Sábado da 18ª Semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
Santa Maria no sábado ou Santa Teresa Benedita da Cruz, Virgem e Mártir
Antífona de entrada
Vernáculo:
Vinde, ó Deus, em meu auxílio, sem demora, apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! Que sejam confundidos e humilhados os que procuram acabar com minha vida! Sl. Que voltem para trás envergonhados os que se alegram com os males que eu padeço! (Cf. LH: Sl 65, 2. 3ab. e 3cd)
Coleta
Assisti, Senhor, os vossos fiéis e cumulai com vossa inesgotável bondade, aqueles que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Dt 6, 4-13
Leitura do Livro do Deuteronômio
Moisés falou ao povo, dizendo: 4“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 5Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. 6E trarás gravadas em teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno. 7Tu as repetirás com insistência aos teus filhos e delas falarás quando estiveres sentado em tua casa, ou andando pelos caminhos, quando te deitares, ou te levantares.
8Tu as prenderás como sinal em tua mão e as colocarás como um sinal entre os teus olhos; 9tu as escreverás nas entradas da tua casa e nas portas da tua cidade.
10Quando o Senhor te introduzir na terra que prometeu com juramento a teus pais, Abraão, Isaac e Jacó, que te daria, com cidades grandes e belas que não edificaste, 11casas cheias de toda espécie de bens que não acumulaste, cisternas já escavadas que não cavaste, vinhas e oliveiras que não plantaste; e quando comeres e te fartares, 12então, cuida bem de não esqueceres o Senhor que te tirou do Egito, da casa da escravidão. 13Temerás o Senhor teu Deus, a ele servirás e só pelo seu nome jurarás”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 17(18), 2-3a. 3bc-4. 47 e 51ab (R. 2)
℟. Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.
— Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, minha rocha, meu refúgio e Salvador! Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação. ℟.
— Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, sois meu escudo e proteção: em vós espero! Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! E dos meus perseguidores serei salvo! ℟.
— Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! E louvado seja Deus, meu Salvador! Concedeis ao vosso rei grandes vitórias e mostrais misericórdia ao vosso Ungido. ℟.
℣. Jesus Cristo Salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo Evangelho a luz e a vida imperecíveis. (Cf. 2Tm 1, 10) ℟.
Evangelho — Mt 17, 14-20
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 14chegando Jesus e seus discípulos junto da multidão, um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: 15“Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epilético, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. 16Levei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!”
17Jesus respondeu: “Ó gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei? Trazei aqui o menino”. 18Então Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora, o menino ficou curado. 19Então, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?”
20Jesus respondeu: “Porque a vossa fé é demasiado pequena. Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Sanctificavit Moyses altare Domino, offerens super illud holocausta, et immolans victimas: fecit sacrificium vespertinum in odorem suavitatis Domino Deo, in conspectu filiorum Israel. (Cf. Ex. 24, 4. 5; p.338)
Vernáculo:
Moisés, porém, suplicou ao Senhor, seu Deus, dizendo: Por que se inflama, ó Senhor, tua ira contra teu povo? Desiste do ardor de tua ira, e abandona a ameaça contra teu povo. Lembra-te de Abraão, Isaac e Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo toda esta terra. E o Senhor desistiu do mal que prometeu fazer a seu povo. (Cf. Bíblia CNBB: Ex. 32, 11. 12. 13)
Sobre as Oferendas
Nós vos pedimos, Senhor de bondade, santificai estes donse, aceitando a oblação do sacrifício espiritual, fazei de nós mesmos uma eterna oferenda para vós. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Eu sou o pão da vida, diz o Senhor. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede. (Jo 6, 35)
Vernáculo:
Vós nos destes, Senhor, o pão do Céu, que contém toda delícia e suave sabor (Cf. MR: Sb 16, 20)
Depois da Comunhão
Acompanhai, Senhor, com vossa constante proteção aqueles que restaurais com os dons do céu e, como não cessais de protegê-los, concedei que se tornem dignos da eterna redenção. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 09/08/2025
Uma humanidade desfigurada
Jesus disse: “Se podes!… Tudo é possível para quem tem fé”. O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”.
No Evangelho de hoje, Jesus cura um menino epilético. É interessante notar que, por providência divina, este Evangelho é a continuidade do que meditávamos ontem, festa da Transfiguração do Senhor. Ontem líamos o evangelho de São Marcos; porém, há um relato paralelo no de São Mateus, capítulo 17. Ali, logo após descer do monte, Jesus, que estivera transfigurado no topo da montanha, encontra aos pés dela um menino desfigurado. É interessante pôr lado a lado as duas imagens. Aliás, existe um quadro muito famoso, o último pintado pelo célebre Rafael, em que se vê no topo a cena da Transfiguração a Jesus luminoso, com Moisés e Elias, um de cada lado; um pouco mais embaixo, aos discípulos atordoados pela luz; e por fim, num nível inferior e mais escuro, uma grande confusão em torno do menino epilético, desfigurado, de olhos virados, com um semblante perdido.É interessante tal contraste porque ele nos leva a meditar sobre o estado em que se encontra a humanidade perante Jesus. Deus vem do alto de sua glória celeste a essa humanidade desfigurada, representada aqui pelo menino epilético. Mas dizer que o homem desfigurado está aqui “representado” não significa que o relato evangélico não seja histórico. Não, nada disso. Não se trata de “conversa fiada”. Jesus, de fato, curou o menino epilético e expulsou dele o demônio que lhe causava epilepsia, doença física que, embora seja em si mesma de origem natural, tinha neste caso uma origem demoníaca. É o que lemos no Evangelho, narrado não só pelos outros evangelistas, mas pelo próprio São Mateus, que mostra Jesus ameaçando o demônio, e este saindo do menino.Sim, a humanidade sob o poder de Satanás está desfigurada. Perdemos nossa dignidade, perdemos o controle de nossa vida. O menino fora tomado pelo demônio, e o próprio disse ao Senhor: “Tem piedade de meu filho porque ele sofre ataques tão fortes, que o demônio o joga ora no fogo, ora na água. Eu apresentei a situação a teus discípulos, mas eles não o puderam curar”. Jesus olha para a situação e se compadece não só do menino possesso e vexado pelo demônio, mas também de nós. Por isso, cheio de compaixão, Ele nos repreende a pouca fé; antes, a falta de fé, a incredulidade. Aqui está a raiz, a corrente, o cadeado que mantém a humanidade presa a Satanás.Mas por que Satanás tem tanto poder sobre nós? Será ele superpoderoso? Não, nada disso. O diabo já foi derrotado. Jesus mesmo o disse: Eu vi Satanás cair do céu como um raio. O diabo foi derrotado, mas o poder que ele tem sobre nós, somos nós que ainda lho damos! Sim, damos poder a Satanás quando, por falta de fé, preferimos crer nas seduções que ele propõe a crer no que Deus nos diz e revela. É assim desde o início. Com efeito, desde Adão e Eva, as mentiras de Satanás circulam entre nós; desde Adão e Eva, a humanidade prefere escutar as mentiras da serpente a crer nas promessas de Deus.Jesus, como que enfadado, olha então para aquela gente e diz: Gente de pouca fé! Eis aí, pessoas que deveriam ter mais fé, mas não têm. Ὀλιγοπιστία é o que se lê no v. 20, mas a acusação de Jesus é ainda mais grave ainda se olharmos para o v. 17, onde Ele diz o seguinte: Geração sem fé, isto é, ἄπιστος, e não só isso: também “perversa”, pervertida e maldosa, porque a falta de fé (quando deixamos de crer em Deus para crer nas mentiras de Satanás) nos perverte, nos deforma, nos torna o que se tornara o menino — de olhos virados, contorcido e deformado por conta da epilepsia.Ao curar o menino da doença e expulsar dele o demônio, Jesus quer-nos curar de nossa epilepsia, ou seja, das correntes que o diabo lança sobre nós porque, quando preferimos ouvir as mentiras dele, rejeitando com isso as verdades de Deus, nos tornamos não somente incrédulos, mas perversos, gente contorcida, distorcida, corrompida. A palavra que se lê nos originais para “gente pervertida” foi bem traduzida em português. Afinal, quando se diz que algo é “perverso” é porque está numa direção distorcida. O original grego é στρέφο, que quer dizer “virar”, “girar”. Somos gente girada pelo avesso, contorcida, como o menino epilético! Jesus nos vê desfigurados por nossa falta de fé. Creiamos, portanto! Como Deus Pai disse de seu Filho transfigurado no Tabor: Este é o meu Filho muito amado. Escutai o que Ele diz, escutemos, tenhamos fé, e então Satanás será derrotado e nós, finalmente libertos.
Deus abençoe você!
Santo do dia 09/08/2025
Santa Teresa Benedita da Cruz, Virgem e Mártir (Memória Facultativa)
Local: Auschwitz, Polônia
Data: 09 de Agosto † 1942
Santa Teresa Benedita da Cruz também é conhecida por seu nome de Edith Stein. Pensadora alemã de origem judaica, nasceu em Breslau, na Polônia. Quando ela nasceu Breslau pertencia à Alemanha, sendo integrada à Polônia depois da Segunda Guerra Mundial. O pai morreu quando Edith ainda não tinha completado os 2 anos de idade.
Última de onze irmãos de uma família judia, durante os anos de universidade Edith se declarava ateia. Formou-se na escola do filósofo da "fenomenologia" Husserl, de quem se tornou assistente.
Os anos de estudos passam até que, no ano de 1921, Edith visita um casal convertido ao Evangelho. Na biblioteca deste casal ela encontra a autobiografia de Santa Teresa de Jesus. Edith lê o livro durante toda a noite e garante ter nele encontrado a verdade. Em janeiro de 1922 Edith Stein é batizada e, no dia 2 de fevereiro desse mesmo ano, é crismada pelo bispo de Espira. Em 1932 lhe é atribuída uma cátedra no Instituto Alemão de Pedagogia Científica de Münster, na Alemanha, onde desenvolve a sua própria antropologia, encontrando a maneira de unir ciência e fé. O mundo das ciências via nela com admiração uma das poucas mulheres em condições de comparar-se no campo filosófico com os nomes mais prestigiosos do século.
Contudo, em 1933, ela decidiu tornar-se freira carmelita, assumindo na profissão religiosa o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz. Teresa, em honra de Santa Teresa de Jesus, de quem se tornou filha, e Benedita, em honra de São Bento, cujos monges foram seus diretores espirituais durante anos.
Nesta resolução Edith era tomada de uma irresistível atração que conduz as almas elevadas para o absoluto. Um dom total de si mesma à Verdade que entrevira, ao Verbo que a tinha regenerado.
Sua mãe se sentiu profundamente contrariada diante de sua resolução. Com licença especial das suas superioras, Teresa escrevia todas as semanas à mãe, sem obter qualquer resposta, até que, por fim, recebeu um bilhete da mesa.
Para escapar da perseguição do regime nazista, Ir. Teresa Benedita da Cruz foi transferida do Carmelo de Colônia, na Alemanha, para um Carmelo na Holanda. Mas, quando também a Holanda foi ocupada pelos nazistas, ela foi presa com sua irmã Rosa. Saiu do convento de hábito carmelita que continuou a usar no campo de concentração de Auschwitz, onde ofereceu a sua vida, como ela disse, pela conversão do povo hebreu ao catolicismo.
Pelo seu heroísmo cristão, no dia 1º de maio de 1987, ela foi beatificada por João Paulo II em Colônia e, a 11 de outubro de 1998, foi canonizada pelo mesmo Papa, sob o nome de Santa Teresa Benedita da Cruz.
No dia 1º de outubro de 1999, o papa João Paulo II proclamou Santa Teresa Benedita da Cruz, juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena, copadroeira da Europa, pelo particular contributo cristão que outorgou não só à Igreja Católica, mas especialmente à mesma sociedade europeia através do seu pensamento filosófico.
A Oração coleta exalta Edith Stein como flor, filha do povo de Israel, seu reconhecimento de Jesus Cristo como Messias e Salvador, e pede por sua intercessão que todos os homens reconheçam o Cristo Salvador: Ó Deus de nossos pais, que conduzistes a mártir Santa Teresa Benedita ao conhecimento do vosso Filho crucificado e à sua imitação até a morte, concedei que, por sua intercessão, todos os homens reconheçam o Cristo Salvador e cheguem por ele à vossa visão por toda a eternidade.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Teresa Benedita da Cruz, rogai por nós!