Comportamento
Como deixar de ser “católico de IBGE” e se tornar um católico praticante?
por Thiago Zanetti em 10/09/2025 • Você e mais 231 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 6 minutos
Você já deve ter ouvido essa expressão: “católico de IBGE”. Ela se refere àquelas pessoas que se declaram católicas em pesquisas como as do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas que, na prática, não vivem a fé católica no dia a dia. Não participam da Missa dominical, não se confessam, não rezam com frequência, não conhecem o Catecismo e, muitas vezes, vivem em desacordo com os ensinamentos da Igreja — mesmo continuando a se identificar como católicos.
Segundo dados do Censo 2022 do IBGE, 56,7% da população brasileira, totalizando 100,2 milhões de pessoas, se declara católica. Mas será que todos esses milhões de brasileiros são, de fato, católicos praticantes?
Este artigo é um convite: se você se reconhece como um “católico de IBGE”, mas sente que algo está faltando, saiba que é possível — e urgente — viver a fé de forma autêntica e transformadora.
1. Reconheça a importância da fé vivida
Ser católico não é apenas uma identidade cultural, mas uma escolha de vida. O Catecismo da Igreja Católica ensina:
“A fé é primeiramente uma adesão pessoal do homem a Deus; é ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou” (CIC 150).
Ser católico praticante começa com o desejo sincero de seguir a Cristo, obedecer Seus mandamentos e viver em comunhão com a Igreja que Ele fundou. Reconhecer que a fé exige ação é o primeiro passo para sair da superficialidade.
2. Volte à Missa dominical
Um católico praticante vive em sintonia com o coração da Igreja: a Santa Missa. A Eucaristia é o “fonte e ápice de toda a vida cristã” (CIC 1324), e é na Missa que encontramos o próprio Cristo, real e substancialmente presente no altar.
A participação dominical não é opcional, mas um mandamento:
“Aos domingos e nos outros dias de festa e de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa” (CIC 2180).
Faltar sem motivo grave é pecado mortal. Retomar o hábito da Missa é retomar a centralidade de Deus na sua semana.
3. Confesse-se com regularidade
Muitos se afastam da vida de fé por culpa, vergonha ou esquecimento da Confissão. Mas a Igreja ensina com clareza:
“Quem está consciente de um pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de receber a comunhão” (CIC 1385).
A confissão não é um castigo, mas um encontro com a misericórdia de Deus. Confessar-se uma vez por ano é o mínimo exigido (CIC 2042), mas a prática mensal ou bimestral é recomendada para quem deseja crescer espiritualmente.
4. Leia o Evangelho e o Catecismo
Conhecer a fé é essencial para vivê-la com maturidade. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12) e transforma quem a medita diariamente. Separe alguns minutos por dia para ler um trecho dos Evangelhos.
Além disso, o Catecismo é um verdadeiro mapa da fé católica. Como afirma São João Paulo II:
“O ‘Catecismo da Igreja Católica’ (…) é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja” (Fidei Depositum, IV).
Comece pelos temas mais práticos: os Dez Mandamentos, os Sacramentos, a oração. Conhecer a doutrina é amar mais profundamente Aquele que a revelou.
5. Cultive a vida de oração
Não existe catolicismo sem oração. Quem não reza, não se alimenta espiritualmente. Santo Afonso de Ligório dizia:
“Quem reza se salva, quem não reza se condena.”
Comece com pequenas práticas: oração da manhã, oração da noite, um terço por dia, uma visita ao Santíssimo Sacramento. Não se trata de quantidade, mas de qualidade e constância. Aos poucos, a oração se torna parte essencial da rotina.
6. Viva os mandamentos no dia a dia
Ser católico praticante não é apenas cumprir ritos, mas deixar que a fé transforme todas as áreas da vida: trabalho, relacionamentos, moral, sexualidade, decisões. Como ensina o Catecismo:
“A fidelidade dos batizados é condição primordial para o anúncio do Evangelho e para a missão da Igreja no mundo. Para manifestar diante dos homens sua força de verdade e de irradiação, a mensagem da salvação deve ser autenticada pelo testemunho de vida dos cristão. ‘O próprio testemunho de vida cristã e das boas obras feitas em espírito sobrenatural possuem a força de atrair os homens para a fé e para Deus.’” (CIC 2044).
Isso exige renúncia, conversão contínua e coragem de nadar contra a corrente. Mas é assim que se constrói uma fé madura e coerente.
7. Busque uma paróquia, um grupo, um diretor espiritual
A fé se fortalece na comunidade. É muito mais fácil caminhar com outros católicos que também desejam crescer. Procure sua paróquia, participe de grupos de oração, movimentos ou pastorais. Se possível, tenha um padre como orientador espiritual.
O Papa Francisco reforça a importância da vida comunitária:
“Não vivemos isolados e não somos cristãos a título individual, cada qual por sua própria conta, não, a nossa identidade cristã é pertença!” (Audiência Geral, 25/06/2014).
8. Deixe a fé moldar sua visão de mundo
Muitos dizem ser católicos, mas seguem ideologias, modismos e valores contrários à fé. Um católico praticante forma sua consciência com base no Magistério da Igreja e aplica os princípios cristãos à política, à economia, à cultura, à família.
Não se trata de alienação, mas de coerência com Aquele que é a Verdade: Jesus Cristo.
O catolicismo não é título, é missão
Ser católico não é uma formalidade no censo. É um chamado existencial: viver como filho de Deus e discípulo de Cristo em um mundo que O rejeita.
O apóstolo São Tiago já alertava:
“Sede praticantes da Palavra, e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1,22).
Hoje, mais do que nunca, o mundo precisa de católicos convictos, coerentes e santos. Se você chegou até aqui, talvez Deus esteja te chamando a sair da zona de conforto e começar uma nova etapa da sua fé.
Não basta dizer-se católico. É preciso viver como tal.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
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