São Carlos Borromeu, bispo, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
O Senhor firmou com ele uma aliança de paz, fazendo-o chefe do seu povo e sacerdote para sempre. (Cf. MR: Eclo 45, 30) Sl. Recordai-vos, ó Senhor, do rei Davi e de quanto vos foi ele dedicado. (Cf. LH: Sl 131, 1)
Coleta
Conservai, ó Deus, no vosso povo o espírito que animava São Carlos Borromeu, para que a vossa Igreja, continuamente renovada e sempre fiel ao Evangelho, possa mostrar ao mundo a verdadeira face do Cristo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Fl 3, 17-4, 1)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses
3, 17Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que vivem de acordo com o exemplo que nós damos. 18Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. 19O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas. 20Nós, porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. 21Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas. 4, 1Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 121)
℟. Que alegria, quando ouvi que me disseram: Vamos à casa do Senhor!
— Que alegria, quando ouvi que me disseram: “Vamos à casa do Senhor!” E agora nossos pés já se detêm, Jerusalém, em tuas portas. ℟.
— Jerusalém, cidade bem edificada num conjunto harmonioso; para lá sobem as tribos de Israel, as tribos do Senhor. ℟.
— Para louvar, segundo a lei de Israel, o nome do Senhor. A sede da justiça lá está e o trono de Davi. ℟.
℣. O amor de Deus se realiza em todo aquele que guarda sua palavra fielmente. (1Jo 2, 5) ℟.
Evangelho (Lc 16, 1-8)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Invéni David servum meum, óleo sancto unxi eum: manus enim mea auxiliábitur ei, et bráchium meum confortábit eum. (Ps. 88, 21. 22)
Vernáculo:
Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado. Estará sempre com ele minha mão onipotente, e meu braço poderoso há de ser a sua força. (Cf. LH: Sl 88, 21. 22)
Sobre as Oferendas
Considerai, ó Deus, as oferendas trazidas ao vosso altar ao comemorarmos São Carlos Borromeu. Assim como fizestes dele um grande bispo, pela vigilância pastoral e esplêndidas virtudes, concedei que, pelo poder deste sacrifício, frutifiquemos em boas obras. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor encarregará dos servos da casa para lhes dar a alimentação na hora certa? (Cf. Bíblia CNBB: Lc 12, 42)
Depois da Comunhão
Ó Pai, que esta comunhão nos conceda a fortaleza de ânimo que tornou São Carlos Borromeu fiel ao vosso serviço e fervoroso na caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 04/11/2022
Servir a Deus com inteligência
“O senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.
1. Servir a Deus com a inteligência. — Meus queridos irmãos, o Evangelho de hoje nos fala do administrador desonesto (cf. Lc 16, 1-12), e Jesus conclui dizendo que, na parábola, o administrador foi elogiado pelo patrão por causa “de sua esperteza” (cf. v. 8). É importante entender que esta parábola não nos está ensinando a ser corruptos, porque é isto que o administrador desonesto foi: ele, sabendo que iria perder o emprego, roubou o patrão. Por isso, perdoou dívidas a vários credores para que ele, ao ser despedido, tivesse amigos que o recebessem em suas casas (cf. v. 4), e o patrão elogia-lhe a esperteza. A moral da história, o próprio Jesus no-la conta: “Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” (v. 8). O que Jesus nos quer ensinar aqui é que nós precisamos servir a Deus com inteligência. De fato, Deus nos deu a inteligência para servi-lo; mas as pessoas não entendem isso, por pensarem que “o importante é ter fé”. Sim, mas a fé é uma virtude que se instala no intelecto, na sua inteligência, e é preciso ter inteligência até mesmo para ter fé. E não somente para ter fé: também para exercer outras virtudes importantes, como a virtude da prudência. É isto que Jesus espera. Nós precisamos ser “estrategistas de Deus”: exercendo a virtude da prudência, colocar nosso intelecto a serviço do Senhor.
2. Instrumentos inteligentes e livres. — Mas se poderia dizer: “Deus não é sábio, sumamente sábio, a sabedoria? Para que, então, Ele precisa da nossa inteligência?” De fato, Deus não precisa da nossa inteligência, mas Ele quer precisar. Por quê? Para a sua maior glória. Essa é a maravilha! Quando nós fazemos coisas para Deus; quando nós derrotamos Satanás, os demônios e os inimigos de Deus; quando nós lhes “passamos a perna”, digamos assim, com prudência, com muita lealdade, com muito amor, sem fazer nada de imoral; quando nós conseguimos driblar as artimanhas do diabo e fazer o inferno confundir-se e desesperar por causa de nossas obras, nós estamos dando a Deus uma glória especialíssima. Sim, porque a glória de Deus se dá e acontece quando nós, instrumentos do seu amor, nos dispomos a servi-lo. Ora, existem vários tipos de instrumentos: há os instrumentos inanimados, como uma caneta que se deixa usar sem resistência nem remoque; mas existem instrumentos inteligentes e livres. Somos nós, os seres humanos, que somos inteligentes para entender as coisas e livres para amar e colocar a nossa inteligência a serviço de Deus. É isso que Jesus está elogiando na parábola de hoje, e é disto que precisamos nos dar conta: servir a Deus também com a nossa inteligência, também com a nossa capacidade estratégica! Depois que vier a vitória, veremos a glória de Deus, porque é Ele o grande estrategista, o grande vitorioso que usou de instrumentos tão inadequados, pobres e humildes que somos nós. Mas que privilégio o de poder servi-lo também com a nossa inteligência!
Deus abençoe você!
Celebramos hoje um dos homens mais eminentes do século XVI e um dos primeiros e mais visíveis frutos das reformas tridentinas. Feito cardeal com apenas 21 anos, além de secretário do Papa Pio IV, São Carlos Borromeu foi peça-chave no Concílio de Trento e na implantação dos seus decretos, destinados a renovar a santidade da vida sacerdotal e defender a ortodoxia católica contra a crise de fé e disciplina originada pela revolução protestante.Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para esta sexta-feira, dia 4 de novembro, e conheça um pouco mais sobre a vida deste santo extraordinário.
Santo do dia 04/11/2022
São Carlos Borromeu (Memória)
Local: Milão, Itália
Data: 04 de Novembro† 1584
São Carlos Borromeu, arcebispo de Milão, pertence aos grandes promotores da renovação na fé e dos costumes sancionada pelo Concílio de Trento. São Carlos Borromeu passou à história como tipo acabado e modelo perfeito de pastor, conforme o ideal traçado pelo Concílio de Trento.
Carlos Borromeu nasceu em Arona, perto de Milão, na Itália, em 1538. Sua mãe, uma mulher piedosa, irmã do papa Pio IV (1559-1565), cuidou da educação moral e religiosa de Carlos. Ele cursou os estudos de Direito na universidade de Pavia. Seguindo a política nepotista que caracterizou muitos papas da época renascentista e barroca, Pio IV chamou o sobrinho a Roma e nomeou-o cardeal e arcebispo de Milão com apenas 22 anos de idade, sem mesmo ser sacerdote. Três anos mais tarde, Carlos recebia as ordens de presbítero e de bispo, e desde então deu à sua vida uma direção acentuadamente piedosa e ascética.
Como secretário de seu tio, Carlos foi ótimo conselheiro. Muito influiu para que o Papa levasse a termo o Concílio de Trento, que se encontrava num impasse. Terminado o Concílio, Carlos decidiu deixar Roma e fixar-se em Milão, sua diocese, para dedicar-se imediatamente à tarefa da Reforma da Igreja, até morrer esgotado pelas fadigas aos 46 anos de idade.
Como arcebispo de Milão mostrou-se, sobretudo, cumpridor exato dos seus deveres pastorais, e promotor da dinamização da vida eclesiástica na diocese. Incentivou o dever da residência dos párocos, organizou e presidiu vários sínodos diocesanos, promoveu também numerosos concílios provinciais; foi o primeiro bispo a aplicar o decreto do Concílio de Trento relativo à fundação de seminários para a formação cultural e espiritual dos candidatos ao sacerdócio. Favoreceu a criação de escolas para a cultura religiosa e profana. Impulsionou a boa imprensa e, sobretudo, deu incremento à formação catequética dos fiéis.
Realizou a visita pastoral em toda sua vastíssima diocese, que compreendia mais de mil paróquias, atingindo as localidades e igrejas mais afastadas e de difícil acesso. Por especial nomeação do Papa, foi visitador apostólico, a fim de introduzir as reformas do Concílio de Trento nas quinze dioceses sufragâneas de Milão que ele visitou. Além disso, percorreu muitas regiões da Suíça, contribuindo para a conservação da fé católica, seriamente ameaçada pelas doutrinas heréticas dos reformadores.
À esta sua atividade tenaz e corajosa de reforma, toda consagrada à causa da Igreja e à elevação moral dos costumes, São Carlos unia uma caridade extraordinária, que se evidenciou, sobretudo, nos anos difíceis em que a peste se alastrava por sua diocese.
No século XVI se elevavam por toda parte da Europa vozes angustiadas clamando pela Reforma na Igreja que devia começar pelos próprios bispos e padres. O Concílio de Trento legislou admiravelmente sobre o assunto, mas eram ainda muitos os que duvidavam da eficácia dos decretos. Carlos Borromeu, arcebispo de Milão, executou todos os decretos da reforma e com isto criou um modelo de pastor de almas que influiu na Igreja toda, sendo tido como o tipo do bispo segundo o Concílio de Trento,
São Carlos faleceu pranteado por todo o povo em 1584 com apenas 46 anos de idade. Foi declarado santo em 1610.
A grandeza da mensagem de São Carlos Borromeu vem expressa na Oração coleta: Ela pede que Deus conserve no seu povo o espírito que animava São Carlos Borromeu, para que a Igreja, continuamente renovada e sempre fiel ao Evangelho, possa mostrar ao mundo a verdadeira face do Cristo.
A Oração sobre as oferendas recorda o grande bispo que foi São Carlos Borromeu. A Oração depois da Comunhão lembra a fortaleza de ânimo que tornou São Carlos Borromeu fiel ao serviço de Deus e fervoroso na caridade. Toda evangelização parte da espiritualidade de quem evangeliza.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Carlos Borromeu, rogai por nós!