Nome: Santa Margarida Maria Alacoque (Memória Facultativa)
Local: Paray-le-Monial, França
Data: 16 de Outubro † 1690

No século XVII, o jansenismo grassava na Europa. Este movimento herético distanciava as pessoas da confiança em Deus. O espírito de amor do Novo Testamento era dominado pelo temor do Antigo Testamento. Para reacender esse amor, surgiram entre 1625 e 1690 três santos: João Eudes, Cláudio La Colombière e Margarida Maria Alacoque. O nome de Margarida Maria está indelevelmente associado à moderna devoção ao Sagrado Coração de Jesus, embora São João Eudes e Santa Margarida Maria apresentem aspectos diferentes da devoção. A de São João Eudes realça mais a bondade de Deus manifestada em Cristo a ser imitada. Contempla o Senhor Jesus que passa pelo mundo fazendo o bem. Admira e rende graças. A devoção deixada por Santa Margarida Maria realça mais o culto de reparação e de expiação pelos muitos pecados da humanidade que se nega a corresponder ao amor misericordioso de Jesus.

Margarida Maria Alacoque nasceu na Borgonha, França, no ano de 1647. Teve infância e adolescência muito atribuladas. Órfã de pai, foi confiada ainda criança às irmãs clarissas para ser educada. Mas estranha moléstia afetou o seu organismo. Acabou voltando para a casa da mãe, onde, junto com a mãe, teve que sofrer muitos maus-tratos e humilhações por parte de uma sua irmã. Recuperada a saúde, pôde continuar sua formação cultural e religiosa. Ao entrar na vida religiosa no mosteiro da Visitação de Paray-le-Monial fez dessa Casa religiosa o centro da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. No mosteiro Margarida encontrou muitas dificuldades e provações, inclusive, na prática da oração. Orientada por sua superiora, começou a cultivar, sobretudo, a oração diante do Santíssimo Sacramento do Altar. Encontrou, então, as luzes que iam abrir caminho para o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Numa visão diante do tabernáculo, ouviu a mensagem: "Eis o coração que tanto amou os homens e deles só recebe ingratidões". Daí por diante ela se tornará apóstola da reparação ao Coração de Jesus.

Na comunidade eram postas em dúvida suas experiências místicas, pelo que sofreu muitas humilhações e grande oposição. Providencialmente, entrou, então, em sua vida o padre jesuíta bem-aventurado Cláudio de La Colombière. Ele converteu-se em devoto e apóstolo, dando todo apoio a Margarida Maria.

A devoção ao Coração de Jesus passou do mosteiro de Paray-le-Monial aos demais mosteiros da Ordem, e depois ganhou toda a Igreja, tornando-se uma das devoções mais queridas dos fiéis, incentivando ao máximo a piedade eucarística, em tempo em que a participação da Missa com Comunhão era bastante rara. Desenvolveu-se muito a devoção eucarística fora da Missa. Surgiu a festa do Sagrado Coração de Jesus, a prática da Comunhão nas primeiras sextas-feiras de cada mês, o mês de junho dedicado ao Coração de Jesus com a Ladainha do Coração de Jesus. Vários papas deram a sua chancela ao novo culto, desde Leão XIII até Pio XII, que mais uma vez recomendou tal devoção mediante uma carta encíclica.

Santa Margarida Maria faleceu relativamente cedo, em 1690, com 43 anos. Foi canonizada por Bento XV em 1920.

A festa do Sagrado Coração de Jesus começou a ser celebrada simultaneamente pela Congregação do padre João Eudes e pelo movimento suscitado por Santa Margarida Maria. Por isso, no decorrer do tempo a Missa passou por vários formulários diferentes, ora atendendo ao enfoque da devoção suscitada e cultivada por São João Eudes, ora atendendo à linha da devoção reparadora promovida por Santa Margarida Maria. A reforma pós-conciliar se inspira nas duas tradições, tanto que na Missa da solenidade do Sagrado Coração de Jesus se apresentam duas Orações coletas, à escolha. Analisando os textos, parece até que a tradição de São João Eudes está mais presente do que a de Santa Margarida Maria.

Na primeira opção se diz: Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças.

A segunda opção reza assim: Ó Deus, que no Coração do vosso Filho, ferido por nossos pecados, nos concedestes infinitos tesouros de amor, fazei que lhe ofereçamos uma justa reparação consagrando-lhe toda a nossa vida.

A Oração coleta da comemoração da santa também não faz alusão à reparação, mas acentua o conhecimento do amor do Cristo: Ó Deus, derramai em nós o espírito com que enriquecestes Santa Margarida Maria, para que, conhecendo o amor do Cristo, que supera todo conhecimento, possamos gozar a vossa plenitude.

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!

Oração a Santa Margarida Maria Alacoque

Ó Santa Margarida Maria, a quem o Sagrado Coração de Jesus, fez participante de seus tesouros divinos, nós vos suplicamos que nos alcanceis deste Coração adorável as graças de que temos necessidade. Nós as pedimos com ilimitada confiança. Digne-se o Coração Divino no-las conceder pela vossa intercessão, a fim de que Ele seja mais uma vez glorificado e amado por vosso meio. Assim seja.

Rogai por nós Santa Margarida Maria, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos
Senhor Jesus Cristo que revelastes maravilhosamente as insondáveis riquezas do vosso Coração à Virgem Santa Margarida Maria, concedei-nos pelos seus merecimentos, e à sua imitação que, amando-vos em tudo e sobre todas as coisas, mereçamos ter perpétua morada neste mesmo vosso Coração: Que viveis e reinas pelos séculos dos séculos. Amém.

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