Liturgia
SAIBA COMO A ABELHA PODE TE AJUDAR A REZAR
por Equipe Pocket Terço • Você e mais 88 pessoas leram este artigo Comentar
A grande Tradição Católica, que mantém viva a chama da Fé, compõe-se de vários elementos de piedade antiquíssimos, muitos dos quais remontam aos próprios Santos Apóstolos. Uma das mais significativas tradições consiste no uso de velas para a oração e para a manifestação do culto a Deus, o Senhor dos Céus e da Terra. Mas em que consiste o simbolismo das velas em nossa vida cristã?
Nas Sagradas Escrituras, no Evangelho segundo São Mateus, está dito: “este povo, que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz” (Mt 4, 16); no Evangelho segundo São João, consta o que Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8, 12). Como Jesus é a luz do mundo – como Ele é a nossa luz! – nada melhor que fazermos o uso do fogo e de sua luz para rememorarmos o Senhor. A luz é o símbolo da alegria, do poder vivificante que dissolve as trevas – a representação da morte e da perdição. Nós católicos somos os filhos da Luz na guerra perpétua contra os poderes das trevas.
A luz, representando Jesus, manifesta nossa Fé em Sua Divindade, assim como se apresenta no Credo Niceno-Constantinopolitano: “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. A luz é o sinal da presença purificadora de Deus. Jesus trouxe o mundo das trevas, do pecado, à luz, por meio de Sua morte na Cruz.
Simbologia da vela
A vela é composta de três elementos: a cera, o pavio e o fogo. O Pai, o Filho e o Espírito Santo! É um símbolo da Santíssima Trindade. Mas também representa Jesus Cristo: a cera nos remete à Sua Carne, o pavio à Sua Alma e o fogo à Sua Divindade. Quando a vela está acesa, vemos nela a manifestação daquilo que Jesus Cristo realizou para a nossa salvação: a chama da vela derrete a cera por completo, aniquilando-a, assim como o Filho entregou Seu Corpo à morte, sendo consumido por ela por amor a nós, pecadores. Como ensinou Santo Agostinho em seus sermões: “Acendemos velas para que Cristo acenda em nossos corações o fogo de Seu ardente amor, porque, por amar-nos tanto, padeceu até morrer na Cruz”.
Uma vela não se acende sem uma chama anterior, bem como nós não somos capazes de nossa salvação se Deus não viesse ao nosso encontro para acender em nós, pela Sua Graça, a chama da Fé. A vela é reta e aponta para o céu; se for deixada torta, não se consumirá corretamente – até mesmo algum perigoso acidente poderia ocorrer. Da mesma forma, devemos conduzir nossa vida retamente, embasando-nos na justiça, sem inclinações para um lado ou outro, mas direcionados ao Reino Celeste.
As velas não são permanentes, assim como nossa vida aqui na Terra; do mesmo modo que a vela é consumida pela chama, nossa vida é consumida pelo tempo. Quando olhamos para a vela extinguindo-se, devemos perceber também como nossa vida aqui se aproxima do fim; assim, ela nos convida à reflexão e ao arrependimento. O fogo derrete a cera que se derrama como lágrimas, fazendo-nos lembrar de chorar pelos nossos pecados. Também o fogo nos recorda das chamas infernais: o nosso destino eterno se permanecermos longe de Deus, afastados do sentimento de culpa, alheios à necessidade de implorar pelo perdão.
O simbolismo da cera de abelha
Segundo a tradição, contudo, não basta uma cera qualquer para a vela, mas apenas a de abelha, e pura! A Virgem Santíssima, a toda pura Mãe de Deus, gerou em Seu ventre a carne de Nosso Senhor; ora, a carne puríssima que Jesus tomou de Maria não poderia ser representada por um material inferior, artificial, um subproduto do petróleo como a parafina, mas deve ser de uma matéria pura e preciosa, rica em simbolismo: deve ser da pura cera de abelha. Mas, por que a cera da abelha? O que esse pequeno animal representa?
A abelha-operária passa sua vida dedicando-se à colmeia, servindo à abelha-rainha, mãe de todas as demais. Da mesma forma devemos nos portar como católicos, vivendo a serviço da Santa Igreja, glorificando à Virgem Santíssima, Nossa Rainha. As abelhas-operárias não cruzam, de maneira que poderíamos chamá-las de castas, assim como nossos sacerdotes que oferecem o sacrifício do celibato à Santa Madre Igreja, na santificação do Povo de Deus. São João Crisóstomo dizia que “a abelha é mais honrada que outros animais, não porque trabalha, mas porque trabalha para os outros”. Assim são os sacerdotes, seguindo o exemplo de Jesus que disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”. Também as abelhas reagem com todo seu vigor contra aqueles que ameaçam sua colmeia, atacando o intruso com seu ferrão, ainda que esse golpe lhe seja único e letal para ela mesma, pois morre após a ferroada. Assim também agiram os santos contra os hereges, os apóstatas e os inimigos da Fé, desferindo-lhe os golpes necessários, ainda que isso lhes conduzisse à realidade do martírio.
A colmeia é o símbolo mais belo da comunidade cristã; já na época dos Santos Padres do Deserto ela os representava com perfeição: assim como aqueles homens viviam em suas celas, também a colmeia é dividida por suas células. A colmeia é a comunidade, é a assembleia, é a Igreja.
O mel que as abelhas produzem, por sua doçura, é o símbolo do Santo Evangelho – da Palavra de Deus. Vemos, pois, esse significado no próprio título concedido pela Santa Igreja a São Bernardo de Claraval: Doctor Mellifluus, isto é, o Doutor que tem a doçura do mel, aquele com as Palavras de Mel, aquele que, de sua boca, foi manifestado o Santo Evangelho, aquele que ensinou: “Jesus é mel na boca, doce melodia no ouvido, alegria no coração”.
A abelha parece nunca dormir, pois sempre a vemos em movimento, lembrando-nos assim que sempre devemos estar vigilantes, como nos ensinou o Senhor. A abelha também representa a sabedoria, já que coleta o néctar de muitas flores para transformá-los no doce mel, um produto superior; é dito no Eclesiástico: “A sabedoria do humilde levantará a sua cabeça e o fará sentar-se no meio dos grandes. Não avalies um homem pela sua aparência, não desprezes um homem pelo seu aspecto. Pequena é a abelha entre os seres alados: o que produz, entretanto, é o que há de mais doce” (Eclo 11, 1). No inverno, parece-nos que as abelhas desaparecem, mas passada a estação, elas voltam a surgir; assim, são também o símbolo da ressurreição. Na verdade, durante o inverno, todas as abelhas recolhem-se na colmeia, em uma atividade constante de batimento de asas para aquecer o ambiente para a rainha, mantendo-o próximo dos 33 graus – o número da idade de Cristo na Cruz –, sendo que, nesse árduo esforço, muitas morrem pela exaustão, como em um serviço heroico pela colmeia e pela rainha.
Na queima das velas de pura cera de abelha, um agradável odor de mel toma conta do ambiente; isto é belo, pois nos relembra a santidade. Quantos não foram os santos que, após suas mortes, ao invés de exalarem o cheiro da putrefação do cadáver, emanaram uma suave e doce fragrância? Quando sentimos o perfume da queima da cera de abelha, lembramo-nos daquilo para o qual Deus nos criou: a santidade.
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