Catecismo
Ser católico é escolher a porta estreita. Você está nesse caminho?
por Thiago Zanetti em 03/09/2025 • Você e mais 681 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 5 minutos
Vivemos em tempos em que tudo parece girar em torno da facilidade. Facilidade de consumo, de prazer, de opiniões, de estilo de vida. O mundo moderno prega que a felicidade está no “faça o que quiser”, no “siga seu coração”, no “viva a sua verdade”. Mas será que esse é o verdadeiro caminho da liberdade e da realização?
Jesus nos alertou sobre isso com clareza desconcertante:
“Entrai pela porta estreita! Pois larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram!” (Mt 7,13-14).
A cultura do fácil é a cultura do imediatismo
A chamada porta larga representa o caminho do mundo, onde tudo é permitido, onde o certo e o errado são relativos e moldáveis ao gosto de cada um. Essa cultura valoriza o prazer imediato, o sucesso sem esforço, a gratificação instantânea. Ela rejeita o sacrifício, a obediência e a renúncia — pilares da vida cristã.
O Catecismo da Igreja Católica denuncia esse espírito hedonista e relativista ao ensinar que:
“Não há verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça. A escolha da desobediência e do mal é um abuso de liberdade e conduz à ‘escravidão do pecado’” (CIC 1733).
Ou seja, a liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas escolher o que é certo — mesmo que isso custe.
Ser católico é remar contra a corrente
Seguir Cristo exige coragem. Ser católico, hoje, significa muitas vezes ser minoria. É enfrentar o julgamento dos outros, ser taxado de “retrógrado”, “moralista” ou “fanático”. É viver como sinal de contradição, como o próprio Cristo foi.
O Papa Bento XVI disse:
“[…] não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo”.
(Homilia no início do pontificado, 24 de abril de 2005).
Essa grandeza não é a dos palcos ou das redes sociais. É a grandeza dos santos. É a força silenciosa de quem escolhe o bem quando ninguém está olhando. É a fidelidade na luta contra o pecado. É a coerência de vida, mesmo que isso signifique perder amizades, status ou oportunidades.
A porta estreita exige renúncia e amor
A porta estreita não é estreita por capricho de Deus. Ela é estreita porque só se passa por ela com o coração desapegado. Quem está cheio de si, de seus pecados, de seu orgulho, não consegue atravessá-la. É preciso esvaziar-se para ser preenchido pela graça.
Como disse São João Paulo II:
“Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!
(Homilia no início do pontificado, 22 outubro de 1978).
Essa é a grande chave. O que o mundo vê como perda, o Evangelho revela como ganho. Renunciar ao pecado é libertar-se da escravidão. Dizer não ao mundo é dizer sim a uma vida plena, verdadeira, cheia de sentido.
O caminho fácil leva à perdição
É duro reconhecer, mas Jesus foi claro: o caminho largo leva à perdição. A vida sem regra, sem lei, sem conversão leva à morte espiritual.
Como afirma o Catecismo:
“A doutrina da fé afirma que a alma espiritual e imortal foi criada imediatamente por Deus.” (CIC, 382)
O relativismo moderno desvaloriza a eternidade e faz com que muitos vivam como se esta vida fosse tudo. Mas não é. Existe um julgamento. Existe um céu. Existe um inferno. E existe uma escolha.
Os santos passaram pela porta estreita
Todos os santos foram homens e mulheres que escolheram o caminho apertado, mas seguro. Santa Teresinha do Menino Jesus disse:
“O sofrimento tornou-se a minha atração; ele tinha encantos que me arrebatavam sem saber explicá-los.”
(Manuscritos Autobiográficos C, 32r)
São Francisco de Assis renunciou a tudo para viver a radicalidade do Evangelho. São João Maria Vianney jejuava, chorava e se mortificava para salvar almas. E cada um deles encontrou alegria verdadeira, porque viveram por aquilo que vale a pena.
A Igreja continua sendo o caminho seguro
Num mundo em constante mutação, onde tudo parece negociável, a Igreja permanece como voz profética que nos aponta o caminho da porta estreita. Suas doutrinas não mudam conforme as modas. Seus ensinamentos morais não se adaptam ao gosto do público. E é exatamente por isso que ela é confiável.
Como ensina o Concílio Vaticano II:
“Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente.” (Gaudium et Spes, 22).
A Igreja, como Corpo de Cristo, é guardiã desse mistério. E nos conduz, com fidelidade, pela estrada estreita que leva à vida eterna.
Vale a pena escolher a porta estreita
A cultura do fácil pode até parecer atrativa, mas é vazia. Só o caminho exigente do Evangelho leva à verdadeira alegria. Ser católico é abraçar a cruz, não por masoquismo, mas por amor. É escolher Cristo acima de tudo. E essa escolha, mesmo que difícil, é a única que conduz à vida plena — aqui e na eternidade.
Como diz o Senhor no Evangelho de Lucas:
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Pois, eu vos digo, muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24).
Que cada um de nós, com a ajuda da graça, tenha a coragem de fazer essa escolha.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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