Catecismo
Esperança e missão: duas heranças deixadas por Jesus Ressuscitado
por Thiago Zanetti em 02/05/2025 • Você e mais 109 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 6 minutos
A Ressurreição de Jesus Cristo é o maior acontecimento da história cristã, um divisor de águas que transforma radicalmente o destino da humanidade. Com sua vitória sobre a morte, Cristo nos deixa duas heranças preciosas: a esperança e a missão. Elas não são apenas sentimentos ou tarefas; são pilares sobre os quais a vida cristã se sustenta e avança no mundo.
A esperança: fruto da vitória sobre a morte
A esperança cristã nasce do sepulcro vazio. Quando Maria Madalena e os discípulos viram que o corpo de Jesus não estava mais no túmulo, um novo horizonte se abriu: a morte não tem a última palavra.
O Catecismo da Igreja Católica afirma:
“A verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua Ressurreição.” (CIC, §653).
Essa verdade nos ensina que todas as dores, perdas e sofrimentos encontram um sentido em Cristo ressuscitado. A esperança, portanto, não é um otimismo vazio ou uma simples expectativa de que “tudo vai dar certo”. É a certeza de que a nossa vida, mesmo atravessando cruzes, caminha rumo à plenitude da vida eterna.
A esperança que transforma o presente
A esperança cristã atua também no presente. Ela nos impulsiona a viver com coragem, a perseverar diante das dificuldades e a enxergar, mesmo nas noites mais escuras, a luz do Cristo que venceu o mundo.
São Paulo escreveu:
“Se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor” (1Cor 15,17).
A Ressurreição é a garantia de que nossa fé é viva e eficaz. Por isso, o cristão é chamado a ser testemunha de esperança, especialmente em um mundo marcado por crises, guerras e desesperança.
A missão: ser testemunha do Ressuscitado
Após sua Ressurreição, Jesus não apenas consola seus discípulos; Ele também os envia em missão. O Evangelho de Mateus registra:
“Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).
Essa ordem transforma o pequeno grupo de seguidores em apóstolos, homens e mulheres enviados a levar ao mundo a boa notícia da salvação.
A missão nasce da experiência do Ressuscitado
Não é possível assumir a missão sem antes encontrar-se com o Cristo vivo. Os primeiros discípulos só se tornaram testemunhas eficazes após verem e tocarem o Senhor ressuscitado. Eles experimentaram o medo, a dúvida e a vergonha, mas a presença viva de Jesus os transformou em anunciadores destemidos.
Assim também acontece conosco: só quem se encontra verdadeiramente com Jesus pode anunciá-lo com poder e autenticidade. A missão não é apenas uma obrigação moral; é uma resposta de amor a Quem nos amou primeiro.
O Espírito Santo: força da missão
Jesus prometeu e enviou o Espírito Santo para capacitar os discípulos na missão. No dia de Pentecostes, reunidos em oração, os apóstolos receberam o Espírito e saíram a proclamar a Boa Nova.
O Papa Francisco afirma:
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.” (Evangelii Gaudium, n. 1).
Essa transformação é sustentada pela ação do Espírito, que nos dá palavras, coragem e discernimento para sermos fieis à missão em meio às adversidades do mundo.
A herança da esperança e da missão hoje
Nos tempos atuais, ser portador da esperança e da missão é um desafio que exige autenticidade, fé madura e coragem.
Vivemos em uma sociedade marcada pelo imediatismo, pela indiferença e pelo secularismo. Em muitos contextos, a fé cristã é marginalizada ou vista com desconfiança. Nesse cenário, a esperança cristã se torna um sinal profético: ela mostra que há algo maior do que o presente imediato, algo que transcende o sofrimento e a morte.
De igual modo, a missão continua atual e necessária. A Igreja, Corpo de Cristo Ressuscitado, é chamada a anunciar o Evangelho “oportuna e inoportunamente” (2Tm 4,2), com palavras e, principalmente, com testemunho de vida.
O papel dos cristãos na sociedade
Cada cristão, pela força do Batismo, é um missionário. Somos chamados a ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14), a levar a esperança onde há desânimo, a ser instrumentos de reconciliação onde há divisão, a proclamar a vida onde reina a cultura da morte.
Não precisamos de ações extraordinárias; basta sermos fiéis nas pequenas coisas do dia a dia: no trabalho honesto, na caridade concreta, no perdão sincero, na escuta atenta, no anúncio corajoso da verdade.
Esperança e missão: essas são as duas grandes heranças que Jesus Ressuscitado deixou para os seus discípulos de todos os tempos. Elas não são simples sentimentos ou tarefas externas, mas dimensões profundas da nossa identidade cristã.
Recebemos a esperança para caminhar firmes em meio às tempestades da vida e somos enviados em missão para levar essa esperança aos outros. O Ressuscitado caminha conosco, nos fortalece e nos guia. E um dia, ao final da nossa peregrinação, poderemos ouvir de Seus lábios:
“Parabéns, servo bom e fiel! (…) Vem participar da alegria do teu senhor” (Mt 25,23).
Que cada um de nós acolha essas heranças com gratidão e coragem, vivendo intensamente a esperança e abraçando com alegria a missão, para a glória de Deus e a salvação do mundo.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
Siga-o no Instagram: @thiagoz.escritor
Compartilhar:
Voltar para artigos