Comportamento
Como viver bem a Semana Santa
por Lorraine Martins em 14/04/2025 • Você e mais 526 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 5 minutos
Antes de tudo, a Semana Santa não é um feriado comum, mas um tempo de graça que o Senhor nos concede para abrirmos as portas do nosso coração. O Papa Francisco nos lembra: “A Semana Santa é um tempo de graça, não nos esqueçamos disso” (Mensagem de vídeo aos organizadores da Semanda Santá de Mérida 2024).
Não se trata de um teatro ou de um mero rito simbólico. Na liturgia, os acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo são tornados presentes. Por isso, vivemos, de fato, os mistérios centrais da nossa fé.
A semana mais importante do ano
Como ensinou o Papa Bento XVI, esta é a semana mais importante para os cristãos (Audiência Geral, 08/04/2009). No passado, era comum que as atividades fossem suspensas para permitir ao povo maior recolhimento. Hoje, mesmo com os desafios da rotina, somos chamados a mergulhar nesses dias com profundidade, acolhendo cada momento como um retiro espiritual, caminhando com Cristo desde o Domingo de Ramos até a Vigília Pascal.
Não estamos em um teatro
Embora as encenações da Paixão de Cristo possam nos ajudar a meditar, é importante lembrar que não substituem, em hipótese alguma, o que vivemos na liturgia. Na Missa, não assistimos a um espetáculo; participamos de um acontecimento real. A Última Ceia, a Cruz e o Túmulo vazio são tornados presentes. Celebrar a Semana Santa é estar espiritualmente no Cenáculo, no Calvário e no sepulcro com Jesus.
Quem eu serei nesta Semana Santa?
Essa pergunta deve guiar nossa meditação: quem sou eu nestes acontecimentos? Judas que trai, Pedro que nega, Pilatos que lava as mãos? Ou sou João que permanece, Verônica que consola, Maria que sofre em silêncio? Estar de corpo presente não é suficiente; é preciso estar com o coração, mente e alma atentos.
Como viver bem a Semana Santa?
- Participar de todas as celebrações litúrgicas: o Tríduo Pascal (quinta, sexta e sábado) é o coração da nossa fé. Devemos nos esforçar ao máximo para participar dessas celebrações com atenção, devoção e interioridade.
- Confissão sacramental: examinar a consciência e buscar o Sacramento da Reconciliação nos prepara para uma verdadeira ressurreição interior. É o momento de deixar a vida velha para trás.
- Jejum e penitência: a Semana Santa é tempo de intensificar as penitências iniciadas na Quaresma. Além de serem obrigações da Igreja, a abstinência de carne e o jejum na Sexta-feira Santa são, ao mesmo tempo, valiosas oportunidades de união com Cristo sofredor.
- Meditação da Paixão de Cristo: rezar a Via Sacra, contemplar os mistérios da dor de Jesus, unir-se ao sofrimento do Senhor e dos irmãos que ainda hoje vivem paixões diárias. A dor de Cristo continua nos que sofrem hoje.
- Diminuir as distrações: silenciar o coração e o ambiente. Evitar redes sociais, conversas vãs e ambientes que nos afastam do espírito de recolhimento. O amor é criativo: cada um pode encontrar meios de viver esse silêncio segundo seu estado de vida.
- Pedir o auxílio dos santos: invocar a intercessão de Nossa Senhora das Dores, Santa Verônica, Simão Cireneu, São João Evangelista, José de Arimateia… cada um deles nos ensina a viver um aspecto da Paixão de Cristo com amor e fidelidade.
Acompanhar passo a passo
Durante a semana, a Igreja nos conduz:
- Domingo de Ramos: A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Mesmo sabendo que será crucificado, Ele entra por amor.
- Segunda-feira Santa: Jesus em Betânia, entre amigos, acolhe o perfume generoso. Meditamos sobre a amizade com Cristo.
- Terça-feira Santa: O cenário se prepara. Judas se aproxima da traição; Pedro se aproxima da negação.
- Quarta-feira Santa: A liturgia nos introduz no mistério da traição. O Ofício de Trevas ajuda a mergulhar na dor de Jesus abandonado.
- Quinta-feira Santa: Instituição da Eucaristia, do sacerdócio e do mandamento do amor. A vigília no Horto das Oliveiras nos convida a consolar o Coração angustiado de Jesus.
- Sexta-feira Santa: A Cruz. O silêncio, a dor, a contemplação do amor de um Deus crucificado. Hora de adorar e se unir à Virgem Dolorosa.
- Sábado Santo: Silêncio e esperança. Com Maria, esperamos a vitória da vida. A Vigília Pascal nos leva do luto à luz.
Preparar-se para a Ressurreição
A alegria da Páscoa é proporcional à intensidade com que vivemos cada etapa da Paixão. Só quem desceu com Cristo ao túmulo pode verdadeiramente cantar o Aleluia Pascal. A ressurreição é real e poderosa. Ele vive, e com Ele nós vencemos.
O final feliz está garantido
Portanto, se ainda não estamos na vitória, é porque a história não acabou. A cruz não é o fim. A dor não tem a última palavra. A certeza da Ressurreição nos acompanha por toda a vida e fortalece nossa esperança. Feliz quem caminha com o Senhor nesta semana santa. Feliz quem ressuscitará com Ele.
Por Lorraine Martins
Graduada em Psicologia. Integra a Equipe do Pocket Terço.
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