Anjos
Tudo o que você precisa saber sobre os Anjos da Guarda
por Thiago Zanetti em 01/10/2025 • Você e mais 994 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 6 minutos
Os Anjos da Guarda estão entre as verdades de fé mais belas e reconfortantes da tradição católica. Embora muitas vezes lembrados apenas na infância ou em orações curtas, sua missão é permanente: acompanhar, proteger e guiar cada pessoa no caminho da salvação. Este artigo vai mostrar o que a Bíblia e a Igreja ensinam sobre os Anjos da Guarda e como cultivar uma devoção verdadeira a esses mensageiros de Deus.
O que a Bíblia fala sobre os Anjos da Guarda
A existência dos anjos é atestada ao longo de toda a Sagrada Escritura. No Antigo Testamento, os salmos já anunciam a ação protetora dos anjos:
“Pois Ele dará ordem a seus anjos para te guardarem em todos os teus passos. Em sua mãos te levarão para que teu pé não tropece em nenhuma pedra.” (Sl 91,11-12)
No Novo Testamento, Jesus confirma que cada pessoa é acompanhada por um anjo, em especial as crianças:
“Cuidado! Não desprezeis um só destes pequenos! Eu vos digo que seus anjos, no céu, contemplam sem cessar a face do meu Pai que estás nos céus.” (Mt 18,10)
Essas passagens mostram claramente que os Anjos da Guarda não são apenas uma devoção popular, mas uma realidade revelada por Deus.
O que o Catecismo da Igreja ensina
O Catecismo da Igreja Católica dedica vários parágrafos à realidade dos anjos. Ele afirma:
- “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição.” (CIC 328)
- “Desde o início até à morte, a vida humana é cercada pela sua proteção e por sua intercessão.” (CIC 336)
Esses trechos deixam claro que a missão dos Anjos da Guarda não é passageira, mas acompanha cada fiel durante toda a vida.
Missão dos Anjos da Guarda
A Igreja ensina que cada pessoa recebe de Deus um anjo para guiar e proteger. Eles cumprem três funções principais:
- Proteger: guardam o fiel dos perigos espirituais e corporais.
- Inspirar: sugerem bons pensamentos e ajudam a discernir a vontade de Deus.
- Conduzir à salvação: sua missão não é apenas cuidar da vida terrena, mas conduzir a alma até o encontro com Deus.
São Basílio Magno já afirmava:
“Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida.”
(Homilia sobre o Salmo 33,6)
A devoção aos Anjos da Guarda
Desde cedo, a Igreja reconheceu a importância de cultivar uma devoção pessoal ao Anjo da Guarda. Essa devoção não é adoração — que pertence somente a Deus — mas respeito, confiança e amizade espiritual.
Uma das orações mais conhecidas é a Oração do Anjo da Guarda, ensinada a muitas crianças:
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém.”
Festa litúrgica dos Anjos da Guarda
A Igreja dedica o dia 2 de outubro à memória dos Santos Anjos da Guarda. Essa celebração reforça a gratidão pela missão desses espíritos celestes e convida os fiéis a renovar sua confiança em Deus, que cuida de cada um por meio deles.
Os Anjos e a liberdade humana
Um ponto importante é que os anjos não anulam o livre-arbítrio. Eles podem inspirar e proteger, mas cada pessoa continua responsável por suas escolhas. O Catecismo explica que sua missão é “iluminar e guiar” (CIC 336), mas a decisão de seguir a vontade de Deus cabe sempre ao homem.
Os Anjos da Guarda e a morte
A missão do Anjo da Guarda não termina nesta vida. A Igreja ensina que eles permanecem ao lado da alma até a passagem definitiva para Deus. Por isso, na Liturgia das Exéquias, a Igreja reza:
“Receba-te Cristo, que te chamou, conduzam-te os Anjos ao Paraíso”.
Como se relacionar com o Anjo da Guarda
Cultivar amizade e devoção ao Anjo da Guarda é simples e profundo ao mesmo tempo. Algumas práticas recomendadas são:
- Rezar diariamente, pedindo sua proteção.
- Agradecer pela inspiração em momentos de dúvida.
- Invocar sua ajuda contra tentações.
- Lembrar-se de sua presença constante, como um amigo espiritual.
São Tomás de Aquino também ensina:
“Desde o nascimento até a morte, o homem é custodiado por um anjo.”
(Suma Teológica, I, q.113, a.5, ad 3)
O que a Igreja reprova
É importante destacar que a Igreja rejeita qualquer forma de superstição ou práticas esotéricas ligadas aos anjos, como tentar invocá-los por meio de rituais mágicos ou atribuir nomes não revelados pela Sagrada Escritura. A devoção autêntica deve estar sempre em sintonia com a fé católica e centrada em Deus.
Presença constante e missão até o fim
Os Anjos da Guarda são um dom de amor de Deus a cada ser humano. Presentes desde o nascimento até a hora da morte, eles protegem, inspiram e guiam no caminho da salvação. A Igreja convida cada fiel a reconhecer essa presença invisível, mas real, e a cultivar uma devoção confiada e respeitosa.
Assim, o cristão nunca está sozinho. Como disse São João Paulo II em uma catequese sobre os anjos:
“a Igreja confessa sua fé nos Anjos Custódios, venerando-os na Liturgia com uma festa especial, e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração frequente, como na invocação ao ‘Santo Anjo do Senhor’.” (Audiência Geral, 6 de agosto de 1986)
Confiar no Anjo da Guarda é confiar no cuidado de Deus, que não abandona os seus filhos.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
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