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Antífona de entrada

Numa nuvem luminosa apareceu o Espírito Santo e a voz do Pai se fez ouvir: Este é o meu Filho muito amado, no qual eu coloquei todo o meu amor: escutai-o! (Cf. Mt 17, 5)
Tibi dixit cor meum, quaesívi vultum tuum, vultum tuum Dómine requíram: ne avértas fáciem tuam a me. Ps. Dóminus illuminátio mea, et salus mea: quem timébo? (Sl. 26, 8. 9 et 1)
Vernáculo:
Meu coração vos disse: Busquei a vossa face, é vossa face, Senhor, que eu procuro. Não desvieis de mim o vosso rosto! (Cf. MR: Sl 26, 8-9) Sl. O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? (Cf. LH: Sl 26, 1a)
Sugestão de melodia 

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Ó Deus, na gloriosa Transfiguração de vosso Filho Unigênito, confirmastes os mistérios da fé pelo testemunho de Moisés e Elias e mostrastes de modo admirável a plenitude da nossa adoção de filhos; concedei a nós, vossos servos e servas, que, ouvindo a voz do vosso próprio Filho amado, mereçamos ter parte em sua herança. Ele, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Primeira Leitura (Dn 7, 9-10. 13-14)


Leitura da Profecia de Daniel


9Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos.

13Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Ou:


Primeira Leitura (2Pd 1, 16-19)


Leitura da Segunda Carta de São Pedro


Caríssimos, 16não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. 17Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: “Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer”. 18Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo. 19E assim se nos tornou ainda mais firme a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


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Salmo Responsorial (Sl 96)


℟. Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.


— Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito. ℟.

— As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória. ℟.

— Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses. ℟.


https://youtu.be/bSNwQUKXoC0
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℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós! (Mt 17, 5c) ℟.

Evangelho (Mc 9, 2-10)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles.

3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhes Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus.

5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo.

7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles.

9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si, o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Antífona do Ofertório

Glória et honóre coronásti eum: et constituísti eum super ópera mánuum tuárum, Dómine. (Ps. 8, 6. 7)


Vernáculo:
Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes. (Cf. LH: Sl 8, 6. 7)
Sugestão de melodia 

Sobre as Oferendas

Senhor, santificai os dons que apresentamos na gloriosa Transfiguração do vosso Filho Unigênito e purificai-nos das manchas do pecado com o esplendor de sua luz. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Quando o Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. (Cf. 1Jo 3, 2)
Visiónem quam vidístis, némini dixéritis, donec a mórtuis resúrgat Fílius hóminis. (Mt. 17, 9; ℣. Ps. 44, 2ab. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 18ab vel. Ps. 96, 1. 2. 3. 4. 5. 6. 11. 12)
Vernáculo:
Não faleis a ninguém desta visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dentre os mortos. (Cf. Bíblia CNBB: Mt 17, 9)
Sugestão de melodia 

Depois da Comunhão

Senhor, nós vos pedimos: o alimento celeste que recebemos nos transforme na imagem de Cristo, cujo esplendor quisestes revelar na sua gloriosa Transfiguração. Por Cristo, nosso Senhor.

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Homilia do dia 06/08/2024
A glória oculta de Cristo

Manifestam-se na Transfiguração do Senhor dois milagres: a visão da luz da glória a redundar em seu corpo, e a visão de sua profunda humildade, pela qual quis ocultar a própria grandeza, a fim de nos salvar por sua carne.

Hoje celebramos com grande alegria a Festa da Transfiguração do Senhor. Jesus sobe ao monte e se transfigura diante dos Apóstolos prediletos, Pedro, Tiago e João. É uma manifestação extraordinária, que sai completamente fora do que estamos acostumados a ver em Jesus. Ele, pobre e humilde carpinteiro de Nazaré, que andava entre as pessoas, se cansava, sentia fome etc., de repente sobe a montanha e, diante dos Apóstolos, aparece glorioso. Como é possível que Jesus apareça glorioso dessa maneira?

Na realidade, a pergunta deveria ser invertida. Por quê? Porque sabemos por fé católica que Nosso Senhor Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. O papa São Gregório Magno, Doutor da Igreja, nos ensina que, quando Cristo assumiu nossa humanidade, Ele assumiu o que não tinha, mas não renunciou ao que já tinha. Jesus, na gruta de Belém, humilde criancinha nos braços da Virgem Maria, continuava a ser o Filho de Deus, eterno em sua glória celeste. Na verdade, a pergunta que nos deveríamos fazer não é por que Jesus se mostrou glorioso no Tabor, mas, ao contrário, por que Ele não manifestou sua glória o tempo todo. Como é possível, afinal, que o Senhor tenha passado por esse mundo, e somente três testemunhas, juntamente com Moisés e Elias, tenham visto sua glória?

O próprio São João narra o mistério da Transfiguração numa pequena passagem do prólogo de seu evangelho: Nós vimos sua glória, pleno de graça e de verdade. Sim, o episódio particular da Transfiguração não é narrado no quarto Evangelho, mas nessa frase João fala como testemunha da vida de Cristo em geral. Também São Pedro, em uma de suas cartas, diz ter visto a glória de Jesus na montanha santa. É, pois, um acontecimento histórico irrefutável: de fato, Jesus se manifestou glorioso para os Apóstolos. Mas Ele o fez para mostrar que, na realidade, sempre fora glorioso, embora escondido sob a forma de servo, para usar a linguagem do segundo capítulo da Carta aos Filipenses, de São Paulo. Sim, Cristo glorioso esteve presente o tempo todo. O Jesus pequenino no berço, na manjedoura em Belém, era Deus glorioso, nós que não o víamos. O Jesus que se cansava, sentia fome e sede, a ponto de pedir água a uma samaritana, era Deus glorioso, nós que não o víamos.

Hoje, Cristo sobe a montanha com três discípulos, para mostrar sua glória a fim de os preparar para um momento escandaloso: aquele em que esconderia ainda mais sua glória. No monte Tabor, Jesus está transfigurado, mas no monte da dor, no monte do Getsêmani, no Horto das Oliveiras, Ele estará desfigurado. Jesus convidou os mesmos Pedro, Tiago e João para estar consigo no Horto das Oliveiras, onde Ele suou sangue e agonizou. Jesus queria que esses três Apóstolos enxergassem que, naquele homem aparentemente abandonado por Deus, na realidade estava Deus abandonado pelo homem — Deus glorioso e bendito, escondido na humildade de um crucificado, de um agonizante. Por quê? Para mostrar o que nosso pecado faz, isto é, qual é a gravidade da ofensa de nossos pecados ao coração de Deus.

Celebrar a Festa da Transfiguração do Senhor é celebrar, antes de tudo, o fato de que Jesus, por nós homens e para a nossa salvação, escondeu sua glória e veio viver a humildade de nossa vida. Mas Ele, a qualquer momento, poderia ter manifestado sua glória, como Ele mesmo disse em seu julgamento, ao afirmar que Deus Pai poderia mandar uma legião de anjos para defendê-lo. Ele poderia acabar imediatamente com todo aquele sofrimento. No fundo, o desafio que os algozes lhe faziam na cruz, dizendo: Desce da cruz! Salva-te a ti mesmo!, era expressão da incredulidade deles, porque Jesus poderia, sim, naquele momento, descer da cruz, manifestar sua glória e, com todo o esplendor, paralisar aqueles loucos e pecadores que o estavam fazendo sofrer.

É importante enxergar que, por amor a nós, Jesus, a cada momento de sua vida, durante trinta e três anos, quis voluntariamente cada sofrimento, cada humilhação, cada cansaço. Sim, é importante entender que sua vontade era contínua. Não é que Deus tenha decidido fazer-se homem, viver a humildade de nossa condição e, por causa disso, viu-se “enjaulado”, “trancafiado”, “sem liberdade”, “condenado” a viver assim por trinta e três anos. Não. Jesus não se “condenara” a viver em condição humilde por trinta e três anos. Ele poderia ter saído dela a qualquer momento, e, no entanto, Ele quis permanecer assim, num ato contínuo de amor e de vontade salvífica. Por nós homens e pela nossa salvação. Cada momento de humildade, cada gota de suor e de cansaço, de fome e de sede foi desejado, querido, vivido por Ele por amor a nós.

A Transfiguração nos mostra isso: Jesus poderia a qualquer momento, num simples estalar de dedos, decidir livrar-se não somente dos sofrimentos da cruz ou das agonias do Horto, mas também de todos os outros sofrimentos pelos quais passou (pelo cansaço, pela fome, pelo dia a dia…). Mas Ele não o quis. Por amor a nós, Ele assim viveu, durante trinta e três anos, cada segundo, cada pequeno momento abraçado por amor a nós.

A Transfiguração brilha com uma glória extraordinária. É a glória do amor de Deus, glória que esteve escondida sob um véu da humildade, a condição de Cristo em seus trinta e três anos na Terra. Por isso, quando nós hoje, celebrando essa Festa, formos à igreja e olharmos para o sacrário, recordemos: o mesmo Cristo está glorioso presente ali, mas escondido agora sob um véu talvez ainda mais espesso porque, como diz Santo Tomás de Aquino, na cruz se escondia a divindade, e no sacrário se esconde também a humanidade. No entanto, debaixo daquele véu está Deus glorioso e bendito. Por amor a nós, Ele quis humilhar-se e estar no sacrário. Mas se Ele está lá por nós, por que nós não estamos lá por Ele? Celebremos a Transfiguração do Senhor com um profundo ato de fé, crendo verdadeiramente nessa presença divina — por nós homens e pela nossa salvação!

Deus abençoe você!

Nossa Missão
Evangelize com o Pocket Terço: pocketterco.com.br/ajude

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Homilia Diária | A glória de Deus e seu amor por nós (Festa da Transfiguração do Senhor)

Hoje a Santa Igreja comemora dois milagres inefáveis; um que encanta os olhos, outro que cativa o coração. No primeiro, vemos a luz da glória redundar sobre o corpo transfigurado de Cristo; no segundo, vemos o que, com divina humildade, vinha o Senhor ocultando dos homens, para assim os salvar por sua paciência e sujeição.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta terça-feira, 6 de agosto, e celebremos juntos, com abundantes ações de graças, a Festa da Transfiguração do Senhor!


https://youtu.be/pT7u2E8MLBY
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Santo do dia 06/08/2024

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Transfiguração do Senhor (Festa)
Data: 06 de Agosto


A liturgia de hoje comemora a festa da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dos Evangelistas é São Mateus que refere por minúcias esse fato admirável da vida de Nosso Senhor.

Os Santos Padres ocupam-se muito do mistério da Transfiguração de Nosso Senhor, principalmente São Crisóstomo, que escreveu coisas admiráveis sobre o mesmo assunto. O que se segue, são pensamentos daquele Santo Padre, como os propôs aos ouvintes, explicando o evangelho do dia de hoje.

Nosso Senhor, tendo falado muitas vezes da sua Paixão e Morte, profetizara aos Apóstolos perseguição e morte cruel; tendo-lhes dado mandamentos positivos e severos, quis mostrar-lhes a magnificência e glória com que voltará no fim do mundo, provar e revelar-lhes, já nesta vida sua majestade, para animá-los e confortá-los nas tristezas presentes e futuras.

São Mateus (17, 1-13) escreve, contando o fato da Transfiguração: "Seis dias depois, (isto é, depois da predição de sua Paixão e Morte) Jesus tomou a Pedro, Tiago e a João". Um outro Evangelista (Lc 9, 28) diz: "Oito dias depois". Não há contradição entre os dois, porque este conta o dia em que Jesus cursou perante os Apóstolos e o dia em que subiu o monte Tabor, quando São Mateus conta apenas os dias que estão entre estes dois fatos. Reparamos também a modéstia de São Mateus, que menciona os Apóstolos que mais do que ele, foram honrados por Nosso Senhor. Nesse ponto, segue o exemplo de São João, que minuciosamente refere os elogios com que Jesus distinguiu a Pedro.

Jesus tomou os chefes dos Apóstolos e levou-os a um monte, a sós. E transfigurou-se diante deles. Resplandeceu-se-lhe o rosto como o sol, e os vestidos tornaram-se brancos como a neve. Por que motivo Nosso Senhor levou só estes três Apóstolos? Porque ocuparam um lugar saliente entre os demais. Pedro salientava-se pelo amor a Jesus; João era o mais querido de Nosso Senhor e Tiago por causa da resposta que juntamente com o irmão dera ao Divino Mestre: "Nós beberemos o cálice". E não só por causa desta resposta, como também em virtude das suas obras, que provaram a verdade daquela asserção. Era tão odiado pelos judeus, que Herodes, para ser-lhes agradável, o mandou matar. Por que razão, disse Nosso Senhor aos Apóstolos: "Em verdade vos digo: alguns de vós aqui presentes não verão a morte, enquanto não tiverem visto o Filho do Homem em sua glória?" (Mt 16, 28). Com certeza para lhes estimular a curiosidade de ver aquela visão, da qual lhes falava e enchê-los do desejo de ver o Mestre rodeado da glória divina.

"Eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Ele". Por que apareceram essas figuras do Antigo testamento? Há diversas razões que explicam esta circunstância. A primeira é esta: Porque entre o povo dizia-se que Jesus era Elias, Jeremias ou um dos profetas do Antigo testamento, ficar-lhes-ia patente a grande diferença que existia entre o servo do Senhor, e que bem merecido fora o elogio que coube a São Pedro, por ter chamado Filho de Deus a Nosso Senhor. Segunda razão: Repetidas vezes inimigos de Nosso Senhor o acusavam de blasfêmias, da pretensão de dizer-se Filho de Deus (Jo 9, 33). Estas acusações eram frequentes e como proviessem de inveja, quis Nosso Senhor mostrar que não transgredira a lei e nenhuma blasfêmia proferira, dizendo-se Filho de Deus. Para este fim, Jesus fez aparecer dois profetas de maior destaque. De Moisés era a lei, e não era admissível que justamente Moisés distinguisse com sua presença o transgressor da mesma que era Jesus Cristo, na opinião dos judeus. Elias, o grande zelador da honra de Deus, por seu turno, nunca teria honrado com sua presença a Jesus Cristo se este de fato não fosse o filho de Deus. Um terceiro motivo seria este: Aparece um profeta que morreu e um outro que não sofreu a morte. Esta circunstância devia fazer compreender aos discípulos, que seu Mestre é o Senhor da vida e da morte, e seu reino é no céu e na terra. Um quarto motivo, o próprio Evangelista menciona: Para mostrar a glória da cruz e para animar os pobres Apóstolos, na triste previsão de sofrimentos. Os dois profetas falaram da glória, que na cruz seria manifesta, em Jerusalém; (Lc 9, 31), isto é, da sua Paixão e Morte.

Se Nosso Senhor levou consigo estes três Apóstolos, foi também porque deles havia de exigir uma virtude mais apurada que dos outros. "Quem quer seguir-me, tome a sua cruz e siga-me". Os dois profetas do Antigo Testamento eram homens que, pela lei de Deus e pelo bem do povo, estavam sempre prontos a deixar a vida. Ambos, Elias e Moisés, usaram da máxima franqueza na presença de tiranos, este diante do Faraó, aquele diante de Achab; ambos se empenharam em favor de homens rudes e ingratos; ambos foram quais vítimas de malícia daqueles, a que mais benefícios dispensaram; ambos trabalharam para exterminar a idolatria entre o povo. Tanto um como o outro desprezavam a riqueza. Moisés e Elias eram pobres e viviam num tempo em que os grandes servidores de Deus não possuíam o dom de fazer grandes milagres. É verdade que Moisés dividiu as águas do mar; Pedro, porém, andou sobre as ondas, expulsou maus espíritos, curou muitos doentes e transformou a face da terra. É verdade que Elias ressuscitou um morto; os Apóstolos, porém, chamaram muitos mortos à vida, no tempo em que ainda não tinham recebido o Espírito Santo. Jesus Cristo faz aparecer estes dois profetas, para apresentá-los aos discípulos, como modelos de firmeza e constância; como Moisés devem ser mansos e humildes; iguais a Elias, deviam ser zelosos e incansáveis; como ambos, prudentes e circunspectos. Elias passou fome durante três anos, por amor ao povo. Moisés disse a Deus: "Perdoai-lhes os pecados e exonerai-me ou se assim não quiserdes, extingui meu nome do vosso livro". Tudo isso Jesus faz lembrar aos Apóstolos mostrando-lhes, em misteriosa visão, a glória de Elias e Moisés.

Propondo-lhes Elias e Moisés como modelos, a imitação dos mesmos ainda não é o ideal, que Jesus Cristo quer ver nos Apóstolos. Quando estes disseram: "Senhor, se assim quiserdes, chamaremos fogo do céu, que destrua esta cidade", talvez assim falaram lembrando-se de Elias, que de tal forma procedeu. Jesus, porém, respondeu-lhes: "Não sabeis de que espírito sois". (Lc 9, 55). Queria assim ensinar-lhes que é melhor sofrer uma injustiça, quando se perceberam graças maiores. Não quer isto dizer que Elias não fosse santo e perfeito. Elias vivera num outro tempo, em que a humanidade, atrasada ainda na cultura, carecia de meios educativos mais fortes. O campo de ação dos Apóstolos não devia ser o Egito, a terra de Moisés, mas o mundo inteiro; não era ao Faraó que haviam de contradizer, mas aceitar a luta do demônio, o tirano da maldade, vencê-lo e desarmá-lo.
E não o conseguiram dividindo as águas do mar. A tarefa era, armando-se do ramo de Jessé, dividir as águas furiosas do oceano da impiedade. Reparemos bem as quantas coisas não amedrontaram os Apóstolos: a morte, privações e mil martírios não menos os intimidaram, que aos Judeus e o Mar Vermelho e as hostes de Faraó; mas Jesus, seu Mestre, levou-os a tal grau de perfeição que não hesitaram em aceitar tudo. Para torná-los capazes de uma missão tão difícil, apresentou-lhes os dois grandes heróis do Antigo Testamento.

"Senhor, bom é estarmos aqui", disse São Pedro a Jesus. Ouvindo as referências à Paixão e Morte do querido Mestre, o coração encheu-se de temor; mas desta vez, faltando-lhe a coragem de dizer: "Longe de ti estas coisas", formulou os receios nas palavras já mencionadas. O monte onde se achavam, bem longe de Jerusalém, já era a seu ver uma garantia; fazendo ainda três tendas para lá morar, dispensava perfeitamente a viagem a Jerusalém e removido o perigo do Mestre cair nas mãos dos inimigos. "Bom é estarmos aqui", com Elias, que chamou fogo sobre a montanha; com Moisés, que falou com Deus no cimo do monte - ninguém sabe que aqui estamos. Quem não descobre nestas palavras a profunda e sincera amizade de São Pedro ao Mestre? Os Evangelistas, referindo-se às palavras de São Pedro, dizem: "Não sabia o que falava, pois tão atônito de medo se achava" (Mc 9, 5 e Lc 9, 33).

Falando ainda, eis que uma nuvem os envolveu. Não era noite, era dia claro. A luz, o esplendor assombrava-os e atônitos caíram de rosto por terra. Qual foi a atitude de Cristo? Nem ele, nem Elias, nem Moisés, disseram coisa alguma. Mas da nuvem saiu a voz daquele que é a Verdade. Por que da nuvem? Porque Deus sempre fala da nuvem. "Rodeado está de nuvens e trevas" (Sl 96, 2). "O Filho do Homem vem entre as nuvens" (Dn 7, 13). Saindo a voz da nuvem, não lhes restava dúvida que era a voz de Deus.

E eis que uma uma voz do meio da nuvem disse: "Este é meu Filho muito amado, em quem me agradei; ouví-o". No monte Sinai, Deus publicou ameaças contra o povo. Aqui se via uma nuvem branca e lúcida. Pedro tinha falado em três tendas. Deus, porém, mostrou uma única tenda, não feita por mão de homem; daí a circunstância da aparição de uma luz claríssima e a audição de uma voz. Para não deixar dúvida sobre a pessoa em questão, Elias e Moisés desapareceram e a voz disse: "Este é meu filho muito amado". Se é Ele o amado, o medo de Pedro é infundado. Embora já devesse estar convencido da divindade do Mestre, embora não tivesse dúvida da sua futura ressurreição, Pedro ainda é vacilante em sua fé. Ouvindo agora a voz confirmante do Eterno Pai, deviam desaparecer-lhe os temores e as dúvidas. Se Ele é o Filho muito amado, o Pai não o abandonará. É seu amado, não só por ser seu filho, mas também por Lhe ser igual. "Nele achei meu agrado", quer dizer, pois: Ele é meu agrado, minha alegria, porque, como Filho, é igual ao Pai, é regido pela mesma vontade, é um com ele eternamente. Ouví-o.

Referência:
LEHMANN, Padre João Batista. Na Luz Perpétua. 2. ed. Juiz de Fora: Typ. do "Lar Catholico", 1935. 550 p. Volume II. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

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