São Martinho de Tours, Bispo, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
O Senhor firmou com ele uma aliança de paz e o colocou à frente do seu povo a fim de ser sacerdote para sempre. (Cf. MR: Eclo 45, 30) Sl. Recordai-vos, ó Senhor, do rei Davi e de quanto vos foi ele dedicado. (Cf. LH: Sl 131, 1)
Coleta
ó Deus, que fostes glorificado pela vida e pela morte do bispo São Martinho, renovai em nossos corações as maravilhas da vossa graça, de modo que nem a morte nem a vida nos possa separar do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Tt 1, 1-9
Início da Carta de São Paulo a Tito
1Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e a conhecerem a verdade da piedade 2que se apoia na esperança da vida eterna. Deus, que não mente, havia prometido esta vida desde os tempos antigos, 3e, no tempo marcado, manifestou a sua palavra por meio do anúncio que me foi confiado por ordem de Deus nosso salvador. 4A Tito, meu legítimo filho na fé comum, graça e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Salvador. 5Eu deixei-te em Creta, para organizares o que ainda falta e constituíres presbíteros em cada cidade, conforme o que te ordenei: 6todo candidato deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, e não acusados de levianos ou insubordinados. 7Porque é preciso que o epíscopo seja irrepreensível, como administrador posto por Deus. Não seja arrogante nem irascível nem dado ao vinho nem turbulento nem cobiçoso de lucros desonestos, 8mas hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo, piedoso, continente, 9firmemente empenhado no ensino fiel da doutrina, de sorte que seja capaz de exortar com sã doutrina e refutar os contraditores.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 23(24), 1-2. 3-4ab. 5-6 (R. cf. 6)
℟. É assim a geração dos que buscam vossa face, ó Senhor, Deus de Israel.
— Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, o mundo inteiro com os seres que o povoam; porque ele a tornou firme sobre os mares, e sobre as águas a mantém inabalável. ℟.
— “Quem subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação?” “Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime. ℟.
— Sobre este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e Salvador. É assim a geração dos que o procuram, e do Deus de Israel buscam a face”. ℟.
℣. Como astros no mundo brilheis, pregando a Palavra da vida! (Fl 2, 15d. 16a) ℟.
Evangelho — Lc 17, 1-6
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos.
3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”.
5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)
Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)
Sobre as Oferendas
Senhor nosso Deus, santificai estes dons que alegremente vos apresentamos em honra de São Martinho; em meio às alegrias e provações, orientai sempre para vós a nossa vida.Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Feliz o servo que o Senhor, ao chegar, encontrar acordado; em verdade vos digo: Ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. (Cf. MR: Mt 24, 46-47)
Depois da Comunhão
Senhor, alimentados com o sacramento da unidade, dai-nos em tudo perfeita concórdia com a vossa vontade, para que, assim como São Martinho vos foi sempre submisso, também nós nos gloriemos de pertencer verdadeiramente a vós. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 11/11/2024
“Arranca-te daqui e planta-te no mar”
“Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.
No Evangelho de hoje, Jesus nos fala tanto do perdão que precisamos dar e receber quanto da fé que em nós deve aumentar. Se tivéssemos fé, diz Ele, mesmo que fosse pequenina como um grão de mostarda, poderíamos dizer a uma amoreira: “Arranca-te daqui e planta-te no mar”, e ela nos obedeceria. O Senhor nos recorda, desta forma, que nos encontramos ainda muito enraizados, à semelhança de uma amoreira, na terra de nossas paixões, do nosso apego às coisas deste mundo. É justamente por termos o coração plantado nesta terra que somos tão suscetíveis, sentindo-nos ofendidos com as menores palavras, enquanto ofendemos os outros sem maiores remordimentos de consciência. Nosso Senhor, porém, que nos veio dar uma vida nova, não quer que permaneçamos presos a este solo pútrido, mas que, com o coração voltado para Deus, morramos para nós, a fim de o deixarmos viver em nós. Isso significa, na prática, que temos uma luta diária, armada com fé e esperança, para desenraizarmos o nosso coração da mundanidade, do egoísmo, dessa lógica, excessivamente humana, de buscar sempre e apenas o próprio interesse, e o plantarmos nesse mar imenso de virtudes que é o Coração de Jesus Cristo. Que Ele se digne aumentar-nos, dia após dia, o dom da fé, para, movidos pela graça, irmos arrancando as raízes que nos prendem a este vale de lágrimas e cultivarmos esta semente de salvação que, esperamos, um dia há de frutificar plenamente no céu.
Deus abençoe você!
Temos a alma tão enraizada nas coisas deste mundo que não seria exagero chamá-la antes de “carne” que de “espírito”. Ela é como aquela amoreira do Evangelho, que o Senhor nos manda, caso saibamos cultivar a semente da fé, arrancar deste solo e plantar no mar, com a diferença de que devemos arrancá-la da mundanidade e enraizá-la no amor de Cristo.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta segunda-feira, 11 de novembro, e peçamos a Deus que nos arranque as raízes que ainda nos prendem às futilidades deste mundo.
Santo do dia 11/11/2024
São Martinho de Tours (Memória Facultativa)
Local: Tours, França
Data: 11 de † 397
São Martinho nasceu na Panônia, parte ocidental da Hungria atual, por volta de 316, filho de pais pagãos. Martinho é um dos três primeiros cristãos não mártires a quem foi prestado o culto como santo. Por isso mesmo, a Liturgia faz a apologia de quem foi santo sem ser mártir de sangue, mas mártir do amor, testemunha de Cristo pela prática da caridade.
A Panônia era colônia do Império Romano. Martinho serviu no exército imperial da Gália, hoje França, durante alguns anos. Os inícios de sua conversão estão rodeados de fatos talvez legendários. Conta-se que, ainda soldado e catecúmeno, manifestou sua caridade evangélica, dando metade de seu manto a um pobre transido de frio, que se fez reconhecer como Jesus Cristo. O fato de estar a cavalo também é bem simbólico. A tradição cristã dos primeiros séculos apresenta o cristão como "miles Christi", soldado de Cristo.
Tendo recebido o batismo, Martinho abandonou a carreira militar e, por influência do bispo Santo Hilário de Poitiers, filiou-se ao serviço da Igreja. Com o apoio de Santo Hilário, fundou em Ligugé, perto de Poitiers, o primeiro mosteiro da Europa ocidental. Nele levou vida monástica sob a direção de Santo Hilário. Ordenado sacerdote e depois bispo de Tours (372), tornou-se apóstolo das populações rurais com o auxílio dos monges do grande mosteiro de Marmoutiers (Tours) fundado por Martinho.
Como bispo, visitava continuamente suas igrejas e comunidades, zelava pelo culto divino, dedicava-se com amor à conversão dos pagãos, sempre e em toda a parte praticava uma grande caridade para com os pobres. Era modelo de mansidão e humildade para sua grei, sempre pronto e disponível para toda obra boa. O benéfico influxo do zelo de São Martinho não ficou limitado a diocese de Tours, mas se estendeu por toda a França.
Faleceu no dia 8 de novembro aos 81 anos de idade. Seu enterro foi um triunfo: mais de dois mil monges acompanharam o seu corpo com uma multidão de povo em choro. Antes de morrer, com os olhos fixos no céu, Martinho rezou dizendo: "Senhor, se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho. Seja feita a vossa vontade."
A popularidade de que gozou, sobretudo na França, está evidenciada por um dado estatístico: mais de 3.600 igrejas e mais de 480 povoados franceses escolheram-no como seu patrono. São Martinho foi o santo mais popular da Idade Média, tornando-se muito conhecido principalmente através da biografia que sobre ele escreveu seu contemporâneo Sulpício Severo.
A Liturgia exalta em São Martinho o homem da caridade, o monge, o pastor e o missionário. A Antífona do Magnificat traduz bem São Martinho como modelo de santo confessor da fé, sem ter sofrido o martírio de sangue: Ó bispo feliz, que amava o Cristo com todas as forças, sem temer os senhores e os grandes do mundo! Ó alma santíssima, que sem ter sofrido da espada a tortura, mereceu plenamente a palma do mártir!
A leitura hagiográfica termina com as palavras atribuídas mais tarde também a outros santos: Martinho, pobre e humilde, entra rico no céu! Sim, todos os cristãos são chamados a serem santos, seja pelo martírio do sangue, seja pelo martírio do amor.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Martinho de Tours, rogai por nós!