SINAIS DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À MARIA SANTÍSSIMA

Já citamos muitas vezes em nossos artigos aqui trechos do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort. Este santo francês (século XVII-XVIII) é, provavelmente, o maior mariólogo da História. Ele explicitou a devoção mariana como ninguém, a defendeu com um energia admirável e escreveu a respeito de Nossa Senhora de forma bela, encantadora e com autoridade teológica incontestável. No 3º capítulo do seu tratado, retratou com maestria o perfil do verdadeiro devoto de Maria. Sem dúvida, muita gente se entende como devoto de Nossa Senhora, diz abertamente a quem quer que seja que ama a Mãe de Deus e tem por Ela especial devoção, porém quantos verdadeiramente possuem todos os sinais dessa verdadeira devoção?

Nesse sentido, São Luís estabelece 5 virtudes como características distintivas dessa real devoção: 1) interior; 2) terna; 3) santa; 4) constante; 5) e desinteressada. Se você está lendo este artigo e desconhece o tratado de São Luís, recomendamos vivamente que o adquira nas livrarias católicas e o leia com especial atenção, amor e piedade. É uma obra inspirada, que irá conduzi-lo à “consagração a Jesus Cristo, Sabedoria eterna e encarnada, pelas mãos de Maria”. Leia-o quantas vezes for preciso com o objetivo de absorver seu conteúdo precioso. Abaixo transcrevemos um trecho significativo a respeito do que comentamos acima.

1º A verdadeira devoção é interior

Antes de tudo, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é interior, isto é, parte do espírito e do coração. Vem da estima que se tem à Santíssima Virgem, da alta ideia que se formou de suas grandezas, e do amor que se lhe consagra.

2º A verdadeira devoção é terna

Em segundo lugar é terna, quer dizer cheia de confiança na Santíssima Virgem, da confiança de um filho em sua mãe. Impele uma alma a recorrer a ela em todas as necessidades do corpo e do espírito com extremos de simplicidade, de confiança e de ternura; ela implora o auxílio de sua boa Mãe em todo tempo, em todo lugar, em todas as coisas: em suas dúvidas, para ser esclarecida; em seus erros, para se corrigir; nas tentações, para ser sustentada; em suas fraquezas, para ser fortificada; em suas quedas, para ser levantada; em seus abatimentos, para ser encorajada; em seus escrúpulos, para ficar livre deles; em suas cruzes, trabalhos e reveses da vida, para ser consolada. Em todos os males do corpo e do espírito, enfim, Maria é seu refúgio, e não há receio de importunar esta boa Mãe e desagradar a Jesus Cristo.

3ª A verdadeira devoção é santa

Terceiro, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é santa: leva uma alma a evitar o pecado e a imitar as virtudes da Santíssima Virgem, principalmente sua humildade profunda, sua contínua oração, sua obediência cega, sua fé viva, sua mortificação universal, sua pureza divina, sua caridade ardente, sua paciência heroica, sua doçura angélica e sua sabedoria divina.

4º A verdadeira, devoção é constante

Quarto, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é constante, firma uma alma no bem, e ajuda a perseverar em suas práticas de devoção. Torna-a corajosa para se opor ao mundo em suas modas e máximas, à carne, em seus aborrecimentos e paixões, e ao demônio, em suas tentações. Assim, uma pessoa verdadeiramente devota da Santíssima Virgem não é volúvel, nem se deixa dominar pela melancolia, pelos escrúpulos ou pelos receios. Não quer isto dizer que não caia ou mude, às vezes, na sensibilidade de sua devoção; mas, se cai, levanta-se logo, estende a mão à sua boa Mãe, e, se perde o gosto ou a devoção sensível, não se aflige irremediavelmente, pois o justo e devoto fiel de Maria vive da fé de Jesus e de Maria, e não nos sentimentos naturais.

5º A verdadeira devoção é desinteressada

A verdadeira devoção à Virgem Santíssima é, finalmente, desinteressada, leva a alma a buscar não a si mesma, mas somente a Deus em sua Mãe Santíssima. O verdadeiro devoto de Maria não serve a esta augusta Rainha por espírito de lucro e de interesse, nem para seu bem temporal ou eterno, corporal ou espiritual, mas unicamente porque ela merece ser servida, e Deus exclusivamente nela; o verdadeiro devoto não ama a Maria precisamente porque ela lhe faz ou ele espera dela algum bem, mas porque ela é amável. Só por isto ele a ama e serve nos desgostos e na aridez, como nas doçuras e no fervor sensível, sempre com a mesma fidelidade; ama-a nas amarguras do Calvário como nas alegrias de Caná. Oh! como é agradável e precioso aos olhos de Deus e de sua Mãe Santíssima, esse devoto, que em nada se busca nos serviços que presta à sua Rainha. Mas, também, quão raro é encontrá-lo agora. E é com o fito de que cresça o número desses fiéis devotos, que empunhei a pena para escrever o que tenho, com fruto, ensinado em público e em particular nas minhas missões, durante anos e anos.

Fonte: Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem | São Luís G. de Montfort

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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