Domingo de Ramos da Paixão do Senhor
Antífona de entrada
Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Rei de Israel, hosana nas alturas! (Mt 21, 9)
Ou:
Entrada simples:
Seis dias antes da festa da Páscoa, quando o Senhor veio à cidade de Jerusalém, correram ao seu encontro os pequeninos. Traziam nas mãos ramos de palmeira e clamavam em alta voz: * Hosana nas alturas! Bendito és tu que vens em tua imensa misericórdia.
Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? O Rei da glória é o Senhor onipotente, o Rei da glória é o Senhor Deus do universo! * Hosana nas alturas! Bendito és tu que vens em tua imensa misericórdia. (Cf. Jo 12,1.12-13; Sl 23,9-10)
Hosanna fílio David: benedíctus qui venit in nómine Dómini. Rex Israël: Hosánna in excélsis.
Intrante processione in ecclesiam, cantatur:
Ingrediénte Dómino in sanctam civitátem, Hebraeórum puéri resurrectiónem vitae pronuntiántes, *Cum ramis palmárum: "Hosánna, clamábant, in excélsis." ℣. Cumque audísset pópulus, quod Iesus veníret Ierosólymam, exiérunt óbviam ei. *Cum ramis.
Vernáculo:
Enquanto o celebrante se aproxima, canta-se:
Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que nos vem em nome do Senhor! Rei de Israel, hosana nas alturas! (Cf. MR: 21, 9)
Ao entrar na procissão na igreja, canta-se:
Entrando o Senhor na cidade santa, os filhos dos Hebreus anunciavam a ressurreição da vida. *Com ramos de palmeiras, clamavam dizendo: ℟. Hosana, hosana nas alturas! Ouvindo o povo que Jesus viria a Jerusalém, saiu ao seu encontro. *Com ramos de palmeiras, clamavam dizendo: ℟. Hosana, hosana nas alturas! (Cf. MR)
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, para dar ao gênero humano um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador assumisse a condição humana e morresse na cruz. Concedei-nos aprender os ensinamentos de sua paixão e participar de sua ressurreição. Ele, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Evangelho antes da Procissão de Ramos (Mc 11, 1-10)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo: “Ide até o povoado que está em frente, e logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! 3Se alguém disser: ʽPor que fazeis isso?ʼ dizei: ʽO Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta.ʼ” 4Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. 5Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo, desamarrando esse jumentinho?” 6Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. 7Levaram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou. 8Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. 9Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! 10Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Ou:
Evangelho antes da Procissão de Ramos (Jo 12, 12-16)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo,12a grande multidão que tinha subido para a festa ouviu dizer que Jesus estava chegando a Jerusalém. 13Apanharam ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, clamando: “Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor, o rei de Israel!”
14 Jesus tinha encontrado um jumentinho e estava sentado nele, como está na Escritura: 15“Não temas, filha de Sião, Eis que o teu rei vem montado num jumentinho!” 16Naquele momento, os discípulos não entenderam o que estava acontecendo. Mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram que isso estava escrito a seu respeito e que eles o realizaram.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Primeira Leitura (Is 50, 4-7)
Leitura do Livro do profeta Isaías
O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 21)
℟. Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
— Riem de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: “Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!” ℟.
— Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos. ℟.
— Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro! ℟.
— Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o, toda a raça de Israel! ℟.
Segunda Leitura (Fl 2, 6-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou, e deu-lhe um nome muito acima de outro nome. (Fl 2, 8-9) ℟.
Evangelho (Mc 15, 1-39 – Forma breve)
℣. Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
Narrador 1:
Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. 2E Pilatos o interrogou:
Leitor 1: “Tu és o rei dos judeus?”
Narrador 1: Jesus respondeu:
† — “Tu o dizes”.
Narrador 1: 3E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. 4Pilatos o interrogou novamente:
Leitor 1: “Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”
Narrador 1: 5Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado. 6Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. 7Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. 8A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. 9Pilatos perguntou:
Leitor 1: “Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”
Narrador 2: 10Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. 11Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. 12Pilatos perguntou de novo:
Leitor 1: “Que quereis então que eu faça com o rei dos judeus?”
Narrador 2: 13Mas eles tornaram a gritar:
Todos: — “Crucifica-o!”
Narrador 2: 14Pilatos perguntou:
Leitor 1: “Mas, que mal ele fez?”
Narrador 2: Eles, porém, gritaram com mais força:
Todos: — “Crucifica-o!”
Narrador 2: 15Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. 16Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. 17Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. 18E começaram a saudá-lo:
Todos: — “Salve, rei dos judeus!”
Narrador 1: 19Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.
Narrador 2: 21Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. 22Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”. 23Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. 24Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.
Narrador 1: 25Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. 26E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O Rei dos Judeus”. 27Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.(28) 29Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
Todos: — “Ah! Tu que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, 30salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”
Narrador 1: 31Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo:
Todos: — “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!” 32O Messias, o rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”
Narrador 2: Os que foram crucificados com ele também o insultavam. 33Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. 34Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:
† — “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”
Narrador 2: Que quer dizer:
† — “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
Narrador 2: 35Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:
Todos: — “Vejam, ele está chamando Elias!”
Narrador 2: 36Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:
Todos: — “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.
Narrador 1: 37Então Jesus deu um forte grito e expirou. (Todos se ajoelham um instante) 38Nesse momento, a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. 39Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:
Todos: — “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Impropérium exspectávit cor meum, et misériam: et sustínui qui simul contristarétur, et non fuit: consolántem me quaesívi, et non invéni: et dedérunt in escam meam fel, et in siti mea potavérunt me acéto. (Ps. 68, 21. 22)
Vernáculo:
O insulto me partiu o coração; não suportei, desfaleci de tanta dor! Eu esperei que alguém de mim tivesse pena, mas foi em vão, pois a ninguém pude encontrar; procurei quem me aliviasse e não achei! Deram-me fel como se fosse um alimento, em minha sede ofereceram-me vinagre! (Cf. LH: Sl 68, 21. 22)
Sobre as Oferendas
Pela paixão do vosso Filho Unigênito, apressai, Senhor, a hora da nossa reconciliação; concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a misericórdia que não merecemos por nossas obras. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade! (Cf. MR: Mt 26, 42)
Depois da Comunhão
Saciados pelo vosso sacramento, nós vos pedimos, Senhor: como pela morte do vosso Filho nos destes esperar o que cremos, dai-nos, pela sua ressurreição, alcançar o que buscamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 24/03/2024
Cristo entrega sua vida por nosso amor
Para Cristo a própria morte era a Redenção do homem e a prova do seu amor infinito pelo mundo, a passagem para a Ressurreição.
No mundo em que vivemos, onde os homens se esquecem de Deus, o Domingo de Ramos marca o início de uma semana de lazer, uma semana para ter alguns dias a mais de feriado, semana de diversão. Para nós, em troca, marca o início da Semana Santa, é o início da comemoração da dor, da traição, da morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus que por nós se entregou na cruz.
Hosana ao filho de Davi! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! Com estas aclamações a multidão acompanhava Jesus na entrada de Jerusalém (Mt 21,1-9). Esse é o preâmbulo da Semana que anunciava o triunfo, mas que trazia a morte de Jesus, coroação da Misericórdia de Deus pelo homem.
É uma semana de tensão extrema entre o ódio do homem a Deus e do amor de Deus ao homem, como jamais se verificou na história da humanidade. O Padre estigmatino, Cornélio Fabro comentando esta passagem do evangelho afirmava que “se o ódio é a vontade do mal, o ódio mais alto e intenso, o ódio essencial é querer a morte, querê-la a sangue frio, e querer a morte sobretudo d’Aquele que foi para todos o caminho, a verdade e a vida: d’Aquele que consolou os aflitos, deu alívio aos sofridos e perdão aos pecadores, ressuscitou os mortos, alegrou os humildes e os cansados da vida, e acariciou as crianças proclamando-as digna do Reino de Deus”.
De fato, o ódio como vontade do mal, é a única infinitude, da qual o homem pode dispor em relação oposta a Deus que é infinitude de bem, é a característica estrema da própria liberdade que rejeita escolher a Deus e se joga no abismo de si mesma, do homem que quer fazer tropeçar Aquele que vem em nome do Senhor.
O ódio a Cristo é um ódio essencialmente teológico, que dizer, que vai diretamente contra a sua divindade, é um ódio puro, bem calculado e filtrado. É a opção que o homem moderno apresenta ao plano de Deus, é a apostasia de Deus, é o divórcio entre a cultura e a fé, é o ódio contra Deus que é o bem puríssimo; é a rejeição de Cristo, do Cristianismo, do amor a Eucaristia que nos nutre a alma, à Nossa Senhora que nos protege a vida, aos Anjos bons que nos velam e aos santos que intercedem por nós.
Esse ódio imposto ao homem pelo mundo e pelo demônio é a negação da outra vida verdadeira e perene que não conhece mais dor e morte, da vida eterna na qual podemos ver a infinita beleza de Deus, a face de Cristo e de Nossa Senhora, e a glória dos santos.
Isso é o ódio que querem de nós os feitores do ateísmo e do laicismo moderno, os fariseus da política e da cultura: arrancar-nos a doçura da Paixão de Cristo e resolver o problema da verdade, da vida, do amor... com a negação, ou por assim dizer, com a aniquilação da vida, da verdade e do amor por essência.
É por isso que o Cristo doloroso que vamos contemplar de modo especial nesta Semana Santa, sofre ainda a Paixão e a Agonia até o fim do mundo: glorioso no céu a direita do Pai, Ele ainda continua e repete no seu corpo místico, na sua Igreja perseguida, nos seus fiéis traídos e oprimidos, o seu itinerário de dor e de amor rumo ao calvário, a Semana Santa na História universal que terá o seu fim quando não haverá mais tempo e a eternidade será para o homem um presente total e irrevogável. Então será clara a realidade e a diferença entre o bem e o mal, entre as vítimas inocentes e ávidos perseguidores.
Porém a Semana Santa é também a Semana da vitória e do triunfo que se abre com o “Hosana” das multidões fascinadas por Cristo que cavalga sobre um humilde jumento, e se fecha com o “Aleluia” de Páscoa. É uma semana de triunfo porque, como diz São Paulo, “A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus... Cristo crucificado, que para os judeus é escândalo, e para os gentios é loucura, mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1,18.23-24).
A realidade é que o mesmo Cristo é o regente único e absoluto do drama da Paixão. A sua bondade, liberalidade, generosidade e a sua misericórdia são as artífices principais de sua entrega voluntária a morte pela nossa salvação.
Santo Tomás quando estuda a vida de Cristo e se pergunta pela conveniência dos fatos que marcaram sua vida, como foi a Paixão, sempre põe em realce a voluntariedade com a qual Cristo quis sofrer a Paixão em favor de nós.
Durante a Última Ceia Ele sabe quem é o traidor e o denuncia; no Horto das Oliveiras um simples “Eu o Sou” joga por terra duas vezes o ímpeto dos soldados do Sumo Sacerdote; no pretório declara a Pilatos a sua dignidade essencial de Rei universal capaz de chamar em própria ajuda doze legiões de Anjos; no sinédrio lança aos conjurados o desafio de aparecer triunfante sobre as nuvens do céu. Eis porque se deixa trair, se deixar amarrar, processar, golpear, pregar e morrer na cruz, mesmo tendo absoluta possibilidade de subtrair e aniquilar os próprios verdugos.
Sócrates e todo homem que se escolheu a morte por um bem, aceitou a morte, mas não a quis, porque nenhum homem pode querê-la: a morte de per se é fuga do ser, carga de dúvida e de incerteza. Mas para Cristo a própria morte era a Redenção do homem e a prova do seu amor infinito pelo mundo, a passagem para a Ressurreição. Para Sócrates, como para todo inocente que é justiçado, a situação se precipita contra toda previsão, enquanto uma esperança mesmo pequena ainda respira no coração. Mas para Cristo a conhecimento da própria morte era ínsito na sua consciência de Redentor desde o início: por isso Ele não se deixava levar pelas aparências, não se iludia nos aplausos e aclamações do povo, mas lia e guiava com olho seguro na realidade que lhe circundava a iminente catástrofe. Esse colóquio contínuo de Cristo com a morte era sua imolação de amor infinito e por isso o início da esperança para a nova vida do mundo.
Será útil, agora precisar alguns dos motivos que moveram o Filho de Deus a morrer por nos na cruz.
Santo Tomás se pergunta pela conveniência da Paixão e remontando-se a Santo Agostinho afirma: “Não teve modo mais conveniente de curar a nossa miséria que a paixão de Cristo” [De Trin. 13,10]. E o argumento é o seguinte: Um meio é quanto mais conveniente para conseguir um fim quanto mais é vantajoso para alcançá-lo. Agora bem, a paixão de Cristo, ademais da liberação do pecado, procurou muitas vantagens em ordem a salvação da humanidade.
Primeiro, por este meio o homem vem a conhecer quanto Deus o ame, e com isto é excitado a retribuir este amor, no qual consiste a perfeição da salvação humana. Por isso diz o Apóstolo São Paulo ao Romanos: “Assim provou Deus seu amor para conosco, quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (5,8-9).
Segundo, porque com isto nos deu exemplo de obediência, humildade, perseverança, justiça e das demais virtudes manifestadas na paixão, necessárias para a salvação dos homens. Daí que se diz na Primeira Carta de São Pedro: “Cristo padeceu por nós, nos deixando exemplo para que sigamos seus passos” (2,21).
Terceiro, porque Cristo com sua paixão não só liberou o homem do pecado, mas sim também mereceu para ele a graça da justificação e a glória da bem-aventurança.
Quarto, porque mediante a Paixão deriva uma maior necessidade de conservar-se imune do pecado, segundo aquelas palavras de São Paulo aos Coríntios: “Fostes comprados a caro preço, glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1Cor 6,20).
Quinto, porque isto resulta de maior dignidade, de modo que, como o homem foi vencido e enganado pelo demônio, assim fosse também o homem que derrotasse ao demônio; e assim como o homem mereceu a morte, assim o homem, morrendo, vencesse a morte, como se lê na primeira Carta aos Coríntios: “Graças se rendam a Deus, que nos deu a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 15,57). Portanto, foi mais conveniente que fôssemos liberados pela paixão de Cristo que sê-lo somente pela vontade de Deus.
Desse modo foi que Cristo quis sofrer por todos nós a confusão e o erro do pecado e infundir-nos a confiança da divina e paternal misericórdia.
Agora, então, a Semana Santa é a nossa semana. É a semana para todos nós que nos sentimos pecadores, é a semana dos que sofrem, dos enfermos, dos atribulados, de todos aqueles que são marcados na alma e no corpo com o grilhão da dor, dos doentes de todas as penas e sofrimentos da alma e do corpo, a estes, a nós, é reservada nestes dias a alegria pura de beatificar-nos na Paixão de Cristo, o privilégio de sentir que os flagelos, os golpes, os duros pregos, a morte assustadora... são documentos de amor, são motivos de agradecimento a Deus que nos fez dignos de ser conformes a imagem de seu Filho.
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
Deus abençoe você!
Ao olharmos para a Cruz de Cristo, o que vemos é um grande fracasso. No entanto, a Igreja, movida pela fé da Virgem Maria, diz: “Vitória, tu reinarás! Ó Cruz, tu nos salvarás!” Por trás da aparente derrota de Nosso Senhor, está a sua vitória sobre Satanás e o pecado; vitória esta que somos chamados a viver ao longo dessa Semana Santa que se inicia. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor e renove sua fé no magnífico mistério que se realizou na Cruz de Cristo.
Santo do dia 24/03/2024
Santa Catarina da Suécia (Memória Facultativa)
Local: Valdstena, Suécia
Data: 24 de Março† 1381
Catarina era a segunda filha de santa Brígida, a grande mística sueca que teve grande influência na vida, na história e na literatura do seu país. Catarina nasceu em 1331.
Ainda muito jovem casou-se com Edgar von Kyren, de nobre descendência e de mais nobres sentimentos, pois consentiu que a esposa observasse o voto de castidade que ele mesmo acabou fazendo e observando. Catarina acompanhou sua mãe a Roma por ocasião do ano santo. Lá recebeu a notícia da morte do marido. Desde então as vidas das duas santas correm sobre os mesmos trilhos. A filha participa com total dedicação na intensa atividade de santa Brígida. Esta havia criado na Suécia uma comunidade de tipo cenobítico na cidade de Wadstena, para acolher em separado homens e mulheres em conventos de clausura, cujas regras eram inspiradas no modelo do místico são Bernardo de Claraval.
Durante o período romano que durou até a morte de santa Brígida, 1373, Catarina esteve sempre ao lado da mãe, nas longas peregrinações, às vezes entre perigos de que só mesmo Deus as poderia livrar. Santa Catarina é representada junto com um cervo que, segundo a lenda, muitas vezes apareceu para salvá-la. Depois que trouxeram o corpo da mãe de volta à pátria, Catarina entrou no mosteiro de Wadstena, do qual foi eleita abadessa em 1380.
Chegara de Roma, após uma estada de cinco anos. Em Roma conta-se que Catarina salvou a cidade de uma cheia do Tibre. O episódio é representado numa pintura da igreja a ela consagrada na praça Farnese. O papa Inocêncio VIII permitiu a trasladação das relíquias. Uma multidão imensa a proclamou santa antes mesmo das autoridades eclesiásticas, fixando sua festa no dia da morte, 24 de março de 1381.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Catarina da Suécia, rogai por nós!