A VIRGEM MARIA É A RAINHA-MÃE (PARTE 2)

Vimos no artigo anterior que Deus sempre desejou que a mulher reinasse com o homem (Gn 1, 26-30), ou que a mãe reinasse com o filho (Gn 3, 15), o que começou a se tornar realidade com a instituição da rainha-mãe no antigo Israel (1Rs 2, 19; Sl 44 [45], 10 [9]; Jr 29, 2). Neste artigo, veremos três passagens do Novo Testamento que apresentam a Virgem Maria como a Rainha-Mãe no novo Israel, a Igreja: Mt 1-2, Lc 1, 26-45 e Ap 12.

A Virgem Maria como Rainha-Mãe em Mateus 1-2

A passagem de Mt 1-2 está recheada de referências à ideia de reino: o termo “Cristo” ou “Messias” (Mt 1, 1. 16-18; 2, 4), que significa “Ungido”, era usado especialmente para os reis (2Sm 22, 51; 23, 1; Sl 2, 2; 17 [18], 51 [50]; etc.); Jesus é chamado de “filho de Davi” (Mt 1, 1; cf. 2Sm 7, 10-16) e “rei dos judeus” (Mt 2, 2); Davi é chamado de “rei” (Mt 1, 6) e é um divisor de águas na genealogia (Mt 1, 17); a genealogia é dividida em três seções de catorze gerações (Mt 1, 17) e o número catorze representa a soma dos valores numéricos correspondentes às letras hebraicas do nome “Davi” (“dvd”: d (4) + v (6) + d (4) = 14); São José, pai adotivo de Jesus (Mt 1, 25), é chamado de “filho de Davi” (Mt 1, 20); Jesus nasce em Belém, cidade de Davi (Mt 2, 1); a estrela (Mt 2, 2), tanto na cultura romana quanto no Antigo Testamento, serve como sinal da chegada de um rei (Nm 24, 17); Mateus cita a profecia de Mq 5, 2, que trata de um futuro rei de Israel (Mt 2, 5-6); os magos prestam homenagem a Jesus como um rei (Mt 2, 11; cf. Is 60, 1. 5-6; Sl 71[72], 10-11; 1Rs 10, 2. 10); etc.

Nesse contexto real, Mateus cita a profecia de Is 7, 14: “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel” (Mt 1, 23). No contexto original dessa profecia de Isaías, Jerusalém está sob ameaça da Síria e do reino do Norte de Israel, que querem substituir o rei Acaz, descendente de Davi, pelo filho de Tabeel, o que deixa Acaz preocupado (Is 7, 1-2. 6). Então, Isaías assegura Acaz de que isso não acontecerá (Is 7, 7) e lhe diz para pedir ao Senhor um sinal na profundeza ou nas alturas (Is 7, 10). Como Acaz se recusa a pedir um sinal, o Senhor lhe dá como sinal a profecia de Is 7, 14. No hebraico, a profecia diz que “a jovem [‘almah’] ficará grávida e dará à luz um filho, e será chamado o seu nome Emanuel” (Is 7, 14). O sinal é uma resposta à preocupação de Acaz de que a dinastia de Davi chegasse ao fim. Nesse sentido, a jovem da profecia é a esposa de Acaz e o filho é o futuro rei Ezequias, que garantem a continuidade da dinastia davídica. Antes de Ezequias chegar à idade da razão, a capital da Síria seria destruída e parte do reino do Norte de Israel seria tomada por Tiglate-Pileser III, rei da Assíria (Is 7, 15-16; cf. 2Rs 15, 29; 16, 9). Se a jovem da profecia é a mãe do rei Ezequias, descendente de Davi, segue-se que ela é a rainha-mãe, segundo o padrão visto no artigo anterior. Portanto, ao aplicar essa profecia à Virgem Maria que dá à luz ao Senhor Jesus (usando a Septuaginta, que traduz “jovem” por “virgem” [“parthenos”]), Mateus está identificando Nossa Senhora como a Rainha-Mãe do Rei Jesus.

Essa identificação da Virgem Maria como Rainha-Mãe é confirmada pela genealogia de Mateus, que faz referência a cinco mulheres: Tamar (Mt 1, 3), Raab (Mt 1, 5), Rute (Mt 1, 5), a mulher de Urias (Betsabeia: Mt 1, 6) e a Virgem Maria (Mt 1, 16). Todas essas mulheres têm em comum o fato de que deram à luz a partir de uniões “irregulares”: Tamar cometeu incesto (Gn 38), Raab era canaanita e prostituta (Js 2; 6), Rute era moabita (Rt 1–4), Betsabeia cometeu adultério (2Sm 11; 12) e a Virgem Maria ficou grávida pelo Espírito Santo antes do casamento com São José (Mt 1, 18). Porém, mais importante do que isso, todas essas mulheres deram à luz filhos na genealogia de Davi: Tamar deu à luz Farés através de Judá (Gn 38, 27-30), e é de Judá que vem o rei (Gn 49, 10); Raab deu à luz Booz, bisavô de Davi (Mt 1, 5), e Rute deu à luz Obed através de Booz, avô de Davi (Rt 4, 13-22); Betsabeia deu à luz Salomão, sendo provavelmente a primeira rainha-mãe de Israel (2Sm 12, 24; 1Rs 1, 13-20); e a Virgem Maria, como sabemos, deu à luz ao Cristo prometido, o Rei Jesus. A associação de Nossa Senhora com todas essas mulheres ligadas à linhagem real de Davi, e especialmente com Betsabeia, rainha-mãe, fortalece sua identificação como a Rainha-Mãe no Novo Testamento.

Finalmente, a Virgem Maria é descrita frequentemente nessa seção de Mateus como Mãe de Jesus (Mt 1, 18; 2, 11. 13. 14. 20. 21), o que lembra o padrão de Reis e Crônicas de quase sempre apresentarem a mãe do rei de Israel no início do seu reinado, como vimos no artigo anterior. É especialmente significativa a referência à Nossa Senhora como Mãe de Jesus em Mt 2, 11, quando Jesus é homenageado pelos magos como rei dos judeus (cf. Mt 2, 2) com ouro, incenso e mirra. São José, que é muito mais proeminente do que a Virgem Maria nos capítulos 1 e 2 de Mateus, de repente dá lugar à Virgem Maria no momento mais importante dessa seção. Isso reforça o fato de que Nossa Senhora, a Mãe do Rei homenageado, é a Rainha-Mãe.

A Virgem Maria como Rainha-Mãe em Lucas 1, 26-45

As passagens da Anunciação (Lc 1, 26-38) e da Visitação (Lc 1, 39-45) também contêm muitas referências reais: São José é “da casa de Davi” (Lc 1, 39); Jesus será chamado “Filho do Altíssimo” (Lc 1, 32) e “Filho de Deus” (Lc 1, 35), como o rei davídico do Antigo Testamento (2Sm 7, 14; Sl 2, 7; 88 [89], 27-28 [26-27]); Deus dará a Jesus o trono de seu pai Davi (Lc 1, 32), ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim (Lc 1, 32-33; cf. 2Sm 7, 9-16); Deus depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os de condição humilde (Lc 1, 52); etc.

Na Anunciação, a Virgem Maria aparece como Rainha-Mãe especialmente através de uma alusão a Is 7, 14 em Lc 1, 31 (a mesma profecia citada em Mt 1, 23): “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”. A alusão é praticamente idêntica a Isaías, com a mudança dos verbos da terceira para a segunda pessoa do singular, e do nome de “Emanuel” para “Jesus”. Além disso, a Anunciação tem vários paralelos com o contexto da profecia de Is 7, 14: “virgem” (Lc 1, 27. 34; Is 7, 14), “casa de Davi” (Lc 1, 27; Is 7, 13), “o Senhor” (Lc 1, 28; Is 7, 10), “sobre a casa” (Lc 1, 31; Is 7, 17) e a saudação “o Senhor está contigo” (Lc 1, 28), cujo significado está associado ao nome “Emanuel” (“Deus conosco”: Is 7, 14). Através dessa alusão a Is 7, 14, a Virgem Maria é novamente associada com a rainha-mãe do rei Ezequias, sendo assim identificada como a Rainha-Mãe do Rei Jesus.

Na Visitação, Nossa Senhora é apresentada como Rainha-Mãe de algumas formas. Primeiro, ela é chamada por Santa Isabel de “mãe do meu Senhor” (Lc 1, 43). Vimos em um artigo de outra série que o “Senhor” aqui é Deus (Lc 1, 28. 32. 38. 46. 58. 68), de modo que, se o Filho da Virgem Maria é Deus, ela é a Mãe de Deus. Certamente, essa é a intenção de São Lucas ao registrar essa história. Porém, é provável que quando Santa Isabel pronunciou essas palavras, ela estivesse usando o termo “meu Senhor” primeiramente como uma referência ao rei davídico, o Messias (2Sm 24, 21; 1Rs 1, 13-47), como no Sl 109 (110), 1: “Disse o SENHOR ao meu senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos o estrado dos teus pés’” (cf. Lc 20, 41-44). Desse modo, ao chamar a Virgem Maria de “mãe do meu Senhor”, Santa Isabel está dizendo que Nossa Senhora é a Mãe do Rei, a Rainha-Mãe.

Além disso, a saudação de Santa Isabel à Virgem Maria, “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1, 42) é uma alusão a Jz 5, 24, que descreve a mulher Jael que matou Sísera com uma estaca na cabeça (Jz 4, 17-21), e a Jt 13, 18, que descreve Judite que matou Holofernes cortando-lhe a cabeça (Jt 13, 6-9), como vimos em um artigo de outra série. Ambas as passagens, por sua vez, são alusões a Gn 3, 15, que como vimos no artigo anterior, apresenta a mulher reinando sobre a serpente juntamente com seu filho, assim como era o propósito de Deus que a mulher reinasse com o homem em Gn 1, 28. Portanto, através dessa alusão remota a Gn 3, 15, a Virgem Maria também é identificada como uma rainha.

Por isso, a Virgem Maria responde às palavras de Santa Isabel com o Cântico de Maria, conhecido como Magnificat (Lc 1, 46-55), onde em Lc 1, 52 diz que Deus “Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os de condição humilde”. Os de condição humilde que são exaltados são o Senhor Jesus, obviamente, mas também a própria Virgem Maria, serva de “condição humilde” para a qual Deus olhou (Lc 1, 48) e pela qual o Senhor fez grandes coisas (Lc 1, 49). E essa exaltação envolve se assentar nos tronos dos poderosos que foram depostos, o que também pode ser percebido por uma comparação com o Cântico de Ana (1Sm 2, 1-10), que serve de inspiração para o Cântico de Maria: “Levanta do pó o necessitado e do monturo ergue o indigente: dá-lhe assento entre os príncipes, um trono de glória lhe dá por quinhão” (1Sm 2, 8). Logo, tanto o Senhor Jesus, como Rei, quanto Nossa Senhora, como Rainha-Mãe, se assentam nos tronos dos poderosos, ainda que o reinado deles seja de uma natureza diferente do reinado dos poderosos (Lc 22, 25-26).

A Virgem Maria como Rainha-Mãe em Apocalipse 12

A passagem de Ap 12 apresenta muitas alusões ao Antigo Testamento, especialmente ligadas ao reino.

Aparece um sinal no céu, que envolve uma mulher com uma coroa (Ap 12, 1), o que indica ser ela uma rainha (cf. Ap 2, 10; 3, 11; 4, 4. 10; 6, 2; 14, 14), dando à luz um filho “que veio para governar todas as nações com cetro de ferro” (Ap 12, 5), citação do Sl 2, 9 que se refere ao rei davídico. Isso lembra a passagem de Is 7, onde Deus manda que Acaz peça um sinal nas alturas excelsas (Is 7, 10) e o sinal dado é uma rainha-mãe dando à luz um filho rei (Is 7, 14).

A mulher está “vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1). Isso é uma alusão ao sonho de José em Gn 37, 9-11, onde o sol, a lua e as estrelas representam a família de Israel, sobre a qual José exerceria autoridade como o segundo depois de Faraó (Gn 41, 40. 57; 42, 6). O fato de a lua estar “debaixo dos pés” indica também a autoridade real da mulher, pois, como visto no artigo anterior, essa linguagem no Antigo Testamento é usada para descrever o reinado do rei de Israel sobre os inimigos (Nm 24, 17; 2Sm 22, 37-43; Sl 88 [89], 24 [23]; 109 [110], 1. 6; cf. Sl 8, 7 [6]).

A mulher está grávida e grita de dor, atormentada pelo trabalho do parto (Ap 12, 2), como a mulher em Gn 3, 16 e como Jerusalém em Is 26, 17 e 66, 7-8. Ela dá à luz tanto ao filho rei (Ap 12, 5) quanto a outros filhos, que são chamados no grego de “descendência” da mulher (Ap 12, 17), o que lembra Gn 3, 15, que fala da descendência da mulher, e Is 66, 7-8, onde Jerusalém dá à luz tanto ao rei davídico quanto a outros filhos. Além disso, a mulher e a descendência da mulher estão em luta contra um dragão (Ap 12, 3-6. 13-16), que é a antiga serpente (Ap 12, 9), assim como em Gn 3, 15 há um conflito entre a serpente e a mulher com sua descendência. E como já foi visto neste artigo, Gn 3, 15 também associa a mulher ao reinado.

O filho da mulher é arrebatado para junto de Deus e do seu trono (Ap 12, 5), numa referência à ressurreição e à ascensão do Senhor Jesus, quando ele se assentou à direita do Pai e passou a reinar (Sl 109 [110], 1), e o dragão foi expulso do céu por São Miguel e seus anjos (Ap 12, 7-9). Quando isso acontece, uma voz forte no céu proclama: “Agora chegou a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (Ap 12, 10). Após o arrebatamento de seu filho, a mulher foge da serpente voando para o deserto, pois recebeu as duas asas da grande águia, e no deserto é alimentada por Deus (Ap 12, 6. 14), como Israel, reino de sacerdotes (Ex 19, 6), que fugiu de Faraó para o deserto (Ex 14, 8), levado por Deus sobre asas de águia (Ex 19, 4), onde também foi alimentado por Deus (Ex 16).

Diante de todas essas alusões reais, é bastante claro que a mulher de Ap 12 é uma rainha, a Rainha-Mãe. Mas quem é essa mulher? As ligações da mulher com a família de Israel em Gn 37, com o povo de Israel em Êxodo e com Jerusalém em Isaías evidenciam que essa mulher representa o povo de Deus. Entretanto, ao interpretar Ap 12 à luz do Evangelho de São João, é possível perceber que essa mulher também é a Virgem Maria, a personificação da Igreja.

Há vários paralelos entre Ap 12 e Jo 19, 25-27, onde se lê: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo a quem amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis tua mãe!’ A partir daquela hora, o discípulo a acolheu em sua casa”.

O primeiro paralelo é que em ambas as passagens há uma mulher que é mãe do Cristo, o Rei.

O segundo é que nas duas passagens a mulher está angustiada com dores para dar à luz, o que pode ser percebido lendo Jo 19, 25-27 à luz de Jo 16, 20-21. Nessa última passagem, Jesus fala da tristeza que os discípulos sentirão com sua morte e da alegria que eles terão com a sua ressurreição, usando a imagem de uma mulher que durante a “hora” do parto sente angústia, mas depois do nascimento do filho experimenta alegria. Há muitas semelhanças entre Jo 16 e 19, o que indica que as passagens devem ser lidas juntas: ambas falam da morte de Jesus, da maternidade, da “mulher” e da “hora”. Nesse sentido, a Virgem Maria, discípula por excelência que, segundo a Tradição, não teve dores de parto ao dar à luz Jesus, sentiu a angústia das “dores de parto” ao vê-lo morrer na cruz (cf. Lc 2, 35). Mas essa tristeza foi substituída pela alegria na ressurreição.

O terceiro paralelo é que, assim como em Ap 12 as dores de parto e o nascimento do filho (a morte e a ressurreição de Cristo) estão ligados com a expulsão do diabo do céu, assim também em João eles são a “hora” (Jo 19, 27) em que o príncipe deste mundo é expulso (Jo 12, 27-31).

Finalmente, tanto a mulher de Ap 12 quanto a mulher de Jo 19 são apresentadas como a mãe do Cristo e de outros filhos. Em Ap 12, os outros filhos são “os que guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus” (Ap 12, 17), e em Jo 19 são “o discípulo amado”, que representa exatamente aqueles que guardam os mandamentos e, por isso, são amados por Deus e por Jesus (Jo 14, 21-23).

Desse modo, a mulher de Jo 19, a Virgem Maria, é a mesma mulher de Ap 12, que é apresentada como Rainha-Mãe. Portanto, Nossa Senhora é a Rainha-Mãe.

Conclusão

Diante das evidências do Novo Testamento apresentadas neste artigo, devemos reconhecer que a Virgem Maria é a Rainha-Mãe. Como Rainha-Mãe, Nossa Senhora participa da autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo no céu e na terra (Mt 28, 18), em antecipação a toda a Igreja (Ap 3, 21; 4, 4; 20, 4-6; 22, 4-5), mas de forma muito mais proeminente. É ela quem se assenta à direita de Cristo no seu Reino (cf. Mt 20, 20-23), como as rainhas-mães do antigo Israel (1Rs 2, 19; Sl 44 [45], 10 [9]) e, portanto, possui a autoridade suprema abaixo apenas de Cristo. Depois da sua assunção, foi colocada acima inclusive dos anjos, como seu Filho depois da sua ascensão (Hb 1, 4; cf. Hb 2, 5-9). Além disso, como Rainha-Mãe, ela exerce a função de Advogada, intercedendo por nós (Jo 2, 1-11; cf. 1Rs 2, 19-20), e, podemos presumir, também a de Conselheira (cf. 2Cr 22, 3; Pv 31; Dn 5, 10-12). Esse ofício de Rainha-Mãe ela exercerá eternamente, como eterno é o reino de seu Filho (Lc 1, 33), pois ao contrário dos reis e rainhas deste mundo, sujeitos à morte, depois de sua assunção ao céu em corpo e alma, como Cristo, ela “não morre mais. A morte não tem mais domínio sobre” ela (Rm 6, 9). Desse modo, ao reinar com Nosso Senhor Jesus Cristo (o novo Adão), Nossa Senhora (a nova Eva) cumpre o desígnio original de Deus, de que a mulher (Eva) reinasse com o homem (Adão: Gn 1, 28) e de que a mãe reinasse com o filho (Gn 3, 15).

Ao concluirmos, nada mais apropriado do que rezar a oração “Salve Rainha”, reconhecendo Nossa Senhora como “Rainha”, “Mãe” e “Advogada”:

“Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, Salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva, a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas! Eia, pois, Advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre! Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém”.

Leia também: A Virgem Maria é a Rainha-Mãe (Parte 1)

Para se aprofundar neste tema, leia o livro “Queen Mother: A Biblical Theology of Mary’s Queenship”, de Edward Sri, que serviu como base para esses artigos.

André Aloísio

Teólogo

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