus. Leva-nos a apreciar a dignidade das crianças na Igreja e na sociedade.
A Oração coleta traduz bem a mensagem desta festa: Ó Deus, hoje os Santos Inocentes proclamaram vossa glória não por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com a nossa vida o que os nossos lábios professam.
A Oração depois da Comunhão coloca os Santos Inocentes no mistério do Santo Natal: Que Deus conceda sua salvação aos que se alimentam à sua mesa, neste dia em que a Igreja celebra os mártires Inocentes que, não chegando a balbuciar o nome do vosso Filho, foram glorificados pela graça do seu nascimento. Morreram em lugar de Jesus Cristo, por isso são testemunhas de Cristo.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santos Inocentes, rogai por nós!