Catecismo

Por que confessar-se a um sacerdote?

por Thiago Zanetti em 09/07/2025 • Você e mais 96 pessoas leram este artigo Comentar


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Tempo de leitura: 5 minutos

A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja Católica e, ao longo dos séculos, tem sido um meio eficaz para a reconciliação do fiel com Deus. Mas afinal, por que confessar-se a um sacerdote?

O que é o sacramento da confissão?

O sacramento da confissão, também chamado de Penitência ou Reconciliação, foi instituído por Jesus Cristo como caminho para o perdão dos pecados cometidos após o batismo. O Catecismo da Igreja Católica ensina:

“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja” (CIC 1422).

Por meio da confissão, o fiel expressa o arrependimento e recebe, do sacerdote, a absolvição em nome de Cristo.

A origem bíblica da confissão a um sacerdote

A prática da confissão não foi uma invenção humana. Ela tem fundamento direto nas palavras de Jesus. No Evangelho de São João, lemos:

“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos” (Jo 20,22-23).

Cristo conferiu aos apóstolos — e, por sucessão, aos bispos e sacerdotes — o poder de perdoar pecados. Esse poder é exercido no sacramento da Penitência.

Além disso, São Tiago exorta:

“Confessai, pois, uns aos outros, os vossos pecados, orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5,16).

Essa confissão feita diante da autoridade da Igreja permite que o fiel experimente a cura espiritual e a reconciliação.

Por que o sacerdote?

A confissão a um sacerdote é necessária porque ele age na pessoa de Cristo (in persona Christi). O sacerdote não perdoa os pecados por mérito próprio, mas como ministro de Deus. O Catecismo esclarece:

“Como Cristo confiou a seus apóstolos o ministério da Reconciliação, os Bispos, seus sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos Bispos, continuam a exercer esse ministério” (CIC 1461).

Confessar-se a um sacerdote garante que o perdão seja administrado de acordo com o que Cristo instituiu e que o penitente receba também o aconselhamento espiritual necessário para evitar o pecado no futuro.

Por que não basta confessar-se diretamente a Deus?

Muitos perguntam: por que eu não posso confessar-me diretamente a Deus, sem um sacerdote? A resposta está na própria vontade de Cristo. Se o Senhor quis conceder o perdão por meio da Igreja, devemos acolher esse caminho com humildade. Além disso:

  • O sacerdote, ao ouvir a confissão, ajuda o fiel a reconhecer melhor suas faltas.
  • A absolvição sacramental oferece a certeza do perdão, algo que a confissão privada não pode garantir.
  • A confissão ao sacerdote cura e fortalece a alma, restaurando a comunhão com a Igreja.

Como diz o Catecismo:

“A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja” (CIC 1497).

Os benefícios espirituais da confissão

Confessar-se regularmente traz graças abundantes para a vida espiritual. Entre os principais benefícios estão:

  • Perdão dos pecados e reconciliação com Deus
  • Paz interior e alívio do peso da culpa
  • Força para resistir às tentações
  • Crescimento na humildade e na caridade
  • Maior consciência das próprias fraquezas e pecados

A confissão frequente é recomendada inclusive para os pecados veniais, pois ajuda na purificação e no progresso na vida cristã.

Quando devo me confessar?

A Igreja ensina que todo fiel tem obrigação de confessar-se ao menos uma vez ao ano, especialmente por ocasião da Páscoa, conforme o Cânon 989 do Código de Direito Canônico. No entanto, o ideal é confessar-se sempre que se tenha consciência de pecado grave, sem adiar.

Além disso, muitos santos recomendavam a prática regular, como dizia São João Paulo II:

“A Igreja viu sempre um nexo essencial entre o juízo confiado aos sacerdotes neste sacramento e a necessidade que os penitentes declarem os próprios pecados, salvo nos casos de impossibilidade” (João Paulo II, Motu Proprio Misericordia Dei, 7 de abril de 2002).

Como fazer uma boa confissão?

Para que o sacramento seja eficaz, o fiel deve se aproximar com sinceridade e contrição, cumprindo cinco passos:

  • Exame de consciência
  • Arrependimento dos pecados
  • Propósito de não mais pecar
  • Confissão clara e completa ao sacerdote
  • Cumprimento da penitência dada

Essa disposição abre o coração para a graça e para o verdadeiro encontro com a misericórdia divina.

Um convite à reconciliação

Confessar-se a um sacerdote não é um fardo, mas um dom. É a oportunidade de recomeçar, reconciliando-se com Deus e com os irmãos. Se você há muito tempo não busca esse sacramento, que tal aproveitar a próxima oportunidade para experimentar essa graça?

Thiago Zanetti

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
Siga-o no Instagram: @thiagoz.escritor




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