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19º Domingo do Tempo Comum

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Antífona de entrada

Lembrai-vos, Senhor, da vossa aliança, e nunca esqueçais a vida dos vossos pobres. Levantai-vos Senhor, e julgai vossa causa, e não fecheis o ouvido ao clamor dos que vos procuram. (Cf. Sl 73, 20. 19. 22. 23)
Respice, Dómine, in testaméntum tuum, et ánimas páuperum tuórum né derelínquas in finem: exsúrge Dómine, et iúdica causam tuam: et ne obliviscáris voces quaeréntium te. Ps. Ut quid Deus repulísti in finem: irátus est furor tuus super oves páscuae tuae? (Ps. 73, 20. 19. 22. 23 et 1)
Vernáculo:
Lembrai-vos, Senhor, da vossa aliança, e nunca esqueçais a vida dos vossos pobres. Levantai-vos Senhor, e julgai vossa causa, e não fecheis o ouvido ao clamor dos que vos procuram. (Cf. MR: Sl 73, 20. 19. 22. 23) Sl. Ó Senhor, por que razão nos rejeitastes para sempre e vos irais contra as ovelhas do rebanho que guiais? (Cf. LH: Sl 73, 1)

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Deus eterno e todo-poderoso, a quem, inspirados pelo Espírito Santo, ousamos chamar de Pai, fazei crescer em nossos corações o espírito de adoção filial, para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Primeira Leitura — Sb 18, 6-9


Leitura do Livro da Sabedoria


A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos. 7Ela foi esperada por teu povo, como salvação para os justos e como perdição para os inimigos.

8Com efeito, aquilo com que puniste nossos adversários, serviu também para glorificar-nos, chamando-nos a ti.

9Os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos. Isso, enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial — Sl 32(33), 1. 12. 18-19. 20. 22 (R. 12b)


℟. Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!


— Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Aos retos fica bem glorificá-lo. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor e a nação que escolheu por sua herança! ℟.

— Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria. ℟.

— No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos! ℟.

Segunda Leitura — Hb 11, 1-2. 8-19; forma breve: 11, 1-2. 8-12


Leitura da Carta aos Hebreus


Irmãos: 1A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. 2Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. [8Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia.

9Foi pela fé que ele residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os coerdeiros da mesma promessa. 10Pois esperava a cidade alicerçada que tem Deus mesmo por arquiteto e construtor. 11Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos, porque considerou fidedigno o autor da promessa. 12É por isso também que de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão “comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar”.]

13Todos estes morreram na fé. Não receberam a realização da promessa, mas a puderam ver e saudar de longe e se declararam estrangeiros e migrantes nesta terra. 14Os que falam assim demonstram que estão buscando uma pátria, 15e se se lembrassem daquela que deixaram, até teriam tempo de voltar para lá. 16Mas agora, eles desejam uma pátria melhor,
 isto é, a pátria celeste. Por isto, Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles. 17Foi pela fé que Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac; ele, o depositário da promessa, sacrificava o seu filho único, 18do qual havia sido dito: “É em Isaac que uma descendência levará o teu nome”. 19Ele estava convencido de que Deus tem poder até de ressuscitar os mortos, e assim recuperou o filho - o que é também um símbolo.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. É preciso vigiar e ficar de prontidão; em que dia o Senhor há de vir, não sabeis, não! (Mt 24, 42a. 44) ℟.

Evangelho — Lc 12, 32-48; forma breve: Lc 12, 35-40


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Lucas 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 32“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

[35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater.

37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!

39Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.]

41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?”

42E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Creio

Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.

Antífona do Ofertório

In te sperávi, Dómine: dixi: tu es Deus meus, in mánibus tuis témpora mea. (Ps. 30, 15. 16)


Vernáculo:
A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor! (Cf. LH: Sl 30, 15. 16)
Sugestão de melodia 

Sobre as Oferendas

Senhor, acolhei com misericórdia os dons que concedestes à vossa Igreja e ela agora vos apresenta. Transformai-os por vosso poder em sacramento da nossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Glorifica o Senhor, Jerusalém, ele te dá como alimento a flor do trigo. (Cf. SI 147, 12. 14)

Ou:


O pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo, diz o Senhor. (Jo 6, 51)
Beátus servus, quem, cum vénerit Dóminus, invénerit vigilántem: amen dico vobis, super ómnia bona sua constítuet eum. (Mt. 24, 46. 47; ℣. Ps. 33)
Vernáculo:
Feliz o servo que o Senhor, ao chegar, encontrar acordado; em verdade vos digo: Ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. (Cf. MR: Cf. Mt 24, 46-47)

Depois da Comunhão

Ó Senhor, a comunhão do vosso sacramento, que acabamos de receber, nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 10/08/2025


Felicidade neste mundo? Impossível!


“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói.”

Neste 19.º Domingo do Tempo Comum, Nosso Senhor nos fala do tesouro que nós precisamos ter no coração. Trata-se do Evangelho de São Lucas, capítulo 12, versículos de 32 a 48. Eu vou ler o início do Evangelho porque novamente é desses Evangelhos típicos de São Lucas, aos quais os outros evangelistas não se referem com essa mesma riqueza de detalhes de São Lucas. Ele diz assim: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração’”.Essas palavras de Nosso Senhor têm uma profundidade que, num primeiro momento, pode passar despercebida. A primeira coisa é que Jesus está consolando um “pequenino rebanho”. Quando São Lucas escreve seu Evangelho, a Igreja ainda é muito pequena, o número de cristãos no mundo é ínfimo, quase irrisório, e a Igreja está sendo perseguida. Por volta do ano 67, mais ou menos, houve a perseguição de Nero. Foi exatamente nessa época, segundo a Tradição, que o Evangelho de São Lucas estava sendo escrito. Os cristãos já eram perseguidos e formavam um pequeno rebanho. São Lucas, então, inspirado pelo Espírito Santo, recorda as palavras de Jesus, palavras que o evangelista certamente ouviu da pregação de São Paulo e da pregação de outros Apóstolos.Jesus disse: “Não tenhais medo, pequenino rebanho”. Agora nos imaginemos no meio de uma luta enfurecida, de leões, de feras, de ursos etc., e aquele pequeno rebanho acuado ali no canto. Jesus diz: “Não tenhais medo, porque foi do agrado do Pai dar a vós o reino dos céus”. Qual é a segurança que as pessoas têm neste mundo? Onde elas procuram se agarrar? Qual é a segurança do pequeno rebanho, desses discípulos, dessa Igreja que começa? E não somente da Igreja que começa: de nós, hoje? Porque, claro, na época de São Lucas, a Igreja era pequena porque ainda estava crescendo; na nossa época, a Igreja é pequena porque está diminuindo. Por isso, as palavras de Cristo tornaram-se mais atuais ainda: “Não tenhais medo, pequeno rebanho”.Vejamos o cenário em que vivemos: você chega e diz para um amigo seu: “Eu vou à Missa”, e todo o mundo diz: “Mas por quê? O que está acontecendo que você vai à Missa?”. Você responde aquilo que deveria ser óbvio para um católico: “Porque é domingo”. Mas todo o mundo acha estranho, porque ninguém mais vai à igreja, ninguém mais vai à Missa.Se chegar uma visita na sua casa, na hora que você está saindo para a Missa, se você não tiver uma “determinada determinação” de ir para a Missa, você termina ficando envergonhado, com respeito humano de enfrentar o mundo e dizer: “Olhe, desculpe, nós estamos muito felizes com a sua visita, mas nós vamos para a Missa, certo? Venha conosco! Vamos!” O rebanho que segue Jesus é pequeno, claro, e hostilizado. Hostilizado na época de Jesus e de São Lucas lá atrás, porque o mundo ainda não era cristão; hostilizado hoje, porque o mundo já não é mais cristão. Sentimos, então, como se o chão estivesse sendo tirado debaixo dos nossos pés.Nesse momento da insegurança, a quem procuramos? Todos procuram alguma coisa na qual se agarrar. E onde terminam se agarrando para ter segurança, inclusive os bons católicos? Agarram-se no mundo material.Há dois mil anos, no mundo pagão da época de Lucas, e hoje, no mundo neopagão da nossa época, o homem procura se agarrar e fazer um tesouro aqui neste mundo, com inúmeros pretextos para isto: “É que eu tenho de assegurar o futuro dos meus filhos, eu preciso de poupança, de patrimônio, de bens materiais, de saúde, de coisas sólidas e concretas; porque, afinal de contas, nós temos de ser realistas: é impossível criar filhos, é impossível sustentar uma família…”. Na incerteza, na hostilidade, na insegurança ou na crise, onde a maioria procura construir a própria casa? Ao invés de construir na rocha sólida, constrói numa areia movediça chamada “mundo material”.O mundo material desaparece. Carro enferruja, roupa sai de moda, dinheiro acaba. É isso que Jesus está tentando ensinar quando diz que precisamos juntar um tesouro onde o ladrão não chega nem a traça corrói. É interessante notar no Evangelho de São Lucas uma espécie de ideia fixa que ele repete constantemente, para alcançar nosso convencimento: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas com muitas coisas; uma só é necessária. Maria escolheu o que não lhe será tirado”. Dizer que “não lhe será tirado” é o mesmo que afirmar: “Ali o ladrão não chega, Marta agitada”, “Ali a traça não corrói, Marta preocupada com as panelas”, “Ali não adianta construir um império material, ó senhor rico, que fez uma grande colheita, depois destruiu os seus celeiros e diz: ‘Regala-te, minha alma’, hoje te será pedido conta, e de que adiantou tudo isso?”Nos Evangelhos dos últimos domingos São Lucas continua repetindo praticamente a mesma ideia. Ontem como hoje, dois mil atrás como hoje, as pessoas querem segurança, querem fundamento; mas o fundamento não está no mundo material. Onde está então? Jesus diz: “Está no seu coração”. Como assim? A Segunda Leitura deste domingo começa com um versículo que dá uma definição de fé. Trata-se da Carta aos Hebreus, capítulo 11, que afirma: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera”. Mais ao pé da letra no original grego, o que se lê é: “A fé é fundamento daquilo que ainda se espera”.O que é isso significa na prática? Um parêntese para explicar isso. Quando você não tem fé, você está sendo movido por um milhão de coisas. Não adianta, isso é fato. Você está querendo ser feliz aqui neste mundo, mas o mundo não vai lhe dar felicidade. Você pode ter um império, pode ter uma empresa bilionária, ações na Bolsa de Valores, saúde, fama, poder, sucesso, seja o que for: você não será feliz neste mundo. E isso não é uma maldição, mas a própria condição da natureza humana. A felicidade neste mundo é, diz a Sagrada Escritura, “como a erva do campo; floresce de manhã, de tarde já murcha”. São coisas breves e passageiras, mais enganosas do que verdadeiras.Pois bem, você então começa a ouvir falar de Jesus. Você ainda é um pagão sem fé, que nunca ouviu falar do amor de Deus nem que Deus amou tanto o mundo, que Ele mesmo veio até nós e, querendo nos salvar deste mundo que passa, da miséria de uma felicidade que é como areia movediça (quanto mais a procuramos, mais nos afundamos), morreu na Cruz por nós. Ele deu o seu sangue e, por amor, entregou-se por nós.Por alguma razão, no meio daquelas pregações, ouvindo a vida dos santos, ouvindo um testemunho ou assistindo a um filme, alguma coisa tocou o seu coração e você começou a ver o amor de Deus em Cristo, como diz São Paulo: “Caritas Christi urget nos”, o amor de Cristo nos impele. Dizer que Ele morreu por mim me enche o coração, e eu então vejo a vida miserável que estou vivendo, tenho fé no amor que encontrei em Jesus, arrependo-me dos meus pecados e peço o Batismo.Quando você é batizado, um tesouro é plantado no seu coração. Você passa a ter três Pessoas morando dentro de você: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Se você está em estado de graça, já possui dentro de você aquilo que não lhe será tirado. Já tem, de certo modo, dentro de você o próprio Céu do qual desfrutará plenamente no futuro, que é aquilo que você espera: “rerum sperandarum”. A fé nos mostra isso.A fé é o nosso fundamento, a “hipóstase”. O que quer dizer a palavra “hipóstase”? Essa palavra origina-se da área médica. Os médicos gregos antigos, vendo que uma pessoa tinha um problema no quadril que a impossibilitava de ficar de pé, porque a perna ficava bamba, diziam: “Ela não consegue equilibrar o quadril porque não tem hipóstase”, isto é, não tem fundamento. As pernas estão fracas, não têm base. Como dizem os mineiros: “Tem base não, sô”! Não há base, está sem fundamento. Pois bem, se você tem fé em Jesus Cristo, foi batizado e está em estado de graça (livre de pecado mortal), você tem dentro de si a base, o “fundamento”, aquilo que você espera e que não lhe será tirado. Você tem o Céu dentro de si.Ainda que você não note, ele está lá. Não é preciso notar. Você tem fígado, mas não nota que tem fígado; apenas quando ele está doente você o nota. Você tem pâncreas, mas não nota que tem pâncreas. Há tanta coisa dentro de você que você não nota! Pois, se até as coisas físicas e palpáveis que estão dentro você não nota, imagine se vai notar a presença da Santíssima Trindade dentro de você. Você não a nota, mas ela está lá. Se você está em estado de graça, em amizade com Deus, a Trindade habita a sua alma. Acredite nisso. Existe um tesouro dentro de você, e esse tesouro não lhe será tirado.A Carta aos Hebreus (10, 34) afirma: “Não só vos compadecestes dos encarcerados, mas aceitastes com alegria a confiscação dos vossos bens, sabendo que possuís uma riqueza melhor e imperecível”. Essa palavra, “riqueza melhor e imperecível”, é a mesma que fundamento, como se dissesse: vocês têm uma “substância” melhor, um fundamento melhor. “A confiscação dos vossos bens” é a mesma coisa que Jesus diz no Evangelho de hoje: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no Céu que não se acabe”.Os cristãos perseguidos da época de Lucas tinham os seus bens confiscados, eram perseguidos, estavam perdendo tudo aquilo que era fundamento físico, material, e então a Carta aos Hebreus afirma: “A fé é o fundamento”, a fé é o tesouro, é a base daquilo que se espera. E essa fé está dentro do seu coração, caso esteja em estado de graça.Se é assim, tudo muda. Você olha para um grande magnata, como Bill Gates, e vê que ele não tem fé: “Coitado! Pobre do Bill Gates! Ele não tem o tesouro que não lhe será tirado; vai morrer, e não vai ficar nada”. Já quem está em estado de graça, ao morrer, perderá o seu tesouro, porque a amizade com Jesus foi plantada no seu coração, e isso é uma base, é uma “hipóstase”, é um fundamento, é a própria realidade do Céu que se espera. Porque o que se espera é ter a Trindade consigo e, posteriormente, no Céu.Embora você não note de imediato, existe um caminho para perceber essa presença. Consiste em ir crescendo na fé e, de fé em fé, na vida de oração, até chegar àquela experiência que os santos tiveram de ver, como continua a Carta aos Hebreus, “que a fé é uma prova” das realidades que não se vê. Eu não as vejo, mas eu sei que estão lá. A fé, quando vai crescendo, começa a dar dentro de nós provas daquilo que não vemos. O mundo pode ficar de cabeça para baixo, pode nos perseguir, pode confiscar os bens materiais; mas existe um bem maior, existe um tesouro onde o ladrão não chega, nem a traça não corrói, um tesouro que está em nossa alma.É isso que nos atesta a experiência dos santos. Além disso, se você realmente for crescendo na sua amizade com Jesus, Ele vai lhe dar, cada vez mais, a clareza de estar sendo habitado pela graça divina. Continue firme, não perca a amizade com Jesus! Se você caiu no pecado, busque a Confissão e volte ao estado de graça. Volte a ter o tesouro que não lhe será tirado. Não se agite, Marta, atrás de um tesouro que é corrompido pela traça e roubado pelos ladrões; Maria escolheu a melhor parte, aquela que não lhe será tirada.Então, bem concretamente, vamos crescer na nossa fé e enxergar que, pobrezinhos e miseráveis, são os grandes deste mundo, que tudo perderão; e que felizes, ricos e cheios de tesouros são os cristãos que, por pobrezinhos que sejam, possuem algo que não lhes será tirado.

Deus abençoe você!

Nossa Missão
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Santo do dia 10/08/2025

São Lourenço, Diácono e Mártir (Festa)
Local: Roma, Itália
Data: 10 de Agosto † 258


Lourenço foi um dos diáconos da Igreja Romana, martirizado provavelmente na perseguição do imperador Valeriano (258), que com seus editos mandou fechar e confiscar todos os lugares de culto e cemitérios cristãos e punir com o exílio ou morte os dirigentes das comunidades. A esta função se ajuntou a guarda dos bens da Igreja e a distribuição de suas esmolas entre os pobres. Em 257, o imperador publicou seus editos contra os cristãos e o papa São Sisto II, no ano seguinte, foi preso e executado. Quatro dias depois, o fiel Lourenço o acompanhou no martírio. Isso é tudo quanto se sabe ao certo da vida e da morte de São Lourenço. Infelizmente se deve admitir que foram aduzidas boas razões para se duvidar da confiabilidade, sob o ponto de vista histórico, a respeito dos episódios comoventes sobre a apresentação dos bens da Igreja feita por São Lourenço e sobre a forma como ele morreu.

Desde o século IV, sua figura é pintada com cores vivas, fruto mais da oratória e da poesia que da história. É conhecido sobretudo o episódio relativo aos tesouros da Igreja. Já que o perseguidor ambicionava os pretensos tesouros da Igreja, dos quais Lourenço era administrador, este pediu tempo para mostrá-los. Reuniu os pobres, as virgens consagradas, as viúvas aos quais a comunidade dava assistência material e os mostrou ao prefeito da cidade. Os artistas encarregaram-se mais tarde de figurar o corajoso diácono sendo assado numa grelha.

Lourenço fazia parte do grupo dos sete diáconos da Igreja de Roma no tempo do papa Sisto II. Foi o mártir romano mais celebrado depois dos Apóstolos Pedro e Paulo. Seu nome consta no Cânon romano da Missa. Foi enaltecido por poetas como Prudêncio e Dante na Divina comédia. Foi enaltecido por poetas e pregadores da antiguidade cristã, como São Máximo, Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

A Liturgia não menciona diretamente a história da grelha como instrumento do martírio. Realça, porém, dois aspectos de grande significação evangélica: o diácono e o mártir vitorioso. O mártir vem fortemente ligado ao símbolo do fogo, como oferta da vida, como vítima oferecida em holocausto. Faz lembrar os três jovens na fornalha ardente. Talvez Lourenço realmente tenha morrido na fogueira, a exemplo de São Policarpo de Esmirna.

Outro elemento realçado é a vitória na luta. Uma luta que se travou na prática da caridade, função própria do diácono desde os tempos dos Atos dos Apóstolos. Administrar os bens a serviço dos pobres e necessitados constitui um verdadeiro testemunho de Cristo. Também nisso consiste o martírio, muito bem realçado por Santo Agostinho na homilia da festa de São Lourenço. Curioso que muitos mártires da Igreja dos primeiros séculos têm nomes que simbolizam a vitória, ou a recompensa pela luta vitoriosa do martírio. Basta lembrar Estêvão, que significa coroa. Lourenço, e temos a coroa de louros; Vicente, o mártir, é aquele que vence. Temos ainda Vitor, Vitório e até Martinho, o pequeno mártir, porque foi mártir do amor, sem derramar o sangue.

Penso que o tema das brasas e do fogo na festa de São Lourenço diácono e mártir deve ser tomado como linguagem simbólica do amor, do serviço da caridade ou da diaconia, do martírio como oferta da vida a Deus. Todos os textos falam de São Lourenço diácono e mártir.

A Oração coleta resume bem a mensagem evangélica do Santo: Ó Deus, o vosso diácono Lourenço, inflamado de amor por vós, brilhou pela fidelidade no vosso serviço e pela glória do martírio; concedei-nos amar o que ele amou e praticar o que ensinou. Foi o que ele ensinou pelo exemplo na vida e na morte.

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

São Lourenço, rogai por nós!


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