Nome: Santo André de Soveral, Ambrósio Ferro e companheiros (Memória)
Local: Rio Grande do Norte, Brasil
Data: 03 de Outubro † 1645

São 28 os companheiros mártires leigos, homens, mulheres e crianças. Eles são conhecidos também como os Mártires do Rio Grande do Norte ou os protomártires do Brasil.

Estamos no Brasil, Colônia de Portugal do século XVII. Também a capitania do Rio Grande, atual Estado do Rio Grande do Norte, foi invadida pelos holandeses, atraídos pela produção canavieira.

No dia 16 de julho de 1645, os holandeses, que ocupavam o Nordeste do Brasil, chegaram a Cunhaú, no Rio Grande do Norte, onde residiam vários colonos ao redor do engenho, ocupados no plantio da cana-de-açúcar. Era domingo e a comunidade estava reunida para a missa na capela da casa-grande, dedicada a Nossa Senhora das Candeias. A capela foi cercada e invadida por soldados e índios que trucidaram os que aí estavam. Os membros da Comunidade não opuseram resistência aos agressores e entregaram piedosamente suas almas ao Criador. Dentre os martirizados, ficaram na história o padre André de Soveral e o leigo Domingos de Carvalho.

Aterrorizados com o acontecimento de Cunhaú, o padre Ambrósio Francisco Ferro e outros moradores da capitania solicitaram abrigo no Forte dos Reis Magos. Outras pessoas, não podendo asilar-se no forte, providenciaram a construção de abrigos improvisados na localidade denominada Potengi, distante 25km da Fortaleza dos Reis Magos. Os flamengos deixaram Cunhaú e atingiram Potengi e, após porem cerco à resistência dos moradores refugiados, conseguiram rendê-los e conduzi-los à fortaleza dos Reis Magos. Chegou ao forte ordem do Alto e Secreto Conselho do Recife, órgão de domínio do Brasil holandês, para executar imediatamente os rebeldes.

O primeiro grupo executado foi aquele do qual participava o padre Ambrósio junto com outras pessoas de destaque na cidade. Era o dia 3 de outubro de 1645, quando o grupo composto de doze pessoas foi conduzido ao porto de Uruaçu, a 18km da Fortaleza dos Reis Magos. No porto, tudo já estava preparado para a execução, comandada pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba, o qual, embora indígena, fora educado na Holanda e se convertera à Igreja reformada.

Quando os condenados chegaram, receberam ordens para se despirem e se ajoelharem. Os holandeses, de religião calvinista, trouxeram um pastor protestante para demovê-los de sua fé católica. Todos resistiram a esta tentativa e foram barbaramente mortos. Entre eles estava Mateus Moreira que, ao lhe ser arrancado o coração pelas costas, morreu exclamando: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". O segundo grupo foi executado no mesmo local, com a mesma crueldade e violência. Entre os mortos encontravam-se algumas mulheres e crianças.

Forte é a relação dos mártires com a Eucaristia. Uns foram mortos durante a Missa, Mateus Moreira morreu louvando o Santíssimo Sacramento. Vida eucarística e martírio têm em comum o testemunho do Senhor Jesus.

O caso dos mártires de Cunhaú e de Uruaçu leva a vários questionamentos. Entre eles, a tolerância religiosa. A religião que leva a atentar contra a vida não pode ser verdadeira religião. Note-se também que por trás dos atos dos cristãos reformados que assassinaram os mártires de Cunhaú e Uruaçu havia fortes interesses econômicos. A religião, quando se torna serva de grupos econômicos, deixa de servir a Deus.

A mensagem que esses mártires legaram é que vale a pena dar a vida por causa do Evangelho. Por outro lado, leva-nos a notar que a religião de Jesus não é a da dominação, da morte, da exploração, mas da vida e do amor.

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

Santo André de Soveral, Ambrósio Ferro e companheiros, rogai por nós!

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