São Josafá, Bispo e Mártir, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Vestirei de salvação seus sacerdotes, de alegria exultarão os seus fiéis! Sl. Recordai-vos, ó Senhor, do rei Davi e de quanto vos foi ele dedicado. (Cf. LH: Sl 131, 16 e 1)
Coleta
Senhor, suscitai em vossa Igreja o Espírito que impeliu São Josafá a dar a vida por suas ovelhas; fortalecidos pelo mesmo Espírito, também nós, por sua intercessão, não hesitemos em dar a vida pelos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Tt 2, 1-8. 11-14
Leitura da Carta de São Paulo a Tito
Caríssimo, 1o teu ensino seja conforme à sã doutrina. 2Os mais velhos sejam sóbrios, ponderados, prudentes, fortes na fé, na caridade, na paciência. 3Assim também as mulheres idosas observem uma conduta santa, não sejam caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras do bem. 4Saibam ensinar as jovens a amarem seus maridos, a cuidarem dos filhos, 5a serem prudentes, castas, boas donas de casa, dóceis para os maridos, bondosas, para que a palavra de Deus não seja difamada.
6Exorta igualmente os jovens a serem moderados 7e mostra-te em tudo exemplo de boas obras, de integridade na doutrina, de ponderação, 8de palavra sã e irrepreensível, para que os adversários se confundam, não tendo nada de mal para dizer de nós.
11Pois a graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. 12Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, 13aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. 14Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda a maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 36(37), 3-4. 18-23. 27 e 29 (R. 39a)
℟. A salvação de quem é justo vem de Deus!
— Confia no Senhor e faze o bem, e sobre a terra habitarás em segurança. Coloca no Senhor tua alegria, e ele dará o que pedir teu coração. ℟.
— O Senhor cuida da vida dos honestos, e sua herança permanece eternamente. É o Senhor quem firma os passos dos mortais e dirige o caminhar dos que lhe agradam. ℟.
— Afasta-te do mal e faze o bem, e terás tua morada para sempre. Os justos herdarão a nova terra e nela habitarão eternamente. ℟.
℣. Quem me ama, realmente, guardará minha palavra, e meu Pai o amará e a ele nós viremos. (Jo 14, 23) ℟.
Evangelho — Lc 17, 7-10
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 7“Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’ 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’ 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Glória et honóre coronásti eum: et constituísti eum super ópera mánuum tuárum, Domine. (Ps. 8, 6. 7)
Vernáculo:
Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes. (Cf. LH: Sl 8, 6. 7)
Sobre as Oferendas
Clementíssimo Deus, envolvei com vossa bênção estas oferendas e confirmai-nos na fé que São Josafá proclamou ao derramar o próprio sangue. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, diz o Senhor. (Cf. MR: Jo 10, 14)
Depois da Comunhão
Senhor, esta mesa celeste nos conceda o espírito de fortaleza e de paz, para que, a exemplo de São Josafá, de bom grado consagremos nossa vida à honra e à unidade da Igreja. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 12/11/2024
Por que somos “servos inúteis”?
Se somos e existimos, é porque Deus nos quis e deu-nos a existência. Só Ele é necessário; nós, ao contrário, em tudo dependemos de sua vontade.
Jesus nos conta a parábola do servo inútil, a qual pode parecer para nós uma parábola um pouco “fora de propósito”. Como é possível um patrão ser tão cruel assim, a ponto de o servo ter trabalhado o dia inteiro, e ainda assim obrigá-lo a servi-lo à mesa, para que no final este conclua: “Não fiz mais do que o que eu deveria fazer, eu sou um servo inútil”?Em primeiro lugar, nós temos de entender que nós não estamos falando de um empregado; estamos falando de um escravo. O escravo é propriedade do seu senhor.Então, para nós entendermos e termos a chave de leitura desta parábola, precisamos compreender que o que Jesus está dizendo é que nós pertencemos a Ele. Ele é o nosso Senhor e nós somos os seus escravos, mas não escravos obrigados; somos escravos de amor, porque reconhecemos nele, verdadeiramente, aquele que para nós é o único necessário.Essa frase vem lá do capítulo 10 de São Lucas, daquele episódio em que Jesus está na casa de Marta e de Maria, e Maria fica aos pés de Jesus contemplando-o. Jesus diz para Marta: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas com muitas coisas. Maria escolheu a parte melhor, aquela que não lhe será tirada”. Ela escolheu o único necessário.Pois bem, essa palavra, “necessário”, é exatamente, em grego, o contrário de “inútil”, que está aqui no final do Evangelho. Então, para nós termos a chave de leitura e entendermos o que Jesus está nos dizendo, é o seguinte: Deus é necessário; nós não somos necessários; somos “algo” que Ele admitiu por sua graciosidade.Deus é Deus, nós não somos deuses. O mundo não tem sentido sem Deus; já sem nós, o mundo continua tendo sentido.Nós não podemos ser egoístas e infantis como aquela menina que ficou abismada quando soube que o mundo existia antes de ela existir: “Mamãe, é verdade que o mundo existia antes de eu nascer?”, e a mãe disse: “Sim, minha filha, o mundo existia antes de você nascer”; ao que ela respondeu: “Mas para quê?”. Ou seja, ela não via a necessidade; ela achava que o mundo existia porque, afinal de contas, ela era “o centro” de tudo.O que o Evangelho quer nos ensinar é exatamente isto. Deus é o único necessário; Ele é o centro de tudo; Ele é a razão de ser do mundo, e não somente a razão de ser da nossa vida. Nós devemos viver para Ele.As pessoas não aceitam ter um Deus; elas preferem ser ateias a admitir isso. Sabe por quê? Porque, se existe um Deus, significa que eu não me pertenço; quer dizer que eu não sou dono de mim; quer dizer que eu sou para Ele e tudo o que eu sou deve ser para Ele. Isso pode parecer muito cruel à primeira vista; mas, levando-se em consideração que Ele é a fonte do nosso ser, Ele é o necessário, então as coisas ficam mais claras.Quando eu me entrego totalmente a Ele, como meu Senhor e meu dono, na verdade eu estou me realizando, porque eu estou indo para a fonte do meu ser, aquele que é o único necessário; mas quando eu me afasto dele, quando eu vou para longe de Deus, quando eu escolho o pecado, na verdade estou me destruindo, estou cortando o meu relacionamento com a raiz do meu ser, estou cortando o galho no qual eu estou sentado, estou escolhendo aquilo que é supérfluo, aquilo que é inútil, para ser o suporte da minha vida.Então, na nossa pequenina humildade, coloquemo-nos diante de Deus: “Eis aqui a escrava do Senhor”, como disse a Virgem Maria: “Faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1, 38).Ele é o único necessário. Nós somos supérfluos. Fomos admitidos, sim, pelo seu grande amor; mas é pura graça. “Servo inútil”, portanto, quer dizer um servo que nasceu da pura graça do amor de Deus.
Deus abençoe você!
O Evangelho de hoje nos recorda um ponto fundamental do ensinamento de Cristo: fomos feitos por Deus e para Deus, e resgatados ao preço do sangue do seu Filho. Por isso, toda a nossa vida tem de estar orientada a servir a este Senhor tão bom, que, fazendo de nós escravos por amor, eleva-nos à condição de filhos e coerdeiros do Reino. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta terça-feira, 12 de novembro, em que celebramos a memória de São Josafá, um bispo que viveu concretamente este Evangelho a ponto de derramar seu sangue por amor a Cristo.
Santo do dia 12/11/2024
São Josafá (Memória)
Local: Witebsk, Bielorrússia
Data: 12 de † 1623
São Josafá é comemorado pela Igreja sobretudo como testemunha da unidade da Igreja. Um santo pouco conhecido entre nós.
João Kuncewicz era filho de uma família ortodoxa da Ucrânia, nascido em 1580. Iniciou sua vida como comerciante. Depois se tornou monge basiliano, tomando o nome de Josafá. Nomeado bispo de Polotsk em 1617, foi assassinado seis anos depois durante uma visita pastoral.
A vida e o martírio de São Josafá relacionam-se com o triste capítulo da história da separação entre Igreja Católica Romana e Igreja Ortodoxa Oriental. Depois da separação das Igrejas romana e constantinopolitana, em 1054, várias tentativas de união foram feitas. Quando Josafá era criança, os rutenos ucranianos uniram-se a Roma. Ele adere cedo à união e por ela trabalha e morre. Como bispo empenhou-se com todas as forças a promover a união, o que lhe ocasionou muitas calúnias, perseguições e outros contratempos por parte dos cismáticos. Em oposição a ele, chegou-se a nomear para sua sede episcopal um bispo cismático. Ele, porém, distinguiu-se pela fortaleza e continuou seu trabalho em favor da união, sobretudo através de frequentes visitas pastorais. Numa delas, os separatistas tramaram sua morte, que levaram a efeito em Vitlebsk, na Bielorrússia, a 12 de novembro de 1623. Este insigne apóstolo da união foi canonizado por Pio IX.
Duas razões motivam sua comemoração como memória obrigatória por toda a Igreja Romana. Primeiro, o fato de ter sido um insigne apóstolo da unidade da Igreja. Segundo, por ser representante de uma região da Igreja que também contribuiu com heróicas testemunhas de Cristo.
A Oração coleta realça em São Josafá o pastor que, na força do Espírito, dá sua vida pelas ovelhas, exemplo dos cristãos chamados a darem a vida pelos irmãos. A Oração sobre as oferendas pede que Deus nos fortifique na fé que São Josafá proclamou ao derramar o próprio sangue. Finalmente, na Oração depois da Comunhão a Igreja pede a Deus o Espírito da força e da paz, para que, a exemplo de São Josafá, consagremos alegremente nossa vida à honra e à unidade da Igreja.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Josafá, rogai por nós!