A VERDADEIRA POSTURA DE QUEM SE SENTE PERSEGUIDO DENTRO DA IGREJA
Antes da transcrição do trecho significativo extraído do livro “A verdadeira religião”, do grande Santo Agostinho, bispo de Hipona, é preciso esclarecer que nos primeiros séculos a Igreja viveu momentos de muitas turbulências. A Igreja ainda estava em formação, e por mais de 300 anos fora perseguida pelos imperadores romanos. Em meio à perseguição, surgiram grandes santos, mas também heresiarcas que trabalharam no sentido de confundir os fiéis. Mesmo após Constantino ter permitido aos cristãos liberdade de culto, muitos foram aqueles que tentaram contra o rebanho de Cristo. Em meio a tudo isso, houve santos verdadeiramente injustiçados, como São João Crisóstomo e Santo Atanásio. Portanto, é dentro desse contexto que escreve Santo Agostinho.
E não só na Antiguidade, em outras épocas, grandes santos foram alvo de incompreensões. Santo Inácio de Loyola, por exemplo, fora investigado pela Inquisição. São Pio de Pietrelcina também sofreu com a falta de caridade de alguns sacerdotes, etc. E hoje há também aqueles fiéis que são vítimas de seus próprios irmãos na fé. Qual a verdadeira postura do católico diante de situações como essa? Vejamos o que nos ensina o fundador dos agostinianos.
Os justos perseguidos na Igreja
“Por vezes, permite a própria divina Providência que homens justos sejam desterrados da Igreja católica por causa de alguma violência partidária muito turbulenta da parte de homens carnais.
Se as vítimas dessas injustiças ou injúrias suportarem com paciência, pela paz da Igreja, sem introduzir movimentos cismáticos ou heréticos, ensinarão a todos com que verdadeiro afeto e sincera caridade se deve servir a Deus.
A intenção de tais homens é o regresso, uma vez passada a tempestade. Ou, se não lho permitirem – por não ter cessado o temporal ou por haver ameaça de que se enfureça ainda mais com o seu retorno – mantenham-se na firme vontade de prover o bem dos próprios agitadores a cuja sedição e turbulência tiveram de ceder. Defendam até morrer e sem suscitar divisões, ajudem com seu testemunho a manter aquela fé que sabem ser pregada pela Igreja católica.
A esses, o Pai que vê no secreto interior, coroará secretamente. Parece ser rara essa categoria de homens, mas exemplos não faltam e são ainda mais frequentes do que se poderia crer.
Assim, a Divina Providência vale-se de toda categoria de homens e de situações para curar as almas e formar um povo espiritual.”
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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