3ª feira da 20ª semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
São João Eudes, presbítero
Antífona de entrada
Vernáculo:
Olhai, ó Deus, que sois a nossa proteção, vede a face do eleito, vosso Ungido! Na verdade, um só dia em vosso templo vale mais do que milhares fora dele! (Cf. MR: Sl 83, 10-11) Sl. Quão amável, ó Senhor, é vossa casa, quanto a amo, Senhor Deus do universo! Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! (Cf. LH: Sl 83, 2. 3ab)
Coleta
Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura – Jz 6, 11-24a
Leitura do Livro dos Juízes
Naqueles dias, 11veio o anjo do Senhor e sentou-se debaixo de um carvalho que havia em Efra, e pertencia a Joás, da família de Abiezer. Gedeão, seu filho, estava sacudindo e limpando o trigo na eira, para o esconder dos madianitas, 12quando o anjo do Senhor lhe apareceu e disse: “O Senhor está contigo, valente guerreiro!”
13Gedeão respondeu: “Se o Senhor está conosco, peço-te, Senhor, que me digas por que nos aconteceu tudo isto? Onde estão aquelas tuas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: ‘O Senhor nos tirou do Egito?’ Mas agora o Senhor nos abandonou e nos entregou nas mãos dos madianitas”. 14Então o Senhor voltou-se para ele e disse: “Vai, e com essa força que tens livra Israel da mão dos madianitas. Sou eu que te envio”. 15Gedeão replicou-lhe: “Dize-me, te peço, meu Senhor, como poderei eu libertar Israel? Minha família é a mais humilde de Manassés, e eu sou o último na casa de meu pai”.
16O Senhor lhe respondeu: “Eu estarei contigo, e tu derrotarás os madianitas como se fossem um só homem”. 17E Gedeão prosseguiu: “Se achei graça diante de ti, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. 18Não te afastes daqui, até que eu volte, com uma oferenda para te apresentar”.
E o Senhor respondeu: “Ficarei aqui até voltares”. 19Gedeão retirou-se, preparou um cabrito e, com uma medida de farinha, fez pães ázimos. Pôs a carne num cesto e o caldo numa vasilha, levou tudo para debaixo do carvalho e lhe apresentou.
20O anjo do Senhor lhe disse: “Toma a carne e os pães ázimos, coloca-os sobre esta pedra e derrama por cima o caldo”. E Gedeão assim fez. 21O anjo do Senhor estendeu a ponta da vara que tinha na mão e tocou na carne e nos pães ázimos. Levantou-se então um fogo da pedra e consumiu a carne e os pães. E o anjo do Senhor desapareceu da sua vista. 22Percebendo que era o anjo do Senhor, Gedeão exclamou: “Ai de mim, Senhor Deus, porque vi o anjo do Senhor face a face!” 23Mas o Senhor lhe disse: “A paz esteja contigo, não tenhas medo: não morrerás!” 24aEntão Gedeão construiu ali mesmo um altar ao Senhor e o chamou: “O Senhor é paz”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial – Sl 84(85), 9. 11-12. 13-14 (R. 9b)
℟. O Senhor anunciará a paz para o seu povo.
— Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar. A paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. ℟.
— A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus. ℟.
— O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus. ℟.
℣. Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre, a fim de enriquecer-nos mediante sua pobreza. (2Cor 8, 9) ℟.
Evangelho — Mt 19, 23-30
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 23Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. 24E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
27Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que haveremos de receber?” 28Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Immíttet ángelus Dómini in circúitu timéntium eum, et erípiet eos: gustáte et vidéte, quóniam suávis est Dóminus. (Ps. 33, 8. 9)
Vernáculo:
O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! (Cf. LH: Sl 33, 8. 9)
Sobre as Oferendas
Ó Deus, nós vos apresentamos as nossas oferendas e trocamos convosco os nossos dons: oferecendo-vos o que nos destes, esperamos receber-vos em nós. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Eu sou o pão vivo descido do céu, diz o Senhor. Quem comer deste pão viverá eternamente. (Jo 6, 51)
Vernáculo:
Em verdade vos digo: vós que deixastes tudo e me seguistes recebereis cem vezes mais e tereis como herança a vida eterna. (Cf. MR: Mt 19, 27-29)
Depois da Comunhão
Unidos a Cristo por este sacramento, humildemente imploramos vossa clemência, Senhor, para que, a ele configurados na terra, mereçamos participar de sua glória no céu. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 19/08/2025
Ai de vós, apegados às riquezas!
“Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”
O perigo das riquezas (cf. Mt 19, 23-26; Mc 10, 23-27; Lc 18, 24-27). — V. 23-24. Do exemplo do adolescente aproveitou-se o Senhor como ocasião para dar aos discípulos gravíssimas advertências sobre o perigo das riquezas: “Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus”, isto é, não só não está apto para a perfeição evangélica, senão que, além disso, não alcançará a salvação eterna sem muita dificuldade e luta. Quão grande seja realmente essa dificuldade, ilustra-o com um exemplo ou, antes, com certa hipérbole: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. Semelhantes expressões eram de uso corrente nas escolas rabínicas (cf. Berach. f. 55b: “[…] um elefante a entrar pelo buraco de uma agulha”; cf. Baba Mezia, f. 38b etc.).
V. 25-26. Os discípulos sabiam perfeitamente que muitos homens eram reféns da cupidez; por isso, assombrados com a doutrina de Cristo, “diziam a si próprios” (cf. Mc 10, 26), isto é, perguntavam-se entre si em voz baixa: “Então, quem pode ser salvo?” Talvez o sussurrassem, não os Apóstolos, mas alguns dos que seguiam a Cristo, aos quais pareceria muito árduo renunciar às riquezas. Jesus então “olhou para eles e disse: Para os homens isso é impossível”, quer dizer, só pelas forças da natureza humana; “mas para Deus”,ou seja, com a ajuda da graça divina, “tudo é possível”.
A recompensa da pobreza evangélica (cf. Mt 19, 27-30; Mc 10, 28-31; Lc 18, 28-30). — V. 27-28. Pedro, falando em nome dos Apóstolos, interroga o Mestre confiantemente: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?”, ou seja, “fizemos o que mandaste; que nos darás, pois, em retribuição?” (S. Jerônimo). — Cristo promete aos discípulos uma grandíssima recompensa: “Quando o mundo for renovado” (lt. in regeneratione; gr. ἐν τῇ παλιγγενεσίᾳ), isto é, no Juízo final, quando todas as coisas serão renovadas e como que regeneradas (cf. Rm 8, 17ss; 2Pd 3, 13; Ap 21, 1.5), “e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória”, isto é, quando vier sobre as nuvens do céu (cf. Mt 24, 30; 26, 64; Ap 1, 7) para julgar a vivos e mortos, “havereis de sentar-vos em doze tronos”, ocupando cada um a sua sede, “para julgar” (conforme alguns, pelo exemplo de vida; para outros, como ministros e pregoeiros da sentença ou, antes, como testemunhas ou acusadores; para outros, enfim, como juízes assessores) “as doze tribos de Israel”, isto é, todos os povos do mundo, figurados pelas doze tribos.
V. 29. “E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos […] por causa do meu nome”, isto é, por amor a mim e à perfeição evangélica, “receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna”. O sentido dessa passagem se deduz facilmente à luz do texto de Marcos e Lucas: “Ninguém há que tenha deixado casa […] que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições”, isto é, apesar de sofrer tribulações e perseguições, “e no século vindouro a vida eterna” (Mc 10, 29-30). Promete-se, portanto, uma dupla compensação dos bens que por Cristo houvermos perdido, seja por renúncia voluntária, seja por violência externa: a) no tempo presente, “o cêntuplo”, isto é, muito mais e melhor do que tivermos renunciado ou perdido, pois a caridade, de certo modo, faz tudo comum entre os cristãos, b) “e no século futuro a vida eterna”.
V. 30. “Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros”. Cristo parece ter acrescentado esse reparo, a fim de que os Apóstolos não se enchessem de excessiva confiança pelo fato de terem sido os primeiros chamados ao Reino. É possível, com efeito, que Pedro tenha dito: “Vê! Nós deixamos tudo” etc. com certa jactância; assim, para que não se orgulhem da graça recebida, Cristo os adverte de que muitos que precedem a outros pela vocação não os precederão no prêmio [1]. Alguns autores, contudo, pensam que essas palavras de Jesus se referem à presente condição dos homens, de forma que o sentido seria: muitos que agora são mais poderosos e podem mais do que outros, no fim estarão entre os últimos, e vice-versa. No entanto, a parábola dos operários, logo a seguir (cf. Mt 20, 1-16), sugere mais a primeira interpretação, por se tratar de uma autêntica explicação deste versículo [2].
Deus abençoe você!
Santo do dia 19/08/2025
São João Eudes, Presbítero (Memória Facultativa)
Local: Caen, França
Data: 19 de Agosto † 1680
São João Eudes faz parte dos grandes santos que se distinguiram na Igreja no século após o Concílio de Trento, atuando decisivamente para implantar as reformas propostas pelo Concílio. Além de João Eudes, podemos citar São Vicente de Paulo, São Carlos Borromeu e São Francisco Solano.
João Eudes nasceu em 1601, em Ri, na Normandia. Foi um dos grandes educadores do clero francês e ativo missionário popular. Aos 22 anos ingressou na Congregação do Oratório fundada por De Bérulle. Depois de ordenado sacerdote em 1625, começou intensa atividade de pregação, indo ao encontro da ignorância religiosa do povo. Nesta atividade ele percebeu que o grande problema estava no clero malformado. Procurou, então, atacar o mal pela raiz, promovendo a formação do clero. Deixando o Oratório, lançou os fundamentos da Congregação dos Seminários de Jesus e Maria e começou a promover a fundação de seminários, dirigidos pelos religiosos de sua congregação, os eudistas. Chegou a criar seis seminários entre 1648 e 1670.
São João Eudes distinguiu-se também pela promoção da devoção e do culto litúrgico aos Corações de Jesus e de Maria.
Há duas linhas no culto ao Coração de Jesus na Igreja: a primeira é o enfocado por São João Eudes; a segunda, o promovido pela vidente Santa Margarida Maria Alacoque. A linha de São João Eudes realça o aspecto da contemplação das maravilhas realizadas por Deus pela bondade mostrada por Jesus Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem. Realça-se a ação de graças e o Coração de Jesus que convida a imitá-lo em sua bondade. A linha de Santa Margarida Maria Alacoque realça mais o aspecto do culto de expiação e de reparação. A diferença é marcante, tanto assim que através da história elaboraram-se vários formulários para a festa do Sagrado Coração de Jesus, ora acentuando uma linha, ora a outra. Na versão apresentada pela Reforma do Vaticano II, procurou-se considerar as duas linhas que se completam, tanto assim que na Missa da solenidade do Sagrado Coração de Jesus se apresentam duas Orações coletas, à escolha, para as duas tendências, sendo que a tradição de São João Eudes vem colocada em primeiro lugar.
A primeira reza assim: Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças.
A segunda reza assim: Ó Deus, que no Coração do vosso Filho, ferido por nossos pecados, nos concedestes infinitos tesouros de amor, fazei que lhe ofereçamos uma justa reparação consagrando-lhe toda a nossa vida.
Na Liturgia das Horas ocorre apenas a primeira versão. Na Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus também se deu preferência à tradição de São João Eudes: Senhor Deus, revesti-nos das virtudes do Coração de vosso Filho e inflamai-nos com seu amor, para que, assemelhando-nos a ele, possamos participar da redenção eterna.
A Antífona da Comunhão tem duas versões, à escolha, ou seja, nas duas linhas. A primeira: Diz o Senhor: Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Daquele que crê em mim brotarão rios de água viva (Jo 7, 37-38). A segunda: Um dos soldados abriu-lhe o lado com a lança, e logo correram sangue e água (Jo 19, 34). Isso se verifica também no formulário da própria solenidade.
João Eudes teve que enfrentar muitas oposições, calúnias e perseguições principalmente dos jansenistas, cujo rigorismo combateu com a devoção aos Corações de Jesus e Maria. Fundou ainda uma Congregação dedicada especialmente à regeneração das prostitutas, a Obra de Nossa Senhora da Caridade do Amparo, da qual se deriva o Instituto do Bom Pastor.
São João Eudes faleceu em 1680, em Caen, e foi canonizado em 1925.
A Oração coleta apresenta São João Eudes como o presbítero que Deus escolheu para anunciar as incomparáveis riquezas de Cristo. Ele o fez sobretudo formando o povo na verdadeira fé através das missões populares e pela formação do clero, preparando-o para o serviço pastoral na superação da ignorância religiosa do povo cristão.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São João Eudes, rogai por nós!