Espiritualidade
RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE
por Marcos A. Fiorito • Você e mais 41 pessoas leram este artigo Comentar
Algo muito frequente entre os cristãos é a afirmação de que “sou religioso” ou que “Fulano(a) é muito religioso(a)”. Tecnicamente falando, religioso é aquele que está sob uma regra (do latim regula) de uma ordem religiosa. Por exemplo, um beneditino segue a regra de São Bento; um franciscano, a regra de São Francisco; um jesuíta, a de Santo Inácio… Uma das mais antigas é regra a de Santo Agostinho, pois data do século V. Mas deixando de lado essa precisão, temos o termo generalizante, que é sinônimo de cristão fervoroso. Então, comumente, quando dizemos que Paulo é muito religioso, significa que é um cristão fervoroso. E ninguém discorda disso…
Porém, o fato de alguém seguir uma determinada religião, não significa necessariamente que ele seja virtuoso. Ou seja, que ele tenha espiritualidade. Pode parecer contraditório, mas, infelizmente, não é…
Muita gente frequenta a igreja, reza, assiste a Santa Missa, comunga, etc., mas repete isso de forma ritualística ou até mecânica. Ou seja, é como uma bela garrafa, mas sem conteúdo. Se não houver da parte do cristão um desejo de melhorar a cada dia, de evoluir a cada dia, de crescer em virtude e sabedoria, ele se tornará um mero repetidor de ações, mas não terá verdadeira espiritualidade.
A espiritualidade envolve muitas coisas, como o desejo de crescer a cada dia na virtude, de evoluir como ser humano, ter vida de piedade bem levada, frequentar os sacramentos, vida de oração, crescer no amor a Deus e ao próximo, etc. A verdadeira religiosidade cultiva a vida sobrenatural, não se dissocia dela. Nessa linha, temos a preocupação com o aumento da graça santificante, que habita em nós desde o batismo e cresce quando frequentamos os sacramentos (clique aqui e leia o nosso artigo sobre a graça). Quem quer uma vida espiritual bem levada, procura cultivar também a vida sobrenatural.
Viver uma religião meramente ritualística é uma das grandes tentações do cristão. Daí a importância de entender o papel daquilo que os grandes espiritualistas chamam de “vida interior”. Dom Jean-Baptiste Chautard (1958-1935), abade cisterciense de Sept-Fons e autor do livro “A alma de todo apostolado”, chama atenção para a necessidade de uma vida interior bem levada para que o cristão possa obter grandes frutos em seu trabalho evangelizador. O silêncio, a meditação e a reflexão favorecem em muito a vida interior, fazendo com que o evangelizador obtenha excelentes frutos no seu apostolado. Como um clamor, Dom Chautard roga a Deus almas que unam à sua vida ativa também a contemplativa: “Vida interior e vida ativa! Santidade nas obras! União poderosa, união fecunda! Como são grandes os prodígios de conversão que vós operais! Ó Deus, concedei à vossa Igreja apóstolos numerosos, mas reacendei nos seus corações, devorados pelo desejo de se dar, uma sede ardente de vida de oração. Dai a vossos operários essa ação contemplativa e esta contemplação ativa: então, vossa obra há de ter sua realização, e vossos obreiros evangélicos hão de alcançar essas vitórias que lhes anunciastes antes de vossa Ascensão gloriosa.”.
Fica aqui um oportuno convite para que rezemos o Santo Terço meditando em cada mistério, e não apenas de forma mecânica. Para isso o nosso aplicativo irá ajudá-lo em muito! Que tal baixá-lo agora?
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
Está acompanhando os nossos artigos? Escreva-nos e sugira algum tema católico de seu interesse. Deixe o seu comentário logo abaixo!
Compartilhar:
Voltar para artigos