São Pio X, Papa, Memória
Antífona de entrada
Ou:
Eis o sumo sacerdote que em sua vida agradou a Deus; por isso, com juramento, o Senhor o engrandeceu no meio do seu povo (Cf. Eclo 50, 1; 44. 16. 22).
Vernáculo:
O Senhor firmou com ele uma aliança de paz e o colocou à frente do seu povo a fim de ser sacerdote para sempre. (Cf. MR: Eclo 45, 30) Sl. Recordai-vos, ó Senhor, do rei Davi e de quanto vos foi ele dedicado. (Cf. LH: Sl 131, 1)
Coleta
Ó Deus, para defender a fé católica e restaurar todas as coisas em Cristo, cumulastes o papa São Pio X de sabedoria divina e coragem apostólica; concedei benigno que, seguindo seus exemplos e instruções, alcancemos o prêmio eterno.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Jz 9, 6-15
Leitura do Livro dos Juízes
Naquele tempo, 6todos os habitantes de Siquém e os de Bet-Melo se reuniram junto a um carvalho que havia em Siquém e proclamaram rei a Abimelec. 7Informado disso, Joatão foi postar-se no cume do monte Garizim e se pôs a gritar em alta voz, dizendo: “Ouvi-me, moradores de Siquém, e que Deus vos ouça.
8Certa vez, as árvores resolveram ungir um rei para reinar sobre elas, e disseram à oliveira: ‘Reina sobre nós’. 9Mas ela respondeu: ‘Iria eu renunciar ao meu azeite, com que se honram os deuses e os homens, para me balançar acima das árvores?’
10Então as árvores disseram à figueira: ‘Vem e reina sobre nós’. 11E ela lhes respondeu: ‘Iria eu renunciar à minha doçura e aos saborosos frutos, para me balançar acima das outras árvores?’
12As árvores disseram então à videira: ‘Vem e reina sobre nós’. 13E ela lhes respondeu: ‘Iria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para me balançar acima das outras árvores?’
14Por fim, todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Vem tu reinar sobre nós’. 15O espinheiro respondeu-lhes: ‘Se deveras me constituís vosso rei, vinde e repousai à minha sombra; mas se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!’”
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 39(40), 5. 7-8a. 8b-9. 10 (R. cf. 8a. 9a)
℟. Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra.
— Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra; quanto exulta de alegria em vosso auxílio! O que sonhou seu coração, lhe concedestes; não recusastes os pedidos de seus lábios. ℟.
— Com bênção generosa o preparastes; de ouro puro coroastes sua fronte. A vida ele pediu e vós lhe destes, longos dias, vida longa pelos séculos. ℟.
— É grande a sua glória em vosso auxílio; de esplendor e majestade o revestistes. Transformastes o seu nome numa bênção, e o cobristes de alegria em vossa face. ℟.
℣. A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração. (Hb 4, 12) ℟.
Evangelho — Mt 20, 1-16a
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 1“O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. 5E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ 7Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’
9Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’.
13Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ 16aAssim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Benedicam Dominum qui mihi tribuit intellectum. Providebam Deum in conspectu meo semper: quoniam a dextris est mihi ne commovear. (Ps. 15, 7. 8)
Vernáculo:
Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, e até de noite me adverte o coração. Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se o tenho a meu lado não vacilo. (Cf. LH: Sl 15, 7. 8)
Sobre as Oferendas
Senhor, acolhei com bondade as nossas oferendas e dai-nos seguir os ensinamentos de São Pio X, para celebrar dignamente estes divinos mistérios e recebê-los com fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vel:
Qui mandúcat carnem meam, et bibit sánguinem meum, in me manet, et ego in eo, dicit Dóminus. (Io. 6, 57; ℣. Ps. 118, 1. 2. 11. 49. 50. 72. 103. 105. 162 vel Ps. 22, 1-2a. 2b-3a. 3b. 4ab. 4cd. 5ab. 5cd. 6ab)
Vernáculo:
Eles comeram e beberam à vontade; o Senhor satisfizera os seus desejos. (Cf. MR: Sl 77, 29s)
Ou:
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele, diz o Senhor. (Cf. MR: Jo 6, 56)
Depois da Comunhão
Senhor nosso Deus, na comemoração do papa São Pio X, nós vos pedimos que, pela força desta mesa celeste, nos tornemos firmes na fé e unidos na vossa caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 21/08/2025
Deus não é nosso devedor
“Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence?”
No Evangelho de hoje, Jesus conta a parábola dos operários de última hora. Todo o mundo sabe em resumo do que se trata. Um homem saiu de madrugada para contratar trabalhadores para sua vinha. Alguns foram contratados logo de manhã, trabalharam portanto o dia inteiro, debaixo do Sol quente. À última hora, por volta das cinco da tarde, o patrão contratou ainda outras pessoas, que tiveram de trabalhar apenas uma hora, das cinco às seis. No momento de pagar, o patrão deu a todos o mesmo valor. Um dos que aguentaram o dia inteiro de trabalho se queixa, mas o proprietário lhe diz: Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata?, isto é, um denário (daí veio, em português, a palavra “dinheiro”), o equivalente na época a uma jornada de trabalho. Trata-se do salário mínimo do dia. Essa é a parábola, mas o que Jesus quer ensinar com ela?
Antes de tudo, temos de entender que o Senhor usa parábolas porque quer que meditemos. Qual é, afinal, a vantagem da parábola? É poder colocar-se no lugar das personagens. Se o padre diz uma verdade em termos abstratos (por exemplo: “Deus é generoso e dá o céu abundantemente”), o fiel pode até apreendê-la conceitualmente, mas é grande a chance de ela entrar por um ouvido e sair pelo outro, isto é, ficar sem fruto espiritual. Com a parábola não é assim. Uma parábola nos toma pela mão, introduz-nos numa cena, numa história. Aqui, em particular, podemos escolher quem seremos, se o patrão (e então nos perguntamos se somos generosos com os outros), se os operários de última hora (e então nos damos conta da liberalidade de Deus, que nos dá tanto pelo pouco que fazemos). Olhando porém mais fundo, vemos que a parábola de hoje tem um propósito, como se vê pela fala mesma de Jesus: o de nos colocar no papel dos operários chamados à hora prima, que trabalharam o dia inteiro sob o Sol escaldante e se queixam de ser recompensados como os outros.
Essa parábola é para todo católico que passa a vida amando e servindo a Deus, conquista o céu, mas encontra lá um sem-vergonha que passou a vida inteira no pecado, mas converteu-se no ultimíssimo momento. Qual seria a nossa atitude, se levássemos para o céu o mesmo homem que ainda somos na terra? De inveja. Essa é a tristeza que o Senhor nos quer ajudar a matar dentro de nós. Devemos ter consciência — e alegrar-nos com isso! — de que Deus, bom e gracioso, dá a certas pessoas o que não nos dá a nós, é generoso mais com uns do que com outros, sem por isso deixar de ser sumamente generoso com todos. O invejoso compara-se com o vizinho e se entristece por ver que o outro tem o que ele não tem. Trata-se de uma tristeza realmente pecaminosa quando é consentida, ou seja, quando se admite deliberadamente por causa das bênçãos recebidas por outros. Torna-se mais grave quando, além disso, se converte em indignação contra a Deus, por ser Ele o autor daqueles benefícios.
A parábola nos previne, pois, contra a armadilha da inveja. Se porventura sentirmos uma pontada de tristeza com os bens alheios, não consintamos; antes, pelo contrário, aproveitemos para combatê-la com uma sincera ação de graças a Deus, que foi tão bom com o nosso próximo. Fujamos da inveja como fugimos de qualquer tentação sexual, ao soar o primeiro alerta, antes de haver espaço para o consentimento! Em segundo lugar, temos de reconhecer que, se sentimos inveja como o assalariado de primeira hora, é porque, no fundo, vemos a Deus como nosso devedor e sua recompensa, como o justo ordenado de nossos serviços. Ora, Deus não nos deve o céu porque nós não o merecemos. Foi Ele que, livre e generosamente, no-lo prometeu dar pelas boas obras que, com sua graça, tivermos feito. Se Deus dá o céu a quem trabalha só uma hora, demos graças por Ele ter-se dignado dar-nos o mesmo pelo nada que é trabalhar o dia todo! Todos os que entrarem no céu lá entrarão por pura misericórdia de Deus. Cantemos, pois, a graça do Senhor, que dá a todos um tempo para trabalhar em sua vinha!
Afinal, amar e servir a Deus é dever nosso, é dar o que Ele merece. Na verdade, Deus merece um amor infinito, por isso é uma honra, uma graça, um privilégio muito grande que Ele nos tenha concedido, ainda nessa terra, poder amá-lo e servi-lo. Isso mostra a gratuidade que deve inspirar nosso serviço a Deus. Por que servimos? É porque queremos chegar ao céu e evitar o inferno? Sim, pode ser um de nossos motivos, mas o principal deve ser esse: porque Ele é infinitamente bom e digno de ser amado acima de todas as coisas. É como diz aquela poesia do século XVI: Aunque no hubiera cielo yo te amaría, “Mesmo que não houvesse céu, eu vos amaria”. Deus é bom, e não é pelo salário que devemos amá-lo e servi-lo, mas porque Ele é digno em si mesmo de ser amado sobre tudo e servido em tudo. Ainda que não houvesse nada após essa vida, teria sido já uma grande graça e privilégio tê-la vivido para amar a Deus generosamente. Ora, se só isso já seria uma enorme recompensa, que dizer então do que nos espera depois desta vida, como sabemos com certeza pela fé? Deus tem um céu preparado para nós! É muito mais do que jamais poderíamos merecer — tê-lo como nossa herança, riqueza e descanso.
Deus abençoe você!
Santo do dia 21/08/2025
São Pio X, Papa (Memória)
Local: Roma, Itália
Data: 21 de Agosto † 1914
Pio X é um santo dos tempos atuais, ou seja, da primeira metade do século XX. Nasceu em 1837, em Riese, no norte da Itália, diocese de Treviso, com o nome de José Sarto.
Pertencia a uma família pobre e humilde, mas de intensa vivência espiritual. José Sarto ingressou nas fileiras eclesiásticas, chegando a galgar todos os postos, desde vigário cooperador, hoje diríamos vigário paroquial, numa pequena aldeia, pároco de uma importante paróquia, cônego da catedral de Treviso, bispo da diocese de Mântua; cardeal de Veneza e, por fim, papa. Desta forma ele adquiriu uma enorme experiência pastoral.
Era cardeal-patriarca de Veneza, quando em 1903 foi escolhido para suceder o sábio papa Leão XIII. Tomando o nome de Pio X, José Sarto continuou no Vaticano sua vida de simplicidade, modéstia e pobreza, como quando simples pároco. Mas sua perspicácia pastoral abalou o mundo. Adotou como lema: "Restaurar todas as coisas em Cristo".
Ao contrário de Leão XIII, que procurou dialogar com as ideias políticas e sociais do século XIX, Pio X será preponderantemente um pastor, mais voltado para a pastoral e o incremento da vida eclesiástica e cristã.
Dois meses após sua eleição, publicou sua primeira encíclica, com o programa do seu pontificado. Logo no início do seu pontificado, nomeou uma comissão para codificar o Direito Canônico, que foi publicado em 1917. Era o Código do Direito Canônico. Reorganizou as Congregações romanas da Cúria papal.
Sua preocupação pastoral levou-o a acolher e fomentar o Movimento Litúrgico, que sob o seu pontificado tomou novo vigor. Vem de Pio X a insistência sobre a importância da participação ativa de todos os fiéis na Liturgia, principio que perpassa toda a reforma da Liturgia decretada pelo Concilio Vaticano II. Promoveu a comunhão frequente, incentivando também a comunhão das crianças. Cuidou da formação dos sacerdotes, mandou elaborar um novo Catecismo, favoreceu o movimento bíblico, promoveu a reforma litúrgica, sobretudo do Ofício Divino para o Clero, e do canto sacro. Realizou profundas reformas na Liturgia que marcariam um dos grandes progressos da espiritualidade do nosso tempo. Além dos problemas externos que muito o fizeram sofrer, sobretudo a politica religiosa do governo francês, Pio X não sofreu menos com o modernismo que, levado pelo pensamento moderno, feria parcialmente o caráter sobrenatural do catolicismo. Ele enfrentou o movimento com rara energia, condenando suas doutrinas numa encíclica especial em 1907, e exigindo, daí por diante, que o clero antes de assumir qualquer cargo fizesse o juramento antimodernista. Historiadores há que têm apreciado negativamente certos aspectos da luta de Pio X contra o modernismo, sobretudo a sua tendência de ver heresia modernista em tudo.
Ele não foi um teólogo, foi sim um pastor dedicado e sobretudo um verdadeiro santo, extremamente devoto, mas simples e sem ostentação. Pode-se afirmar até que foi um precursor das reformas na Igreja realizadas pelo Concílio Vaticano II.
Prevendo a iminência da primeira grande guerra que procurou esconjurar de todos os meios, amargurado, veio a falecer no dia 20 de agosto de 1914, com 79 anos de idade. Foi canonizado por Pio XII em 1954.
O que está escrito na lápide do seu sepulcro resume bem a sua vida: Pio X, pobre e rico, suave e humilde, de coração forte, lutador em prol dos direitos da Igreja, esforçado na tarefa de restaurar em Cristo todas as coisas.
A Oração coleta o apresenta como defensor da fé católica e restaurador de todas as coisas em Cristo. Deus o cumulou de sabedoria divina e de coragem apostólica na realização desta sua missão na Igreja. Na Oração sobre as oferendas se pede a graça de seguir os ensinamentos de São Pio X para celebrar dignamente os mistérios divinos. Trata-se de uma alusão ao que Pio X fez em favor da Liturgia e particularmente da participação ativa na Eucaristia, mormente quanto à Comunhão frequente e a comunhão das crianças. A Oração depois da Comunhão volta ainda a insistir na firmeza na fé e a união na caridade, preocupações do zelo pastoral do santo comemorado.
Podemos, pois, realçar três aspectos na missão do papa São Pio X: a defesa da fé cristã, o zelo pastoral e a vida litúrgica, que deve levar sempre mais à perfeição da caridade.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Pio X, rogai por nós!