4º Domingo da Quaresma
Antífona de entrada
Vernáculo:
Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais! Cheios de júbilo, exultai de alegria, vós que estais tristes, e sereis saciados nas fontes da vossa consolação. (Cf. MR: Is 66, 10-11) Sl. Que alegria, quando ouvi que me disseram: Vamos à casa do Senhor! (Cf. LH: Sl 121, 1)
Coleta
Ó Deus, que por vossa Palavra realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor e exultando de fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Js 5, 9a. 10-12
Leitura do Livro de Josué
Naqueles dias, 9ao Senhor disse a Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito”.
10Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. 11No dia seguinte à Páscoa comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados nesse mesmo dia.
12O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais tiveram o maná. Naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 33(34), 2-3. 4-5. 6-7 (R. 9a)
℟. Provai e vede quão suave é o Senhor!
— Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem! ℟.
— Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou. ℟.
— Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. ℟.
Segunda Leitura — 2Cor 5, 17-21
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 17Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. 18E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação.
19Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. 20Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Vou levantar-me e vou a meu pai e lhe direi: Meu pai, eu pequei contra o céu e contra ti. (Lc 15, 18) ℟.
Evangelho — Lc 15, 1-3. 11-32
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola:
11“Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles.
13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade.
15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos.
21O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
22Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.
25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo.
27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’.
28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’.
31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Illúmina óculos meos, nequándo obdórmiam in morte: nequándo dicat inimícus meus: praeválui advérsus eum. (Ps. 12, 4. 5)
Vernáculo:
Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me! Não deixeis que se me apague a luz dos olhos e se fechem, pela morte, adormecidos! Que o inimigo não me diga: “Eu triunfei!” Nem exulte o opressor por minha queda. (Cf. LH: Sl 12, 4. 5)
Sobre as Oferendas
Senhor, apresentamos com alegria estes dons, remédio de eterna salvação, pedindo suplicantes que os veneremos dignamente e os santifiqueis para a salvação do mundo. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Filho, era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado. (Cf. MR: Lc 15, 32)
Depois da Comunhão
Ó Deus, luz de todo ser humano que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 30/03/2025
Nossa miséria e a Misericórdia
“Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos.” (Lc 15, 20)
Queridos irmãos e irmãs, celebramos o 4º Domingo da Quaresma, este tempo de graça e conversão. O Evangelho deste domingo é o de São Lucas, capítulo 15, no qual Ele nos apresenta a lindíssima parábola do Filho Pródigo, obra mestra da literatura e onde se mostra verdadeiramente como é o Coração de Deus (Lc 15,11-24). Nela percebemos como nosso Senhor ressalta detalhes por um lado da condição miserável na qual nos deixa o pecado, por outro como, apesar disso, a Misericórdia de Deus nunca nos abandona e sempre nos espera com a ternura de um pai amoroso. Portanto, para conhecermos melhor esta Misericórdia meditemos a parábola do filho pródigo.
O filho mais novo. Era um jovem, portanto não tinha experiência, cheio de vontade de conhecer e de fazer coisas novas de aventurar-se no mundo.
Pediu ao pai a sua parte da herança. Normalmente se fala de herança mediante uma situação de morte ou depois dela, mas o pai ainda estava vivo. No entanto não negou o pedido de seu filho.
Juntou o que era seu, e partiu a um lugar distante. Afastou-se de seu pai, do lugar onde tinha tudo, onde tinha realmente proteção e era realmente feliz. É o que fazemos quando pecamos, nos afastamos de nosso Pai do Céu, nos afastamos de sua proteção, da verdadeira felicidade para buscar as “felicidades do mundo”. É o que dizia Santo Agostinho falando do pecado mortal: uma aversão a Deus e uma conversão às criaturas.
E aí dissipou toda a fortuna, vivendo uma vida dissoluta. Este é o conceito de pródigo. Pródigo é aquele que gasta com prodigalidade, com esbanjamento, com dissolução. Todos os dons que são perdidos pelo pecador... vejamos como ficou Adão nu, porque tinha querido viver sem depender de Deus... É o que oferece o mundo, uma vida cheia de prazeres, uma vida de falsa felicidade, de felicidade que dura pouco tempo, um mundo que convida a todos para abraçar as “grandes felicidades” que oferece: poder, fama, vaidade, sexo, promiscuidade, droga, álcool, injustiças, comodismo, ídolos humanos (cantores, jogadores de futebol, artistas, etc.), violência. Geralmente o que oferece o mundo pode ser visto na televisão e nas novelas.
Quando gastou tudo, começou a passar necessidade. É o resultado daquilo que o mundo oferece. É o gosto amargo da felicidade que não pode saciar ninguém, isto é uma coisa que o mundo nunca diz e que nos custa entender.
O rapaz da parábola queria matar a fome com a comida dos porcos, mas nem isso lhe davam. A busca da felicidade e da paz longe de Deus é inútil, as criaturas não podem saciar a alma. "A comida que ele quer comer não é de homens, mas sim de animais imundos, e assim não basta para lhe saciar" (La Puente). Dizia Santo Agostinho: “Senhor, nos criaste para ti, e o nosso coração não repousa senão em ti”.
O porco é considerado pelos judeus como um animal impuro. O que a parábola quer acentuar é a impureza e a baixeza do pecador que se coloca em uma situação similar ou abaixo da dos animais. "Tendo passado da mais elevada altura da primeira nobreza, ao mais baixo da humilhação" (Crisóstomo).
Tudo isto representa a queda do pecador. Agora vejamos o processo de conversão.
Então, “caindo em si, disse...”. É um momento decisivo na vida da pessoa: dar-se conta do pecado e da insatisfação que ele nos traz, a insatisfação do mundo. Vem então o processo de conversão descrito em vários passos: cair em si, levantar-se, ir para o Pai.
Cair em si: despertar, sair de um sonho, de uma ilusão. "Adão, onde estás?". Entrar dentro de si, escutar a voz da consciência.
Levantar-se e ir para Deus: o pecado é aversio a Deo et conversio ad criaturas (aversão a Deus e uma conversão as criaturas), aqui é o movimento inverso.
É o momento quando começa a refletir e a se converter, a reconhecer o pecado e voltar para Deus: “Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me ao menos como a um dos teus empregados”. E depois de refletir sobre si mesmo, levantou-se e foi ter com seu pai.
Ainda longe, o pai o viu e ficou comovido: ainda longe, ou seja que podemos pensar que o pai sempre saia para ver se seu filho voltava, nosso Pai está todos os dias olhando para ver se seus filhos voltam, se seus filhos estão arrependidos, todos os dias sai ao nosso encontro. E esse Pai ficará comovido se nós voltamos.
Correu-lhe ao encontro e o abraçou, cobrindo-o de beijos: essa é a atitude do verdadeiro pai, atitude de amor para com seu filho, atitude de alegria, atitude de felicidade, também nosso Pai nos cobrirá de beijos se voltamos arrependidos. Temos que ver a alegria desse Pai. É aqui onde se mostra a Misericórdia de Deus, na felicidade e na alegria porque seu filho que estava afastado voltou novamente a casa.
O discurso do filho foi interrompido pelo Pai.
O pai falou para os escravos: “Trazei depressa e veste nele a túnica mais preciosa, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei um bezerro bem gordo e matai-o. Vamos comer e nos alegrar, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado”. O Pai não somente nos perdoa todos os pecados, mas também nos enche de presentes, de dons, nos deixa como pessoas novas, e faz uma grande festa para nós.
Os presentes: Túnica: símbolo da graça, do revestir-se de Cristo, do traje de festa, do homem novo, das armas da luz, couraça da justiça... Anel: símbolo da comunhão = comum união, do amor etc. Sandália: símbolo do início de uma caminhada nova...
E o motivo principal da festa: “este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado”.
Estava morto: o pecado mortal; agora está vivo: a graça.
Estava perdido: o afastamento de Deus; agora foi reencontrado: a amizade com Deus.
A Misericórdia de Deus é infinita. Ele sempre nos perdoa, mas o necessário e principal para alcançar o perdão é o arrependimento. Nós somos esse filho que se afastou de seu Pai, mas temos de refletir e voltar a nossa casa. Não tenhamos medo desse Pai que está no Céu, Ele não quer nos castigar, Ele quer nos perdoar, Ele não veio para buscar os sãos, mas aos doentes. Temos que ter muita confiança na Misericórdia Divina e assim poderemos alcançar o perdão de nossos pecados. Assim seja, amém.
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
Neste 4º Domingo da Quaresma, ao contar a parábola do Filho Pródigo, Nosso Senhor está se referindo a nós. Afinal, somos nós, pecadores, que rejeitamos a Deus, gastamos nossos bens com as misérias deste mundo e terminamos invejando a comida dos porcos. No entanto, assim como o filho mais novo “caiu em si” e voltou para a casa do pai, também nós somos chamados a ouvir a voz de Deus e recorrer à sua infinita misericórdia.Ouça a homilia dominical do Padre Paulo Ricardo e tome a decisão de abandonar a lavagem dos porcos e voltar para a Casa do Pai.
Santo do dia 30/03/2025
São João Clímaco (Memória Facultativa)
Local: Sinai, Egito
Data: 30 de Março † 649
O sobrenome deriva do célebre tratado de ascética escrito por João sobre o convite do abade do mosteiro de Raithu, "A escada do Paraíso" (climax = escada). O seu biógrafo, o monge Daniel do mosteiro de Raithu a sudoeste do Sinai, escreve que são João nasceu na Palestina e quando tinha a idade de dezesseis anos abandonou a cidade natal para ingressar num mosteiro do Sinai, onde quatro anos depois teve a tonsura monacal. Passou 19 anos de vida monástica sob a direção de santo velho que se chamava Martírio.
Quando morreu o Mestre, João se retirou numa cela solitária, bastante perto do mosteiro, onde descia aos sábados e domingos para participar dos ritos litúrgicos com os confrades. Vivia dos trabalhos de suas próprias mãos. Na cela havia grande cruz de madeira, mesa e banco que servia de cama. Sua única riqueza era constituída das Sagradas Escrituras e das obras dos Padres da Igreja, especialmente são Gregório Magno traduzido em grego. Sua "A escada do Paraíso" depende evidentemente da Regra Pastoral de são Gregório.
Houve muita dúvida sobre as datas de sua vida. Baseados em documentos autênticos os estudiosos estabeleceram o ano de 649 para a sua morte. Assim explica-se a influência de Gregório sobre o anacoreta do Sinai. Escreveu essa admirável obra ascética durante o tempo que passou na cela. Depois arrancaram-no de lá para ser abade no mosteiro do monte Sinai. O santo anacoreta acolheu por obediência o convite para transcrever as experiências de suas longas meditações sobre a prática das virtudes cristãs.
Nasceu assim um dos mais lidos tratados de teologia ascética, que desde a primeira publicação teve grande difusão. Trata do caminho da perfeição na união com Deus por meio da caridade.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São João Clímaco, rogai por nós!