Catecismo
A Ressurreição como fonte de esperança para tempos difíceis
por Thiago Zanetti em 23/05/2025 • Você e mais 122 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 5 minutos
Em tempos de dor, incerteza e provação, a Ressurreição de Cristo ressurge como o ponto mais luminoso da esperança cristã. Não se trata de uma esperança vaga ou ilusória, mas de uma certeza enraizada no evento histórico e transcendente da vitória de Jesus sobre a morte. Para aqueles que creem, a Ressurreição é o antídoto mais poderoso contra o desespero e a fonte mais segura de consolo diante do sofrimento.
A vitória sobre a morte: raiz da esperança
A esperança cristã é essencialmente pascal. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica:
“A Ressurreição constitui antes de mais nada a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou.” (CIC 651).
Isso significa que, se Cristo ressuscitou, então não há sofrimento ou noite escura que não possa ser atravessada com Ele. Sua Ressurreição não é só um consolo futuro, mas uma presença real que nos sustenta hoje.
A esperança em meio à tribulação
O Papa Bento XVI, em sua encíclica Spe Salvi, afirma:
“Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente. (…) A porta tenebrosa do tempo, do futuro, foi aberta de par em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova” (Spe Salvi, n. 2).
Essa vida nova é o Cristo ressuscitado. É Ele quem ilumina o caminho quando tudo parece ruir. Sua vitória sobre a morte é a garantia de que, mesmo nos momentos mais difíceis, não estamos sozinhos nem sem destino.
Um consolo que não engana
O mundo oferece esperanças passageiras: soluções imediatas, respostas fáceis, promessas de conforto que se desfazem diante da dor real. Mas a esperança cristã é diferente. Como afirma o apóstolo São Paulo:
“A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” ( Rm 5,5).
Essa esperança tem um nome: Jesus. Ele mesmo disse: “No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Não se trata, portanto, de fugir da dor, mas de enfrentá-la sustentados por Alguém que já passou por ela e triunfou.
A Ressurreição como resposta à desesperança
Em tempos de guerra, pandemias, crises econômicas e existenciais, muitos se sentem sem rumo. A Igreja, no entanto, proclama uma mensagem que resiste ao tempo e à dor:
“Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” (1Cor 15,20).
Essa é a certeza que sustentou os mártires, animou os santos e alimenta milhões de fiéis. A morte não tem a última palavra. O sofrimento não é em vão. Existe um sentido maior. Existe a ressurreição.
Santa Teresa de Lisieux: “Eu não morro, entro na vida”
Esse testemunho da esperança pascal é vivido de forma extraordinária pelos santos. Santa Teresinha do Menino Jesus, na iminência da morte, proclamou:
“Eu não morro, entro na vida”.
Essa frase resume com profundidade o olhar cristão diante da morte: ela não é o fim, mas o início da verdadeira vida. Tal visão só é possível por causa da Ressurreição de Cristo.
A esperança encarnada na Eucaristia
A celebração da Eucaristia é a atualização do Mistério Pascal. Ali, o Ressuscitado se faz presente, alimenta-nos com seu Corpo e fortalece nossa esperança. O Concílio Vaticano II ensina:
“A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício eucarístico, se opera o fruto da nossa Redenção, contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja” (Sacrosanctum Concilium, n. 2).
Não há remédio mais eficaz contra o desespero do que o encontro com o Cristo vivo na Eucaristia.
A esperança ativa: transformar o mundo com os olhos fixos no Ressuscitado
A esperança cristã não é passiva. Ela não aliena nem anestesia. Ao contrário, torna o cristão mais consciente da sua missão no mundo. O Catecismo ensina:
“A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocado por Deus no coração de todo o homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens.” (CIC 1818).
Quem tem esperança vive e atua com coragem, compaixão e justiça, pois sabe que nenhuma lágrima será desperdiçada. Sabe que o amor tem a última palavra.
Maria: mulher da esperança pascal
Maria, a Mãe do Ressuscitado, é o exemplo mais sublime de esperança perseverante. Mesmo aos pés da cruz, ela não desistiu. Ela acreditou contra toda esperança (cf. Rm 4,18). O Papa Francisco afirma:
“Maria estava, simplesmente estava lá. Ei-la novamente, a jovem de Nazaré, agora com cabelos brancos pelo passar dos anos, ainda ocupada com um Deus que só deve ser abraçado, e com uma vida que chegou ao limiar da escuridão mais densa. Maria estava na escuridão mais espessa, mas estava. Não foi embora. Maria está fielmente presente, cada vez que surge a necessidade de manter uma vela acesa num lugar de bruma e neblina” (Audiência Geral, 03/05/2017).
Com Ela, também somos convidados a esperar com firmeza e fidelidade.
A esperança que brota da Ressurreição não é otimismo humano nem consolo superficial. É uma força divina que sustenta o cristão nos momentos mais obscuros. Em tempos difíceis, lembrar que Cristo venceu a morte é reavivar a certeza de que nenhum sofrimento é eterno e nenhuma cruz é definitiva.
Como proclamou o Papa Francisco na Vigília Pascal de 2020:
“Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmadinha nas costas nem um encorajamento de circunstância, com o aflorar dum sorriso. Não. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. (…) A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida” (Homilia, 11/04/2020).
Diz ainda o documento:
“O túmulo é o lugar donde, quem entra, não sai. Mas Jesus saiu para nós, ressuscitou para nós, para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova no ponto onde fora colocada uma pedra em cima. Ele, que derrubou a pedra da entrada do túmulo, pode remover as rochas que fecham o coração. (…) não desistas! Deus é maior. A escuridão e a morte não têm a última palavra. Coragem! Com Deus, nada está perdido.” (Homilia, 11/04/2020).
A luz da Ressurreição é mais forte do que todas as trevas. Por isso, mesmo nos tempos mais difíceis, o cristão pode repetir com fé: Cristo ressuscitou. Ele está vivo. E por isso, eu também viverei.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
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