Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco, Presb, e Comps, Mts, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Mas os justos se alegram na presença do Senhor rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! Sl. Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam! Fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor! (Cf. LH: Sl 67, 4 e 2)
Coleta
Ó Deus, concedestes admirável constância no martírio aos Santos André e Ambrósio, presbíteros, Mateus Moreira e seus companheiros leigos; fazei que o seu testemunho de fé fortaleça as nossas comunidades e estimule a ação missionária de vossa Igreja. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Jó 19, 21-27)
Leitura do Livro de Jó
Disse Jó: 21“Piedade, piedade de mim, meus amigos, pois a mão de Deus me feriu! 22Por que me perseguis como Deus, e não vos cansais de me torturar? 23Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros. Dentro de mim consomem-se os meus rins”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 26)
℟. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver, na terra dos viventes.
— Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, atendei por compaixão! Meu coração fala convosco confiante, e os meus olhos vos procuram. ℟.
— Senhor, é vossa face que eu procuro; não me escondais a vossa face! Não afasteis em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio! Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, meu Deus e Salvador! ℟.
— Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor! ℟.
℣. Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o Reino de Deus está chegando! (Mc 1, 15) ℟.
Evangelho (Lc 10, 1-12)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa.
8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’.
10Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11‘Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!’ 12Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Anima nostra, sicut passer, erépta est de láqueo venántium: láqueus constrítus est, et nos liberáti sumus. (Ps. 123, 7)
Vernáculo:
Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador; o laço arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. (Cf. LH: Sl 123, 7)
Sobre as Oferendas
Pai santo, aceitai as oferendas que vos apresentamos na comemoração dos Protomártires do Brasil, e a nós, vossos servos e servas, concedei a graça de permanecer firmes na confissão do vosso nome. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
A vós, meus amigos, eu digo: não tenhais medo dos que vos perseguem. (Cf. MR: Lc 12, 4)
Depois da Comunhão
Recebemos, ó Deus, os dons celestes, alegrando-nos pela festa de hoje. Assim como anunciamos nesta Eucaristia a morte do vosso Filho, possamos participar, com os santos mártires, de sua ressurreição e de sua glória. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 03/10/2024
Apostolado e sacrifício
Mais do que retórica e palavras cativantes, o evangelizador precisa sacrificar-se por aqueles a quem deseja apresentar Nosso Senhor. Não há outro caminho nem meio mais eficaz de transmitir o Evangelho.
Depois de decidir resolutamente subir para a cidade santa de Jerusalém, o Senhor escolhe, como último esforço missionário, outros setenta e dois discípulos e os envia "dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir". Envia-os para que o povo se prepare para a vinda iminente do Reino de Deus, que se realizará, não com o triunfo do poder político de Israel sobre as demais nações, mas como reinado de verdade e de vida (Jo 10, 10; 14, 6; 18, 37), de santidade e de graça (cf. Jo 1, 14.16), de justiça, de amor e de paz (cf. Rm 2, 5s; 1Cor 13, 8; Is 9, 6; 32, 17). Trata-se, portanto, de um Reino eminentemente espiritual (cf. Jo 18, 36), do qual só há de participar quem renunciar a si mesmo e, tomando a própria cruz, seguir os passos do Redentor. Eis porque o missionário cristão, além da arma da palavra — escrita ou falada —, precisa de uma vida de sacrifício, de oblação, de configuração ao Senhor crucificado. É isso que torna fecundas as pregações e exortações, que dá eficácia ao anúncio de Cristo. Se por caridade para com Deus e com o próximo estamos todos obrigados a ser apóstolos e evangelizadores, ali mesmo onde vivemos e trabalhamos, não há meio mais eficaz de levarmos o Evangelho aos corações do que nos fazendo tudo para todos (cf. 1Cor 9, 2), derramando gota a gota o sangue do nosso tempo, oferecendo ao Pai, como reparação da desordem do pecado — nosso e alheio —, sacrifícios voluntários e um espírito desapegado: "Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias". Que o Senhor nos dê força e ânimo para nos desfazermos por nosso irmãos, a fim de que todos sejamos santos a seus olhos e consigamos a vida que ele nos mereceu pela aspersão do seu sangue.
Deus abençoe você!
É com grande alegria que celebramos hoje os primeiros mártires do Brasil: os santos André de Soveral, Ambrósio Ferro e seus 30 companheiros, terrivelmente massacrados no século XVII nas mãos de calvinistas holandeses por se recusarem a abjurar da fé católica na Santíssima Eucaristia e renegar a única Igreja em que se preservam, incorruptos, os sacramentos que o Filho de Deus instituiu para a nossa santificação. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quinta-feira, 3 de outubro, e peçamos a intercessão desses heróis da fé para que nos deem a graça de sermos católicos firmes e convictos, dispostos a dar a própria vida em testemunho da verdade da santa Igreja Romana.
Santo do dia 03/10/2024
Santo André de Soveral, Ambrósio Ferro e companheiros (Memória)
Local: Rio Grande do Norte, Brasil
Data: 03 de Outubro† 1645
São 28 os companheiros mártires leigos, homens, mulheres e crianças. Eles são conhecidos também como os Mártires do Rio Grande do Norte ou os protomártires do Brasil.
Estamos no Brasil, Colônia de Portugal do século XVII. Também a capitania do Rio Grande, atual Estado do Rio Grande do Norte, foi invadida pelos holandeses, atraídos pela produção canavieira.
No dia 16 de julho de 1645, os holandeses, que ocupavam o Nordeste do Brasil, chegaram a Cunhaú, no Rio Grande do Norte, onde residiam vários colonos ao redor do engenho, ocupados no plantio da cana-de-açúcar. Era domingo e a comunidade estava reunida para a missa na capela da casa-grande, dedicada a Nossa Senhora das Candeias. A capela foi cercada e invadida por soldados e índios que trucidaram os que aí estavam. Os membros da Comunidade não opuseram resistência aos agressores e entregaram piedosamente suas almas ao Criador. Dentre os martirizados, ficaram na história o padre André de Soveral e o leigo Domingos de Carvalho.
Aterrorizados com o acontecimento de Cunhaú, o padre Ambrósio Francisco Ferro e outros moradores da capitania solicitaram abrigo no Forte dos Reis Magos. Outras pessoas, não podendo asilar-se no forte, providenciaram a construção de abrigos improvisados na localidade denominada Potengi, distante 25km da Fortaleza dos Reis Magos. Os flamengos deixaram Cunhaú e atingiram Potengi e, após porem cerco à resistência dos moradores refugiados, conseguiram rendê-los e conduzi-los à fortaleza dos Reis Magos. Chegou ao forte ordem do Alto e Secreto Conselho do Recife, órgão de domínio do Brasil holandês, para executar imediatamente os rebeldes.
O primeiro grupo executado foi aquele do qual participava o padre Ambrósio junto com outras pessoas de destaque na cidade. Era o dia 3 de outubro de 1645, quando o grupo composto de doze pessoas foi conduzido ao porto de Uruaçu, a 18km da Fortaleza dos Reis Magos. No porto, tudo já estava preparado para a execução, comandada pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba, o qual, embora indígena, fora educado na Holanda e se convertera à Igreja reformada.
Quando os condenados chegaram, receberam ordens para se despirem e se ajoelharem. Os holandeses, de religião calvinista, trouxeram um pastor protestante para demovê-los de sua fé católica. Todos resistiram a esta tentativa e foram barbaramente mortos. Entre eles estava Mateus Moreira que, ao lhe ser arrancado o coração pelas costas, morreu exclamando: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". O segundo grupo foi executado no mesmo local, com a mesma crueldade e violência. Entre os mortos encontravam-se algumas mulheres e crianças.
Forte é a relação dos mártires com a Eucaristia. Uns foram mortos durante a Missa, Mateus Moreira morreu louvando o Santíssimo Sacramento. Vida eucarística e martírio têm em comum o testemunho do Senhor Jesus.
O caso dos mártires de Cunhaú e de Uruaçu leva a vários questionamentos. Entre eles, a tolerância religiosa. A religião que leva a atentar contra a vida não pode ser verdadeira religião. Note-se também que por trás dos atos dos cristãos reformados que assassinaram os mártires de Cunhaú e Uruaçu havia fortes interesses econômicos. A religião, quando se torna serva de grupos econômicos, deixa de servir a Deus.
A mensagem que esses mártires legaram é que vale a pena dar a vida por causa do Evangelho. Por outro lado, leva-nos a notar que a religião de Jesus não é a da dominação, da morte, da exploração, mas da vida e do amor.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santo André de Soveral, Ambrósio Ferro e companheiros, rogai por nós!