Oração
Padre Paulo Ricardo ensina como rezar de verdade e elevar a alma a Deus
por Thiago Zanetti em 14/11/2025 • Você e mais 88 pessoas leram este artigo Comentar
Tempo de leitura: 6 minutos
A oração é um encontro
“Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). Esse pedido dos discípulos ecoa até hoje no coração de quem busca uma vida espiritual autêntica. Padre Paulo Ricardo recorda que rezar não é repetir fórmulas, mas viver um encontro real entre duas pessoas: você e Deus. Antes de começar a oração, é preciso preparar-se. Silenciar o corpo, acalmar o coração, encontrar-se consigo mesmo.
A oração é um encontro, e para que ele aconteça é necessário estar presente — consigo e com Deus. Não se trata de técnica, mas de consciência. Quem chega agitado, distraído, cansado, precisa primeiro se recolher. “Respira fundo”, diz o padre, não como quem faz um exercício oriental, mas como quem deseja reencontrar a paz interior.
A fé na presença de Deus
Depois do recolhimento, vem o segundo passo: o ato de fé na presença de Deus. É preciso afirmar com a inteligência e a vontade: “Senhor, eu creio que estás aqui”. Sem essa presença, não há oração, apenas pensamentos sobre Deus — e não diálogo com Ele. Muitos falam “a respeito” de Deus, mas poucos falam com Deus. A oração começa quando deixamos de tratar o Senhor como um “Ele distante” e passamos a reconhecê-Lo como “Tu”, presente, real, que me escuta agora.
Elevar a alma a Deus
O conceito clássico de oração é “a elevação da alma a Deus”. Para isso, Padre Paulo explica que precisamos elevar duas potências da alma: a inteligência e a vontade.
A inteligência é iluminada por duas luzes: a natural, que nos faz compreender o mundo, e a sobrenatural, que vem de Cristo e nos faz enxergar o sentido profundo das coisas. Na oração, pedimos essa segunda luz: “Senhor, ilumina a minha inteligência para compreender o Teu amor”.
A partir daí, contemplamos um mistério: a Paixão de Cristo, uma parábola, um trecho do Evangelho. Como os antigos monges, meditamos “ruminando” o texto sagrado. Não buscamos novidades, mas deixamos que o Espírito Santo ilumine o que já sabemos. De repente, uma verdade antiga se torna viva, como o nascer do sol sobre uma paisagem antes encoberta.
A vontade que ama e detesta o pecado
Mas a oração não termina na inteligência. É preciso elevar também a vontade, que é o centro do amor. O ser humano é livre e pode escolher amar, mesmo quando não sente vontade. Por isso, a oração é feita de atos de amor — e também de atos de ódio ao pecado.
Quem contempla Cristo crucificado deve responder: “Senhor, vós me amastes tanto, eu quero vos amar também”. Esse é o amor verdadeiro, que nasce da decisão e não do sentimento. Mas junto dele deve vir o ódio santo: “Senhor, eu detesto os meus pecados que vos feriram”. O arrependimento não é uma emoção automática, mas um ato consciente da vontade. Só quando odiamos o pecado é que começamos a amar de verdade.
Os frutos da oração: amor, gratidão e propósitos
Depois de elevar a inteligência e a vontade, a oração se conclui com ação de graças e propósitos concretos. Agradecemos a Deus pelas luzes recebidas e pedimos a graça de viver o que meditamos.
Santa Teresa d’Ávila dizia que a oração verdadeira é aquela que nos faz crescer no amor. “Não é pensar muito, é amar muito.”
Por isso, no fim da oração, é bom dizer: “Obrigado, Senhor, por tudo o que me concedeste. Dá-me força para te amar mais e servir-te melhor.”
A vida espiritual cresce nesse ritmo: contemplar, amar, agradecer e agir.
Quanto tempo e quando rezar
Padre Paulo recorda o conselho de Santo Afonso Maria de Ligório: para iniciantes, meia hora por dia de oração pessoal é suficiente.
O momento ideal? Após a comunhão, quando temos em nós a presença real de Cristo. Nesse instante, a alma encontra seu melhor terreno para elevar-se a Deus.
A oração não precisa ser longa nem complicada. Basta ser verdadeira. Dez minutos de recolhimento sincero valem mais do que uma hora de distração.
Os sentimentos e os carismas
Muitos confundem oração com emoção. Os sentimentos podem surgir, mas não são a essência da oração.
As lágrimas, a consolação e até os dons carismáticos são dons gratuitos de Deus. Não podem ser forçados nem agendados.
A essência é sempre a mesma: elevar o coração a Deus com inteligência e vontade.
Se durante a oração houver lágrimas, alegria, paz — agradeça.
Se não houver nada — persevere.
O importante é amar, e o amor é sempre um ato da vontade.
Rezar é amar
Em resumo, a oração é a arte de amar.
Amar a Deus que nos amou primeiro, detestar o pecado que nos afasta d’Ele, agradecer e desejar crescer sempre mais no amor.
Como ensina Padre Paulo Ricardo, “crescer na vida de oração é crescer no amor”.
A alma que reza se ilumina. O coração que ama se purifica.
E quem aprende a elevar a alma a Deus descobre que rezar não é falar muito, mas estar diante d’Aquele que nos ama — e responder com amor.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/aprenda-a-rezar

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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