Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade
Antífona de entrada
Vernáculo:
OCordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele glória e poder através dos séculos. (Cf. MR: Ap 5, 12; 1, 6) Sl. Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! (Cf. LH: Sl 71, 1)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos glorifiquem eternamente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Ez 34, 11-12. 15-17)
Leitura da Profecia de Ezequiel
Assim diz o Senhor Deus: “Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. 12Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão.
15Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus — . 16Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito. 17Quanto a vós, minhas ovelhas, — assim diz o Senhor Deus — eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 22)
℟. O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
— Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. ℟.
— Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo, e com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda. ℟.
— Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos. ℟.
Segunda Leitura (1Cor 15, 20-26. 28)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 20Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. 21Com efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos.
22Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. 24A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. 25Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26O último inimigo a ser destruído é a morte. 28E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. É bendito aquele que vem vindo, que vem vindo em nome do Senhor; e o Reino que vem seja bendito; ao que vem e a seu Reino, o louvor! (Cf. Mc 11, 10)℣.
Evangelho (Mt 25, 31-46)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 31“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso.
32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’.
37Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar?’
40Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’
41Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não me fostes visitar’.
44E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’
45Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Postula a me, et dabo tibi Gentes hereditátem tuam, et possessiónem tuam términos terrae. (Ps. 2, 8)
Vernáculo:
Podes pedir-me, e em resposta eu te darei por tua herança os povos todos e as nações, e há de ser a terra inteira o teu domínio. (Cf. LH: Sl 2, 8)
Sobre as Oferendas
Oferecendo-vos estes dons que nos reconciliam convosco, nós vos pedimos, ó Deus, que o vosso próprio Filho conceda paz e união a todos os povos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Em verdade eu vos digo, tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes, diz o Senhor. Vinde, benditos do meu Pai: tomai posse do reino preparado para vós desde o princípio do mundo. (Cf. MR: Mt 25, 40. 34)
Depois da Comunhão
Alimentados pelo pão da imortalidade, nós vos pedimos, ó Deus, que, gloriando-nos de obedecer na terra aos mandamentos de Cristo, Rei do universo, possamos viver com ele eternamente no reino dos céus. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 26/11/2023
As cinco razões do Juízo Final
Nós, que ainda vivemos o tempo da misericórdia, precisamos nos preparar para o dia do Juízo Final, dia em que, na plenitude da sua glória, Jesus Cristo, Rei do universo, virá para julgar os vivos e os mortos.
Meus queridos irmãos, neste domingo, nós celebramos a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, com a qual se conclui o ano litúrgico. Por isso, o Evangelho que a Igreja proclama em sua liturgia é o do Juízo Final, presente na última parte do capítulo 25 de São Mateus.
Trata-se de uma coisa que nós professamos todos os domingos e sobre a qual precisamos parar para meditar: Jesus, Rei do Universo, virá para julgar os homens; Ele “subiu aos céus e de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”. O reinado definitivo de Cristo se dará, portanto, justamente após o Juízo que está sendo descrito aqui no Evangelho. É claro que o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo começa nos nossos corações, aqui no mundo, quando as nações, os governantes, aceitam o senhorio de Cristo e as luzes do Evangelho; mas o reino em plenitude, na sua glória, só vai acontecer depois do Juízo Final.
Pois bem, no Evangelho, Nosso Senhor começa recordando algumas coisas próprias da nossa fé: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso”. Esta é a primeira coisa sobre a qual, talvez, nós não estejamos pregando o suficiente: a vinda de Jesus será uma vinda gloriosa juntamente com os anjos; os anjos terão parte nesse julgamento. Assim também, conforme palavra do mesmo Jesus, os Apóstolos, os Doze, aqueles homens concretos que receberam o Espírito Santo em Pentecostes, também eles se sentarão em tronos.
Depois, em última análise, todos os justos serão juízes de alguma forma. O que mais importa aqui, porém, é esse papel judicial de Nosso Senhor, Verbo eterno, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Filho de Deus Encarnado, que é quem vai realmente pronunciar a sentença definitiva sobre os homens, neste que é o dia do Senhor. Nesta última semana do ano litúrgico, a propósito, a Igreja aconselha, aos que rezam a Liturgia das Horas, o Breviário, o uso do famoso hino Dies irae, de Tomás de Celano, nas horas do Ofício, exatamente para lembrar aquele dia do julgamento. Dies irae, dies illa, solvet saeclum in favilla, teste David cum Sibylla. Esse é, então, o dia da ira, aquele dia em que Deus “dissolverá o mundo pelo fogo” — que foi o que nos disse Davi, no Antigo Testamento, mas o que nos disseram também até mesmo as profecias dos pagãos, a Sibila. O dia do Senhor virá, e negá-lo, negar esse dia em que haverá o julgamento, é negar as Escrituras: existem numerosíssimos textos das Sagradas Escrituras, tanto do Antigo como do Novo Testamento, que falam desse julgamento, e o Evangelho desse domingo é um exemplo disto.
Agora, antes que pensemos em aplicar na nossa vida esse Evangelho, é preciso que consideremos, à luz do que nos ensinam o Catecismo e a doutrina de sempre da Igreja, o que é esse julgamento final.
O Catecismo nos diz que existem dois juízos, um particular e um universal. Ou seja, quando uma pessoa morre, sua alma é levada imediatamente ao tribunal de Deus e julgada, e ali já está traçado o destino dela para a eternidade: ou ela está eternamente condenada e o futuro dela é o Inferno; ou ela está eternamente salva e vai para o Céu — podendo passar pelo Purgatório para se purificar de algo, mas tendo como destino certo e final o Céu. Este é o fruto do juízo particular, no qual Deus irá julgar você, sua alma, na hora da sua morte e de modo definitivo. Mas, se é definitivo, as pessoas costumam pensar, por que seria necessário, então, o Juízo universal? Para que Deus vai reunir os seres humanos, num tempo e num lugar por nós desconhecidos, para que sejam julgados todos de novo por Jesus, se cada um dos seres humanos já foi julgado individualmente?
Em primeiro lugar, considerem aqui um Hitler, um Marx ou um Mao Tsé-Tung: suponhamos que eles, na hora de suas mortes, tenham sido condenados ao Inferno; para além disso, é preciso ter em mente que eles tiveram “filhos espirituais”, ou seja, o mal que eles fizeram brotou durante a história, suas más ideias influenciaram outras pessoas, e tudo isso vai ser julgado por Deus. O Juízo universal não altera o fato de eles estarem no Inferno — de fato, eles já estão lá; lá será mostrado, porém, o castigo que eles mereceram, todo o mal que eles fizeram também na história da humanidade.
Sim, trata-se de algo terrível, mas imaginem também o contrário: os santos! Também eles tiveram filhos espirituais, os santos também fizeram grandes coisas. Mas não somente eles: eu, você, os atos que fazemos, as coisas que você vai ensinando para os outros, as almas que, por bondade de Deus, com o nosso apostolado, nós vamos conquistando para Deus, isso aumenta a glória de Deus, não aumenta? Pois bem, no Juízo Final tudo isso contará para aumentar o nosso prêmio no Céu. Então, não, o Juízo universal não irá alterar o destino de uma alma, mas ele fará, sim, um balanço da história: Deus julgará a história, pois os meus atos, os seus atos, têm consequências históricas; você, se fizer o mal, se dele não se arrepender e se, Deus o livre, for condenado ao Inferno, você será castigado também pelas almas que se perderam por sua culpa; por outro lado, se nos esforçarmos e no nosso apostolado fizermos coisas boas, quanta glória para Deus! E Ele é justo juiz; Ele, que nos dá o privilégio de ser instrumentos de sua graça, irá também glorificar os seus instrumentos.
A segunda razão pela qual deve haver um Juízo universal, e não somente o particular, é o fato de que Deus fará justiça com seus justos que foram caluniados. Muitas pessoas más morrem neste mundo com boa fama, sim, mas também muitas pessoas santas morrem difamadas e não são reabilitadas pela história, até porque nós não sabemos todas as coisas. No Juízo universal, porém, Deus irá chamar os seus servos fiéis e dirá a eles: “Bem-aventurados sois vós, quando vos caluniaram e, mentindo, disseram todo tipo de injustiça contra vós. Alegrai-vos e exultai”. Será o momento da glória para todos os que morreram na infâmia. E não é maravilhoso saber disto: que Deus fará justiça com seus eleitos? Que Ele vai reabilitar os justos? Que Ele irá desmascarar também os maus que morreram com fama de justos?
O terceiro motivo pelo qual é necessário que haja um Juízo universal, e não somente o particular, é que no Juízo Final nós seremos ressuscitados. O Dies irae diz assim: Mors stupebit et natura, cum resurget creatura. Ou seja, a morte e a natureza ficarão atônitas, boquiabertas. Por quê? Porque, quando virem a criatura ressurgir, quando nos virem ressuscitar, elas dirão: “Ora, mas nós não a havíamos matado? Por que foi que ela voltou à vida?” Judicanti responsura, diz a sequência, ou seja, para responder ao juiz, aquele que vai julgar. A Palavra de Deus é tão tremenda que a sua presença já ressuscita; é como se Jesus, sentado no trono, dissesse: “Quem fez isso?”, e então, para dar a Ele satisfação, para lhe responder, os mortos ressuscitassem. Neste dia, além de nossas almas, também os nossos corpos, se fizeram o bem — quantas pessoas se penitenciaram, fizeram caridade, ficaram noites sem dormir, jejuaram! —, receberão a recompensa do Céu; e as pessoas condenadas ao Inferno, por sua vez, serão castigadas e responsabilizadas, no corpo, pelo mal que praticaram.
A quarta razão pela qual é necessário um Juízo universal é que, nele, Deus irá mostrar a todos a sua Providência. Ao pensar nisso, eu me emociono enormemente. Porque, afinal, quantos de nós já não tivemos aquele momento de fraqueza de dizer: “Meu Deus, por que isto e aquilo? Meu Deus, por que permitis isto com a vossa Igreja? Por que há tanta impiedade dentro da Igreja, tanta infidelidade? A Esposa imaculada do Cordeiro tão desfigurada, tão vilipendiada por gente incrédula… Por que, ó Senhor, permitis isto com vossa Igreja? Por que permitis a tragédia — estas coisas históricas que estamos presenciando: conflitos ideológicos, guerras, fraudes eleitorais?”
Nós rezamos e pedimos a Ele que tenha misericórdia, que intervenha, e Deus ouve, sim, mas às vezes, parece que não, parece que acontece tudo ao contrário… a gente pedia a Deus um bom pastor, de repente vem um lobo em pele de ovelha. Pois bem, por que Deus permite essas coisas? No Juízo Final, Ele irá mostrar por quê, Ele irá mostrar a sua Providência e nós, então, entenderemos tudo, entenderemos como havia uma mão bondosa que guiava todas estas coisas. Agora, estas coisas nos confundem e até nos tentam a duvidar da bondade de Deus, mas no fim tudo ficará claro e a sua sabedoria se manifestará.
Por fim — quinto ponto —, o Juízo Final servirá para a consolação dos bons e o terror dos maus. É o dia da justiça de Deus, depois deste tempo da misericórdia, que nós estamos vivendo. Meu irmão, ainda é tempo; enquanto ainda se disser hodie, “hoje”, como diz o Salmo, há tempo de mudarmos o nosso coração e abraçarmos a misericórdia. Mas haverá um momento em que se fará justiça, e é bom que seja assim. Afinal, se não houver a justiça final, a última palavra não será do bem; a última palavra, a última gargalhada, será a gargalhada infernal dos demônios, que dirão: “Viu só? Não precisava ter obedecido a Deus; não precisava ter feito nada de bom. Deus não irá julgar ninguém…”. Como Deus poderia ser bom, se no fim Ele não ouvisse o sangue dos inocentes clamando por justiça, se Ele não fizesse justiça a tantas vítimas, crianças inocentes, pessoas que, em sua miséria e impotência, nada podiam fazer para responder a seus agressores? Não, Deus fará justiça e a fará rápido, diz Jesus.
Estas são, pois, as cinco razões do Juízo Final:
1. Deus irá julgar as consequências históricas dos nossos atos;
2. Ele irá reabilitar os justos caluniados e desmascarar os maus que morreram com boa fama;
3. nossos corpos pecaram, nossos corpos fizeram o bem: também eles merecem seja a punição, seja a recompensa;
4. a divina Providência mostrará o sentido da história: será respondida aquela oração que os justos fizeram ao longo dos séculos: Quousque, Domine?, “Até quando, Senhor?”, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”; e, finalmente,
5. Deus irá consolar os bons e aterrar os maus.
Mas como nós podemos aplicar essas verdades de Deus em nossa vida e crescer espiritualmente?
Meu irmão, nós iremos começar o tempo do Advento e existe um pequeno juízo — que ainda não é o seu juízo particular, nem o Juízo universal —, existe um tribunal de julgamento ao qual você deve comparecer para preparar um bom Natal: a Confissão. Muitas pessoas têm medo de se confessar, vergonha de contar seus pecados a um padre. Mas, meu irmão, olhe para o Juízo universal: nada ficará escondido! Judex ergo cum sedebit, quidquid latet apparebit: “quando o juiz se sentar” para julgar, “todo o escondido aparecerá”. Então, nenhum dos seus pecados ficará oculto, todos irão saber deles um dia. Por isso, vá agora, procure o santo tribunal da Confissão, não tenha medo: nós estamos vivendo o tempo da misericórdia, este tempo é agora; quando o padre se senta no confessionário, é o Cristo, misericordiosíssimo Juiz, que o com o seu Sangue lava os nossos pecados.
E, para se confessar bem para o Natal, não deixe de se preparar com um exame de consciência diligente. Se por acaso você escondeu algum pecado grave lá atrás, se se confessou mal — se disse: “Este pecado aqui eu não vou contar, estou com muita vergonha” —, então você precisa agora se confessar direito. Se cometeu esse pecado 20 anos atrás, você precisa fazer um exame de consciência de 20 anos; se o cometeu 30 anos atrás, precisa de um exame de 30 anos; se 40, 40, porque durante todo esse tempo você se confessou invalidamente. Veja: você escondeu um pecado! Uma coisa é o pecado esquecido, quando você fez o seu diligente exame de consciência, mas não se lembrou de determinado pecado. Se você não confessou porque esqueceu, você foi perdoado. Mas o pecado escondido não está perdoado. É preciso que você volte lá, naquela confissão de anos atrás, procure um padre e diga: “Padre, eu tenho de confessar 40 anos da minha vida, porque lá atrás eu cometi um pecado grave e o escondi”.
Ponha-se, pois, na transparência deste juiz bondoso que é Jesus: Ele se senta para julgar. Não caia na conversa de autores modernistas que dizem que o Inferno não existe. Leia o Evangelho desse domingo! Como assim o Inferno não existe? Jesus diz aos justos, aos bons: “Vinde”, mas aos maus Ele diz: “Afastai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos”. Ainda é tempo, ainda é tempo de nós aproveitarmos a misericórdia divina, mas um dia “Ele virá na sua glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”.
Deus abençoe você!
O significado desta Solenidade de Cristo Rei não está tanto em reverenciarmos uma imagem de Jesus coroado de honra e de glória, mas em convencer-nos de que, somente na pessoa de Cristo, realiza-se o reinado de Deus sobre as nossas vidas e sobre a sociedade.Mas, para que isso aconteça, precisamos antes de tudo permitir que, dentro de nós, aconteça um reinado da Verdade, que nos colocará inevitavelmente na contramão do mundo moderno, escravizado pela ditadura do relativismo.Ouça a homilia deste domingo do Padre Paulo Ricardo e entenda como podemos, de forma concreta, permitir que Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei da Verdade, seja o soberano de nossas vidas.
Santo do dia 26/11/2023
São Leonardo de Porto Maurício (Memória Facultativa)
Local: Roma, Itália
Data: 26 de Novembro† 1751
O santo da via-sacra e da Imaculada Conceição, o frade que salvou o Coliseu de ruína total, o pregador inflamado da Paixão de Cristo. São esses os títulos de são Leonardo de Porto Maurício. Lígure, nasceu em 1676, filho de capitão da marinha, Domingos Casanova, que o deixou órfão em tenra idade. Levado a Roma, fez os seus estudos no Colégio Romano e depois entrou no retiro de são Boaventura, no Palatino, vestindo aí hábito franciscano. Desenvolveu sua atividade sacerdotal prevalentemente em Florença. As cruzes plantadas por seus confrades fora da Porta de são Miniato tornaram-se para ele outros tantos púlpitos ao aberto. Sobre a eficácia de sua palavra fundam-se alguns episódios da vida do santo. No fim de uma prédica sobre a Paixão, na Córsega, os homens, endurecidos pelo ódio secular, descarregaram seus fuzis para cima e se abraçaram em sinal de paz.
Em Florença suas pregações constituíam uma advertência para todos os cidadãos. No jubileu de 1750, proclamado por Bento XIV, o papa Lambertini de Bolonha, fez muito sucesso a via-sacra pregada por frei Leonardo aos 27 de dezembro no Coliseu. Era a primeira vez que se celebrava um rito religioso no anfiteatro Flávio. Desde aquele ano a piedosa tradição se mantém até aos nossos dias e toda a Sexta-feira Santa o papa faz pessoalmente o rito penitencial.
Aquela primeira via-sacra teve também um grande merecimento para a arte: o Coliseu até aquele ano tinha servido como pedreira, mas depois daquela memorável via-sacra foi considerado lugar sagrado, meta de devotas peregrinações, e a sua demolição parou. Frei Leonardo era grande devoto de Nossa Senhora e apaixonado defensor da Imaculada Conceição. Convenceu o próprio pontífice a convocar um Concílio, isto é, um referendum entre os bispos, para proceder depois à proclamação do dogma.
O papa Lambertini preparou para este fim uma Bula que, por várias causas, nunca foi publicada. Em 1751 frei Leonardo morria no predileto retiro de são Boaventura no Palatino, e o próprio papa foi ajoelhar-se ao lado de seu corpo. Sobre o túmulo do santo foi exposta a carta profética escrita por são Leonardo pouco antes da morte. Nela preconizava-se a proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Leonardo de Porto Maurício, rogai por nós!