Doutrina Católica
MESMO SENDO PECADOR, MINHAS ORAÇÕES SÃO ATENDIDAS?
por Marcos A. Fiorito • Você e mais 38 pessoas leram este artigo Comentar
Santo Afonso de Ligório (1696-1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, escreveu muitos livros em sua vida. Todos, por sinal, dignos de nota, como o “Glórias de Maria”, no entanto, ele confessou um apreço todo especial por seu livro sobre a oração. Inclusive, afirmou que os sacerdotes deveriam dedicar muito mais tempo a pregar sobre a oração, “o grande meio da salvação”. Entre seus belos e utilíssimos ensinamentos, atenta para o fato de que Nosso Senhor Jesus Cristo, no Evangelho, nos ensina a pedir de uma forma muito simples: “Pedi e recebereis”, não exigindo nada além de pedir, nem que sejamos santos ou que tenhamos algum mérito especial. Vejamos um trecho de sua obra:
“27. Deus ouve a oração dos pecadores
Quem tratou esta questão mais detalhadamente foi Santo Tomás, e ele não hesita em dizer que também o pecador é atendido, quando reza: ‘O merecer depende da justiça, o suplicar depende da bondade de Deus’. Justamente nesse sentido pedia Daniel: ‘Inclinai, meu Deus, vosso ouvido e escutai, porque prostrando-nos em terra diante de vossa face, não fazemos estes pedidos fundados em algum merecimento de nossa justiça, mas (confiantes) na multidão de vossas misericórdias’ (9, 18).
Quando oramos, diz Santo Tomás, para obtermos as graças que pedimos, não é necessário sermos amigos de Deus: ‘A própria oração nos torna seus amigos’.”.
Em outro importante trecho, o santo doutor reforça:
“Se Deus não atendesse os pecadores, diz Santo Agostinho, em vão teria o publicano pedido perdão, dizendo: ‘Tende, Senhor, piedade de mim, pecador!’. Mas o próprio Evangelho nos afirma que ele obteve o perdão: ‘Este voltou justificado para sua casa.’” (Lc 18, 14).
Outro ponto assinalado pelo santo italiano, é no sentido de que a nossa oração deve ser insistente a ponto de “incomodar” a Deus com nossa persistência. Como faz alguém na terra que insiste, insiste até conseguir o que deseja.
Em Lucas 11, 5-8, Nosso Senhor fala do homem que pede pães e os recebe depois de muita insistência. O pedinte não ganhou porque era amigo do doador, mas porque perseverou no pedido. Insistiu em pedir até ganhar: “Pedi e recebereis”. A respeito, Santo Afonso afirma: “A oração constante obtém misericórdia de Deus, mesmo para os que não são seus amigos.”.
Na belíssima oração composta por São Bernardo de Claraval, o “Lembrai-vos”, tem-se a afirmação categórica de que Maria nunca desampara quem a Ela recorre:
Lembrai-vos
“Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, com igual confiança, a Vós, Ó Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Assim seja!”
Deus se agrada de forma toda especial quando recorremos a ele de forma insistente e perseverante. Ele não iria nos prometer algo se não o quisesse nos dar. Por sinal, ele nos ensinou a não jurar em vão. Sua promessa não dá margem a dúvida: “Em verdade, em verdade, vos digo: se pedirdes alguma coisa a meu Pai em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23).
Naturalmente, é preciso sempre se conformar com a vontade divina. Se o que pedirmos for algo que vai contra a vontade de Deus, ou for algo totalmente desnecessário, ou no sentido contrário à nossa salvação, então o nosso pedido não será atendido. Por exemplo: um homem pedir a Deus uma doença grave para um inimigo, ou uma funcionária que pede a Deus que alguém perca um emprego para ela ser promovida ao cargo da sua concorrente, etc.
Fora esses casos, rezando com fé e perseverança, rezando com confiança, temos tudo para receber a graça pedida. Sobretudo se pedirmos a poderosa intercessão d’Aquela que é Filha, Esposa e Mãe de Deus, assim nossa oração será muito mais agradável aos Céus.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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