Namoro

Por que o católico deve aprender a amar antes de namorar

por Thiago Zanetti em 27/10/2025 • Você e mais 486 pessoas leram este artigo Comentar


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Tempo de leitura: 6 minutos

“O amor é a vocação fundamental e originária do ser humano” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2392).

Antes de começar um namoro, todo católico deveria fazer a si mesmo uma pergunta essencial: “Eu já aprendi a amar?”.

Não se trata de romantismo, mas de discernimento espiritual. Amar é uma arte que se aprende aos pés de Cristo, e não simplesmente algo que se descobre em um relacionamento.

Muitos se lançam em namoros tentando preencher o vazio da solidão, da carência ou da pressa de encontrar “a pessoa certa”. Mas o resultado é quase sempre o mesmo: frustração, desilusão e afastamento da própria fé. O problema não está no amor, mas na falta de preparo interior para amar de modo cristão.

Amar é mais do que sentir — é decidir

Na lógica do mundo, amar é sentir. Na lógica de Deus, amar é decidir.

“Amar é querer o bem do outro.” — São Tomás de Aquino

O amor autêntico não nasce de um impulso emocional, mas de uma vontade livre e ordenada pela caridade. Antes de amar alguém, o católico precisa aprender a amar a si mesmo como filho amado de Deus. Quem não se reconhece amado por Deus buscará no outro o que só o Criador pode oferecer: sentido, segurança e identidade.

Por isso, o namoro católico começa antes do encontro com o outro — começa na alma, no coração que se abre para Deus e se deixa curar por Ele.

A cura do coração é o primeiro passo

Vivemos em uma cultura onde relacionamentos são tratados como consumo: começa-se, termina-se e parte-se para o próximo. Mas o coração humano não é descartável. Ele guarda marcas, feridas e lembranças que, se não forem curadas, tornam-se prisões interiores.

A Palavra de Deus nos lembra:

“Guarda teu coração acima de todas as outras coisas, porque dele brotam todas as fontes da vida” (Provérbios 4,23).

Aprender a amar antes de namorar é também permitir que Deus trate as feridas do passado: rejeição, abandono, decepções, pecados e falsas expectativas. 

Só um coração curado é capaz de amar sem ferir, de acolher sem exigir e de permanecer fiel mesmo quando o sentimento vacila.

O amor católico é vocação, não passatempo

O namoro, na visão cristã, não é um fim em si mesmo, mas um caminho de discernimento para o matrimônio. Quem entra em um relacionamento sem compreender isso transforma o namoro em um laboratório de emoções, e não em uma escola de santidade.

O Papa Francisco, na exortação Amoris Laetitia, recorda:

“No conjunto do texto, vê-se que Paulo quer insistir que o amor não é apenas um sentimento, mas deve ser entendido no sentido que o verbo «amar» tem em hebraico: «fazer o bem»” (n. 94)

Por isso, o católico deve buscar no namoro não apenas companhia, mas crescimento espiritual mútuo.

Um namoro cristão é aquele que leva os dois a se aproximarem mais de Deus, e não a se distanciarem d’Ele.

Aprender a amar é aprender a esperar

Em tempos de pressa, esperar parece perder tempo. Mas, na vida espiritual, esperar é um ato de fé.

“Tudo tem o seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu.” (Eclesiastes 3,1)

A espera em Deus amadurece o coração. Ensina a confiar, a discernir e a renunciar ao imediatismo.

O católico que aprende a esperar entende que a vontade de Deus é sempre melhor — mesmo quando parece demorar.

Esperar não é ficar parado: é preparar-se interiormente. É cultivar a oração, o autoconhecimento, a amizade com Cristo e o serviço ao próximo. Enquanto o mundo diz: “corra para não perder”, o Evangelho diz: “permaneça em Mim” (Jo 15,4).

Amar como Cristo amou

Amar de modo católico é amar à maneira de Cristo: com entrega, fidelidade e pureza.

O amor verdadeiro não se mede por intensidade, mas por sacrifício. É aquele que sabe dizer “não” quando o outro quer arrastar para o pecado, e “sim” quando o outro precisa ser acolhido, ouvido ou perdoado.

A castidade, muitas vezes mal compreendida, é a grande aliada do amor verdadeiro.

“[…] a castidade aparece como uma escola de doação da pessoa” (CICI, n. 2346).

Ela ensina o domínio de si, a paciência e o respeito pelo tempo do outro. Quem aprende a amar na castidade aprende a ver o outro não como um meio de prazer, mas como um dom de Deus.

Antes de pedir alguém, entregue-se a Deus

Antes de pedir a Deus uma pessoa, o católico é chamado a entregar-se inteiro a Ele

Não existe vocação ao matrimônio sem antes haver vocação à santidade. 

O namoro cristão não é uma busca por complemento, mas por comunhão de propósitos: dois que querem caminhar juntos rumo ao Céu.

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.” (Mateus 6,33)

Quando o coração está ordenado, o amor vem no tempo certo — não como fuga da solidão, mas como resposta à missão.

O amor é preparo, não improviso

Aprender a amar antes de namorar é preparar-se para o amor eterno. O namoro católico não começa quando duas pessoas se olham, mas quando ambas se voltam para Deus.

Quem ama segundo o coração de Cristo não busca apenas alguém para estar junto, mas alguém com quem caminhar rumo à santidade.

E isso exige maturidade, fé e renúncia.Esperar em Deus não é perder tempo. É investir no amor certo.

Portanto, antes de pedir um namoro, peça um coração novo.

Antes de buscar o amor da sua vida, deixe-se amar por Aquele que é o Amor.

Gostou do artigo? Então assita ao vídeo abaixo:

Este vídeo e o artigo para leitura complementar fazem parte da série “Namoro Católico: Em busca do meu José e da minha Maria”, publicada no canal do YouTube de Thiago Zanetti. Clique aqui para acessar o canal.

Thiago Zanetti

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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