4ª feira da 12ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
O Senhor é a força do seu povo, é a fortaleza de salvação do seu Ungido. Salvai vosso povo, Senhor, abençoai vossa herança e governai-a pelos séculos. (Cf. MR: Sl 27, 8-9) Sl. A vós eu clamo, ó Senhor, ó meu rochedo, não fiqueis surdo à minha voz! Se não me ouvirdes, eu terei a triste sorte dos que descem ao sepulcro! (Cf. LH: Sl 27, 1)
Coleta
Concedei-nos, Senhor, a graça de sempre temer e amar vosso santo nome, pois nunca cessais de conduzir os que firmais solidamente no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (2Rs 22, 8-13; 23, 1-3)
Leitura do Segundo Livro dos Reis
Naqueles dias, 22, 8o sumo sacerdote Helcias disse ao secretário Safã: “Achei o livro da Lei na casa do Senhor!” Helcias deu o livro a Safã, que também o leu. 9Então o secretário Safã foi à presença do rei e fez-lhe um relatório nestes termos: “Os teus servos juntaram o dinheiro que se achou no templo e entregaram-no aos empreiteiros encarregados do templo do Senhor”.
10Em seguida, o secretário Safã comunicou ao rei: “O sacerdote Helcias entregou-me um livro”. E Safã leu-o diante do rei. 11Ao ouvir as palavras do livro da Lei, o rei rasgou as suas vestes. 12E ordenou ao sacerdote Helcias, a Aicam, filho de Safã, a Acobor, filho de Miqueias, ao secretário Safã e a Asaías, ministro do rei: 13“Ide e consultai o Senhor a meu respeito, a respeito do povo e de todo o Judá, sobre as palavras deste livro que foi encontrado. Grande deve ser a ira do Senhor que se inflamou contra nós, porque nossos pais não obedeceram às palavras deste livro, nem puseram em prática tudo o que nos fora prescrito”.
23, 1Então o rei mandou que se apresentassem diante dele todos os anciãos de Judá e de Jerusalém. 2E subiu ao templo do Senhor com todos os homens de Judá e todos os habitantes de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, do maior ao menor. Leu diante deles todo o conteúdo do livro da Aliança que tinha sido achado na casa do Senhor. 3De pé, sobre o seu estrado, o rei concluiu a aliança diante do Senhor, obrigando-se a seguir o Senhor e a observar seus mandamentos, preceitos e decretos, de todo o seu coração e de toda a sua alma, cumprindo as palavras da Aliança escritas naquele livro. E todo o povo aderiu à Aliança.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 118)
℟. Ensinai-me a viver vossos preceitos, ó Senhor!
— Ensinai-me a viver vossos preceitos; quero guardá-los fielmente até o fim! ℟.
— Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei, e de todo o coração a guardarei. ℟.
— Guiai meus passos no caminho que traçastes, pois só nele encontrarei felicidade. ℟.
— Inclinai meu coração às vossas leis, e nunca ao dinheiro e à avareza. ℟.
— Desviai o meu olhar das coisas vãs, dai-me a vida pelos vossos mandamentos! ℟.
— Como anseio pelos vossos mandamentos! Dai-me a vida, ó Senhor, porque sois justo! ℟.
℣. Ficai em mim, e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece, há de dar muito fruto. (Jo 15, 4a. 5b) ℟.
Evangelho (Mt 7, 15-20)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Perfice gressus meos in sémitis tuis, ut non moveántur vestígia mea: inclína aurem tuam, et exáudi verba mea: mirífica misericórdias tuas, qui salvos facis sperántes in te, Dómine. (Ps. 16, 5. 6. 7)
Vernáculo:
Os meus passos eu firmei na vossa estrada, e por isso os meus pés não vacilaram. Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Mostrai-me vosso amor maravilhoso, vós que salvais e libertais do inimigo quem procura a proteção junto de vós, Senhor. (Cf. LH: Sl 16, 5. 6. 7)
Sobre as Oferendas
Acolhei, Senhor, nós vos pedimos, este sacrifício de louvor e de reconciliação e fazei que, por ele purificados, vos ofereçamos o afeto de um coração que vos agrade. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Eu sou o bom Pastor. Eu dou minha vida pelas ovelhas, diz o Senhor. (Jo 10, 11. 15)
Vernáculo:
Ofertarei um sacrifício de alegria, no templo do Senhor. Cantarei salmos ao Senhor ao som da harpa. (Sl. 26, 6)
Depois da Comunhão
Renovados pelo alimento do precioso Corpo e Sangue do vosso Filho, imploramos vossa misericórdia, Senhor: dai-nos receber um dia, resgatados para sempre, a salvação que celebramos fielmente. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 26/06/2024
Cuidado com os falsos profetas!
“Cuidado com os falsos profetas: eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos”.
Após nos ter precavido ontem contra o perigo de entrarmos pelo caminho largo da perdição, o Senhor nos alerta hoje contra os falsos profetas, que, metidos em peles de ovelha, se ocultam no rebanho de Cristo como lobos traiçoeiros. “Cuidado com os falsos profetas”, que se apresentam com palavras doces e sedutoras, mas que por dentro “são lobos ferozes”, à espreita das vítimas desprevenidas. Em seguida, indica-nos Jesus o sinal por que poderemos distinguir as ovelhas falsas das verdadeiras: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”. Mas a que frutos, precisamente, se refere Nosso Senhor? Não são, decerto, os frutos externos, isto é, não se trata nem de jejuns nem de esmolas, nem de orações nem de muito apostolado, porque todas essas coisas — diz S. Agostinho —, “quando se fazem com mau fim, no erro, não aproveitam mais que para encobrir os lobos”; por isso, não são esses os frutos “que podem servir-nos para reconhecê-los” (De serm. Domini II, 25) [1]. Trata-se, antes, dos frutos que o Apóstolo chama “obras da carne”, a saber: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5, 19ss). São esses, pois, os frutos com os quais podemos conhecer quem é árvore boa e quem é árvore má: as más frutificam em obras da carne; as boas dão o fruto do Espírito, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5, 22s); as más, ainda que se revistam de folhas frondosas, ainda que pareçam por fora cheias de vitalidade, estão podres por dentro, carregadas de frutos estragados; as boas, ao contrário, ainda que nem sempre sejam as mais atraentes, são as que se deixam podar por Cristo e nele dão frutos abundantes de fé viva, operante pelo amor e com boas obras. Portanto, é por esses frutos que havemos de julgar, antes de tudo, se temos nós mesmos sido lobo ou ovelha, árvore boa ou má, ocasião de queda ou soerguimento para os nossos irmãos na fé: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”.
Deus abençoe você!
No Evangelho de hoje, Jesus chama nossa atenção para a existência de lobos em peles de cordeiro dentro da Igreja. Esses falsos profetas, como lhes chama o Senhor, são não apenas os semeadores de heresias, mas também os que, vivendo um cristianismo “de fachada”, induzem os fiéis ao erro e ao pecado.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quarta-feira, 26 de junho, e entenda como identificar os falsos profetas.
Santo do dia 26/06/2024

São Josemaría Escrivá de Balaguer, Presbítero e Fundador (Memória Facultativa)
Local: Roma, Itália
Data: 26 de Junho† 1975
Josemaría Escrivá de Balaguer nasceu em Barbastro, Espanha, em 9 de janeiro de 1902, sendo o segundo dos seis filhos de José Escrivá e María Dolores Albás. Seus pais, católicos fervorosos, o levaram para ser batizado quatro dias depois, em 13 de janeiro. Eles ensinaram a ele, principalmente por meio de seu exemplo de vida, os fundamentos da fé e da prática das virtudes cristãs: amor pela confissão e comunhão frequentes, confiança na oração, devoção à Nossa Senhora e ajuda aos mais necessitados.
São Josemaría cresceu como uma criança alegre, esperta e simples, travessa, ótimo estudante, inteligente e com grande capacidade de observação. Ele nutria grande afeto por sua mãe e uma enorme confiança e amizade por seu pai, que o convidava a se abrir livremente para compartilhar suas preocupações, sempre pronto a lhe dar conselhos afetuosos e prudentes. Logo, o Senhor começou a forjar sua alma na fornalha do sofrimento: entre 1910 e 1913, suas três irmãs mais novas morreram, e em 1914 a família sofreu um colapso econômico. Em 1915, os Escrivá se mudaram para Logroño, onde seu pai encontrou um emprego que permitiria sustentar modestamente a família.
No inverno de 1917-18, ocorreu um evento que influenciaria decisivamente o futuro de Josemaría Escrivá: durante as festividades de Natal, uma forte nevasca atingiu a cidade, e um dia ele observou as marcas congeladas deixadas na neve por dois pés descalços; eram as pegadas de um religioso carmelita que caminhava descalço. Então, ele se perguntou: "Se outros fazem tantos sacrifícios por Deus e pelo próximo, eu não serei capaz de oferecer nada?" Assim nasceu em sua alma uma "divina inquietude": "Comecei a pressentir o Amor, a perceber que meu coração me pedia algo grande e que fosse amor." Embora ainda não soubesse com precisão o que o Senhor lhe pedia, decidiu se tornar sacerdote para estar mais disponível para cumprir a vontade divina.
Depois de concluir o ensino médio, Josemaría começou seus estudos eclesiásticos no seminário de Logroño e, em 1920, transferiu-se para o seminário de Saragoça, onde completou sua formação na Universidade Pontifícia, antes de ser ordenado sacerdote. Na capital aragonesa, seguindo um conselho de seu pai e com a permissão dos superiores eclesiásticos, também cursou Direito. Ele era muito querido pelos colegas por seu caráter generoso, alegre, simples e sereno. O empenho de Josemaría na vida de piedade, na disciplina e nos estudos era um exemplo para todos os seminaristas, e em 1922, com apenas vinte anos, o arcebispo de Saragoça o nomeou Inspetor do Seminário.
Nesses anos, ele passava muitas horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, estabelecendo as bases de uma profunda vida eucarística, e ia todos os dias à Basílica do Pilar para pedir à Nossa Senhora que Deus lhe mostrasse o que queria dele. Ele dizia: "Desde que senti aqueles presságios do amor de Deus, procurei realizar o que Ele esperava deste pobre instrumento." E, com essas ansiedades, eu orava, orava, orava em uma contínua oração. Não parava de repetir: "Domine, ut sit! Domine, ut videam!" como o cego do Evangelho, que pede em alta voz porque Deus pode tudo. "Senhor, que eu veja! Senhor, que seja!" E também repetia, cheio de confiança na minha Mãe do Céu: "Domina, ut sit! Domina, ut videam!" A Santíssima Virgem sempre me ajudou a descobrir os desejos de seu Filho.
Em 27 de novembro de 1924, José Escrivá faleceu, vítima de uma síncope repentina. Em 28 de março de 1925, Josemaría foi ordenado sacerdote por Mons. Miguel de los Santos Díaz Gómara, na igreja do Seminário de São Carlos em Saragoça, e dois dias depois celebrou sua primeira Missa solene na Santa Capela da Basílica do Pilar. Em 31 de março, ele se mudou para Perdiguera, um vilarejo de camponeses, onde foi nomeado regente auxiliar da paróquia.
Em abril de 1927, com a aprovação do seu arcebispo, ele se mudou para Madri para obter o doutorado em Direito Civil, que na época só podia ser conseguido na Universidade Central da capital espanhola. Lá, seu zelo apostólico o colocou em contato com pessoas de todos os meios sociais: estudantes, artistas, operários, intelectuais e sacerdotes. Em particular, ele se dedicava incansavelmente às crianças, aos doentes e aos pobres das periferias.
Ao mesmo tempo, sustentava sua mãe e seus irmãos dando aulas de matérias jurídicas. Esses foram tempos de grandes dificuldades econômicas, vividos por toda a família com serena dignidade. O Senhor o abençoou com abundantes graças extraordinárias que encontraram em sua alma generosa um terreno fértil e produziram frutos copiosos para o benefício da Igreja e das almas.
Em 2 de outubro de 1928, nasce a Opus Dei. São Josemaría participa de um retiro espiritual e, enquanto medita sobre as anotações em que registrou as moções interiores recebidas de Deus nos últimos anos, de repente "vê" – este é o termo com que ele sempre descreverá a experiência fundacional – a missão que o Senhor quer lhe confiar: iniciar na Igreja um novo caminho vocacional, para promover a busca da santidade e o apostolado através da santificação do trabalho ordinário no meio do mundo, sem mudar de estado. Poucos meses depois, em 14 de fevereiro de 1930, o Senhor lhe faz entender que a Opus Dei deve incluir também as mulheres.
A partir desse momento, São Josemaría se dedica de corpo e alma à sua missão fundacional: fazer com que homens e mulheres de todos os meios sociais se comprometam a seguir Cristo, amar o próximo e buscar a santidade na vida cotidiana. Ele não se considera nem um inovador nem um reformador, pois está convencido de que Cristo é a eterna novidade e que o Espírito Santo rejuvenece continuamente a Igreja, a serviço da qual Deus suscitou a Opus Dei. Ciente de que lhe foi confiada uma missão de natureza sobrenatural, baseia seu trabalho na oração, no sacrifício, na consciência alegre da filiação divina e no trabalho incansável. Pessoas de todas as condições sociais começam a segui-lo, em particular grupos de universitários, nos quais desperta a sincera aspiração de servir aos homens, seus irmãos, acendendo neles o ardente desejo de colocar Cristo no centro de todas as atividades humanas por meio de um trabalho santificado, santificante e santificador. Esse é o objetivo que ele atribui às iniciativas dos fiéis da Opus Dei: elevar a Deus, com a ajuda da graça, toda realidade criada, para que Cristo reine em todos e em tudo; conhecer Jesus Cristo, fazê-lo conhecido e levá-lo a todos os lugares. Por isso, ele pode exclamar: "Abriram-se os caminhos divinos da terra."
Em 1933, São Josemaría abriu uma academia universitária, percebendo que o mundo da ciência e da cultura é um ponto crucial para a evangelização de toda a sociedade. Em 1934, ele publicou, com o título "Considerações Espirituais", a primeira edição de "Caminho", um livro de espiritualidade, do qual foram publicadas mais de quatro milhões e meio de cópias, com 372 edições em 44 idiomas.
A Opus Dei ainda estava em seus primeiros passos quando, em 1936, estourou a Guerra Civil Espanhola. Em Madri, a violência antirreligiosa era intensa, mas São Josemaría, apesar dos riscos, dedicou-se heroicamente à oração, à penitência e ao apostolado. Foi um período de sofrimentos para a Igreja, mas também de crescimento espiritual e apostólico e de fortalecimento da esperança. Em 1939, com o fim do conflito, o fundador da Opus Dei pôde dar novo impulso ao seu trabalho apostólico em todo o país e, em particular, mobilizou muitos jovens universitários para levarem Cristo a todos os lugares e descobrirem a grandeza de sua vocação cristã. Enquanto isso, sua fama de santidade se espalhou: muitos bispos o convidaram para pregar retiros ao clero e aos leigos das organizações católicas. Solicitações semelhantes chegaram dos superiores de várias ordens religiosas, e ele sempre as atendia.
Em 1941, enquanto pregava um retiro a um grupo de sacerdotes em Lérida, sua mãe faleceu, ela que tanto havia ajudado nos apostolados da Opus Dei. O Senhor também permitiu que ele enfrentasse duras incompreensões. O bispo de Madri, Mons. Eijo y Garay, ofereceu-lhe seu mais sincero apoio e concedeu a primeira aprovação canônica da Opus Dei. São Josemaría suportou as dificuldades com oração e bom humor, sabendo bem que "todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2 Tm 3, 12), e recomendava aos seus filhos espirituais que, diante das ofensas, se esforçassem para perdoar e esquecer: silenciar, rezar, trabalhar, sorrir.
Em 1943, por uma nova graça fundacional recebida durante a celebração da Missa, nasce, dentro da Opus Dei, a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, na qual poderão ser incardinados os sacerdotes provenientes das fileiras dos fiéis leigos da Opus Dei. A plena pertença de fiéis leigos e sacerdotes à Opus Dei, bem como a cooperação orgânica entre ambos em seus apostolados, é uma característica específica do carisma fundacional, que a Igreja confirmou em 1982 com sua configuração jurídica definitiva como Prelazia pessoal. Em 25 de junho de 1944, três engenheiros, entre eles Álvaro del Portillo, primeiro sucessor do Fundador na liderança da Opus Dei, receberam a ordenação sacerdotal. Até 1975, quase mil leigos da Opus Dei seriam conduzidos ao sacerdócio por São Josemaría.
Além disso, a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, intrinsecamente unida à Prelazia da Opus Dei, realiza, em plena sintonia com os Pastores das Igrejas locais, atividades de formação espiritual para sacerdotes diocesanos e para candidatos ao sacerdócio. Também os sacerdotes diocesanos podem fazer parte da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, sem modificar sua pertença ao clero de suas respectivas dioceses.
Assim que percebe o fim da guerra mundial, São Josemaría começa a preparar o trabalho apostólico em outros países, porque – repetia – Jesus quer que sua Obra tenha, desde o primeiro momento, um caráter universal, católico. Em 1946, ele se muda para Roma com o objetivo de preparar o reconhecimento pontifício da Opus Dei. Em 24 de fevereiro de 1947, Pio XII concede o "decretum laudis" e, em 16 de junho de 1950, a aprovação definitiva. A partir desse dia, homens e mulheres não católicos e até não cristãos podem ser admitidos como Cooperadores da Opus Dei, para apoiar com seu trabalho, suas esmolas e suas orações as atividades apostólicas.
A sede central da Opus Dei foi estabelecida em Roma para sublinhar de forma ainda mais tangível a aspiração que informa todo o seu trabalho: "Servir a Igreja como a Igreja quer ser servida, em estreita adesão à cátedra de Pedro e à hierarquia eclesiástica." Pio XII e João XXIII expressaram repetidamente seu afeto e estima por ele; Paulo VI escreveu-lhe em 1964, definindo a Opus Dei como "expressão viva da perene juventude da Igreja".
Essa época da vida do fundador da Opus Dei também foi marcada por diversas provações: além da saúde comprometida por tantos esforços (ele sofreu de uma forma grave de diabetes por mais de dez anos, até 1954, quando foi milagrosamente curado), enfrentou dificuldades econômicas e os desafios relacionados à expansão dos apostolados em todo o mundo. No entanto, ele estava sempre alegre, pois a verdadeira virtude não é triste e antipática, mas amavelmente alegre. Seu constante bom humor era um testemunho contínuo de amor incondicional à vontade de Deus.
"O mundo é muito pequeno quando o Amor é grande": o desejo de inundar a terra com a luz de Cristo o levou a atender aos pedidos de numerosos bispos que, em todas as partes do mundo, solicitavam o contributo dos apostolados da Opus Dei para a evangelização. Surgiram diversos projetos: escolas profissionais, centros de formação para camponeses, universidades, escolas, clínicas e dispensários, entre outros. Essas atividades, que ele gostava de definir como "um mar sem margens", fruto da iniciativa de cristãos comuns que desejam, com mentalidade laical e senso profissional, cuidar das necessidades concretas de um determinado lugar, são abertas a pessoas de todas as raças, religiões e condições sociais, porque sua clara identidade cristã sempre se combina com um profundo respeito pela liberdade de consciência.
Quando João XXIII anunciou a convocação de um Concílio Ecumênico, São Josemaría começou a rezar e a pedir que todos rezassem pelo sucesso dessa grande iniciativa que foi o Concílio Ecumênico Vaticano II, como escreveu em uma carta de 1962. Nas sessões conciliares, o Magistério solene confirmou alguns aspectos fundamentais do espírito da Opus Dei: o chamado universal à santidade, o trabalho profissional como meio de santificação e apostolado, o valor e os limites legítimos da liberdade do cristão nas questões temporais, a Santa Missa como centro e raiz da vida interior, entre outros. São Josemaría encontrou numerosos Padres conciliares e Peritos, que viam nele um autêntico precursor de muitas das diretrizes do Vaticano II. Profundamente identificado com a doutrina conciliar, ele promoveu diligentemente sua difusão através das atividades de formação da Opus Dei em todo o mundo.
"Longe – lá no horizonte – parece que o céu se une à terra. Não esqueça que, onde verdadeiramente a terra e o céu se unem, é no seu coração de filho de Deus." A pregação de São Josemaría enfatizava constantemente a primazia da vida interior sobre as atividades organizativas: "Essas crises mundiais são crises de santos", escreveu em "Caminho", e a santidade sempre exige aquela integração de oração, trabalho e apostolado que ele chamava de unidade de vida e da qual sua conduta era o melhor testemunho.
Ele estava profundamente convencido de que, para alcançar a santidade no trabalho diário, é necessário esforçar-se para ser uma alma de oração, uma alma de profunda vida interior. Quando se vive dessa maneira, tudo é oração, tudo pode e deve nos levar a Deus, alimentando um relacionamento contínuo com Ele, desde a manhã até a noite. Todo trabalho honesto pode ser oração; e todo trabalho que é oração, é apostolado.
A raiz da prodigiosa fecundidade do seu ministério encontra-se precisamente na ardente vida interior que faz de São Josemaría um contemplativo no meio do mundo: uma vida interior alimentada pela oração e pelos sacramentos, que se expressa no amor apaixonado pela Eucaristia, na profundidade com que fez da Missa o centro e a raiz de sua vida, na terna devoção a Maria, a São José e aos Anjos da Guarda, e na fidelidade à Igreja e ao Papa.
Nos últimos anos de sua vida, o fundador da Opus Dei fez viagens de catequese por grande parte da Europa e em vários países da América Latina: em todos os lugares, participou de inúmeras reuniões de formação, simples e familiares, embora muitas vezes estivessem presentes milhares de pessoas para ouvi-lo. Nessas ocasiões, ele falava sobre Deus, os sacramentos, as devoções cristãs, a santificação do trabalho, o amor à Igreja e ao Papa. Em 28 de março de 1975, celebrou seu jubileu sacerdotal. Naquele dia, sua oração foi como uma síntese de toda a sua vida: "Cinquenta anos depois, encontro-me como uma criança que balbucia. Começo e recomeço na minha luta interior de cada dia. E assim será até o fim dos dias que me restam: sempre recomeçando."
Em 26 de junho de 1975, São Josemaría faleceu em seu escritório ao meio-dia, vítima de uma parada cardíaca, aos pés de um quadro de Nossa Senhora, a quem dirigiu seu último olhar. Naquele momento, a Opus Dei estava presente nos cinco continentes, com mais de 60.000 membros de 80 nacionalidades. As obras de espiritualidade de Mons. Escrivá ("Caminho", "O Santo Rosário", "Colóquios com Mons. Escrivá", "É Cristo que Passa", "Amigos de Deus", "A Igreja, Nossa Mãe", "Via Sacra", "Sulco", "Forja") foram distribuídas em milhões de cópias.
Após sua morte, um grande número de fiéis pediu ao Papa que iniciasse a causa de canonização de São Josemaría Escrivá. Em 17 de maio de 1992, em Roma, Sua Santidade João Paulo II elevou Josemaría Escrivá aos altares, em uma cerimônia de beatificação que contou com a presença de uma grande multidão de fiéis. Em 21 de setembro de 2001, a Congregação Ordinária de Cardeais e Bispos, membros da Congregação para as Causas dos Santos, confirmou unanimemente o caráter miraculoso de uma cura e sua atribuição ao Beato Josemaría.
Em 20 de dezembro de 2002, João Paulo II aprovou o decreto da Congregação para as Causas dos Santos relativo ao milagre do Beato Josemaría, que abriu as portas para sua canonização. Este milagre refere-se à cura milagrosa de uma grave doença profissional (radiodermite crônica) sofrida por vários anos pelo Dr. Manuel Nevado Rey, que desapareceu em novembro de 1992, após ele recorrer à intercessão do Beato Josemaría Escrivá.
A radiodermite é uma doença típica dos profissionais de saúde que expuseram suas mãos à ação de radiações emitidas por equipamentos de raios X por um longo período. A doença é progressiva, evoluindo inevitavelmente até causar, ao longo dos anos, o surgimento de um câncer de pele. A radiodermite não tem tratamentos adequados. Os únicos tratamentos conhecidos são cirúrgicos (enxertos de pele, amputação das partes das mãos afetadas pelas lesões). De fato, na literatura médica, até hoje não foi relatado nenhum caso de cura espontânea de radiodermite crônica em evolução cancerosa.
O Dr. Manuel Nevado Rey é espanhol, nascido em 1932, médico especialista em traumatologia. Por quase quinze anos, ele operou fraturas e outras lesões, expondo suas mãos aos efeitos dos raios X. Começou a realizar esse tipo de cirurgia com muita frequência a partir de 1956. Os primeiros sintomas de radiodermite começaram a aparecer em 1962, e a doença piorou a ponto de, em 1984, ele ter que limitar sua atividade à cirurgia menor, devido aos danos já graves nas mãos, e, posteriormente, parar de operar no verão de 1992. O Dr. Nevado não se submeteu a nenhum tratamento.
Em novembro de 1992, o Dr. Nevado conheceu Luis Eugenio Bernardo, um engenheiro agrônomo que trabalhava em um órgão público espanhol. Ao saber da doença do Dr. Manuel, Luis deu-lhe uma imagem do fundador da Opus Dei, beatificado em 17 de maio daquele ano, convidando-o a recorrer à sua intercessão para ser curado da radiodermite.
A partir desse momento, o Dr. Nevado começou a se recomendar ao Beato Escrivá. Alguns dias após esse encontro, ele viajou com sua esposa para Viena para participar de um congresso médico. Juntos, visitaram várias igrejas e encontraram nelas imagens do Beato Josemaría. "Fiquei impressionado — explica o Dr. Nevado — e ganhei coragem para rezar ainda mais pela minha cura." Desde o dia em que começou a confiar sua cura à intercessão do Beato Josemaría Escrivá, as lesões em suas mãos começaram a melhorar e, em cerca de quinze dias, desapareceram completamente. A cura foi total, tanto que no início de janeiro de 1993 o Dr. Nevado pôde retomar seu trabalho de cirurgião sem qualquer problema.
Na arquidiocese de Badajoz, onde reside o Dr. Nevado, foi realizado um processo canônico sobre essa cura, que se concluiu em 1994. Em 10 de julho de 1997, a Consulta Médica da Congregação para as Causas dos Santos redigiu, por unanimidade, este diagnóstico: "Cancerização de radiodermite crônica grave em 3º estágio, em fase de irreversibilidade"; e, portanto, com um prognóstico certamente desfavorável. A cura completa das lesões, confirmada pelos exames objetivos do paciente em 1992, 1994 e 1997, foi declarada pela Consulta Médica como "muito rápida, completa e duradoura, cientificamente inexplicável." Em 9 de janeiro de 1998, o Congresso Peculiar dos Consultores Teológicos deu uma resposta afirmativa unânime sobre a atribuição do milagre ao Beato Josemaría Escrivá. A Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, em 21 de setembro de 2001, confirmou esses pareceres. Em 26 de fevereiro de 2002, João Paulo II presidiu o Consistório Ordinário Público dos Cardeais e, ouvindo os Cardeais, Arcebispos e Bispos presentes, estabeleceu a data de 6 de outubro de 2002 para a cerimônia de canonização do Beato Josemaría Escrivá.
Fonte: vatican.va (Traduzido e adaptado pela Equipe do Pocket Terço)
São Josemaría Escrivá de Balaguer, rogai por nós!
São João e São Paulo, Mártires (Memória Facultativa)
Local: Roma
Data: 26 de Junho† s. IV
João e Paulo, irmãos, foram eunucos de Constantino. Segundo as Atas, ambos, durante uma guerra, conseguiram converter o general Galicano, sob cujas ordens combatiam.
Depois da vitória, aquele cabo de guerra retirou-se para Óstia, e passou a viver ao lado dum santo homem de grande reputação, chamado Hilário. Sabedor do que sucedera com Galicano, Juliano, o Apóstata ordenou que o general sacrificasse aos deuses. O militar rapidamente, antes que o pilhassem, fugiu, buscando o Egito. Ali, pouco depois, capturado por pagãos, sofreu o martírio, entregando a bela alma ao Criador. Hilário, que se deixara ficar em Óstia, teve a mesma sorte daquele que o procurara e que com ele tão pouco convivera.
Em Roma, João e Paulo determinaram não mais tornar ao palácio. Juliano, irritado, fez com que fossem buscá-los. Tarenciano, o encarregado de aos dois homens arrancar a promessa de que sacrificariam aos deuses, encontrou-os na maior disposição de ânimo, prontos a enfrentar o que quer que seja, menos apostatar. E o imperador, no auge da cólera, mandou que os decapitassem e enterrassem na própria casa em que estavam vivendo, isto porque desejava espalhar a notícia de que os dois haviam sido enviados ao exílio - o que de fato se espalhou pela cidade, imediatamente após o martírio.
Morto Juliano, na campanha contra os persas, dois homens que haviam assistido à morte de João e Paulo revelaram às autoridades, agora sob Joviano e a fé do imperador Constantino, o lugar em que os corpos estavam sepultados.
Diz-se que Tarenciano, convertido, escreveu a história dos dois irmãos, que, antes de morrer, haviam incumbido um sacerdote, Crispo, um clérigo, Crispiano, e uma mulher, Benedita, para que lhes distribuíssem os bens entre a pobreza.
Os críticos não depositam nenhuma confiança na autenticidade desta narrativa que acima bosquejamos, simplesmente porque os fatos contradizem a história, uma vez que o imperador apóstata, sobrinho de Constantino, jamais residiu em Roma e, sob seu governo, não ocorreram perseguições sangrentas no Ocidente. Juliano, que repudiou a fé cristã e procurou restabelecer o paganismo, fê-lo, dizem os historiadores, mais por meios suasórios que pela violência, ele mesmo escrevendo em favor das antigas crenças.
Existe, entre a descrição da Paixão e a basílica dos dois santos mártires, uma certa concordância. A basílica, para o arqueólogo cristão, apresenta difícil e interessante problema. Instalada numa casa particular, elevava-se numa das mais antigas ruas de Roma, na região do monte Célio. As pinturas que a revestem, do século V, lembram Crispo, Crispiano e Benedita - porque representam dois homens e uma mulher sendo vítimas do martírio.
João e Paulo são duas personagens misteriosas? Quem foram eles? Há os que creem na Paixão e há os que supõem que os corpos sejam os do apóstolo São João, ou de São João Batista, e do apóstolo Paulo.
No resumo do martirológio, contudo, lê-se: "Em Roma, no monte Célio, os santos mártires João e Paulo, irmãos: o primeiro era intendente, e o segundo primicério da casa da virgem Constância, filha do imperador Constantino; os dois, ao mesmo tempo, foram decapitados e receberam a palma do martírio, sob Juliano, o Apóstata."
Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XI. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.
São João e São Paulo, rogai por nós!