Nossa Senhora do Rosário, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Os grandes do povo vos pedem favores. As virgens amigas lhe formam cortejo entre cantos de festa e com grande alegria. Sl. Transborda um poema do meu coração; vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção. (Cf. LH: Sl 44, 13b. 15b. 16a e 2ab)
Coleta
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo, pela mensagem do Anjo, a encarnação do Cristo, vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição pela intercessão da Virgem Maria. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (At 1, 12-14)
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Depois que Jesus subiu ao céu, 12os apóstolos voltaram para Jerusalém, vindo do monte das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, a mais ou menos um quilômetro. 13Entraram na cidade e subiram para a sala de cima, onde costumavam ficar.
Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de Tiago.
14Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Lc 1, 46ss)
℟.O Poderoso fez por mim maravilhas, e Santo é o seu nome.
Ou. Bendita sejais, ó Virgem Maria; trouxestes no ventre a Palavra eterna!
— A minh’alma engrandece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, ℟.
— pois ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! ℟.
— Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. ℟.
— Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos e despediu, sem nada, os ricos. ℟.
— Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre. ℟.
℣. Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Cf. Lc 1, 28) ℟.
Evangelho (Lc 1, 26-38)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”.
38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Ave María, grátia plena, Dóminus tecum: benedícta tu in muliéribus, et benedíctus est fructus ventris tui. (Lc. 1, 28. 42)
Vernáculo:
Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre. (Cf. MR: Lc 1, 28. 42)
Sobre as Oferendas
Fazei, ó Deus que a nossa vida corresponda às nossas oferendas e dai-nos contemplar de tal modo os mistérios do vosso Filho, que mereçamos alcançar as suas promessas. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ad libitum:
Ecce virgo concípiet et páriet fílium et vocábitur nomen eius Emmánuel. (Is. 7, 14; ℣. Ps. 44)
Vernáculo:
Exalai um perfume suave, desabrochai em flores como o lírio. Elevai a voz e entoai cantos de louvor, bendizendo a Deus por todas as suas obras. (Cf. Bíblia CNBB: Eclo 39, 18b. 19)
Opcional:
A Virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado: Deus-conosco. (Cf. MR: Is 7, 14)
Depois da Comunhão
Senhor nosso Deus, anunciamos neste sacramento a morte e a ressurreição do vosso Filho, pedindo-vos que nos associeis às suas dores, para merecermos participar também das suas alegrias e glórias. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 07/10/2023
Rosário: uma arma de batalha
“Vitória, vitória!”, exclamou o Papa São Pio V ao ver, por revelação especial, o triunfo que sobre os invasores turcos tinha garantido à Igreja e às nações cristãs a devoção do santíssimo Rosário
Com grande alegria celebramos hoje a memória de Nossa Senhora do Rosário. Esse ano, celebramos de forma especialíssima essa festa porque é o aniversário de 450 anos da batalha que deu origem a ela. Em 1571, os cristãos montaram uma armada de navios para deter o avanço dos turcos muçulmanos contra a Europa. O Papa via que os infiéis estavam tomando a Europa de roldão, mas os príncipes católicos permaneciam de braços cruzados; havia entre eles muita desunião, por isso o romano pontífice, São Pio V, fez todo um trabalho de diplomacia para conseguir montar uma armada, prontamente consagrada a Nossa Senhora.
Além disso, Pio V mandou que houvesse um padre em cada barco para a confissão dos soldados e marinheiros. Ordenou ainda que se rezasse o Terço, para que todos estivessem em estado de graça. Veja-se a preocupação deste grande Papa em pôr a armada católica contra a invasão muçulmana sob a proteção de Nossa Senhora! No dia 7 de outubro, veio o verdadeiro milagre: os católicos saíram vencedores de Lepanto, embora seu número de navios e canhões etc. fosse bem inferior ao número dos infiéis.
Para confirmar que a vitória fora uma graça do céu, aconteceu outra coisa extraordinária: o Papa São Pio V, a centenas de quilômetros da batalha, estava em reunião; de repente, ele parou, foi até a janela, olhou fixamente para fora e depois voltou, dizendo: “Senhores, temos de encerrar a reunião porque é preciso ir à capela agradecer a Deus a vitória dos cristãos”. Naquela tarde, o Papa, a centenas de quilômetros de distância de Lepanto, viu misticamente a vitória com que o céu presenteou a cristandade. É um fato histórico.
Mas o que ele tem a ver conosco? Lembremos que Nossa Senhora apareceu inúmeras vezes insistindo na importância do Rosário como arma espiritual. Não há escapatória. A Virgem insiste de forma quase martelante na necessidade de precisamos rezar o Rosário, no entanto, ainda há quem não o reze! De fato, não sabemos o que é mais admirável: se a insistência de Nossa Senhora, se a cabeça dura dos católicos que insistem em não rezar o Terço todos os dias. O Santo Padre Pio de Pietrelcina sempre se referia ao Terço como a arma. Certa feita, estava ele em sua cela e perguntou a um dos frades: “Onde está a arma?” O outro não entendeu nada. “Eu quero a arma”. “Mas que arma é essa?”, pensava o irmão “A arma!” Era o Terço.
Mas por que, afinal, o Terço é tão eficaz? Por que uma oração repetitiva, aparentemente enfadonha, tem tanta importância? Em primeiro lugar, porque o Terço se baseia nos mistérios da nossa salvação. Rezá-lo é meditar os mistérios da nossa salvação tendo como pano de fundo a Ave-Maria, que já carrega em si mesma o mistério da entrada do Salvador neste mundo. Ora, Satanás e os seus demônios tremem no inferno quando ouvem uma Ave-Maria. Por quê? Porque foi por ocasião da mensagem do anjo que Nossa Senhora realizou o ato de obediência e de humildade pelo qual o Filho de Deus entrou no mundo. São as virtudes da obediência e da humildade as que derrotam Satanás. O diabo é soberbo; logo, a humildade de Nossa Senhora e de Jesus são o sinal e a causa de sua derrota.
Precisamos, sim, inclinar a cabeça. Somos soberbos, e o Terço é uma oração que nos faz pequeninos. Na verdade, é uma oração que até as crianças podem fazer. Não é como a Liturgia das Horas, a Lectio Divina, uma meditação espiritual etc., ou seja, métodos de oração que, por assim dizer, são mais acessíveis aos letrados e aos progredidos espiritualmente.
O Terço não. Ele pode ser rezado por uma criança de colo ou por um grande místico. É uma oração para todos porque é a oração da humildade. As crianças crescem ouvindo a mãe rezar o Terço, e assim vão elas aprendendo a recitá-lo. Nossa Senhora quer que percorramos esse caminho de santificação, de modo que nos tornemos cada vez mais devotos do santo Terço.
No início, pode parecer repetitivo; mas, se formos meditando os mistérios de nossa salvação, e contemplaremos em cada um deles as vitórias de Deus. O santo Terço é, de fato, uma grande arma, que faz o inferno tremer de horror e vergonha. Queiramos agradar à nossa Mãe cantando as vitórias de seu Filho, e demos graças pelas inúmeras vitórias que os cristãos têm recebido dos céus por intercessão dela.
Deus abençoe você!
Celebramos hoje a memória de Nossa Senhora do Rosário, devoção que, graças a Deus, tem sido redescoberta nos últimos tempos, não sem um esforço da própria Virgem Maria, que em várias aparições recentes insiste na importância de rezar todos os dias o Santo Terço. Mas a que se deve, afinal, a importância desta devoção, que para muita gente não passa da repetição aborrecida de fórmulas prontas e engessadas?Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este sábado, dia 7 de outubro, e descubra a riqueza maravilhosa do Santo Terço, um caminho certo e fácil para a meditação e o progresso na caridade!
Santo do dia 07/10/2023
Nossa Senhora do Rosário (Memória)
Data: 07 de Outubro
A devoção do Rosário começou a desenvolver-se no século XV, sobretudo, por obra dos dominicanos. A festa do Santo Rosário, por sua vez, foi instituída por São Pio V, papa dominicano, para lembrar a vitória das tropas cristãs contra os turcos, em torno de Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571 e atribuída ao auxílio da Santa Mãe de Deus, invocada com a oração do Rosário. Esta memória mariana é, portanto, de origem devocional.
A celebração deste dia é um convite a todos os fiéis para que meditem os mistérios de Cristo, em companhia da Virgem Maria, que foi associada de modo muito especial à Encarnação, à Paixão e à Ressurreição do Filho de Deus. Os quinze mistérios estavam na base da contemplação da Encarnação, da Paixão e da Ressurreição, os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. E cada cinco mistérios formavam um terço do Rosário; daí, sobretudo no Brasil, o termo "devoção do terço", a "reza do terço".
Com a introdução de mais cinco mistérios a serem contemplados, os mistérios luminosos acontecidos na vida pública de Jesus, os textos desta comemoração precisariam ser reformulados. Agora já não são quinze mistérios, mas vinte. Já não são 150 Ave-Marias, correspondendo aos 150 salmos, mas 200 Ave-Marias.
Em todo caso, creio que convém situar esta comemoração no âmbito de uma reflexão sobre a devoção do Santo Rosário. Podemos dizer que de certa forma o Rosário é o Breviário dos leigos. Quando o Breviário ou a Liturgia das Horas se tornou uma oração quase exclusiva do clero, o povo procurou sua forma de oração, mais simples e compreensível, sem precisar do uso de livros. Começou a meditar os Mistérios da Redenção de outra maneira. Na escola de oração de São Domingos e dos dominicanos formou-se um tipo de oração em que as leituras e as antífonas do Breviário foram substituídas pelos mistérios, e os salmos, pelas Ave-Marias.
Os 150 salmos foram substituídos pelas 150 Ave-Marias dos três terços (agora, quatro quartos), chamados mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. A oração do Rosário é, pois, uma meditação e um louvor. A meditação se faz sobretudo através da contemplação dos mistérios, ao passo que a resposta de louvor, através dos Pai-nossos, Ave-Marias e Glória-ao-Pai.
Mais importante do que conhecer como surgiu a devoção do Rosário é descobrir a sua riqueza. A devoção do Rosário contempla o Mistério da Redenção desde a Encarnação até a glória da Ascensão, de Pentecostes e a escatologia, contemplada em Maria.
Nos mistérios gozosos se contemplam o Mistério da Encarnação, os mistérios da manifestação do Verbo feito homem por amor dos homens. Vivemos os mistérios da manifestação celebrados pela Igreja sobretudo no Ciclo de Natal.
Nos mistérios dolorosos se contempla mais de perto a obra da Redenção pela Paixão e Morte de Cristo. É o tempo da Quaresma e da Paixão.
Nos mistérios gloriosos contemplamos a vitória de Cristo, o aspecto triunfante do mistério da Redenção em Cristo e em nós. Cristo venceu o pecado e a morte e ressuscitou. Celebramos o seu triunfo, subindo aos céus. Depois, contemplamos a continuação da vitória de Cristo pelo Espírito Santo na Igreja. Para evocar a contemplação da vitória final da Igreja, consideramos o triunfo de Maria elevada aos céus, como realização e prenúncio de nossa vitória e glorificação. Eis o Tempo da Páscoa e o Tempo durante o ano, de Pentecostes ao Advento.
Com o acréscimo dos mistérios da luz, que se realizaram durante os anos da vida pública de Jesus, desfez-se a trilogia tradicional do mistério pascal. "Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos mistérios luminosos - desta fase da vida de Cristo, considero, diz o papa João Paulo II, que se podem justamente individuar: 1°) no seu batismo no Jordão; 2°) na sua autorrevelação nas bodas de Caná; 3°) no seu anúncio do reino de Deus com o convite à conversão; 4°) na sua Transfiguração e, enfim, 5°) na instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal" (cf. João Paulo II, Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, n. 21).
Afinal, todos os mistérios de Cristo, celebrados durante o Ano litúrgico, são contemplados na devoção do Rosário. Podemos dizer, então, que o Rosário é a meditação do povo cristão sobre os mistérios da Redenção, procurando conformar sua vida à de Cristo e de sua Mãe Santíssima.
Se por vários séculos o povo cristão conservou sua fé e se aprofundou no Mistério de Cristo, apesar de o "culto da Igreja" estar numa língua desconhecida, devemo-lo em grande parte à devoção do Rosário ou do terço rezado em particular ou em família. Agora, já não é mais o terço, mas, o "quarto".
A devoção do Santo Rosário constitui, na verdade, uma espécie de Celebração da Palavra de Deus. Quando rezado em comum é a Igreja rezando, com a garantia da presença de Cristo no meio da comunidade orante. O importante é rezar o terço (o quarto) ou o Rosário não maquinalmente, mas de maneira consciente e pessoal, para que possa ser realmente eficaz.
No fundo a devoção do Rosário é uma devoção bem cristocêntrica. Por isso, podemos dizer que existe uma relação íntima entre o Rosário e a Eucaristia. Celebra-se o mesmo mistério de Cristo. Assim, a devoção do Rosário pode constituir, como a Liturgia das Horas, uma ressonância da Eucaristia e uma preciosa preparação para ela.
Os textos da Missa e da Liturgia das Horas expressam muito bem toda a riqueza da devoção do Santo Rosário. Como disse, merecem, porém, uma atualização em vista dos mistérios da luz.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!