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Segunda-feira da sexta semana da Páscoa Meditações para a Páscoa - Meditações
Quem deseja a salvação, deve temer a condenação
Cum metu et tremore vestram salutem operamiui – “Trabalhai em vossa salvação com medo e tremor” (Fl 2, 12)
Sumário. Avisa-nos São Paulo que devemos trabalhar em nossa salvação não só com medo, mas com tremor, visto que se trata da eternidade. Se na hora da morte estivermos na graça de Deus, tudo estará seguro: seremos felizes para sempre. Se, ao contrário, a morte nos achar em pecado mortal, com que desespero confessaremos: Desviei-me do caminho e já não há remédio em toda a eternidade! Meu irmão, aproveitemo-nos do aviso. Quem sabe se esta meditação não é para mim o último convite… Quem sabe se não morreremos repentinamente!
I. São Paulo nos previne que devemos trabalhar em nossa salvação não só com medo, mas com tremor; porquanto quem não teme e treme pela sua salvação, não se salvará: Cum metu et tremore vestram salutem operamini. Um rei da Sicília, para fazer compreender a um simples cidadão o receio que o dominava no trono, o mandou sentar à mesa com uma espada suspensa por um fio delgado sobre a cabeça, de modo que, nesta terrível situação, mal podia comer um bocado. Coisa igual se dá conosco: todos nós estamos em semelhante perigo, pois que, de um instante para outro, pode cair sobre nós a espada da morte, da qual depende a nossa eterna salvação.
Trata-se da eternidade. Si ceciderit lignum ad austrum aut ad aquilonem, in quocumpque loco ceciderit, ibi erit (1) – “Se a árvore cair para a parte do sul ou para a do norte, em qualquer lugar onde cair, aí ficará”. Se na morte nos acharmos na graça de Deus, qual não será a alegria da alma, que então poderá dizer: “Tudo está seguro, já não posso mais perder a Deus, serei feliz para sempre!” Mas se a morte achar a alma em estado de pecado, com que desespero não exclamará: “Ergo erravimus! (2) Desviei-me do caminho e para a minha aberração já não há remédio em toda a eternidade!”
Foi este receio que fez o Bem-aventurado João de Ávila, apóstolo de Espanha, dizer quando lhe anunciaram a aproximação da morte: “Oxalá tivesse mais um pouco de tempo para me preparar para a morte!” Foi o mesmo temor que fez o Abade Agathon dizer, posto que morresse depois de longos anos de penitência:
“Que será feito de mim? Quem conhece os juízos de Deus?” Santo Arsênio tremia igualmente à vista da morte, e perguntando-lhe seus discípulos a causa, respondeu: “Meus filhos, este temor não é novo em mim, tive-o sem cessar durante toda a minha vida.”
Mais que ninguém tremia o santo homem Jó, quando exclamava:
Quid faciam, cum surrexerit ad iudicandum Deus? (3) – “Que farei, quando o Senhor se levantar para me julgar? E Quando me interrogar, que lhe responderei?”
E tu, meu irmão, que poderias responder a Jesus Cristo se ele te deixasse morrer neste instante e te chamasse perante o seu tribunal?
II. Meu irmão, quem sabe se a meditação que estás lendo, não é o último convite que Deus te faz? Preparemo-nos, portanto, quanto antes para a morte, a fim de que não nos colha de improviso. Diz Santo Agostinho que Deus nos oculta o último dia da vida para que estejamos todos os dias preparados para morrer: Latet ultimus dies, ut observentur omnes dies.
Ah, meu Deus, quem houve jamais que me tenha amado mais do que Vós? E a quem tenho eu mais desprezado e injuriado do que a Vós? Ó Sangue, ó Chagas de Jesus, Vós sois a minha esperança. Pai Eterno, não repareis nos meus pecados; olhai as chagas de Jesus Cristo, olhai vosso Filho querido, que morre de dor por amor de mim, e Vos pede que me perdoeis. Arrependo-me, ó meu Criador, de Vos ter ofendido, e sinto-o mais que qualquer outro mal. Vós me criastes para que Vos ame, e vivi como se me tivésseis criado para Vos ofender. Por amor de Jesus Cristo, perdoai-me e dai-me a graça de Vos amar. Outrora eu resistia à vossa vontade; mas agora não quero mais resistir; quero fazer tudo que me ordenardes.
Ordenais-me, ó Senhor, que deteste os ultrajes que Vos fiz; pois bem, detesto-os de todo o coração. Ordenais que tome a resolução de não Vos ofender mais; eis que resolvo antes perder mil vezes a vida do que a vossa graça. Ordenais que Vos ame de todo o coração; ah sim! De todo o coração Vos amo, e não quero amar senão a Vós; de hoje em diante sereis o meu único bem, o meu único amor. Peço-Vos, e de Vós espero obter, a santa perseverança. – Meu Pai, pelo amor de Jesus Cristo, fazei com que eu Vos seja fiel e Vos diga sempre com São Boaventura: Sois o meu bem-amado, o meu único amor: Unus est dilectus meus, unus amor meus. Não, não quero que a minha vida sirva para Vos dar desgosto; quero que me sirva somente para chorar as mágoas que Vos causei, e para Vos amar. – Maria, minha Mãe, vós rogais por todos os que se vos recomendam; rogai também por mim a Jesus.
Referências:
(1) Ecle 11, 3
(2) Sb 5, 6
(3) Jó 31, 14
Cum metu et tremore vestram salutem operamiui – “Trabalhai em vossa salvação com medo e tremor” (Fl 2, 12)
Sumário. Avisa-nos São Paulo que devemos trabalhar em nossa salvação não só com medo, mas com tremor, visto que se trata da eternidade. Se na hora da morte estivermos na graça de Deus, tudo estará seguro: seremos felizes para sempre. Se, ao contrário, a morte nos achar em pecado mortal, com que desespero confessaremos: Desviei-me do caminho e já não há remédio em toda a eternidade! Meu irmão, aproveitemo-nos do aviso. Quem sabe se esta meditação não é para mim o último convite… Quem sabe se não morreremos repentinamente!
I. São Paulo nos previne que devemos trabalhar em nossa salvação não só com medo, mas com tremor; porquanto quem não teme e treme pela sua salvação, não se salvará: Cum metu et tremore vestram salutem operamini. Um rei da Sicília, para fazer compreender a um simples cidadão o receio que o dominava no trono, o mandou sentar à mesa com uma espada suspensa por um fio delgado sobre a cabeça, de modo que, nesta terrível situação, mal podia comer um bocado. Coisa igual se dá conosco: todos nós estamos em semelhante perigo, pois que, de um instante para outro, pode cair sobre nós a espada da morte, da qual depende a nossa eterna salvação.
Trata-se da eternidade. Si ceciderit lignum ad austrum aut ad aquilonem, in quocumpque loco ceciderit, ibi erit (1) – “Se a árvore cair para a parte do sul ou para a do norte, em qualquer lugar onde cair, aí ficará”. Se na morte nos acharmos na graça de Deus, qual não será a alegria da alma, que então poderá dizer: “Tudo está seguro, já não posso mais perder a Deus, serei feliz para sempre!” Mas se a morte achar a alma em estado de pecado, com que desespero não exclamará: “Ergo erravimus! (2) Desviei-me do caminho e para a minha aberração já não há remédio em toda a eternidade!”
Foi este receio que fez o Bem-aventurado João de Ávila, apóstolo de Espanha, dizer quando lhe anunciaram a aproximação da morte: “Oxalá tivesse mais um pouco de tempo para me preparar para a morte!” Foi o mesmo temor que fez o Abade Agathon dizer, posto que morresse depois de longos anos de penitência:
“Que será feito de mim? Quem conhece os juízos de Deus?” Santo Arsênio tremia igualmente à vista da morte, e perguntando-lhe seus discípulos a causa, respondeu: “Meus filhos, este temor não é novo em mim, tive-o sem cessar durante toda a minha vida.”
Mais que ninguém tremia o santo homem Jó, quando exclamava:
Quid faciam, cum surrexerit ad iudicandum Deus? (3) – “Que farei, quando o Senhor se levantar para me julgar? E Quando me interrogar, que lhe responderei?”
E tu, meu irmão, que poderias responder a Jesus Cristo se ele te deixasse morrer neste instante e te chamasse perante o seu tribunal?
II. Meu irmão, quem sabe se a meditação que estás lendo, não é o último convite que Deus te faz? Preparemo-nos, portanto, quanto antes para a morte, a fim de que não nos colha de improviso. Diz Santo Agostinho que Deus nos oculta o último dia da vida para que estejamos todos os dias preparados para morrer: Latet ultimus dies, ut observentur omnes dies.
Ah, meu Deus, quem houve jamais que me tenha amado mais do que Vós? E a quem tenho eu mais desprezado e injuriado do que a Vós? Ó Sangue, ó Chagas de Jesus, Vós sois a minha esperança. Pai Eterno, não repareis nos meus pecados; olhai as chagas de Jesus Cristo, olhai vosso Filho querido, que morre de dor por amor de mim, e Vos pede que me perdoeis. Arrependo-me, ó meu Criador, de Vos ter ofendido, e sinto-o mais que qualquer outro mal. Vós me criastes para que Vos ame, e vivi como se me tivésseis criado para Vos ofender. Por amor de Jesus Cristo, perdoai-me e dai-me a graça de Vos amar. Outrora eu resistia à vossa vontade; mas agora não quero mais resistir; quero fazer tudo que me ordenardes.
Ordenais-me, ó Senhor, que deteste os ultrajes que Vos fiz; pois bem, detesto-os de todo o coração. Ordenais que tome a resolução de não Vos ofender mais; eis que resolvo antes perder mil vezes a vida do que a vossa graça. Ordenais que Vos ame de todo o coração; ah sim! De todo o coração Vos amo, e não quero amar senão a Vós; de hoje em diante sereis o meu único bem, o meu único amor. Peço-Vos, e de Vós espero obter, a santa perseverança. – Meu Pai, pelo amor de Jesus Cristo, fazei com que eu Vos seja fiel e Vos diga sempre com São Boaventura: Sois o meu bem-amado, o meu único amor: Unus est dilectus meus, unus amor meus. Não, não quero que a minha vida sirva para Vos dar desgosto; quero que me sirva somente para chorar as mágoas que Vos causei, e para Vos amar. – Maria, minha Mãe, vós rogais por todos os que se vos recomendam; rogai também por mim a Jesus.
Referências:
(1) Ecle 11, 3
(2) Sb 5, 6
(3) Jó 31, 14