5ª feira da 27ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Ao vosso poder, Senhor, tudo está sujeito, e não há quem possa resistir à vossa vontade, porque sois o criador de todas as coisas, do céu e da terra e de tudo que eles contêm; vós sois o Senhor do universo. (Cf. MR: Est 4, 17) Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 1)
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, que no vosso imenso amor de Pai nos concedeis mais do que merecemos e pedimos, infundi em nós vossa misericórdia, para perdoar o que nos pesa na consciência e para nos dar mais do que a oração ousa pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Gl 3, 1-5)
Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas
1Ó gálatas insensatos, quem é que vos fascinou? Diante de vossos olhos, não foi acaso representado, como que ao vivo, Jesus Cristo crucificado? 2Só isto quero saber de vós: Recebestes o Espírito pela prática da Lei ou pela fé através da pregação? 3Sois assim tão insensatos? A ponto de, depois de terdes começado pelo espírito, quererdes terminar pela carne? 4Foi acaso em vão que sofrestes tanto? Se é que foi mesmo em vão! 5Aquele que vos dá generosamente o Espírito e realiza milagres entre vós, faz isso porque praticais a Lei ou porque crestes, através da pregação?
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Lc 1, 69-75)
℟. Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou!
— Fez surgir um poderoso Salvador na casa de Davi, seu servidor, como falara pela boca de seus santos, os profetas desde os tempos mais antigos. ℟.
— Para salvar-nos do poder dos inimigos e da mão de todos quantos nos odeiam. Assim mostrou misericórdia a nossos pais, recordando a sua santa Aliança. ℟.
— E o juramento a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que, libertos do inimigo, a ele nós sirvamos sem temor em santidade e em justiça diante dele, enquanto perdurarem nossos dias. ℟.
℣. Abri-nos, ó Senhor, o coração, para ouvirmos a palavra de Jesus! (Cf. At 16, 14b) ℟.
Evangelho (Lc 11, 5-13)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5“Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. 9Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. 10Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. 11Será que algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Vir erat in terra nómine Iob, simplex et rectus, ac timens Deum: quem Satan pétiit, ut tentáret: et data est ei potéstas a Dómino in facultáte et in carne eius: perdidítque omnem substántiam ipsíus, et fílios: carnem quoque eius gravi úlcere vulnerávit. (Iob. 1 et 2, 7)
Vernáculo:
Havia, na terra, um homem chamado Jó: era íntegro e reto, temia a Deus. Satanás saiu da presença do Senhor e feriu Jó com chagas malignas, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. (Cf. Bíblia CNBB: Jó 1, 1. 2, 7)
Sobre as Oferendas
Acolhei, Senhor, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes; e pelos sagrados mistérios que celebramos em vossa honra dignai-vos completar a santificação daqueles que salvastes. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Há um só pão e, embora sendo muitos, formamos um só corpo, todos os que participamos do mesmo pão e do mesmo cálice. (Cf. 1Cor 10, 17)
Vernáculo:
Pedi e recebereis, procurai e encontrareis, batei e abri-se-vos-á. Porque todo aquele que pede recebe, todo o que procura encontra e ao que bate à porta abrir-se-lhe-á. (Cf. MRQ: Lc 11, 9. 10)
Depois da Comunhão
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que inebriados e saciados pelo sacramento que recebemos, sejamos transformados naquele que comungamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 10/10/2024
O mistério da oração
“Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá”.
Perseverança na oração (cf. Lc 11, 5-9; Mt 7, 7). — a) Imagem. Um certo homem acolheu um amigo que viera procurá-lo de noite; mas, como não tivesse nada com que alimentá-lo, acudiu a um vizinho para pedir alguns pães emprestados. O vizinho, porém, respondeu de dentro de casa: Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos (não servos, como queria S. Agostinho, mas filhos: παιδία) e eu já estamos deitados (não, necessariamente, no mesmo leito, mas simplesmente no mesmo quarto). — Mesmo que o outro, isto é, o vizinho que está deitado, não se levante para dá-los porque é seu amigo, ou seja, por amizade, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência (ἀναίδειαν = “impudência”, isto é, “inoportunidade”) dele e lhe dará quanto for necessário, quer dizer, todos os pães que o outro pedir.
b) O sentido espiritual flui espontaneamente do contexto. Com estas palavras, o Senhor ensina e recomenda a perseverança na oração. Por isso, acrescenta: Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto, o que se deve entender não como três pedidos, mas como oração constante e incansável. “Deus quer que lhe rezem; quer ser coagido; quer, de certo modo, ser vencido pela nossa impertinência” (S. Gregório). “O que não queria dar o que se lhe pedia, deu o pedido porque não se cansou o outro de lho pedir. Quanto mais não dará o bom Deus, que nos exorta a que peçamos, a quem desagrada quando não pedimos?” (S. Agostinho).
Dubium: As palavras pedi, procurai e batei contêm um preceito ou um simples conselho? — Resp.: 1) Parece indicar um conselho o fato de Jesus, para recomendar a prática da oração, apele para o prêmio, que é receber o que se pede. — 2) No entanto, é mais provável que se trate de um preceito, devido à forma imperativa (pedi etc.) dos verbos, à insistência com que se reitera a mesma ideia e à ameaça implícita: quem não pede tampouco recebe.
Confiança na oração (cf. Lc 11, 9-13; Mt 7, 7-11). — Para convencer ainda mais os seus ouvintes desta doutrina e movê-los a pôr em prática estes ensinamentos, o Senhor passa a falar da eficácia da oração. — V. 10. Quem pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá. Acontece muitas vezes de não recebermos o que pedimos, a) ou porque pedimos sendo maus (mali), b) ou porque pedimos mal (male), c) ou porque pedimos coisas más (mala): “Ora, Senhor é bom, porque frequentemente não nos dá o que queremos, para dar-nos o que deveríamos querer” (S. Agostinho).
V. 11s. Em seguida, corrobora essa mesma doutrina sobre a eficácia da oração com um exemplo a minori ad majus, tomado da vida ordinária. Quem, por exemplo, daria a um filho que pede pão, peixe ou ovo (comidas muitíssimos comuns na Palestina) uma coisa inútil ou perigosa como uma pedra, uma cobra ou um escorpião? Cristo escolhe estes exemplos, porque são de certo modo parecidos, em aparência, com aqueles alimentos, mas muito diferentes em natureza. — Existem muitas espécies de escorpião; mas na Palestina os mais comuns são brancos, não muitos diferentes, em tamanho e forma, de um ovo.
V. 13. Ora, se vós que sois maus, isto é, inclinados por natureza ao mal, carregados de muitos pecados ou, também, maus por comparação com Deus, que é o único Bom e bondade por essência, sabeis dar coisas boas (gr. δόματα; lt. dona) aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo (πνεῦμα ἅγιον = os dons do Espírito Santo, a virtude etc.) aos que o pedirem.
Deus abençoe você!
Ontem, Jesus nos ensinou o Pai-Nosso. Hoje, ensina-nos a disposição com que o devemos rezar: temos de ser confiantes, pois “quem pede recebe”; humildes, pois “quem procura encontra”; e perseverantes, pois, “para quem bate, se abrirá”. Não deixemos nunca de rezar, confiando na bondade de Deus; rezemos com humildade, buscando em Deus o nosso único bem; e insistamos, ainda que a graça pareça tardar, porque o Senhor não despede de mãos vazias a quem o procura de coração sincero: “O Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem”.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quinta-feira, 10 de outubro, e recorramos confiadamente à liberalidade divina, que dá mais do que pedido a quem não se cansa de pedir.
Santo do dia 10/10/2024
São Daniel Comboni (Memória Facultativa)
Local: Khartoum, Sudão
Data: 10 de Outubro† 1881
Daniel Comboni: um filho de camponeses-jardineiros pobres que se tornou o primeiro Bispo católico da África Central e um dos maiores missionários na história da Igreja.
É mesmo verdade: quando o Senhor decide intervir e encontra uma pessoa generosa e disponível, acontecem coisas novas e grandiosas.
Daniel Comboni nasceu em Limone sul Garda (Brescia - Itália) a 15 de Março de 1831, duma família de camponeses ao serviço de um rico senhor local. O pai e a mãe, Luis e Domenica, eram afeiçoadíssimos a Daniel, o quarto de oito filhos falecidos quase todos em tenra idade. Eles formavam uma família unida, rica de fé e de valores humanos, mas pobre de meios econômicos. E é exatamente a pobreza da família Comboni que obriga Daniel a deixar a aldeia natal para ir frequentar a escola em Verona, no Instituto fundado pelo sacerdote Don Nicola Mazza.
Nestes anos passados em Verona, Daniel descobre a sua vocação ao sacerdócio, completa os estudos de filosofia e teologia e, sobretudo, abre-se à missão da África Central, fascinado pelo testemunho dos primeiros missionários mazzianos que regressavam do continente africano. Em 1854 Daniel Comboni é ordenado sacerdote e três anos depois parte para a África juntamente com outros cinco missionários do Istituto Mazza, com a benção da mãe Domenica que lhe diz: «Vai, Daniel, e que o Senhor te abençoe».
Após quatro meses de viagem, a expedição missionária de que Comboni faz parte chega a Cartum, capital do Sudão. O impacto com a realidade africana é enorme. Daniel dá-se imediatamente conta das dificuldades que comporta a sua nova missão. O cansaço, o clima insuportável, as doenças, a morte de numerosos e jovens companheiros, a pobreza e abandono do povo impelem-no cada vez mais a seguir em frente e a não abandonar a missão iniciada com tanto entusiasmo. Da missão de Santa Cruz escreve aos seus pais: «Teremos que sofrer, suar, morrer, mas o pensar que se sofre e morre por amor de Jesus Cristo e da salvação das almas mais abandonadas do mundo é demasiado consolador para nos fazer desistir da grande empresa».
Ao assistir à morte na África de um jovem companheiro missionário, Comboni em vez de desanimar sente-se interiormente confirmado na decisão de continuar a sua missão: «Ou Nigrizia ou morte, ou a África ou a morte».
E é sempre a África e a sua gente que levam Comboni, uma vez regressado a Itália, a conceber uma nova estratégia missionária. Em 1864, recolhido em oração junto ao túmulo de São Pedro em Roma, Daniel tem uma iluminação fulgurante que o leva a elaborar o seu famoso Plano para a regeneração da África, um projeto missionário (que se pode sintetizar numa intuição), «Salvar a África com a África», e que é fruto da sua ilimitada confiança nas capacidades humanas e religiosas dos povos africanos.
No meio de dificuldades e incompreensões não indiferentes, Daniel Comboni tem a intuição de que a sociedade europeia e a Igreja católica são chamadas a tomar em maior consideração a missão da África Central. Com este objetivo dedica-se a uma incansável animação missionária em todos os recantos da Europa, pedindo ajudas espirituais e materiais para as missões africanas, quer aos Reis, Bispos e grandes Senhores, quer ao povo pobre e simples. Como instrumento de animação missionária cria uma revista missionária, a primeira na Itália.
A sua fé inquebrantável no Senhor e na África leva-o a fundar em 1867 e 1872, respectivamente, os seus Institutos missionários, masculino e feminino, posteriormente conhecidos como Missionários Combonianos e Irmãs Missionárias Combonianas.
Como teólogo do Bispo de Verona, participa no Concílio Vaticano I, levando 70 Bispos a subscreverem uma petição em favor da evangelização da África Central (Postulatum pro Nigris Africæ Centralis).
A 2 de Julho de 1877 Comboni é nomeado Vigário Apostólico da África Central e consagrado Bispo um mês mais tarde: é a confirmação de que as suas ideias e as suas ações, por muitos consideradas demasiado arrojadas ou até paranoicas, são extremamente eficazes para o anúncio do Evangelho e para a libertação do continente africano.
Nos anos de 1877-1878 sofre no corpo e no espírito, juntamente com os seus missionários e missionárias, a tragédia duma estiagem e carestia sem precedentes que dizimam a população local e abalam o pessoal e a atividade missionária.
Em 1880, com o entusiasmo de sempre, o Bispo Comboni regressa à África pela oitava e última vez, decidido a continuar, lado a lado com os seus missionários e missionárias, a luta contra a praga da escravatura e a consolidar a atividade missionária através dos próprios africanos. Um ano depois, provado pelo cansaço, pelas frequentes e recentes mortes dos seus colaboradores e pela amargura de acusações e calúnias, o grande missionário adoece. A 10 de Outubro de 1881, com apenas 50 anos de idade, marcado pela cruz que, qual esposa fiel e amada, nunca o abandonou, morre em Cartum no meio da sua gente, consciente de que a obra missionária não morreria. «Eu morro, mas a minha obra não morrerá».
Daniel Comboni tinha visto bem. A sua obra não morreu; pelo contrário, como todas as grandes obras que «nascem e crescem aos pés da cruz», continua a viver graças à doação da vida feita por tantos homens e mulheres que escolheram seguir Comboni no caminho da árdua e entusiasmante missão entre os povos mais necessitados na fé e mais abandonados pela solidariedade humana. Em 17 de Março de 1996 é beatificado em São Pedro por Sua Santidade o Papa São João Paulo II. Em 5 de Outubro de 2003 é canonizado em São Pedro por Sua Santidade o Papa São João Paulo II.
Fonte: vatican.va (adaptado)
São Daniel Comboni, rogai por nós!